Eu nunca estive tão consciente da presença de uma pessoa quanto agora. Sua respiração, os momentos quando engolia em seco, as mãos provavelmente suadas que pela minha visão periférica percebia ela arrastá-las nervosamente pelas pernas desnudas. Cada mínima ação despertava algo como uma quentura em meu maldito corpo que a desejava tanto.
Eu me sentia tenso, nervoso, com a mão agarrada firmemente ao volante, e estar assim me irritava, uma vez que sempre era eu quem transpassava tranquilidade e controle na situação quando estava com alguma mulher.
Mas independente de qualquer coisa, não iria bobear no meu plano. Willa não cederia com facilidade aos meus anseios e por isso a induziria ao que eu queria aos poucos, com paciência, cautela. Eu a veria basicamente como uma presa. Iria espreitar com toda a sutileza possível até que finalmente chegasse o momento certo para atacar.
Já estava fazendo muito em tê-la procurado após a primeira vez que fiquei com ela, então não podia vacilar e acabar indo mais longe do que já havia me atrevido a ir. Não podia. Precisava manter isso como um mantra em minha mente.
A última vez que uma mulher me desestabilizou tanto a este ponto fora há mais de dez anos atrás. O fim que tudo acarretou fora o suficiente para me fazer ter aversão ao que quer que fosse relacionado a essa coisa tão auto-destrutiva chamada sentimento. Era algo que só de cogitar a possibilidade de acontecer novamente me dava repulsa.
Um silêncio pesado predominava entre nós. A tensão sexual era gritante. Era como se o espaço pequeno do carro nos provocasse esse clima. As lembranças do que fizemos a última vez que estivemos juntos aqui... cada detalhe invadia minha memória de uma vez, e de alguma forma eu sabia que à dela também.
– Você não retornou minhas mensagens, ligações... – comecei a dizer, mas ela rapidamente atropelou minhas palavras:
– Acredito que eu não precise esclarecer o motivo tão óbvio.
Eu dei um sorriso pequeno.
– Não. Não precisa.
Ela suspirou de modo exasperado.
– Nem sei o que estou fazendo aqui. Estou cometendo o mesmo erro pela terceira vez. Traindo Peter pela terceira vez. Isso... Isso é imperdoável.
– Você não está traindo ninguém.
– Estou a caminho disso.
– Eu falei que só queria conversar com você, não falei? Então não se preocupe. Não pretendo induzí-la a ir mais além do que isso. Só quero conhecer você.
– Sim, mas com que finalidade? Não já conseguiu o que queria comigo?
Dei de ombros.
– Gosto de você. Sei que não acredita em mim, mas eu não a vejo apenas como um pedaço de carne. – Eu queria muito estar mentindo para ela com relação a isso. Queria muito estar dizendo isso como uma forma de ganhar sua confiança somente para então dar o golpe final que era o de usá-la e então a descartar quando finalmente me desse por satisfeito. Tendo-a exatamente apenas como isso, um pedaço de carne. Era assim que eu queria vê-la. Mas, droga, por que não estava sendo assim? Por que essa mulher me despertava interesses e sensações completamente correspondentes a tudo o que eu um dia impus como condição nunca mais me permitir sentir novamente? Que porra! Não deveria ser assim! Está errado!
Inspirei fundo e soltei o ar devagar, querendo acalmar os meus nervos.
– Ainda tenho minhas dúvidas quanto a isso – replicou ela.
– Como você me vê, Willa? – a pergunta simplesmente escapou, sem eu nem entender direito por que a fazia. – Digo, como pessoa... Como exatamente você me vê?
A intensidade do seu olhar em mim queimava minha pele. Eu não a olhava diretamente, mas podia sentir. Ela parecia me ler.
Demorou minutos consideráveis para responder, mas quando o fez, conseguiu me deixar mais rígido do que já estava, a musculatura do maxilar imediatamente ficando tencionada ao ouvi-la:
– Bom, pelo pouco que me demonstrou... Não vejo muito além do que talvez um cara que procura desesperadamente preencher algum tipo de vazio com mulheres em demasia, uma vida luxuriosa e devassa. – Sua voz era suave, como se refletisse com cuidado as palavras na mente antes de dizê-las. – É como se isso fosse uma válvula de escape para você. Só o que realmente me deixa intrigada em querer saber, é do que exatamente você quer escapar.
