No outro dia, quando voltei da escola, fiz uma coisa que nunca tinha feito: Olhei a caixa de correio do meu apartamento. Havia algumas cartas. Contas pra pagar, e uma surpresa: Meu pai havia respondido a minha carta!
Subi correndo com ela e joguei minha mochila no sofá. Sentei à mesa e comecei a lê-la. Que bom que estava tudo bem com ele, eu também estava com saudades.
Fiz tudo igual de novo. Só que desta vez, não fui procurar Katy. Eu estava envergonhada e com medo de pressioná-la demais para dizer o que estava acontecendo com ela.
Peguei meu violino e comecei a tocar uma música nova, que eu estava aprendendo, com partitura. Não tinha muita graça sem ela. Eu estava curiosa e preocupada para saber o que ela tinha, mas esperei ela vir me contar.
A campainha tocou, e eu tive a certeza de que era ela. Por incrível que pareça, ela veio ao meu encontro, de novo.
- Oi.
- Oi – respondi.
- Posso entrar?
- Você não precisa pedir.
- Obrigada.
Ficamos sentadas no sofá, e quietas por um tempo. Eu não iria perguntar assim de cara.
- Por que você fica vermelha quando eu falo com você? – ela perguntou.
Agora sim, eu havia ficado vermelha de verdade.
- Achei que você soubesse... – respondi.
- Vergonha? – ela riu – Nós podemos falar tudo, uma pra outra, certo?
- Então me fale: O que é que você tem? Por que está sempre passando mal, e tossindo?
Ela olhou para baixo. Seu olhar se entristeceu. Eu me arrependi de ter perguntado, mas eu queria saber, para ajuda-la.
- Por favor, fale... – pedi.
- Sabe Rihanna, há coisas que os seres humanos não entendem. Espero que você entenda.
Ela ficou séria e me olhou.
- Rihanna, eu sofro de tuberculose, e vou morrer mais rápido do que você imagina.
Eu fiquei perplexa. Não podia ser, aquela criatura tão linda, tão perfeita... Seus olhos se encheram de lágrimas, eu a abracei.
- Eu... Não sei o que dizer...
- Não diga nada. Isso não vai mudar. Mas fique calma, está bem? Espero que nós tenhamos muitos momentos juntas ainda.
- Você não vai morrer, eu prometo!
- Espero que você esteja certa.
- Eu vou te ajudar, em tudo o que precisar – eu disse secando suas lágrimas.
Ela abriu um sorriso. O primeiro desde que ela havia chegado.
- Obrigada.
Eu a olhei e perguntei:
- Katy, você... Você gosta de mim?
- Gosto... Muito, demais – ela disse sem hesitar.
- Eu também. Bem eu... pq eu tambem gosto de voce...
Ela passou a mão em meu rosto, um pouco mais feliz agora.
- Eu não vou te deixar, enquanto eu viver.
- E eu vou cuidar de você.
Ficamos nos olhando por um tempo, uma nos olhos da outra, e trocando carinhos. Até que eu perguntei:
- Então, vamos tocar hoje?
- Claro, mas hoje eu quero te ouvir.
- Mas, eu não compus uma música pra você...
- Não importa, toque qualquer uma.
Peguei meu violino e comecei a tocar. Ela me ouvia atentamente, mas eu não pude esconder a preocupação em meu rosto.
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