História The one night baby - The family barbecue

Enquanto, ainda naquele mesmo dia, Annabeth contava as amigas sobre o almoço com Percy e as coisas que haviam decidido. 

– E você vai se mudar pro prédio dele? – Silena foi a primeira a perguntar, já que todas estavam surpresas com a atitude. 

– Bem, eu não sei se pro prédio dele, mas pra mais perto – Annabeth deu de ombros e apoiou o celular numa das pernas, olhando para as três. – Eu também fiquei surpresa com o quão bem Percy aceitou tudo isso e senti que ele realmente quer estar presente no processo todo, então, por que eu negaria isso a ele? 

As outras não souberam responder e acabaram concordando, adorando a ideia dos dois de contar para os meninos quando pudessem se reunir de novo. 

Nesse mesmo tempo, Percy falava com o porteiro e com a antiga mulher que morava no apartamento que havia mencionado para Annabeth. Os dois conversaram um pouco e ele disse que levaria a proposta para sua amiga, deixando para o dia seguinte por medo de pressiona-la depois de apenas algumas horas. 

Quando os dois finalmente conversaram, ele passou todas as informações para ela e disse que ela poderia ver o lugar quando quisesse, mas que era basicamente igual ao dele – e ela se lembrava bem de como o apartamento dele era. 

– E eu tive uma ideia – Percy continuou depois que ela disse estar interessada na proposta e pedir o contato da mulher. – Quando você vier conhecer o prédio, vai ver que tem toda uma área de lazer nos fundos. Tem a parte fechada, com cozinha e sofás, mas também tem uma área de churrasco deliciosa, toda aberta e com a piscina por perto. Eu posso reservar por um dia, chamamos todo mundo e depois damos a notícia juntos. 

– Acha que eu posso visitar o apartamento no dia em que fizermos isso? 

– Vou falar com a portaria pra reservar e vemos isso depois, só um minuto – e então ele fez a ligação pelo interfone, sem desligar o celular e deixando Annabeth ouvindo tudo, ficando feliz demais ao ouvi-la rir.  

Conseguiram reservar para domingo – exatamente quando Annabeth completaria um mês de gestação, pra falar a verdade – e ela conseguiu falar com a mulher e fazer a visitação naquele mesmo dia, um pouco antes do horário que combinariam de se encontrar. 

– Ah, e eu também consegui marcar a primeira consulta com minha médica, na sexta – ela disse antes de desligar.  

– Você quer que eu vá com você? 

– Não precisa se preocupar, essa primeira visita é só para ela me passar algumas informações sobre o que posso ou não fazer, comer e beber, e cuidados especiais. Na próxima você vai comigo, tudo bem? 

– Sim, senhora. E como é que você está?  

– Eu consegui comer bem ontem e hoje – Annabeth disse mais feliz. – Hoje almoçamos juntos aqui no escritório, minha equipe e eu, e deu tudo certo.  

Percy também ficou feliz com aquilo, rindo quando Annabeth disse estar aliviada pelo bebê aparentemente não nascer enjoado mais. Os dois conversaram mais um pouco e depois desligaram, ouvindo o celular apitar depois de alguns minutos e vendo que Thalia havia criado um novo grupo. 

Sua primeira mensagem foi pedindo para que cada um ali que fosse casado adicionasse seus parceiros porque, àquela altura, já era para aquele grupo existir a muito tempo. 

Percy não perdeu tempo e já logo fez o convite para o churrasco no domingo, ficando feliz – e aliviado – quando todos foram concordando. Disse para todos levarem roupas de banho e para Silena e Reyna não se preocuparem com as crianças, que a piscina era cercada e tudo mais. Conseguiram rapidamente combinar o que cada um levaria para que fosse um almoço completo e também o horário, as bebidas e quem levaria um aparelho de som. 

Annabeth resmungou sozinha quando Luke e Will começaram a se exibir por serem ótimos preparando bebidas e, sem pensar muito, mandou uma mensagem para Percy no privado. 