Merda. Isso não deveria ter me causado tanto impacto. Mas causou.
Eu disfarcei, é claro:
– Besteira. – Meu tom talvez tenha soado mais grosso do que pretendia. – Talvez eu só seja assim porque gosto. Não precisa necessariamente ser por causa disso!
Ela soltou um suspiro.
– É, talvez seja – notei pela minha visão periférica que deu de ombros. – Eu apenas dei um palpite. Você me fez uma pergunta, e eu a respondi com sinceridade. Em momento algum falei que estava certa.
Seguimos mudos pelo resto do caminho. Por incrível que pareça, eu via que confiava em mim, pois do contrário estaria me questionando sobre onde eu a estava levando, o que ela estranhamente não fez em momento algum. Quando chegamos ao destino que eu queria, estacionei o carro e virei meu olhar para ela antes de descer, avisando:
– Eu abro a porta para você.
À esta altura o céu já havia escurecido por completo, e o ar gelado vindo do início da noite foi muito bem-vindo ao bater de encontro ao meu rosto, relaxando-me, fazendo parte daquela tensão causada pela nossa breve conversa ir embora. Coloquei os óculos escuros, para camuflar um pouco minha aparência e evitar que fôssemos parados por algum fã ou qualquer pessoa que me reconhecesse, e então dei a volta no carro para abrir sua porta.
Levei-a até um restaurante sofisticado que em algum tempo passado costumava vir em Malibu Beach. Era um espaço arejado, à vontade. Sentamos de frente a uma vasta porta francesa de vidro com cortinas brancas esvoassantes, que dava para uma varanda com ampla vista para o mar. Foi o primeiro lugar que passou pela minha cabeça em trazê-la durante o caminho.
– Tá legal, antes de qualquer coisa, vamos direto ao ponto mais importante desta conversa – comecei ao cordialmente afastar a cadeira da mesa para que ela se sentasse. Detectei um sorriso quase imperceptível que despontou no canto de seus lábios diante do meu ato, certamente por não ter esperado meu cavalheirismo. Então falei sem mais nem menos assim que me acomodei à sua frente, retirando os óculos escuros: – Peter e eu não mantemos uma relação amigável já há um bom tempo.
Ela piscou repetidas vezes, o rosto delicado assumindo uma expressão surpresa.
– C-como é?
– Exatamente o que você ouviu. – Murmurei em resposta.
– E-eu não entendo... Então por que agiram diferente naquela noite, quando fui apresentada a você na boate?
Dei de ombros, sinalizando com a mão em seguida para que alguém viesse nos atender.
– Fachada. Poucos segundos antes de você chegar, estávamos tendo um desentendimento. Ele veio com historinha de reconciliação e isso não me desceu. Quando você apareceu ao lado dele, certamente quis causar uma boa impressão e começou com aquele teatro todo. Eu não pretendia entrar no clima, mas como estava interessado em me aproximar de você e vi aquilo como a primeira oportunidade, não hesitei em agarrá-la.
– Espera, reconciliação? Mas reconciliação de quê?!
Suspirei.
– É uma longa história, querida...
– Eu quero ouvi-la. – Seu tom de voz era firme e não admitia recusas.
– Não quer que eu peça alguma coisa antes? – ofereci, meio que enrolando.
– Não estou com fome.
– Um vinho, talvez? – ela ia negar novamente, porém me apressei em acrescentar: – Eu insisto.
Willa hesitou por um instante. Olhou para os lados, pensativa. Levou longos segundos até que, mesmo a contra gosto, deu-se por vencida e assentiu devagar. Eu sorri satisfeito.
Assim que fomos atendidos, fiz o pedido do vinho para nós dois e indaguei se ela queria mais alguma coisa. Negou.
– Bom, eu não sei se você sabe... – comecei, após avistar o garçom se distanciar. – Mas há cinco anos atrás Peter teve uma noiva. Seu nome era...
– Melissa. – Cortou ela. – Sim, ele já me contou.
– Então presumo que ele tenha contado toda a história também. Sobre o que ocasionou o término dos dois, e tudo mais.
– Sim. Ela o traía frequentemente com o melhor amigo dele. Ou, melhor dizendo, um cara imprestável que ele acreditou ser seu amigo por um bom tempo antes de tudo acontecer.
Eu tentei, mas não consegui segurar o riso alto e debochado, sem acreditar no que estava ouvindo. Willa franziu a testa para mim, sem entender nada.
