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História The Other Side Of The Arrow - Malware


Escrita por: QueenB1 e SofiaMartins

Capítulo 8 - Malware


Fanfic / Fanfiction The Other Side Of The Arrow - Malware

"Eu preciso de outra história. Algo para eu desabafar. Minha vida fica meio chata. Preciso de algo que eu possa confessar. Até os meus planos darem errado. De toda a verdade que eu disse foram honestas, eu juro. Diga-me o que você quer ouvir. Algo que agradará aos seus ouvidos cansados de toda a falsidade. 

OneRepublic - Secrets."

Felicity Smoak

Starling City

➸ 2006

O toque dos lábios dele ainda estava ali. Eu podia sentir. A emoção varrendo minhas veias como se estivesse revivendo aquela cena. Meu coração acelerado como se estivesse correndo uma maratona. Trocamos apenas uma mensagem de boa noite depois daquilo. O domingo passei reclusa. Meus trabalhos sugaram minha atenção. Acordei em uma empolgante segunda-feira. Verifiquei o celular em busca de algum sinal. Não havia nada. Nem sequer uma mensagem. Tentei controlar o desconforto que se formou em meu estômago. 

Parada em frente ao espelho do banheiro, encarei o corte, agora imperceptível, mas eu o enxergava. Nitidamente. 

Uma batida forte na porta me trouxe de volta para a minha realidade. 

— Felicity, você não mora sozinha... - Prontamente abri a porta, e arqueei uma sobrancelha para Adam.  

— Não seja tão repetitivo, Adam. - Bati em sua cabeça ao passar por ele. 

— Sai logo da frente, noiva cadáver! - Gritou antes de sumir pela porta do banheiro. 

Me jogando em minha cama, aguardei meu horário impaciente. Cooper ainda não havia voltado, o que era estranho. Ele sempre chegava uma hora mais cedo, e me contava suas histórias hilariantes em família. Dessa vez não foi assim. Meu celular apitou repentinamente, e o peguei pensando ser o próprio Cooper me avisando sobre seu atraso.  

Era Donna. 

"Fel, estou sentindo sua falta. Espero que esteja bem..."  

Digitei uma rápida mensagem, afirmando que eu estava viva e inteira. 

— Adam? - O chamei, elevando a voz.  

A porta se abriu novamente, e ele saiu com apenas uma toalha enrolada nos quadris. Adam era um nerd. Um nerd que rompia rótulos. Ele não usava óculos, nem blusas listradas e de golas altas. Pelo contrário, suas roupas eram descoladas e ele parecia um  perfeito milionário, mesmo não sendo. E seu corpo... era algo interessante. 

— Não, não posso te ajudar a hackear o sistema da universidade de novo. - Falou, se movimentando para pegar suas roupas.

— Não seja um babaca. - Revirei os olhos. Ele nunca tinha me ajudado nisso.

— Cooper ainda não voltou... isso é estranho.  

Adam olhou em volta, como se apenas agora notasse a ausência de Cooper. Olhando para mim, ele deu de ombros. 

— Quem sabe ele não cansou da sua cara e decidiu trocar de universidade. - Piscando um dos olhos castanhos, ele voltou para o banheiro.   

Pegando minha mochila, a joguei sobre meu ombro e fui para minha aula de segurança cibernética. 

Os corredores voltaram ao normal. Os grupos já estavam reorganizados, cada um no seu ponto de interesse. Alguém em especial não estava na universidade. O grupo de Oliver estava por perto, mas ele não estava presente. Não o encontrei em nenhum lugar. 

Helena me lançou seu olhar de descaso. O que não me atingia, basicamente em nada. 

Entrei em minha sala, e me dirigi para minha cadeira ao fundo. Surpreendentemente Cooper já estava lá, sentado na cadeira ao lado. Ele me viu, mas virou o rosto para o lado oposto. 

Sem forçar uma aproximação, me sentei e fiscalizei sua expressão.  

— Cooper, fiquei preocupada, você não avisou que já tinha voltado. 

Respirando fundo, ele começou a mastigar mais forte o chiclete em sua boca. Quando Cooper se voltou para mim, vi a frustração brilhando em seus olhos.  