“Você tem sorte por eu ser uma pessoa muito boa e não fazer você entrar em greve de bebida comigo enquanto eu não puder beber por causa da nossa criança”, ela mandou e Percy riu tanto por mensagem quanto sozinho, respondendo que sentia muito e com algumas figurinhas. 

“Irei comprar seus sucos e refrigerantes favoritos pra compensar, prometo”, ele respondeu, mas ao ler os palavrões que Annabeth mandou, ficou quase assustado. 

“Eu não posso beber refrigerante também! Pare de falar antes que eu te inclua na greve”, ela mandou por fim e, depois de rir, se desculpar e mandar mais algumas figurinhas, Percy ficou pensando em algo que a recompensasse por seu sacrifício, prometendo a ela que levaria uma sobremesa especial exclusivamente para ela e o bebê, o que pareceu acalmar a mulher. 

Ele se lembrou de como ela gostou da sobremesa do restaurante em que foram juntos e fez uma encomenda, torcendo para que Annabeth ficasse feliz com aquilo. 

*** 

Annabeth acordou muito bem no domingo, ansiosa por vários motivos. Separou suas roupas e foi tomar um banho, pensando que queria se sentir bem para dar a notícia para todos e saber a reação deles. Por isso, prendeu os cabelos, fez sua maquiagem e colocou seus brincos e anéis favoritos. Ainda estava de toalha, no banheiro, e decidiu comer algo antes de se vestir, como sua médica havia recomendado. 

Não era acostumada a comer logo pela manhã, demorava uma ou duas horas no escritório para pensar em comer algo, mas a médica disse que precisava fazer as 3 refeições diárias no horário certo e ainda comer algo no tempo entre elas. Ela ainda passou uma lista de alimentos bons para Annabeth e riu quando ela torceu o rosto para alguns deles. 

– Vai por mim, a gravidez muda a gente. Tente experimentar de novo algumas dessas e vai ver que o bebê te faz gostar delas. 

– Eu duvido muito – ela murmurou em resposta, mas mais tarde descobriu ser verdade. 

Terminou de comer e checou o horário, indo se trocar e vendo também que Percy havia lhe mandado mensagem perguntando se tudo certo com a visita.  

“Sim, daqui vinte minutos saio de casa. Posso deixar as coisas do churrasco com você enquanto vejo o apartamento?”, ela perguntou enquanto voltava para o quarto. 

“Claro, eu te espero na portaria e levo pra área de churrasco. Só me avisar quando sair de casa”. 

Annabeth concordou e colocou suas peças íntimas e pegou o vestido, um vermelho, curto, de alças finas e a saia soltinha com poucos babados em cascata. Além de adorar aquele vestido, o escolheu por saber que, em pouco tempo, ele já não serviria mais, porque era justo na cintura e, assim que sua barriga começasse a dar sinal de crescimento, não poderia mais vê-lo em sua frente.  

Arrumou sua bolsa, guardando um biquíni, uma troca de roupa e sua toalha, além do protetor solar e viu que já estava na hora de sair, calçando seus sapatos rapidamente antes de trancar a porta e ir até o carro, levando também as sacolas com as compras para o churrasco. 

Dirigiu com calma e sem o GPS até o prédio de Percy, lembrando-se da última vez em que esteve ali e do nervosismo que sentia até chegar lá. Agora, com as coisas esclarecidas e um pouco resolvidas, um peso enorme pareceu ser tirado de seus ombros, peso esse que ela nem sabia estar ali antes.  

Estacionou perto dali e foi com suas coisas para a portaria, dando bom dia para o porteiro – que devia estar se perguntando o que ela fazia ali de novo – e entregando as sacolas para Percy, que já a esperava ali embaixo. Ele conversava com uma mulher, a que iria alugar o apartamento para Annabeth, enquanto a esperava. 