– Do que está rindo? – indagou ela.
– Já vi que pelo visto a versão contada para você foi totalmente modificada da original – eu falei.
Ela cerrou o olhar.
– Era você, não era? Você era o tal amigo traidor.
– Sim, e não. Porque eu não fui nenhum traidor. Pelo menos não em partes. Primeiro: Melissa não traía Peter comigo. Se ele lhe contou dessa forma, estava mentindo absurdamente. Só ocorreu uma vez, e fui tão vítima nessa história quanto ele foi.
– Eu duvido muito que tenha sido.
Ignorei o seu comentário e prossegui:
– Melissa não gostava de Peter. Tudo o que nutria por ele não passava de uma cobiça fora do comum que tinha pelo dinheiro dele, e unicamente isso. Queria apenas o mérito de ser a esposa de um dos CEO's mais bem sucedidos e milionários de uma das maiores empresas tecnológicas dos Estados Unidos. Eu via isso, todos ao redor podiam ver também. Menos ele. Mas por um lado eu o entendo, sabe? – dei um riso fraco. – Na época não, é claro, mas agora eu o entendo – inclinei-me sobre a mesa, focando firmemente o meu olhar no dela, certificado-me de que se concentrasse bem em minhas palavras. Não queria que ela achasse que eu estava mentindo, porque eu não estava. – Ela era muito bonita e sedutora. Assim como você. Mas por um outro lado, ela não tinha esse brilho doce e ingênuo que você carrega no olhar.
– Me acha doce e ingênua? – a pergunta saiu baixinha e hesitante, e imediatamente fez um sorriso terno despontar no canto da minha boca.
– Sim... – respondi. – E não considero como algo ruim. Para falar a verdade, é uma qualidade em você que me fascina.
Suas bochechas coraram de uma forma adorável, e foi inevitável que eu alargasse ainda mais o meu sorriso, agraciado por perceber que ela tentava, mas não conseguia ser totalmente imune a mim. Sem falar que, meu Deus, estava linda demais. O rosto estava completamente limpo de maquiagem, e ainda assim em cada nuance era carregado de uma beleza simplesmente de tirar o fôlego. Usava roupas simples também, nada além que uma blusa de malha branca de botões, um short jeans meio rasgado e sandálias rasteiras; dois brincos dourados de estrelas discretos nas orelhas. Os cabelos escuros se mantinham presos em um coque folgado e desajeitado. Era admirável que não precisasse se reproduzir com nada extravagante, pelo simples fato de já ser naturalmente perfeita.
Pisquei, saindo desses devaneios ridículos, tratando de parar de observá-la feito um idiota e continuar de onde havia parado:
– Melissa era ardilosa, persuasiva, do tipo capaz de virar a vida de um homem de cabeça para baixo. Não me surpreende que ele tenha sido tão cego e estúpido ao ponto de esperar a burrada acontecer quando tudo estava diante dos olhos dele. Acredite, tenho um histórico gigante de mulheres que já me envolvi ao longo da vida, e conheço muito bem os tipos de Melissa. Eu o alertava a todo o tempo sobre ela, mas o tapado nunca me deu ouvidos.
– Pelo jeito que você fala, parece até nutrir algum tipo de revolta, mágoa pelo que aconteceu.
Eu ri amargamente.
– Eu não definiria exatamente como mágoa ou revolta. No tempo o que eu mais senti por Peter foi pena, até porque, quem no fim das contas sofreu as consequências de tudo foi ele, e não eu. Já hoje eu não chego a sentir ódio, mas não faço questão de ter algum tipo de empatia. Quando ele soube do acontecido, foi um completo imbecil, e disso eu nunca vou esquecer. Sequer procurou saber a minha versão da história. Só soube agir com ódio.
– Me desculpa, mas eu não tiro a razão dele quanto a isso. Sinceramente, não vejo como você pode ser vítima dessa situação. Se ficou com ela foi porque teve vontade. Porque a desejou. Isso faz sim de você um traidor.
– Eu nunca desejei Melissa, Willa – meu tom de voz era sério, firme, transpassando a verdade. – Nunca a olhei com segundas intenções. Já ela, por outro lado, era a que não fazia questão de disfarçar a cobiça doentia que tinha por mim. Mas eu nunca dei abertura para que houvesse algo entre a gente. – Dei uma pausa. – Exceto por aquela noite.
