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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Fugir e Se Esconder.


Escrita por: Eucaristia

Capítulo 47 - Fugir e Se Esconder.


Lizandra

 

11 de Novembro.

 

Parei um segundo para recuperar o folego no beco ainda escuro.

Havia me esquecido como fugir com alguma coisa roubada podia ser cansativo, especialmente com a falta de prática.

Clarisse com certeza quer me matar a essas horas, mas eu precisava mesmo sair do acampamento, de perto de todos que me odiavam ou que me amam e respirar um pouco antes de voltar.

Abri o lanche que roubei e o suco.

Não notei que estava com tanta fome até chegar à Nova York, mas havia dias que mal comia uma refeição por dia.

Mesmo assim, andar de Long Island até Nova York foi a melhor coisa que decidi fazer.

Não tive problemas em achar caminhos seguros ou mesmo atalhos, era como se eles se abrissem a minha frente.

Até a carona clandestina que peguei em um caminhão foi fácil de conseguir.

O homem ficou feliz em lucrar cinquenta dólares para fazer de conta que não sabia que eu estava na traseira até sua parada na cidade e eu fiquei mais feliz ainda em me livrar do dinheiro que roubei da Drew quando saia do acampamento.

Acabei rindo da ironia da minha situação, mas resolvi que hoje eu podia fazer tudo que sempre evitei.

Não consegui evitar o sorriso malandro de surgir ou de admirar a imagem no vidro da loja que passava na frente.

Andei para a parte de trás da loja e notei a janela do segundo andar, que parecia ser bem desprotegida. Provavelmente por que o dono achava que ninguém seria capaz de alcançar a janela longe das escadas e apoios, mas nem todos completaram a parede de escalada do acampamento sem se machucar como eu.

Chegar à janela foi simples e, por sorte ou azar, a janela estava aberta, o que me poupou destranca-la pendurada do lado de fora. O escritório parecia não ter câmeras, mas mesmo assim escondi meu rosto e coloquei as luvas novamente antes de sair andando e descer as escadas para a sala de roupas no térreo.

Procurei rapidamente por uma blusa de frio melhor que a minha e um par de botas novas, por que na pressa de sair não coloquei nenhuma roupa boa para o tempo cada dia mais frio ou para não ser confundida com uma criança de rua.

Peguei calças novas e subi para o escritório pelo qual entrei, coloquei as roupas roubadas na minha mochila e olhei pela janela. Não havia ninguém olhando, o que facilitou descer e sair correndo até o mais longe possível daquele lugar.

Não sei quantas quadras depois parei de correr e comecei a andar até chegar a uma lanchonete e pedir para usar o banheiro, onde tirei as roupas roubadas da mochila e tirei os alarmes e etiquetas. Analisei que eu tinha bom gosto mesmo no escuro, o que foi um pensamento bem ridículo e muito mais a cara da Drew que meu, mas resolvi só trocar de roupa.

Já estava pronta quando ouvi um ruído do lado de fora do banheiro.

Parei para prestar atenção e ouvi as palavras: policial, garota estranha e banheiro.

A parte simples é: chamei a atenção de alguém.

A mais simples ainda: o banheiro tem uma janela bem grande para alguém do meu tamanho.

Então eu fugi.

Na verdade, todo o meu dia se resumiu a pequenos furtos e fugas.

Eu furtava comida e fugia.

Pegava alguma carteira com meia dúzia de dólares e fugia pra comprar comida ou uma passagem de metro para fugir para o outro lado da cidade.

Se bem que a coisa que mais roubei foi a comida.

Ainda que não tenha sido nada demais, isso estava me fazendo bem.

Na verdade me fez tão bem que mal reparei que a tarde já estava terminando até trombar com aquela garota e me encontrarem.

 

====================X====================

 

Lilliel

 

11 de Novembro.

 

Eu disse para minha mãe que queria andar.

Ela não gostou nada disso.

Nós brigamos e meus avos interviram.

Ninguém queria me deixar sair pra andar, mas no final tiveram que deixar.

Não que eles não tenham motivos para me querer em casa, cercada de vigilância, mas eu precisava de espaço.

Respirar o ar da cidade depois de dias na casa de campo, do barulho e do movimento.

E, principalmente, distância de todos eles.

Minha família é ótima e cheia de amor, mas podem ser um porre.