– Eu vou estar lá fora – ele disse quando pegou as coisas de suas mãos. – Já deixei o nome de todo mundo aqui e eles vão direto pra lá também quando chegarem. 

– Certo, vejo você daqui a pouco – Annabeth respondeu e, seguindo a mulher pelo elevador, foi ver o apartamento. 

Enquanto Percy levava e começava a ajeitar as coisas do lado de fora, – desvirar as cadeiras, passar um pano nas mesas e lavar os balcões – Annabeth ia conversando com a mulher sobre o apartamento. Quando chegaram no sexto andar e na porta correspondente, ela viu que realmente era bem parecido com o de Percy, com a vantagem de já ser mobiliado. Checou os dois quartos, os banheiros e a cozinha, vendo que tinha realmente um ótimo espaço. A mulher falou sobre as áreas externas, o estacionamento e a portaria, perguntando a Annabeth se ela queria saber mais alguma coisa. 

– Então posso preparar o contrato? 

– Sim, por favor. Meu antigo contrato vence daqui a três semanas, mas se eu puder me mudar antes melhor ainda. 

– Vou deixá-los prontos essa semana e você me avisa quando for melhor pra você. 

– Certo, obrigada – Annabeth agradeceu e, depois de perguntar por onde chegaria a área de churrasco, saiu e encontrou Thalia e Percy conversando. – Só vocês dois por enquanto? 

– Os outros já disseram que estão vindo – Thalia respondeu e foi abraçar a amiga. – Deuses, eu amo esse vestido. Pode me dar quando não couber mais em você? 

– Eu não vou ficar grávida pra sempre, você sabe – Annabeth respondeu e viu Percy rindo atrás do balcão. – Isso só funcionou com Silena porque ela tem um coração bom demais. 

Thalia resmungou e disse para Percy ir ajuda-la com o som em seu carro e o restante das coisas que havia trazido. Annabeth aproveitou para ir adiantando as coisas, pegou um dos sacos de carvão e o abriu para começar a acender a churrasqueira. Ela já estava colocando as grelhas de volta por cima do fogo aceso quando os dois voltaram, junto com Reyna, Maia e Jace, que correu em direção a Annabeth quando a viu. 

Ela pegou o pequeno no colo e o encheu de beijos, vendo que Thalia e Percy olhavam dela para a churrasqueira acesa com as sobrancelhas erguidas, como se não confiassem em sua capacidade para aquilo. 

– Titia, piscina – o garotinho disse e os outros riram, pois tinham certeza de que seria a primeira coisa que ele pediria. 

– Quando Clary chegar, a tia Thalia vai levar vocês – Annabeth disse e ouviu a amiga soltar uma indignação baixinha, já que não havia se oferecido para isso. – Eu preciso aproveitar esse vestido enquanto posso, não é? 

Dito isso, Maia veio abraça-la e lhe desejar parabéns pelo bebê, também abraçando Percy que ficou ao lado delas. Ela foi ajudar a esposa e Thalia com suas coisas e Annabeth aproveitou para apresentar Jace para Percy, sabendo que os dois não se conheciam. 

– Esse é seu novo tio Percy, Jace. Ele é primo da tia Thalia, você sabia? 

Então Percy estendeu a mão e Jace a apertou, respondendo às perguntas que Percy começou a lhe fazer. Quando Clary chegou correndo na frente dos pais, ele estendeu os braços para o chão e Annabeth sabia que ele se lembraria da promessa sobre a piscina, rindo quando os pequenos puxaram as mãos de Thalia. 

Os outros foram chegando em sequência e todos foram se abraçando conforme isso acontecia. Grover e Nico apresentaram Júniper e Will para ela e perguntaram de sua viagem, já que ela havia faltado na última reunião de todos eles.  

Todos foram se revezando na churrasqueira, conseguiram almoçar todos juntos e a maioria foi para a piscina depois disso, alguns ficando na sombra e rindo dos outros que precisavam se revezar para brincar com as crianças, que estavam amando ter tantos adultos por perto.  