— Desde quando é amiga de Oliver Queen? Eu vi vocês juntos, Felicity. Pensei ter me enganado, mas não, aquele babaca mimado estava lá com você. - Liberou sua raiva e encarou a grande lousa branca em nossa frente. — Oliver Queen não é alguém confiável. Ele não gosta de ninguém além de si mesmo. 

Eu não tinha como rebater. Não tinha como defender alguém que eu estava conhecendo aos poucos. Em vez de entrar em uma discussão, eu apenas o encarei, pensando no modo sutil que eu pudesse usar para esclarecer os fatos. 

— Oliver é alguém legal, Cooper. O conheci através de Daryl. Ele me convidou para sair e eu aceitei... - Ele riu irônico e se levantou bruscamente, puxando sua mochila. 

— Cooper? - O chamei novamente. 

— Eu não sei qual foi a melhor versão que ele usou para te iludir, Felicity. Mas tenho certeza que não foi a verdadeira versão dele.

Desistindo de acompanhar a aula, ele saiu e não voltou.  

Escondi meu rosto entre minhas mãos, procurando por um pouco de tranquilidade. Brigar com Cooper não estava e nunca esteve nos meus planos. Depois de minha mãe, ele era a pessoa mais próxima que eu tinha. 

— Felicity? - Alguém me chamou, e eu deslizei minhas mãos, encontrando Daryl de pé ao meu lado. 

Dei toda minha atenção a ele. 

— Você está bem? Parece chateada... - Perguntou, brincando com as alças da mochila, esperando pela resposta. 

— Eu estou bem, Daryl. - Cruzei os braços, e relaxei em minha cadeira. 

— Não sei se lembra, mas eu disse outro dia que tinha finalizado o vírus... - Forcei minha memória a procurar essa lembrança. Claro, ele tinha dito realmente. — Quero que veja... ele é incrível. 

— Mais tarde eu vou até o seu quarto. - Daryl confirmou com a cabeça, e pareceu satisfeito. 

➶ ➷ ➸

Sentada sobre a grama, bebi um gole de suco, assistindo aos amigos de Oliver conversarem sobre algo que, pela distância, me impossibilitava de ouvir. Era um pouco mais de três da tarde. Ele não apareceu, e nem procurou por mim. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. 

Repentinamente alguém sentou ao meu lado. Com um sorriso acolhedor, Cooper bateu seu ombro ao meu. Pensei na possibilidade de que ele sofresse de bipolaridade. 

— Eu sinto muito. - Disse, encarando o verde da grama aos seus pés. — Eu só não quero que se machuque no final. Pessoas como Oliver Queen não se prendem a ninguém. - Divagou, erguendo seu olhar até o seu grupo em nossa frente. 

E se Cooper tivesse razão? E se eu estivesse me empurrando ao precipício? 

— Eu preciso ir... - Apenas queria fugir daquele assunto. Recolhi minha bolsa, mas Cooper a segurou.

— Aonde você vai? 

— Ao quarto de Daryl. - Ele franziu a testa, soltando minha bolsa. — Ele finalizou um vírus e quer que eu veja.  

— Se importa se eu for com você? - Sorrindo, ele aguardou minha permissão. 

Neguei com a cabeça. Espero que Daryl também não se importe.

Levamos poucos minutos para pararmos diante da porta de Daryl. Bati algumas vezes e esperei, escorada na parede. Ouvimos barulhos na tranca, e logo Daryl se materializou em nossa frente. Ele sorriu ao me ver, mas lançou um olhar seco para Cooper. Apesar disso, não impediu nossa entrada em seu quarto. 

— Quanta organização. - Cooper vasculhou o cômodo. 

Daryl o ignorou. Deu passos até sua cadeira giratória e sentou-se ali, abrindo um arquivo em seu computador. Me aproximando, me inclinei em suas costas, fitando a tela. 

Eu não acreditei no que vi. 

— O vírus não era assim. Eu achei que ele fosse combater algum malware, por isso te ajudei. 

Virando-se de frente, ele me fez recuar uns passos.

