Dias tinham se passado desde aquele encontro, mas as palavras trocadas não saíam de sua mente. Alyssa sabia que tinha inimigos por toda parte, prontos para apenas um descuido para atacar os Mikaelsons novamente. Dahlia podia ter sido derrotada, mas ela não era o último perigo. Muitos queriam a cabeça de Klaus, e outros certamente queriam a morte de Hope.
Quando seria o momento da mãe voltar para a filha?
Alyssa decidiu que seria logo. Por isso nesse momento era corria em direção ao Bayou, fontes indicavam que inimigos - em sua maioria vampiros - estavam se mexendo para atacar. Sabia que as bruxas estavam em silêncio, aparentemente tinham recuado depois do acontecido na igreja, então, faltava apenas um grupo, o SEU grupo. Tinha que ter certeza que estavam do lado correto, que estavam prontos.
Sentia o cheiro deles ao se aproximar, o cheiro dos humanos com sangue lupino. Ouviu os sons, as vozes, mesmo ao longe. Uma paz irradiou por seu peito momentaneamente, respirando fundo ao então enxergar aquele povo, que ainda não a tinham visto. Era a matilha, a sua familia.
Iriam a perdoar?
Respirou fundo, então dando passos à frente, chegando até a visão deles. Rostos conhecidos se viraram, em um ofegar. Mas foi um entre eles que se destacou, Hayley. A mulher passou entre os membros, vindo diretamente à amiga com a face não só assombrada, mas repleta de incompreensão. Não foi necessário palavras, as duas tocaram as mãos, antes de se abraçarem de uma vez. Alyssa fechou os olhos, apertando a amiga no abraço segurando lágrimas. Seis meses… era muito tempo.
- C-como… como você pode estar…? - A lobisomem começou a questionar ao se afastar, encostando o rosto da outra. Abria a boca, tentando falar, mas não conseguia formar frases completas. - Nós sentimos que algo estava errado… m-mas, a igreja…
- Eu sei, eu sei. - Disse de imediato, balançando a cabeça. Não tinha tempo para explicar no momento, mas quando tivesse tempo, explicaria. Devia isso a Hayley, devia isso a sua matilha. Desviou seus olhos para ela, os outros que estavam atrás de sua amiga, antes de se voltar para ela. - Hope está em perigo.
- Nós sabemos, as coisas estão… feias nos últimos dias. - Hayley disse de uma vez, seus lábios se abrindo para explicar quando o celular tocou e seu bolso, a fazendo se interromper para atender. Alyssa ouviu o que era, sua expressão endurecendo de imediato. Era Elijah. A loba inspirou, olhando diretamente para a amiga ao desligar, dizendo uma frase que a híbrida já tinha conhecimento. ‐ Precisam de você, o complexo está sendo atacado.
Expirando, direcionou seu olhar para seus companheiros, passando por cada rosto, grata, porém tendo consciência que não era lua cheia, estava sozinha nessa. Não esperou mais, começou a correr na velocidade que as habilidades vampiras lhe permitiam, em direção ao French Quarter. Seus olhos se tornavam azuis brilhantes, e as garras e presas apareciam. Ninguém, absolutamente ninguém iria machucar sua família.
A rua estava deserta, não era um bom sinal. De imediato Alyssa ouviu os sons vindos do complexo, grunhidos, gritos, e sentiu o cheiro de sangue. Era vampiro, soube com um mísero alívio, sendo logo substituído por preocupação, os dois lados eram formados por vampiros. Então, ouviu o choro de um neném… o seu neném.
- KLAUS! - Ouviu uma voz nova gritar, logo seguida de um grunhido que reconheceu imediato de quem era. Estava perdendo tempo!