Depois de algumas horas, Clary havia dormido e Jace estava tomando uma mamadeira no colo de Silena enquanto ela conversava com o marido, Annabeth, Percy, Thalia e Maia. Grover apareceu oferecendo bebidas para eles e apenas Annabeth e Silena recusaram. 

– Ah, Annie, vamos – Grover reclamou, sentando-se ao lado dela com a bandeja no colo. – Silena ainda pode fugir porque sei que está amamentando, mas você não tem essa desculpa – ele estendeu um dos copos em sua direção. – Eu prometo para você que está bom. 

Annabeth abriu a boca sem saber como responder e Percy notou que ela não tinha o que falar, indo a seu socorro. 

– Grover, você não faz ideia de como ela é fraca pra álcool, melhor nem insistir. 

– Mas isso aqui nem é forte e... 

– Júniper, dá um jeito – Percy o interrompeu e nem precisou olhar para trás para saber que ela viria em seu socorro.  

– Seja lá o que for que Percy está pedindo, só faça – a mulher disse enquanto ia se sentar junto com os outros. 

– Não entra na minha cabeça que você dá mais confiança pras ideias dele do que pras minhas – Grover reclamou e, ao mesmo tempo, Jace entregou sua mamadeira vazia para Silena e desceu de seu colo, indo até a mãe e pedindo por algo. 

– Viver com você faz isso – Júniper respondeu baixinho e o beijou na bochecha enquanto os outros riam. 

– Você deve ser terrível – Annabeth comentou e, antes que ele pudesse responder, ela ouviu Jace a chamar, olhando para ele e percebendo que Maia o chamavam de volta. – Oi, meu amor, o que foi? 

– Pro priminho – Jace disse e ergueu um de seus bichinhos de pelúcia, um patinho amarelo que estava junto de seus brinquedos. Annabeth abriu a boca e não sabia o que dizer, não estava esperando aquela atitude extremamente carinhosa vinda do sobrinho, de jeito nenhum.

– Priminho? – Júniper perguntou e ela e Grover encararam Annabeth, que pegava Jace no colo e o abraçava com força, não se importando por começar a chorar. 

– Ok, eu acho que é agora – Percy disse e foi até os dois, pegando o bichinho das mãos de Jace, agradecendo ao pequeno e esperando Annabeth solta-lo para ficar de pé. – Gente, vocês podem vir aqui rapidinho? – ele pediu mais alto para o pessoal da piscina. 

Annabeth limpou o rosto e ficou de pé ao seu lado, esperando os outros virem e voltando a se sentir nervosa. Percy sussurrou em seu ouvido, perguntando se ela queria falar, mas ela negou, segurando o patinho de pelúcia quando ele lhe deu. 

– Nós temos uma coisa pra contar, que alguns de vocês ainda não sabem – Percy começou, vendo os meninos, principalmente, parecerem confusos. – Annabeth e eu passamos uma noite juntos. E vamos ter um bebê. 

– Não é assim que se conta essa notícia – a mulher disse baixinho, vendo os amigos bem surpresos.  

– E como queria dizer? 

– Percy e eu vamos ter um bebê juntos – ela disse e olhou para ele. – Depois, quando vierem as perguntas, nós damos detalhes. 

– Isso é sério? – Luke perguntou, interrompendo os dois, que voltaram a olhar para os amigos ao seu redor.  

– É, é sim – Percy respondeu enquanto ambos assentiam. 

– E essa é uma boa notícia? – Grover perguntou, então eles se entreolharam e sorriram um pro outro, resposta suficiente para todos. 

– É sim, é uma ótima notícia, na verdade – Annabeth disse por eles, encontrando sorrisos por todos os lados.  