Willa ficou aguardando que eu continuasse, enquanto subitamente me sentia perdido em lembranças.
– Na época eu morava em um apartamento. Era tarde da noite quando ela tocou a campainha, do nada. Eu tinha acabado de chegar de uma festa. Estava um pouco alterado pela bebida, mas não ao ponto de chegar a afetar minha lucidez. Mal abri a porta quando já começou a se oferecer, sem escrúpulos e descaradamente. E eu não cedi de primeira, é claro.
– Mas cedeu logo depois – deduziu ela.
– Sim, mas não sem que houvesse muita insistência da parte dela durante o processo.
– Isso não é desculpa, Jared...
– Pelo amor de Deus, Willa, eu não sou de ferro! – a interrompi. – Ela me provocou de todas as formas possíveis. Chegou até a me chantagear! Eu perdi completamente a cabeça, e quando vi já havia acontecido.
– E como Peter descobriu tudo?
– Foi logo no dia seguinte. Entrou no escritório e viu uma série de fotos expostas em sua mesa, minhas e delas, ela apontando a câmera para si própria enquanto fazia questão de expor o corpo nu e entrelaçado ao meu na cama. Eu dormia sem ter ideia do que estava acontecendo.
Willa piscou repetidas vezes, ficando boquiaberta, chocada.
– Nossa, e-eu... Eu não sei nem o que dizer. Peter nunca me contou essa parte...
– E então ela simplesmente sumiu – eu concluí. – A última vez que a vi foi na noite em que ficamos.
Willa mantinha o olhar concentrado em um ponto fixo da nossa mesa, parecendo digerir com calma tudo o que havia acabado de ouvir. Murmurou:
– Eu não entendo... Com que finalidade ela fez isso? Se queria permanecer com Peter, por que simplesmente preferiu arruinar o relacionamento deles dessa forma?
– Eu me fiz essa mesma pergunta por um bom tempo. Até que finalmente me dei conta... – Fiquei consideráveis segundos em silêncio, completamente absorto em pensamentos. Willa me olhava compenetrada, até que afirmei: – Ela era apaixonada por mim. Eu não me neguei ao sexo, mas fui grosso e firme o suficiente com minhas palavras ao determinar que não passaríamos daquilo. Que eu não a via como ela queria que eu visse. – Suspirei pesadamente. – Acredito que isso tenha lhe gerado algum tipo de revolta, que então a levou a fazer o que fez.
Nossa garrafa de vinho chegou e o homem que a serviu preencheu ambas as nossas taças. Eu agradeci com um breve aceno de cabeça antes que o mesmo se afastasse.
Tratei de puxar um assunto diferente com ela à medida em que começamos a beber, com a intenção de desanuviar aquele clima pesado que predominou após a última conversa. Assim, tomando cuidado para que não parecesse muito invasivo, aos poucos fui matando a curiosidade que tinha sobre a sua vida. Ela estava meio hesitante no início, mas a cada curto gole que tomava sutilmente do vinho foi ficando mais à vontade.
Contou-me que era de Nova York; sempre tivera a vontade de vim fazer a vida em Los Angeles, até que há sete anos finalmente decidira se mudar para cá e morar junto com a amiga Sophia, à qual se tornou inseparável desde que se conheceram na época em que cursava literatura na faculdade. Atualmente trabalhava como bibliotecária, porque amava livros e tinha como um de seus melhores passa-tempos administrar e instruir grupos universitários que eventualmente visitavam o local. Eu tive vontade de perguntar como conhecera Peter, o que a levou a se interessar por ele, mas não o fiz. Procurei manter a consciência de que precisava ir com calma e me conformar com o pouco que ela já havia se aberto para mim. Era isso ou colocaria tudo a perder se não me controlasse e acabasse sendo um enxerido.
– Então você é músico, ator e empreendedor?
Eu assenti, com um sorriso orgulhoso nos lábios.
– E diretor cinematográfico nas horas vagas – acrescentei.
– Ual! – ela riu, levando o que já era bem a quarta taça de vinho aos lábios. Já estava bem mais leve e descontraída. – É muita coisa para dar conta, não?
Eu apenas dei de ombros.
– Não se torna um peso quando é algo que você sente prazer em fazer – respondi. – Eu e meu irmão basicamente crescemos sendo inclinados a apreciar a arte, sendo ela de qualquer tipo. Quando fiquei jovem decidi cursar cinema e me profissionalizar nisso. Até que alguns anos mais tarde, Shannon e eu tivemos a ideia de formar uma banda. Deu certo e estamos nisso há quase vinte anos.