A híbrida entrou no complexo, submergindo na confusão de uma batalha. Alguém estava sendo encurralado contra a parede, não conhecia a face pessoalmente, mas reconhecera pelas fotos mostradas. Kol Mikaelson. Alyssa pulou nas costas do inimigo, sem se importar com quem era. Seus dentes afiados abocanharam a jugular dele antes que pudesse a jogar contra a parede. Sentiu o sangue invadir seus lábios, enquanto o inimigo gritava ao sentir o veneno que havia em suas presas híbridas.
Desceu das costas do vampiro, lhe dando um chute que o enviou de volta aos braços de um Mikaelson muito surpreso que não hesitou em acabar o serviço. Alysa não parou, adentrou o hall vendo o pandemônio que se sucedia, havia corpos para todos os lados, no andar de cima via Elijah em sua visão panorâmica, porém a sua frente havia uma loira caída que tentava inutilmente ajudar outro que lutava contra meia dúzia de uma vez. Era uma bruxa, e o outro… Klaus. Não teve tempo para pensar nas batidas de seu coração, um grito enraivecido foi ouvido, ao matar um, outro conseguiu morder o híbrido que se distraiu por um mísero segundo. Sem ter a visto, Alyssa fez apenas um sinal com as mãos ajudando a bruxa que estava ferida no chão, jogando metade contra a parede com os pescoços quebrados. Distração suficiente para os outros, que não chegaram a ver o que aconteceu. Klaus aproveitou a deixa pensando ser sua querida ajudante, acabando com três deles, enquanto Alyssa avançava de uma vez, quebrando o pescoço de um que veio para cima de si de uma vez, pegando o outro pelo braço e o lançando em direção ao corredor. O último, só teve tempo de arregalar os olhos, antes de receber uma mordida no pescoço que o fez gritar de dor, caindo no chão e recebendo a última sentença de morte.
Eram esses? Aparentemente sim, concluiu não ouvindo mais nada a sua volta além de respirações ofegantes. Alyssa se levantou, limpando com o dorso da mão os lábios manchados de vermelho, os olhos que brilhavam em um tom azul se focando primeiramente no híbrido que finalmente tinha percebido sua presença. Klaus a encarou, assombrado. Por um momento de incompreensão, ficou sem palavras. Alyssa tampouco soube o que dizer, não pensando em nada. Estava ali, estava finalmente de volta! Sentia seu coração pulsando ao vê-lo depois de 6 meses, estava… diferente. Os cabelos cresciam alguns centímetros, os cachos do homem sendo mais visíveis, e uma barba… uma barba por fazer rodava seu rosto. Se não fossem apenas esses sinais, poderia dizer que estava bem. Mas havia algo diferente, algo que mostrava que Klaus Mikaelson estava sofrendo.
- Você…
- É essa daí, essa é a salvadora que apareceu do nada! - Qualquer palavra iniciada pelo mais velho, foi interrompida por Kol que entrava acompanhado de outros dois, indicando a tríbida com o dedo, um vinco de confusão jazendo em sua face.
Alyssa ofegou, conseguindo dar um sorriso. Marcel e Davina… como sentira falta deles! Sentiu seu maxilar tremer, o que expulsou, seus olhos agora voltando à cor normal. Sua amiga já estava em lágrimas, levando a mão a boca enquanto era amparada pelo Mikaelson que não estava entendendo nada ainda; Marcel a olhou sem acreditar por um breve segundo, antes de avançar em um abraço, reprimindo as lágrimas que insistiam em cair.
- Alyssa! Oh, você está viva! - Sentiu o impacto que aquilo lhe trouxe, o abraço firme de Marcel a envolvendo entre as lágrimas, retribuindo o aperto em sua cintura com vigor. Por que demorara tanto? Não soube responder, sequer pensando nisso ao encarar sua figura paterna quando se afastou. - C-como você…?
- Longa história… - Foi o que disse no momento, se virando para Davina que vinha em soluços lhe abraçar, desta vez, não conseguindo reprimir as lágrimas que caíam de seus olhos. - Senti sua falta…
- E eu não senti a sua? - A bruxa deixava uma risada fraca sair, tocando os cachos da amiga agora curtos, antes de voltar a abraçá-la mais uma vez.