– Nesse caso – Grover ficou de pé, erguendo seu copo e só então vendo que nem todos tinham uma bebida nas mãos. – Vamos fazer um brinde imaginário para o bebê – todos se juntaram com as mãos erguidas, sorrindo – e seus pais e... espera – ele parou. – Vocês dois não estão... 

– Não – eles disseram ao mesmo tempo, tirando risadas dos outros.  

– Ok, então. Ao bebê. 

Todos repetiram “ao bebê” e começaram a abraçar Percy e Annabeth.  

Mas, para surpresa dos dois, Grover, melhor amigo de Percy, foi abraçar a mulher antes dele, a erguendo no ar enquanto ela ria e ele pediu desculpas por irrita-la com as bebidas sendo que ela só estava protegendo seu sobrinho. Ele depois abraçou o amigo com força, dizendo para contar com ele para o que precisasse.  

Jace conseguiu abrir caminho até Annabeth, perguntando onde estava o priminho dele, e a mulher riu ao dizer que ele ainda estava na barriga dela, quase voltando a chorar quando ele colocou as duas mãozinhas por cima do vestido dela e disse que não tinha como ele estar ali, que não cabia. Ela o pegou no colo ainda rindo e o beijou na bochecha, dizendo que depois ela e suas mamães explicariam tudo certinho para ele. 

Ele então pediu para ela ir nadar com ele e, sem poder recusar aquele convite, ela foi se trocar, dizendo baixinho para o sobrinho ir acordar Clary para os três brincarem. Pouco depois ela voltou usando apenas seu biquíni, carregando a bolsa e a toalha nas mãos, indo com os pequenos e com Thalia para a piscina, sem saber que era observada. 

– Cara, para com isso, tá esquisito – Grover disse ao se sentar do lado do melhor amigo, que observava Annabeth e sua barriga ainda não crescida.  

– É estranho pensar que tem um bebê meu ali – ele respondeu, pegando a bebida que o amigo lhe ofereceu e agradecendo pelos dois estarem um pouco mais afastados dos poucos que ainda não estavam na piscina. 

– Eu imagino – Grover concordou e, ao ver o amigo ainda observando Annabeth, balançou a cabeça, rindo dele. – Não se preocupe, você vai dar conta disso. 

– Como sabe que eu estou com medo de não dar conta? – Percy finalmente voltou sua atenção para o amigo.  

– Eu conheço você a vida toda, Percy. Você está surtando. 

– É, realmente, mas eu estou feliz e ansioso por isso. 

– Eu sei que está. E sabe que estaremos aqui pra você, não sabe? 

– É claro que sei – eles trocaram um soquinho fraco. 

– Agora, sobre Annabeth... 

– Não tem nada sobre Annabeth, ok? – ele o interrompeu, vendo Grover rir. 

– Bem, tem alguma coisa com ela – Grover insistiu. 

– É, nós ficamos e aqui estamos – Percy conseguiu rir junto com o amigo. – Mas, fora isso, não tem nada mais. Nós nem conversamos sobre isso e acho que não é o momento – então ele olhou novamente para ela na piscina, vendo-a brincar com a filha de Silena e tirando várias gargalhadas da pequena. – Tem algo mais importante pra gente se preocupar agora. 

– Isso eu sei, mas o que eu gostaria de saber é se, caso essa não fosse a situação e vocês só estivessem se reencontrando novamente sem o bebê na história, você iria querer algo com ela? 

– Eu não sei – Percy respondeu com sinceridade. – Quer dizer, a noite foi ótima, nós não ficamos envergonhados um com o outro, conversamos e rimos muito juntos e... é, eu acho que iria querer um segundo encontro. 

– Mas tem medo do que ela quer, não é? – ele assentiu, voltando a olhar para o amigo. – Olha, você tem razão quanto a terem algo maior pra se preocupar agora. Conversem muito, contem pros seus pais e descubram como vão fazer pra dar certo. O bebê é a prioridade pros dois agora e todos nós vemos isso. Mas não se impeça de tentar falar com ela sobre a possibilidade de vocês dois, deixando de lado a gravidez. 