— Eu modifiquei tudo, mas posso explicar. - Se defendeu imediatamente. — Esse vírus tem a finalidade de invadir a conta de qualquer pessoa de qualquer lugar. Computadores, celulares e qualquer tecnologia que vier a surgir daqui alguns anos. Desde que a pessoa tenha a mesma conta em todos os seus aparelhos eletrônicos. Ou seja, eu não vou hackear seu computador, vou hackear sua conta. Mesmo que mude de computador, sua conta será a mesma se você não quiser trocar. E eu terei o controle dela de qualquer forma. 

— O quê?! - Cooper quase gritou, com um sorriso largo no rosto. 

— E isso nem é o mais importante. - Daryl comentou com uma presunção em seu rosto. — O vírus tem uma invisibilidade. O computador não alerta que eu estou hackeando sua conta. Ele trabalha normalmente como se estivesse anestesiado. Sem alerta, sem problemas. 

— Invisibilidade? - Cooper repetiu. 

— Não importa o que isso faz. Esse vírus se tornou um malware, Daryl. Invadir a privacidade de alguém é crime. - Seu sorriso sumiu ao ouvir minhas palavras. 

— Como você fez isso? 

Pegando um papel que estava entre uma pilha de cópias, ele o estendeu em minha direção. Eram todas as coordenadas para recriar o vírus, descrito detalhadamente. Até nome ele já tinha. Se aquilo caísse em mãos erradas, um caos cibernético ia se formar na cidade. 

Cooper prontamente puxou o papel e leu rapidamente o que estava escrito lá. 

— Isso é incrível! É a revolução, Felicity.- Peguei a folha de volta e a devolvi para Daryl. 

— É incrível, mas perigoso, Daryl. 

— Eu não vou usar, eu só... - Ele parecia assustado, ou decepcionado com minha reação. Era difícil distinguir. 

➶ ➷ ➸ 

Como uma noite comum de segunda-feira, Cooper e Adam me faziam companhia, comendo hambúrguer e qualquer outra fritura. Olhei meu celular algumas vezes, cogitando ligar para Oliver. Deixei a ideia de lado, e foquei na história que Adam contava sobre sua noitada no fim de semana. 

A lanchonete não era tão próxima da universidade, o que nos custou uma longa volta para o campus. Com um braço jogado sobre meus ombros, Cooper parecia ter esquecido qualquer desavença que tivemos. Adam o mostrava algo em seu celular enquanto caminhávamos. 

Um carro conhecido por mim passou pela avenida. Eu tinha a mais absoluta certeza que era o carro de Oliver.  

Meu celular apitou no bolso do casaco, e fitei o visor sem chamar a atenção de Cooper.  

"Eu preciso falar com você. Te encontro na biblioteca ou eu posso pegar você agora mesmo, e te tirar dos braços do seu amigo... " 

Aquele não parecia Oliver. Algo estava errado.

Levei cerca de vinte minutos para chegar ao campus. Adam e Cooper foram para o quarto, e pareciam ter  aceitado minha desculpa de que precisava ir na biblioteca procurar um livro.  

Andando como se fosse uma criminosa pelos corredores, tomei o total cuidado de não ser vista. Pelo horário todos já estavam recolhidos, o que tornou tudo mais fácil.  

Entrei na biblioteca, e ela estava completamente vazia. 

— Oliver? - Me senti ridícula em sussurrar seu nome em um lugar tão grande.  

As mesas onde costumamos sentar e estudar, estavam abandonadas. O que facilitou a procura. Andei pelas enormes fileiras lotadas de livros, e quando estava prestes a desistir, alguém se aproximou por trás e tapou minha boca. 

O cheiro inconfundível de Oliver me impediu de gritar.  

Me levando para o fundo da fileira da área de ficção científica, ele me soltou. Ouvi sua risada baixa, e me virei para olhá-lo. 

Ele estava diferente. 

Seu cabelo estava bagunçado, a blusa de algodão com alguns botões abertos, e seu semblante parecia exausto. 

— Oi, Felicity Smoak. - Me puxando pela cintura, ele avaliou meu rosto. 

O cheiro que emanava dele agora se misturava com um tipo de álcool. 

— Você bebeu?  

— Um pouco, Felicity. Nada demais. -  Ele solta uma risada forçada. 

O empurro educadamente, e ganho um pouco mais de espaço. 

