História FOR HIM, Jasper Hale - Enfim dezoito

— Ah, e agora?— fiz bico, manhosa, não queria ir para a escola sem Jasper do meu lado, passamos as férias de verão colados um no outro, pelo menos onde Charlie não o podia ver. Era cedo e eu não queria encarar ninguém, principalmente os professores.

— Você sabe que deve ir.— Jasper sorriu, a cabeça baixa para nos encararmos melhor, revirei os olhos bufando.

— Por que você tem que ser tão bom aluno? Custava repetir de ano até eu terminar o ensino médio?

— Fazer o quê, eu sou perfeito— ele riu e me deu um selinho de despedida indo para perto da minha janela.

— Chato!— resmunguei e ele se pendurou no parapeito da minha janela com um sorriso maroto.

— Eu ouvi isso, mocinha! Agora se apresse, volto logo.— prometeu ele antes de desaparecer de minha vista.

Desci as escadas completamente emburrada depois de fazer minhas obrigações matinais e joguei para dentro um pouco de cereal e uma maçã, Charlie já tinha saído e com ele fora não tínhamos que ir de picape. Bella desceu bem depois de mim. Parecia tão desanimada quanto eu, mas para que reclamar? Edward não sairia de perto dela. Apesar de já ter tirado o gesso da perna e eu do braço, teimosas e estupidas nos recusamos a ir á fisioterapia, e ao passo que Bella mancava, perdi a vontade de forçar meu pulso demais, ele sempre treme muito quando eu tento e me sinto uma idiota pelo esforço e a fraqueza. A única parte boa desse fato é que eu sou destra, rá, obrigada, James, pensou nisso também?

"Ah, querida, deixe-me quebrar seu pulso, mas vou no esquerdo, é claro, não quero dificultar sua vida acadêmica." Eu podia ouvir o bastardo falar essa merda, no seu tom passivo agressivo e com aquela cara de paisagem. Eu o odeio ainda mais morto, dá pra entender isso?

Eu não odeio por ele ter mentido para mim e para minha gêmea, nos encurralado e quase nos matado. Eu o odeio pelo que ele deixou para trás, as cicatrizes. O que ele causou, minha primeira briga com Jasper. O fim dele causou mais dor do que o começo.

Charlie nos perdoara, á sua maneira, mas deixou de fazer nossas torradas ás quintas feiras, o que para mim era um castigo enorme já que ele deixava elas tostadas do jeito que eu gosto.

Renée tenta com constância nos levar de volta á Phoenix, mas ignoramos ela com fervor, "fizemos as pazes" com os rapazes, o medo de ficarmos presas para sempre nesse lugar mórbido passou, pois o nosso acidente de quase morte nos fez ver como a vida era curta demais para fugirmos dela ao invés de vivê-la. Blá blá blá.

Bella, e seu típico eu desastrado, caiu da escada e atravessou uma vidraça na casa dos Cullen após mais uma discussão e eu, a irmã de reflexos rápidos mas pensamento não-tão-rápido-assim fui levada junto escada a baixo tentando impedir que minha gêmea se machucasse. A pior parte dessa desculpa, é que ela sequer  foi questionada! Eu e Bella somos tão propensas a acidentes (ela a sofrer um, e eu a acabar me ferindo junto com ela por tentar me meter) que todos conseguiram imaginar o ocorrido perfeitamente e ainda riram disso por um tempo. Eu me senti ofendida, mas fiquei de bico fechado.

Eu e Alice estamos nos dando melhor a cada dia, ela ainda é mais amiga de Bella do que minha, e é graças a ela e suas falsas compras no shopping conosco que podíamos ver os rapazes com frequência durante as férias. Charlie a adora e aceita qualquer coisa que a pequena vidente lhe fale para que ele também pudesse sair para pescar com Bill. No fim, todos ganhamos, eu e Bella víamos nossos namorados, Alice tinha a desculpa perfeita para nos dar roupas e nos vestir como quisesse e Charlie praticava seu hobby favorito sem interrupções. Foi o melhor verão de todos, apesar de nunca ser quente em Forks, as coisas nunca ficavam frias e entediantes.

Edward e Bella nos apresentaram,— com muita relutância — o seu pequeno paraíso, o lugar é lindo como Bella contara, um pedacinho do céu, uma zona aberta, coberta de flores, até o ar parecia mais limpo dali de cima, Jasper e Edward reluziam, suas peles de diamantes deixavam eu e minha sósia fascinadas e poderíamos assisti-los daquela maneira por horas, sem pausa.

Jasper e eu íamos ao cinema com frequência, não pelos filmes em si, mal os assistíamos, mas pela falta de iluminação, o romantismo e o fato de que se fôssemos pegos deixaria tudo mais excitante. Íamos a sua casa, ficávamos enfurnados no seu quarto e eu o observava ler, desviando os olhos com um sorrisinho toda vez que ele fazia o mesmo comigo. Ás vezes ele lia deitado no chão de barriga para baixo e eu aproveitava para montar no seu cóccix e rabiscava suas costas nuas com canetinha como uma criança muito, muito feliz em desenhar. Era um dos meus momentos favoritos do dia. Não precisávamos falar nada, só precisávamos sentir a presença um do outro. Isso bastava.