– Sabe que isso é bem difícil. 

– Eu sei, mas vocês podem tentar se os dois quiserem. E precisam aceitar caso não dê certo. Mas, se der, seria um clichê maravilhoso que todos nós gostaríamos de ver. 

– Vocês estão adorando essa situação, não é? – Percy disse quase com indignação, mas estava se divertindo por dentro. 

– É claro que estamos, sabe que todos nós gostamos de crianças. E agora nós teremos três pra poder mimar graças a Thalia, que juntou todo mundo e, bom, vocês dois também. 

– Ok, Thalia não teve nada a ver com isso e eu posso provar – Percy disse e ficou de pé, chamando por Annabeth, que ainda estava na piscina. Ele e Grover foram até lá, já que a maioria dos outros estavam por ali, e Percy ainda chamou os que ficaram do lado de fora para ouvirem. – Conte a eles que Thalia não teve nada a ver com a gente se conhecer. 

– Foi totalmente por minha causa que isso aconteceu, vocês nem se conheciam! – a mulher protestou. 

– Tecnicamente, Percy já estava olhando para mim antes de você nos apresentar – Annabeth justificou, com Clary em seu colo, e olhou para o dito cujo em seguida. – Ele estava no bar na primeira vez que fui lá e Collin disse que ele ficou me olhando. 

– Ok, convencida, isso vai passar porque está com o meu bebê na sua barriga, mas essa desculpa só vai te servir por mais alguns meses. 

– Oito deles parecem suficientes pra mim – ela deu de ombros e os outros riram. 

– Mas, é verdade. E foi exatamente assim que consegui falar com ela depois. Não teve nada a ver com Thalia. 

– Ok, mas se Thalia não tivesse falado com os meninos e convidado os quatro para ficarem com a gente, – Reyna começou – vocês talvez não voltassem a se falar. 

– Bem... 

– E você mesma disse que era a noite das garotas e queria ficar só com a gente – Silena deu de ombros, vendo as bochechas de Annabeth começarem a ficar vermelhas. 

– Se minhas amigas não tivessem me trocado pelos amigos e parentes de Thalia, eu teria ficado a noite toda com vocês.  

– Então, de qualquer jeito, Thalia foi quem fez isso acontecer – Grover concluiu e não deixou os dois discordarem, pedindo apoio popular. – Acho que isso dá a vocês direito a uma pensão vinda dela, se isso os conforta – e foi em questão de segundos que a dita cuja começou a contestar o amigo enquanto, daquela vez, Percy e Annabeth apoiavam a ideia. 

– Ok, então agora é minha culpa que eles... – ela parou no meio da frase, olhando para os pequenos e tentando achar uma palavra menos agressiva – ...se “abraçaram” naquela noite?  

A discussão demorou um pouco mais de tempo e terminou com Thalia aceitando sua condição de terceira responsável por aquela gravidez, dizendo que assumiria a criança no cartório junto com eles. Quando começou a escurecer, todos começaram a ir embora depois de ajudarem a arrumar tudo. 

– Quer ajuda pra levar as coisas lá pra cima? – Annabeth ofereceu, já usando novamente seu vestido e sem o biquíni.  

– Claro, se puder pegar os copos e talheres naquela caixa ali – Percy indicou com a cabeça o balcão atrás dele.  

– Você já tinha tudo isso aqui? 

– Não, claro que não – Percy riu e os dois entraram no prédio pelos fundos, indo para os elevadores. – Busquei na casa de meus pais, eles sempre têm vários conjuntos de pratos pra quando a gente vai reunir a família toda. Nós temos muitos tios, Thalia, Nico e eu. 

– Ah, eu sei disso. Vira e mexe ela não pode fazer algo com a gente porque tem algum aniversário pra ir da família de vocês. 

– É, ninguém deixa nada passar em branco – eles riram juntos e saíram do elevador. – Eu gosto muito disso, da minha família grande e unida desse jeito. 