— Por que você bebeu, Oliver? - Cruzo os braços, tentando esconder minha irritação pelo seu estado. Ou seria preocupação?  

— Minha vida é uma situação complicada. Só a bebida me ajuda a esquecer... - Seus dedos tocaram minha bochecha, como se fosse algo precioso.

Ele se aproximou, e encostou seus lábios naquela região, depositando um beijo calmo. O modo como seus lábios passearam por minha pele, me deixou muda. 

Relembrando a atual situação, me afastei mais uma vez.

— Você faltou aula hoje, não deu sinal de vida, aparece bêbado e essa é a sua melhor resposta? - Mostro minha melhor cara de questionamento. Ele está realmente bêbado e isso não é um bom sinal.  

— Meu pai não me deixa em paz, me sinto péssimo toda vez que ele olha pra mim com a expectativa de que serei o melhor CEO de Starling City. Eu não aguento tanta pressão assim. Só queria viver como um cara normal. Meu destino já está traçado, e eu nem sequer planejei um terço dele. - Oliver suspira e sua expressão parece derrotada. — Minha mãe não me defende, pelo contrário, diz que foi pra isso que eu nasci. Para assumir a “grande empresa Queen”.  Mas eu não quero, Felicity, pelo menos não agora. 

— Por que você não diz isso a eles? - Alguns fios do seu cabelo caem pelo seu rosto, e instintivamente minha mão se prontifica a tirá-los.

Toco seu rosto no processo e seu sorriso aparece em resposta. 

— Meus pais não são pessoas tão flexíveis assim. Eu sou o filho homem e devo aprender desde agora. Não importa, por mim está tudo bem, eu aceito o meu destino. Mas eles não entendem que eu preciso de tempo.  Eu não posso nem respirar e eles já estão em cima de mim sobre esse assunto. Eu quero um pouco de paz, apenas isso. 

— Eu entendo... Mas, Oliver, a bebida não vai te ajudar. Isso é errado. - Ele solta uma risada e com o balançar do seu corpo, ele quase se desequilibra.

— Nada é errado pra mim, Felicity. Eu sou o errado. Aceite isso agora antes que seja tarde. - Ele me avisa antes de avançar em minha direção e colar sua boca com a minha.

O gosto do álcool com o seu próprio, me deixou confusa por segundos. Meu corpo queria, mas minha mente gritou comigo.

Me afasto de seu alcance, mantendo uma mão em seu braço para segurá-lo. 

— Vou chamar um táxi e pedir que ele te leve para casa.

Nesse estado ele não deveria nem estar dirigindo. Apesar de Oliver parecer um pouco em seu normal, o álcool ainda estava em seu organismo.

— Ah, Felicity, qual o problema? Vamos nos divertir um pouco. Não quero ir pra casa. - Ele tenta me segurar novamente, mas me esquivo do seu toque.

— Não, Oliver. É melhor você ir para casa. Espera aqui, eu vou chamar um táxi.

Ele segurou minha mão, e a levou até a sua boca, beijando-a. 

— Não precisa. Meu amigo Tommy está esperando no carro. - Disse tranquilamente, e me pergunto se esse amigo também havia bebido. 

— Ele bebeu?

— Não. Ele não bebeu. - Não confiei em sua palavra. Seu sorriso cínico me diz claramente que isso é comum para ele. Provavelmente já está bastante acostumado a encher a cara com seus amigos ricos. E essa descoberta não me agradou. 

— Boa noite, Oliver. - Me preparo para sair, mas seu braço circula minha cintura, me impedindo de continuar. 

— Eu ainda quero conversar com você. - Falou baixo, observando meu rosto.

— Isso só vai acontecer quando você não estiver assim. - Passo meu olhar por ele e retiro seu braço delicadamente de mim. 

Vou em direção à saída, observando se realmente estou só. Na esquina, em uma área escura, vejo o carro de Oliver parado, com as luzes acesas. Realmente tem alguém com ele. 

Resolvo não me importar e sigo direto para o meu quarto. Não consigo compreender as suas atitudes. Sei que algumas vezes a bebida pode ser um alivio imediato, mas não esperava ver Oliver assim tão frágil.

E algo me diz que esse comportamento é extremamente comum em sua vida.
 


Notas Finais




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