História The Prince of Busan - I Am You You Are Me

Terça feira, um dia antes do amistoso

Havia duas varetas compridas, finas, uma se distanciando da outra por sete passos, sobre a linha do goleiro.

Baekhyun estava há cinco passos com a bola redonda entre as mãos e Chanyeol, que andava de um lado para o outro entre as varetas. Os colchões azuis estavam espalhados pela quadra.

-Lançamento! -gritou Baek para Chanyeol. Não que o berro fosse para mais alguém, já que estavam totalmente sozinhos na quadra. Enquanto o eco ainda perpetuava pelo vazio, Baek realizou um passe torto por cima do ombro, a trajetória foi quase vertical, fazendo com que Chanyeol se deslocasse para a direita para segurá-la com uma das mãos. Com um giro excepcionalmente rápido, com a pressão dos dedos entorno da bola, Chan arremessou em direção ao gol, a bola bateu no fundo do gol e voltou para os pés do grandalhão.

-Mais rápido, Baek. -avisava Chanyeol, mostrando as mãos, de pés separados. Ele nem suava ainda enquanto Baekhyun arfava sozinho, tendo de buscar folego a cada passe. -Baek, abre os dedos! ... Os cotovelos, BAEK! ... Mais alto! ... Vertical, Baek! ... Muito pra frente... Dois passos pra trás, Baek! .. BAEK... BAEK... BAEK! BAEEEEEEEK!

Baekhyun arremessou a bola em Chanyeol, a curvatura foi absolutamente perfeita, se abrindo enquanto se direcionava a toda velocidade para a cara de Chanyeol, desviando-se como se puxado por um imã em direção ao gol. A bola raspou a orelha do cabeça prateada, que seguiu o trajeto absurdamente veloz com os olhos. Quase entortou o pescoço para olhá-la quicar no fundo do gol.

-Chega! -gritou Baek. Ele não conseguia mais. Todos os músculos doíam demasiado. O ritmo dos treinos de Gangnam e dos guepardos eram absurdamente diferentes. Era catastrófico tentar compará-los, já que o condicionamento físico de Chanyeol era melhor, ele era alto, também sabia usar o corpo e sua flexibilidade enquanto Baekhyun era baixo e não tinha como competir com os fortões que bloqueavam a sua visão do gol.

Channe piscou, atônito com o que ele tinha feito com a bola. A curvatura, a velocidade, a força. Ele se posicionou ereto, puxando a camisa do peitoral suado.

-VEM AQUI.

-Não.

-Baek.

-Não, Chanyeol. Tô cansado. Vou embora..

-Vem aqui agora.

O tom urgente o fez estacar por um instante, Chanyeol o chamava com a mão, com a bola na outra. Queria manda-lo se foder, mas mesmo assim, ele foi.

-Vamos tentar de outro jeito, então. Eu lanço e você marca, ok? Mas..., mas eu preciso que você faça a mesma coisa que fez agora.

-Quê?

Chanyeol tinha um sorrisinho nos lábios, os olhos brilhavam enquanto ele saltitava para a posição que Baek tinha ficado. Ele deu um ligeiro empurrão no menor, o colocando na posição entre as varetas.

-Eu vou lançar em algum ponto das varetas, você gira e marca, ok?

-Eu não consigo em passes...

-Em longa distância? Vamos ver.

Chanyeol foi quase até o meio da quadra, a bola sendo segurada por suas duas mãos, mordendo o lábio inferior com força. Os olhos procuram um ponto entre as varetas. Baekhyun ia de um lado ao outro, de braços abertos, tentando adivinhar para onde a bola iria.

Ele não avisou.

De repente, a bola vinha ao seu encontro, Baekhyun correu para o lado direito, segurou-a com os cinco dedos da mão e lançou. A bola bateu com um estrondo no gol e voltou para os seus pés.

-BOAAAA! -Chanyeol comemorou, erguendo os braços sobre a cabeça.

Baek encarou o gol. A bola parada aos seus pés. Era totalmente diferente no jogo. Ninguém, nunca sequer, conseguiu passar um passe como aqueles para ele sem ser interceptado ou a curvatura não ser forte o suficiente e...

-Não caiu nos meus pés... -Baekhyun disse, com um fiapo de voz para Chanyeol. - ela veio pra mim.