– Deve ser uma delícia mesmo. Eu só tenho um tio por parte de pai e eles moram longe, então é difícil a gente se encontrar. Acho que por isso meus pais fazem questão da gente se ver toda semana. 

– E você gosta disso? 

– Bem, às vezes isso me impede de, por exemplo, tomar café da manhã na casa de algumas pessoas – ela deu de ombros e deixou a caixa em cima do balcão de Percy, vendo-o rir. – Mas eu gosto muito sim. Meus pais são incríveis. Eles fizeram muito por mim e por meu irmão, pra hoje a gente poder ter nossa própria independência. E agora que moramos fora, eles ficaram ainda mais carinhosos.  

– Já contou pra eles? 

– Quarta-feira meu irmão e eu vamos jantar na casa deles, então eu vou contar. É agoniante eles não saberem, não é? 

– Muito. Vou combinar com meus pais essa semana também de ir lá e contar. Depois da reação que tivemos hoje, estou preparado pra qualquer coisa. 

– Tem razão, eles foram terríveis – os dois riram juntos de novo. – Mas aceitaram muito bem e eu estou bem mais aliviada. 

– Eu também – Percy concordou. – Antes de você ir – ele a chamou quando ela ajeitou a bolsa no ombro. – Eu estava conversando com Grover de tarde, antes da gente ir até a piscina contar a história daquela noite, e ele perguntou de novo sobre a gente. Sobre como estávamos e o que estávamos fazendo ao assumir juntos essa responsabilidade. E eu só queria falar com você sobre isso pra gente ter certeza de que está no mesmo lugar. 

– Ok – Annabeth disse, se apoiando no balcão e ficando de frente para ele. – Eu acho que onde a gente tá agora, conversando, descobrindo mais um sobre o outro e nos tornando amigos, é onde a gente devia estar. A gente já tem muitas responsabilidades pra se preocupar e chamar de nossas. E também acho que falar sobre “nós”, e esse nós ser mais do que só amigos, é um pouco mais do que a gente pode lidar agora, considerando nossa situação. 

– É, você tem razão – Percy respondeu, tentando esconder o quanto estava levemente desapontado com aquilo. 

– Tudo bem pra você? – ela perguntou, uma pequena parte de si esperando que ele dissesse que não. 

E aquele pensamento vinha de algum lugar que nem ela sabia qual era ou o que significava. Por que ela queria tanto que Percy discordasse dela sobre aquele assunto específico? 

– Sim, está sim. Eu só queria ter certeza de que estávamos no mesmo lugar. 

Annabeth assentiu e disse que já precisava ir, que estava cansada demais depois de ficar tanto tempo na piscina com aqueles dois, e Percy riu, dizendo que a acompanharia até seu carro. Ela não o questionou, apenas agradeceu e os dois conversaram durante o caminho, principalmente sobre o churrasco daquele dia e de como seus amigos haviam reagido.  

Depois de passarem pelos portões, eles se despediram com um abraço e um beijo na bochecha tímido, combinando de conversarem mais sobre aquele assunto e sobre ela assinar os documentos do apartamento. No caminho até sua casa, tudo que Annabeth conseguia pensar era em como não estava feliz pelas coisas que havia dito. Ela não disse com verdade, sabia disso, mas não tinha coragem de confessar. 

“Por que não disse a ele? Por que não disse que achou o que tiveram muito bom e até especial porque... porque você nunca se sentiu tão confortável tão rápido daquele jeito?” 

Mas ela sabia o porquê. 

Não tinha coragem de tomar aquele passo, não agora. 

Não com tanto a perder. Não com tanto em jogo.

E, por aquele motivo, ela não ousava nem mesmo falar sobre aquilo com ninguém. 

Chegou em sua casa, agradeceu a todos no grupo pelo apoio com relação a gravidez e foi dormir logo depois do banho, já que realmente estava exausta.