— Eu acho que você deveria fazer uma tatuagem com meus desenhos super desenvolvidos, fala sério, eu sou uma profissional!— gabei-me num dia qualquer, era meio da semana e final de tarde, como de costume, os outros deixaram a casa para nos dar privacidade. Jasper tentou espiar por cima do seu ombro e riu do próprio esforço. Girou para ficar de barriga para cima e eu apoiei o queixo no seu peito nu, sentindo suas mãos firmes em minhas coxas.

— Acredite, eu não tatuaria nada com você mesmo que você me pagasse, meu amor— ele zombou tirando uma mecha do meu cabelo da frente do meu rosto. Fiz cara de choro.

— Jogo sujo.

— Você ama quando eu jogo sujo.— ele sorriu malicioso e se moveu no carpete me deixando embaixo de si, a ponta dos nossos narizes se roçando me causou cócegas. Sorri.

— Você fica tão gostoso quando banca o dominante, sabia?— provoquei-o envolvendo meus braços no seu pescoço, ele riu sem desativar seu modo sedutor e beijou meu pescoço, subindo as mãos pelas minhas coxas até os meus quadris e me puxando mais para baixo, mais perto do seu corpo. Eu ri e meus lábios logo foram silenciados num beijo, um daqueles que te faz perder o foco de tanta tensão sexual que é sentida.

— Você fica tão gostosa quando está por baixo, eu não me aguento.— ele sussurrou, o hálito frio rodopiou no meu pescoço e me arrancou um risinho malicioso enquanto eu revirava os olhos.

— Gosto quando você perde o controle.— respondi, e suas mãos voltaram a descer pelo meu corpo enquanto ele me beijava de novo. Eu estava no paraíso, e só para acabar com meu sonho, Charlie ligara chamando eu e Bella para casa.

Eu nunca quis tanto esganar meu próprio pai. Mas voltei com uma cara de santa para casa e Jasper já me esperava em meu quarto, sorri de satisfação, nada poderia tirar ele de perto de mim.

— Becca. Eles chegaram.— anunciou Bella como me despertando de um sonho, a olhei, um pouco confusa e soltei o miolo da maçã no lixo antes de irmos até a porta.

— Ei.— barrei Bella chamando sua atenção.— Por que está tão emburrada?

— Eu estou velha. Bem, nós estamos.— ela disse e eu a encarei confusa.

— Que dia é hoje?

— Não se lembra? Feliz aniversário, Becca. Temos dezoito agora.— Bella disse num suspiro desanimado ao passo que meu rosto se iluminou.

— Feliz aniversário, sósia!— a abracei contente e saímos lado a lado da casa.— Como pude me esquecer do meu próprio aniversário?— pensei em voz alta e entramos no carro após identificarmos quem estava no volante, eu ganhei e me sentei na frente com Jasper.

— Feliz aniversário.— Jasper me disse com o sorriso e levantou a mão fechada, segurava um colar de prata com uma pequena pedrinha azul que rodopiava no vácuo. Agradeci-o com um beijo no rosto e me virei de costas para que ele colocasse o colar em mim. Infelizmente, o primeiro colar que Jasper me deu, adivinhe só, James conseguiu destruir isso também.

— Ah, eu amei!— eu disse e Jasper sorriu sentindo minha alegria.

— Ah, e feliz aniversário para você também, Bella.— ele balançou a cabeça lançando um olhar para o banco de trás como se tivesse se lembrado de minha gêmea agora.

— Por que eu não posso te dar presentes?— Edward reclamou para minha sósia, ela resmungou em resposta e Edward me beliscou para chamar minha atenção— Feliz aniversário, coisa chata.— brincou ele e eu revirei os olhos rindo enquanto Jasper nos direcionava para a escola.

Chegamos ao estacionamento estacionando na vaga de sempre e Alice nos aguardava com dois embrulhos enormes na mão que fez Bella gemer com tanta agonia que tive que olhar para trás para me certificar que ela não estava chorando.

— Feliz aniversário, meninas!— cumprimentou Alice toda animadinha dando um abraço breve em cada uma.

— Shhh!— Bella a repreendeu olhando para os lados enquanto eu agradecia.

— Querem abrir os presentes agora ou mais tarde?— perguntou a Cullen, ignorando os protestos da minha gêmea. Bella me lançou um olhar aniquilador quando eu ameacei pegar a caixa que Alice estendeu na minha direção e eu me fiz de assustada, recuando um passo.

— Nada de presentes!— Bella insistiu.

— Mais tarde.— respondi Alice quando a mesma me olhou em busca de uma resposta digna já que o "não" estava fora de cogitação.

— Por que Bella está tão ranzinza? É o dia de vocês, serão tratadas bem e mais mimadas do que de costume, o que de ruim tem nisso?— Alice perguntou, retórica.

— Estou mais velha que Edward.— resmungou Bella e Alice entregou as caixas para Jasper, que permaneceu no carro, e jogou as mesmas no banco de trás recebendo um rosnado da irmã que o fez rir e murmurar umas desculpas.

