Terminava de calçar meu tênis quando Lucy parou no batente da porta me encarando
-O que foi? - Perguntei sem encara-la
-Vai sair de novo?
-Vou, e você vai ficar quietinha – eu disse enquanto passava por ela e descia as escadas
-Vai ficar me devendo mais uma Samuel – ela gritou antes de eu fechar a porta da casa
Não me dei o trabalho de responder, Lucy me cobria todas as vezes e jamais cobrava por isso, ela se esforçava para ser uma boa irmã mais nova, e eu me esforçava para lembrar disso todas as vezes que brigávamos. Sentei na calçada enquanto esperava Jack passar para me buscar, duas semanas para o fim das férias e aparentemente eu estava de “castigo”, eu obviamente não respeitava isso.
Enquanto encarava a rua, puto por que Jack estava atrasado, percebi um carro entrar na garagem ao lado, seguido por um caminhão que estacionou no meio fio, obvio que aquilo havia chamado a minha atenção, afinal havia quase 6 meses que meus vizinhos haviam se mudado daquele local e desde então a casa andava desocupada, mas o mais surpreendente é que alguém realmente tinha se mudado para aquela cidade tão chata e monótona que era Omaha, sério quem em sã consciência faria isso? Encarei o casal ao sair do carro, o homem usava terno e a mulher um vestido longo e salto, estava claro que eles não eram dali e não sabiam na furada que haviam se metido ao se mudar para cá, eles me encararam e me deram um meio sorriso seguindo para o caminhão. Encarei meu celular e bufei furioso por já se passavam quase 20 minutos e nada de Gilinsky aparecer, decidi ligar para a princesa e perguntar o motivo do bendito atraso quando a porta do carro dos vizinhos bateu chamando minha atenção mais uma vez
“Puta que pariu”
Esse foi o primeiro pensamento que tive ao ver a garota que desceu do veículo, alta, cabelos castanhos e o rosto de um anjo, não dava para ver muito de seu corpo já que usava uma calça jeans e um moletom por cima. Ela colocou o pequeno cachorro que estava em seu colo no chão e parecia dar ordens para que o animal não saísse de perto dela, eu devia parar de encara-la e terminar minha ligação, mas por algum motivo eu não conseguia desviar meu olhar. Não demorou muito para a mesma me notar, e assim como eu continuou me encarando, até que segundos depois, a mesma deu um sorriso e acenou para mim. Ok, esses vizinhos estavam me surpreendendo muito. A menina continuou a acenar e eu simplesmente fiquei estático, sem corresponder ao movimento, só sai do meu transe quando ouvi a buzina estridente do carro de Gilinsky. Por algum motivo ignorei a garota e entrei direto no carro, só então soltando a respiração... quando eu havia prendido ela?
-Desculpas cara, eu cochilei e acordei agora pouco com Nate me ligando puto, até estranhei por não ser você
-Uhum – eu respondi ainda sem tirar os olhos da garota, que ainda encarava o carro
-Uhum? Nem um vai se foder? Cara o que... – Gilinsky parou de falar ao ver o que eu encarava – Ah entendi, vizinha nova?
-Sim, literalmente acabaram de chegar
-Hmm é gata, e parece ser gostosa – ele falou encarando a menina, que agora já ajudava os pais a tirar algumas caixas do caminhão
-Quem se muda para cá? – Falei tentando desviar o assunto
-Não sei, mas ainda bem que ela chegou, vamos animar esse final de férias com ela, to cansado de pegar as mesmas garotas
-E quem disse que ela vai pegar o espertão?
-Todas pegam, ninguém resiste ao charme de Jack Gilinsky
-Uhum, então vamos logo por que já está estranho nos dois parados aqui na porta da minha casa, ela vai pensar que a gente está se pegando
-Aí Sammy, você não faz meu tipo – ele disse afinado a voz
-Sabia que você não ia conseguir disfarçar esse seu lado por tanto tempo – falei rindo e recebi um dedo do meio bem no meio da minha cara
Tive tempo de ver uma última cena, minha irmã saindo de casa e indo falar com os vizinhos, os mais velhos foram cumprimenta-la enquanto a garota ainda encarava o carro e sorria, ela parecia saber que eu estava encarando. Eu sabia que ela apenas uma garota nova na cidade, que aproveitaria da beleza e pegaria todos os caras que pudesse, mas minha intuição gritava bem auto, lá no fundo que a garota da casa ao lado, ia acabar comigo, e eu não sabia se isso seria bom.
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