– Impressionante... – ela levou a taça aos lábios, olhando-me por sob o vidro da mesma.
– Quem sabe um dia eu a leve a um de meus shows. Será um prazer ter você me assistindo.
– Ah, eu não sei... Não vejo como isso pode acontecer sem gerar problemas...
– Peter nunca precisará saber de nada, Willa. Assim como ele nem sonha que está aqui comigo agora – falei em voz baixa, mesmo sabendo que a mesa em que estávamos era em um local reservado do restaurante e não corríamos o risco de sermos ouvidos. Ela ficou visivelmente sem graça pela maneira com a qual falei, levando a bebida até os lábios em um gesto nervoso e tomando um gole. Eu adorava como suas bochechas facilmente ficavam ruborizadas.
– Não é o correto... – olhou para baixo.
– Você não deveria se importar tanto em só fazer o correto, sabia? Há tantas coisas erradas e proibidas nessa vida que são tão prazerosas. Um dia, daqui a dez anos, pode acabar olhando para trás e se arrependendo por nunca ter se arriscando em fazê-las.
Ela ainda permaneceu em silêncio. Me inclinei com os cotovelos sobre a mesa que nos distanciava, apenas o suficiente para que pudesse tocar em seu queixo com os dedos e erguê-lo com suavidade, fazendo-a me olhar enquanto dizia:
– O certinho é chato, Willa... Não excita. Não vicia. Não nos deixa tentados a experimentar mais e mais à medida em que fazemos.
Eu percebi o exato segundo que sua garganta se moveu ao engolir em seco. Não sabia se era o efeito do álcool, mas eu podia ver desejo puro refletindo em suas íris dilatadas. Porra, como resistir a isso?
Que se foda a paciência!
Que se foda a cautela!
Que se foda o controle!
Eu vou tê-la para mim esta noite!
Um barulho súbito de pigarro me fez afastar para trás em um ímpeto e quase derrubar a mesa ao tornar a sentar com tudo em minha cadeira.
– Desculpem-me interromper, mas vocês desejam mais alguma coisa?
Olhei para o maldito garçom como se fosse fulminá-lo naquele segundo.
– Não. – Respondi, curto e grosso. Ele começou a se afastar, envergonhado.
Quando tornamos a ficar sozinhos, simplesmente passei a fitá-la, sentindo o meu maxilar tenso. Refleti sobre o quanto eu só queria poder levar minha mão àqueles cabelos negros e soltá-los, afundar os meus dedos neles e trazer o seu rosto para mim até capturar aquela boca em um beijo selvagem de revirar o juízo e fazer os lábios dela dormentes.
Ela sabia a intensidade da minha vontade, pois me olhava da mesma forma.
– A primeira vez que coloquei meus olhos em você – falei –, eu a desejei de imediato.
– Jared, por favor, não...
Eu a interrompi em um tom firme:
– Estava disposto a seduzi-la, tê-la para mim a qualquer custo. Então quando a vi ao lado de Peter e soube que era a namorada dele, não quis acreditar que o destino seria tão filho da puta comigo àquele ponto.
– Por favor, para.
– Não consigo, porra! – meu punho se fechou e o levei até a boca, me segurando para não esmurrar aquela mesa. Respirei fundo duas vezes antes de dizer, contido: – Eu quero você. Eu morro de atração e desejo por você, e vejo que você sente o mesmo. É visível em seus olhos, e você fica com essa droga de resistência!
– Eu vou embora – afastou a cadeira para trás bruscamente e se levantou.
– Não! Não, não, não! Não faz isso!
Fui ágil e a segurei pelo braço, fazendo-a se virar antes que começasse a andar.
– Me desculpa! Eu... Eu me expressei mal.
– Me deixa ir, Jared. Eu nem deveria ter vindo...
Enlacei meu braço em torno de sua cintura e a trouxe mais para mim.
– Não. Eu não vou deixar você ir. – Murmurei respirando forte contra seu rosto. Só a adrenalina do momento era o suficiente para me deixar arfante. – Não vou deixar porque eu sei que não é o que quer.
Ela abriu os lábios para contestar, mas eu avancei com minha boca na sua antes que tivesse a chance.
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