- Ah, então essa é a mãe? - Ambas se viraram quando ouviram alguém dizer, encontrando a bruxa loira que até então estava no chão, mas agora se levantava, olhando Alyssa com atenção.
- Sim, essa é Alyssa, Freya. - Marcel disse ao meu lado, com um leve apertar em seu ombro. - Nossa Alyssa.
Freya Mikaelson… outra irmã. Muita coisa tinha acontecido enquanto estava fora, a garota concluiu.
- Como? - A voz de Klaus a despertou novamente para a presença dele, a fazendo se virar, encarando-o. Seu maxilar tremia, as sobrancelhas estavam franzidas naquele olhar que muitos temeriam, o ódio destilado de Niklaus Mikaelson. - Davina viu você morta, a igreja explodiu! Como você… - Então, se interrompendo, ele entendeu. Sua expressão endureceu, dando um passo na direção dela. - Você forjou sua morte!
- Tecnicamente, sim. - Alyssa não recuou, o encarou erguendo o queixo, porém, sem total orgulho. Sabia que aquela era uma situação delicada. - Precisava fazer isso, pelo bem de todos.
- Mas você estava viva! - O tom dele aumentava, prestes a explodir. Porém, foi o suficiente para fazer outro som surgir escada acima. Um choro, um choro forte ecoou até eles, fazendo a atenção de Alyssa se desviar completamente daquela situação. Já tinha esperado demais. - Não.
- Saí da minha frente, Niklaus. - A tribida disse apenas uma vez, ao ser bloqueada no caminho para as escadas que a levariam até sua filha. Alyssa inclinou a cabeça em aviso, seja qual fosse a situação, nada a manteria novamente afastada de Hope.
- Você perdeu esse direito por ter nos abandonado. - Próximos demais, a tensão entre eles não era sentida no momento, apenas a raiva que crescia, explícita nos dentes expostos do híbrido que parecia uma muralha.
- Você não vai querer brigar agora… - Com uma das mãos em punho, a arrogância dela foi exalada, pois sabia que era uma das mais fortes ali. Com os dentes também expostos, os olhos começavam a brilhar novamente em um novo aviso.
- Não vou? - Os olhos dele adquiria aquela cor amarelada, as veias negras sendo puxadas em torno de seu rosto. Aquilo seria feio…
- Parem, os dois! - Elijah, como sempre a voz da razão, desceu as escadas atrás de Niklaus, pondo a mão no ombro no irmão. - Deixe ela passar.
- Você sabia. - Klaus afirmou, os olhos voltando ao normal ao encarar o mais velho que não tinha nenhuma reação surpresa, diferente dos outros. Tirou a mão que estava em seu ombro com grosseria, agora a raiva sendo contra o irmão. - Era isso que você estava escondendo!
- Sim. - Com toda aquela classe, Elijah afirmou seu hesitar, como se estivesse absurdamente acostumado com as birras um tanto infantis do irmão.
- Não o culpe, eu que pedi segredo.
- Pra continuar me fazendo de idiota? - Klaus se virou para ela novamente.
- Ah, chega dessa baboseira inútil. Saí da minha frente. - Impaciente, Alyssa tentou passar de novo, mas o híbrido continuava a bloquear a passagem. Respirando fundo, ela o encarou.
- Você não vai ver ela.
- Klaus…
- Não se meta! - Ele disse cortando Marcel, os olhos fixos em Alyssa. Aquele olhar continuava o mesmo, Alyssa queria poder admirar as mudanças sutis no visual no homem, mas no momento sequer conseguia pensar em algo que não fosse esmagar sua cabeça contra a parede.
- Você sabe que posso passar por você, se eu quiser. - Ela sabia disso, e sabia que ele sabia. Um estalo de dedos, e uma dor iria começar, sendo o suficiente para fazê-la passar. Porém, Klaus só ergueu o queixo como se dissesse “venha, então”. - Sua escolha.