— Não, não está.— eu encarei minha gêmea como se ela fosse louca, por um momento e depois suspirei balançando a cabeça, alguns dos seus pensamentos eu nunca vou ser capaz de compreender. Dei as costas ás duas dando a volta no carro para a janela de Jasper e me apoiei na mesma.

— Não pode mesmo vir com a gente?— insisti fazendo bico, Jasper analisou meu rosto com um sorriso bobo e balançou a cabeça fazendo bico.— Vai ser um tédio sem você.

— Tente sobreviver.— debochou ele, seus olhos estão escuros.

— Talvez devesse aproveitar a folga de mim e ir se alimentar.— toquei seu rosto e ele baixou o olhar.

— Amanhã.— prometeu— Hoje é seu dia.

— Todo dia é meu dia, querido.— gabei-me e ele riu revirando os olhos— Mas sério, vá caçar.— alertei-o.

— Amanhã.— repetiu ele ligando o carro. Empurrou minha cabeça "gentilmente" para fora do seu caminho e começou a dar ré— Comporte-se, Rebecca!— gritou ele e eu lhe mostrei o dedo do meio, mas é claro, ele viu e retribuiu o gesto.

— Ah, eu namoro um bruto.— sorri comigo mesma e revirei os olhos girando nos calcanhares para a escola, e lá vamos nós!

☽

— Eu não vou.— Bella apareceu na minha porta vestindo um vestido azul escuro e um sobretudo preto ambas as vestes indo até um pouco abaixo dos joelhos, eu estava lendo sentada na cama, uma perna encima da outra, também já vestida com meu vestido azul claro e um sobretudo marrom escuro, eu me sentia ridícula, mas Alice deixou claro que quebraria nossos pescoços casos aparecêssemos com qualquer outra roupa. Não era apenas a sensação de se estar ridícula, era o fato de estar ridícula. Bella colocou sua botinha por causa de insistência do Edward já que ela reclamara de dor uma aula inteira. Até Jasper se virou contra mim, forçando-me a usar a minha munhequeira que o doutor Cullen me recomendou.

— Alice vai nos matar se não aparecermos.— falei.— Você fica uma fofura com essa botinha, já te disse isso?— provoquei-a, Bella revirou os olhos bufando e me lançou o dedo do meio antes de sair mancando com seu all star surrado e a perna incapacitada.— Quer que eu troque sua fralda agora, senhora?— gritei sorrindo maliciosa e aguardei pacientemente Bella se voltar numa velocidade impressionante e tropeçar no tapete do corredor caindo de cara no chão. Eu não aguentei e gargalhei tão alto que perdi total controle e caí da cama, dei tapinhas no colchão e lágrimas se formaram nos meus olhos.

— Vai se foder, Rebecca!— Bella gritou, se levantou e pulou encima de mim me enchendo de tapas, eu sequer conseguia me defender, ria e chorava, empurrando-a inutilmente.

— Ei, ei, ei!— Charlie chegou apartando a briga e eu mordi meu lábio tentando segurar a risada enquanto secava as lágrimas.— O que é isso?— ele olhou para nós duas, forçando a cara séria, mas acabou me encarando confuso quando voltei a rir.

— Bella ficou putinha porque chamei ela de velha.— zombei e Bella cruzou os braços, fizemos caretas uma para a outra.

— EI, olha a boca!— Charlie me repreendeu.

— Perdão.— falei a contragosto e contive minha risada respirando profundamente.

— E isso lá é motivo para agredir sua irmã, garota?— Charlie se voltou para Bella cruzando os braços.

— É o suficiente.— ela respondeu, ergueu o nariz e saiu orgulhosa, mancando de volta para seu quarto.

— Acha que ela volta para se vingar?— papai cochichou para mim ao ouvirmos Bella bater a porta do seu quarto. Pensei um pouco.

— Provavelmente, acho melhor eu dormir de porta trancada.— brinquei, Charlie sorriu e coçou o queixo, causando um barulho estranho dos dedos ásperos com a barba por fazer, eu não sei o porquê, mas aquilo me dava uma agonia enorme. Fiz careta.

— Hã... gostou dos presentes?— ele apontou para os embrulhos amassados no canto do meu quarto, eu achei os presentes quando voltei da escola, eu e Bella ganhamos as mesmas coisas, câmera e álbum para termos as nossas memórias salvas ali.

— Claro. Eu já tirei fotos de várias coisas.— comentei pegando a câmera. Tinha uma foto do meu pai distraído desligando a TV, ainda estava com o uniforme da policia e foi a primeira foto que tirei. Mostrei-a e o velho sorriu de canto, não parecendo satisfeito.

— Eu estou gordo.

— Você é gordinho.— corrigi-o e ele cerrou os olhos na minha direção.

— Eu devia ter deixado Bella te bater.— ele falou e se despediu rindo, cobriria o turno de um colega na delegacia, nos desejou feliz aniversário e foi-se.

Os rapazes não demoraram á chegar, será uma noite excelente, pensei e com contentamento saí em encontro a Jasper.