Era ele. Era Baekhyun que precisava de Chanyeol para conseguir a tão sonhada vitória. Ele precisava de um arremessador e um pivô para infiltra-lo no campo do adversário. Nada era impenetrável. Se tivesse Chanyeol ao seu lado, ele brilharia, ele conseguiria...

-Chanyeol... Faz de novo?

Os arremessos se repetiram. Cada vez mais Chanyeol dava um passo atrás. Baekhyun sempre mantinha a força e velocidade do arremesso. Seu corpo se virava como puxado por um imã.

Quando foram avisados pelo zelador – a quadra iria fechar -, era tarde. Ambos correram para dentro dos chuveiros, apenas deixando a água quente varrer o suor de seus corpos. Trocaram-se em uma velocidade, em uma competição interna e acirrada para ver quem vestia o calçado primeiro. Mas ao olhar para a quadra de luzes apagadas, Baek sentiu um aperto no peito. O jogo era amanhã. Ele precisava melhorar não somente os arremessos, mas a empunhadura, suas fintas horríveis e previsíveis, a agilidade, os passes laterais e principalmente os de longa distância. Ele queria ser um jogador como Chanyeol, pau pra toda obra, ficaria em todas as posições sem pestanejar com o melhor desempenho, sempre em excelência, com as habilidades sempre evoluindo. Queria ser um desses.

Ele olhou para Chanyeol, ao seu lado, apenas iluminado pela luz da porta de saída, o rosto parcialmente inundado pelas sombras, mas um sorriso satisfeito nos lábios.

Senão pudesse ter a altura dele, Baekhyun seria melhor que ele em suas habilidades.

-Espera...

Chanyeol parou no meio do caminho para a saída, olhando para as sombras do outro lado com os olhos de coruja.

-Baek?

O quicar de bola na quadra fez Chanyeol rir.

-Você tá brincando...? Vão nos pegar, seu imbecil, guarda isso logo!

-Não... Vamos treinar mais!

Chanyeol e Baekhyun lançavam a bola um para o outro na frente dos portões fechados da escola. As luzes dos postes iluminando os rostos cansados deles.

Chanyeol nunca viu alguém tão determinado quanto Baekhyun. Se fosse em outros tempos, ele acharia que Baek era um cara preguiçoso, mas se revelou bastante encorajado a aprender e melhorar. Baekhyun era completamente diferente do que achava que era, bom, pelo menos não o estilo, que era o que aparentava. Olhos pretos da cor da noite crepuscular, frios e quase inexpressivos – mas que ficavam lindos e brilhantes quando ele gargalhava; As correntes de prata que brilhavam, agora estavam guardadas dentro da mochila esportiva; o gingado de gangster era assustador e ao mesmo tempo engraçado. E Baekhyun era realmente um cara muito divertido e sombrio.

Haviam muitos mistérios que Chanyeol queria desvendar do menor. Questões envolvendo sua família – que logo também seria a dele; queria lhe perguntar se nunca tinha pensado, em todos aqueles anos de puro e fervoroso ódio, se eles poderiam ser amigos. Questioná-lo se amava ele, Park Chanyeol, da mesma intensidade. Perguntar, também, se se o ódio ainda resistisse, se... Se poderia virar amor como tinha virado para ele.

-Baek...

Ele respondeu com um generoso:

-Hum.

Chan não sabia como o questionar e se realmente deveria. A dupla estava cansada, esgotada, tinham falado de handebol o dia todo. O pulso de Chanyeol doía dos arremessos, dos mais variados desenhos que teve que fazer para explicar algumas táticas novas á Baekhyun. Mas não sabia como o menor estava de pé. Ele havia, inexplicavelmente, dobrado a quantidade de exercícios e aquecimentos. Naquele dia, nem tinha ido ao primeiro intervalo, porque estava correndo envolta da propriedade da escola. Uma quente sensação o dominou, porque ele tinha uma suposição. Baekhyun via Chanyeol como um concorrente. Queria ser melhor que ele, estar em condições físicas para enfrenta-lo.

Chanyeol não queria isso. Queria que eles se vissem...

-Baek...

-Oi?

-Posso te perguntar uma coisa?

-Já tá perguntando, idiota.

A boca se apertou.

Por que Baekhyun estava tão determinado desde que voltou ao time?

-O que move você?