Como dito, um simples sinal e Niklaus foi lançado para fora de seu caminho. Elijah sequer reagiu, dando espaço para a tribida passar, observada por todos os outros que assistiam tudo aquilo em silêncio. Mas claro que não seria tão simples, Alyssa sentiu sua camisa ser puxada por trás, o que a fez se virar de imediato, empurrando Klaus contra a parede mais próxima, os olhos novamente faiscando em periculosidade, um rosnado crescendo em seu peito. O híbrido rosnou de volta, trocando as posições com facilidade e a prendendo contra a parede. Aquilo era uma piada, podia matá-lo se seguisse. Mas é claro, não queria.
- Eles vão se matar ou se pegar? - Kol perguntou com certo interesse, audível para os dois envolvidos.
- Nos perguntamos isso desde que se conheceram. - Marcel respondeu com um suspiro.
Alyssa bufou ao rolar os olhos, dando uma cabeçada de uma vez no híbrido, sendo o suficiente para afastá-lo por um mísero segundo de distração, dando tempo o suficiente para ela o erguer no ar, com seu poder o prendendo na parede. Seria tão fácil quebrar aquele pescoço...
- Eu te avisei. - Disse para ele, levemente ofegante. Foi então que ouviu passos nas escadas, descendo com um som audível de muxoxo infantil. Alyssa o soltou, não lhe dando mais atenção ao se virar, encontrando uma Rebekah que carregava um neném no colo, ambas com expressões impacientes.
- O quê que está acontecendo aqui? - A loira questionou de uma vez, não tendo escapado ilesa da batalha podendo se ver marcas restantes de sangue em seu rosto, assim como o cabelo sempre impecável agora bagunçado. Parou os olhos em Alyssa, um vinco nas sobrancelhas. - Pensei ter te escutado, mas…
- Eu sei, eu sei. - Assentiu com a cabeça, querendo evitar novamente aquela conversa, deu um passo em direção a Rebekah, tendo certa súplica no olhar. - Por favor, me deixe pegar ela.
- Eu já disse…
- Ela é a mãe, Niklaus. - Rebekah o cortou dessa vez, com um olhar sério dando fim aquela discussão. Por mais que houvesse uma raiva contida ainda nos olhos do híbrido, não contestou mais, tinha perdido. Voltando a olhar para Alyssa, a loira estendeu os braços, dando a filha para a mãe.
Com um suspiro, Alyssa pegou a neném no colo pela primeira vez depois de sua morte. Sentir o seu calor, seu cheiro, olhar para a face de sua criança fora a gota d'água para as lágrimas brotarem. Escorrerem silenciosamente por seu rosto, abraçando a filha em seu peito, fechando os olhos por um momento apenas para desfrutar. Tinha voltado, era sua filha, sua esperança. Ter a sua filha nos braços era… imprescindível, absolutamente.
- Oi, Hope... - Disse com a voz embargada, respirando fundo antes de afastar a bebê de seu peito apenas para olhá-la melhor. Era tão, mas tão linda! Os olhos grandes que a encaravam eram os mesmos do de Klaus, era óbvio, o cabelo raro já era possível ver cachos castanhos claros se formando. Estava tão grande, tão diferente da primeira vez que a pegara no colo, mas… não havia dúvidas do amor que sentia por sua filha. - É a mamãe.
- Alyssa. - Rebekah chamou, fazendo momentaneamente a atenção da mãe se voltar para a loira que inspirou, escolhendo as palavras em um tom sério. - Você precisa explicar algumas coisas.
Os lábios dela se franzem, passando a olhar os que estavam à sua volta - dois sendo desconhecidos. Parou em Klaus, que com os olhos penetrantes, os desviou com aquela mesma raiva anterior. Com um suspiro, a tribida assentiu com a cabeça, voltando a olhar a vampira. Sim, aquilo era justo.
- É, tenho certeza que sim.
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