A verdade é que mesmo dizendo pra eles que queria o barulho e movimento de Nova York, fiquei a maior parte do dia no museu de história natural.

Eu sempre ia pra lá quando queria pensar em alguma coisa, qualquer que fosse.

Dessa vez não foi diferente, ainda que o motivo não fosse nem de perto tão ruim em minha opinião.

Mesmo assim quando dei por mim estava só vendo as coleções.

Todas elas.

Até o caderno que coloquei na mochila por precaução acabou com várias anotações sobre aquilo, o que provavelmente não serviria para ninguém além de mim, mas vai saber.

Já passava das quatro da tarde quando terminei a minha visita e lembrei que não havia comido nada o dia todo.

Coloquei a blusa, puxei o capuz e coloquei os óculos indo até o carrinho de cachorro quente a duas quadras.

No meio do caminho lembrei que precisava voltar a estudar e como minha mãe não tinha como me mudar de escola oficialmente eu ficaria estudando em casa, mais especificamente com a minha tia que viria para Nova York só para me dar aulas pelo resto do ano letivo.

Oficialmente eu ainda estaria matriculada, mas como tudo que aconteceu no colégio eles conseguiram que eu pudesse terminar o ano em casa e a pessoa responsável por provar ou não esse tipo de coisa acabou concordando, mesmo que eu não entenda o como e o porquê disso?

Assim que cheguei ao carrinho de cachorro quente comprei vários, o suficiente para ir comendo alguns enquanto o dono se esforçava para fazer mais e ainda ficar surpreso por eu levar mais.

Mesmo assim o melhor agora era voltar para a casa ligando para um dos meus primos pela cidade ou pelo menos andar mais um pouco até a estação de metrô mais próxima.

Achei a ideia do metro bem mais interessante.

Não era exatamente perto, mas quatro quadras longas talvez fosse um bom jeito de terminar o dia.

Eu já estava pra lá do meio do caminho quando trombei em uma pessoa com força.

Não achei que era algo demais, até senti-la tentando pegar a minha carteira.

-Qual é a sua ladrazinha?

Ela se afastou parecendo assustada, mas não me olhou nos olhos.

-Como percebeu?

-Percebendo. –Ela mudou o peso do corpo de pé, mas reparei em outra coisa. –Tá com fome por acaso?

-Um pouco na verdade. Só ia pegar uns trocados. –Me foquei em não dizer nada sobre as roupas dela, mas não precisei. –Roubei umas roupas mais cedo, as minhas não dariam pra esse frio.

Acabei rindo daquilo e peguei a carteira do bolso.

Puxei o monte de notas que meus avos me entregaram mais cedo e separei cinquenta dólares, depois entreguei o resto pra ela.

-Pode ficar, não vou precisar de tudo isso. Só seria um saco perder os documentos.

Ela ergueu o rosto, mas os olhos estavam protegidos por óculos escuros como eu.

-Não precisa de tudo isso.

-Tudo bem, então dívida com alguém que precisa.

Ela guardou as notas no bolso da blusa quando um cara enorme passou por mim segurando a garota no ar.

-Liz! Quem te mandou fugir do acampamento? Minha irmã quer me matar se não te achar e é o que ela vai fazer quando te encontrar.

Mas apesar do susto, tudo que via a garota fazer foi rir.

Não entendi, mas não me importei.

De famílias problemáticas bastava a minha e se ela fugiu de casa o problema agora era deles.

E não meu.

Definitivamente não meu.

Especialmente agora.

 

====================X====================

 

Reynald

 

Eu já deveria ter desligado o celular a várias horas.

Definitivamente eu deveria ter desligado o celular enquanto procurava Lizi, mesmo que Clarisse brigasse depois.

Além disso, me sentia um idiota por estar esperando que Lear me ligue antes de chegar ao acampamento.

Na verdade nem acredito que comecei a noite de ontem usando um apelido e no meio de um café ele me disse o primeiro nome. E eu deveria ter perguntado o sobrenome, só lembro que começava com E, o que não ajuda em nada.

Encarei o transito para sair de Nova York e amaldiçoei o momento que Lizi resolveu fugir.

Juro que iria pegar pesado no próximo treino que tivéssemos.

-Foi mal.

Me virei para encara-la ao meu lado.

-Por atrapalhar a minha folga ou por enlouquecer a Clarisse que me enlouqueceu por tabela?

Ela deu um sorriso tímido.

-Os dois?

E é por isso que às vezes odeio a Liz, não consigo ficar com raiva dela.

-Tá legal, mas promete que não vai fazer isso de novo. Pelo menos não tão cedo e muito menos no meu dia de folga.

-Pode ser no da Clarisse?

-Se você quiser morrer, tudo bem. –Dessa vez ela riu e pulou na minha direção me abraçando. –Então, o que foi que fez o dia todo?

Ela olhou para o motorista do outro lado do vidro do táxi que entrava na saída para Long Island.

-Roubei algumas coisas e fugi da polícia.

Dessa vez quem riu fui eu, por que aquela garota nunca rouba nada no acampamento, o que é o oposto dos Stoll.

-Definitivamente, você tá proibida de fugir do acampamento desse jeito de novo.

Mas tudo que Liz fez foi se aconchegar contra o meu peito e dormir feito uma criança cansada.

Olhei pela janela do carro e confirmei que à tarde já terminava, com os últimos raios de sol sumindo no horizonte.

Peguei o celular no bolso da blusa e liguei o visor confirmando que não havia ligações perdidas antes de desliga-lo.

Dessa vez quando olhei para o céu não havia mais nenhum raio de sol.

 

==========X==========

 

Quando finalmente chegamos ao acampamento, eu decidi carregar Liz até a Casa Grande.

Primeiro por que ela dormia profundamente e segundo que Clarisse iria acorda-la de uma forma épica, algo que meio que me deixaria aliviado por ter começado o meu dia com aquela ligação.

Havia uns poucos campistas na frente da Casa Grande, infelizmente a maioria são aqueles que quero bater todos os dias. Drew e Jack encabeçam a lista, mas tem alguns piores às vezes.

Também tem Rigardo e Galatea, que são boas pessoas, mas me enervam com certa facilidade pela mania que pegaram de falar em enigmas.

Claro que também tinha duas pessoas paradas na porta da Casa Grande como guardas esperado algo ou segurando algo e quando Clarisse passou pela porta feito um furacão e entendi a função de Halley e Lana de “Guardas”.

Gray saiu da Casa Grande visivelmente transtornado, enquanto Leon continha cada fibra do seu corpo para não sair correndo na minha direção como um louco. Verdade seja dita, nunca entendi como ele nunca se declarou para Lizandra em todos esses anos, ou o porquê ela mesma não fez isso ainda.

Quando Clarisse me alcançou puxou Lizandra dos meus braços e começou a sacudi-la com violência enquanto gritava irritada.

-Você é burra? Retardada? Perdeu a noção do perigo? Ou só queria testar a porra da minha paciência com essa brincadeira idiota?

Por um momento Lizi pareceu assustada, chocada, com medo e raiva, tudo na mesma expressão. O que é hilário.

Mas ela não fez piadas com a reação de Clarisse.

-Desculpa.

E isso bastou para desarmar minha irmã.

Ela colocou Lizi no chão e a encarou ainda um pouco nervosa.

-No que, em nome dos deuses, você estava pensando quando fugiu daqui?

-Eu só queria ir pra longe, pensar um pouco ou não pensar, só ir pra outro lugar longe daqui. –Liz parecia um pouco envergonhada em dizer isso, mas eu não podia culpa-la por isso.

Normalmente nós, que gostamos dela, cercamos Lizi de atenção até mesmo para nos sentirmos bem, por que ela tem essa capacidade de nos fazer bem.

Então não sei se alguém poderia culpa-la por querer ficar sozinha, um tempo longe desse lugar e de toda a confusão diária, seja de quem gosta dela ou de quem odeia.

Encarei Clarisse que suspirou e inclinou a cabeça indicando que eu podia ir embora para onde quisesse. Contanto que ficasse dentro do acampamento.

Me virei na direção dos chalés, mas antes ainda pude ouvi-la dize para Liz.

-Ficamos preocupados, então da próxima vez, avise que está indo e precisa ficar sozinha na maior parte do tempo. Podemos te levar ao Museu de História Natural, a chata da Annabeth com certeza tem entradas para todos os dias e horários, até de madrugada.

Eu não ouvi a resposta da Liz, mas tenho certeza que foi algo entre “a Annie não é chata, mas deve ter mesmo” e o “provavelmente, mas ela não é chata”.

Independente disso, tudo que consegui fazer foi tomar um banho e dormir encarando o celular desligado na minha mão.

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Continua...



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