POV LAUREN
Estávamos cercadas... Hassassins a nossa volta... Um redemoinho de areia gigantesco atrás de nós e se aproximando... Pessoas correndo para todas as direções nos impedindo de vislumbrar alguma saída... Eu estava atordoada com o que tinha descoberto naquela cidade, meu plano tinha falhado miseravelmente e eu tinha descoberto algo muito pior. Meus pensamentos estavam a mil por hora, todos tínhamos sidos enganados, traídos, jogados um com o outro... falhamos como nosso pai... o laço entre irmãos que defendia o império tinha se rompido.
- CAMILA!! – De repente me lembro de uma possível, e provavelmente nossa única saída – A ADAGA! – Grito para a princesa que logo se mexe na minha frente, apanhando a adaga de sua cintura.
- SEGURE O CABO LAUREN! – Ela fala e eu logo obedeço. – UM... DOIS... TRES! – Apertamos a joia do cabo juntas vendo a areia escorrer logo em seguida. E assim como havia acontecido antes somos empurradas para fora de nossos corpos, dessa vez juntas, e vemos os acontecimentos voltarem.
Observávamos nós em cima de Axel voltando as ruas que percorríamos para chegar até o portão principal que agora estava novamente aberto. Os assassinos se distanciavam e eu me concentrava para gravar com precisão os pontos exatos de que eles saiam. Vi dois saírem das torres acima do portão... Três virem pelas ruas mais distantes.... Quatro de cada lado do pátio de entrada se esconderem novamente nos telhados. Assim que voltamos até a rua onde Axel conseguira se livrar da sucção do redemoinho, eu, agora mais calma, vi um guarda persa, um arqueiro para ser mais exata, caído na esquina, fora derrubado pela multidão agitada e deve ter batido a cabeça, mas o que me chamava a atenção era seu arco e sua aljava de fechas jogados no chão. Troquei um rápido olhar com Camila que parece ter entendido minha ideia. Sem mais tempo para pensar no que fazer, sentimos um puxão nos guiar de volta para nossos corpos. Nos encontrávamos novamente em cima de Axel galopando para longe do alcance do redemoinho. Com um pulo eu me pus para fora do cavalo me virando para fitar Camila;
- Sabe o que fazer. – Disse antes de sair em disparada até o corpo desacordado do arqueiro. Camila assentiu com a cabeça e atiçou Axel até a entrada do pátio.
Apanhei o arco e as flechas do guarda e fui a toda velocidade até o pátio do portão principal. Avistei Camila a poucos metros a minha frente, a princesa observava atentamente a movimentação ao seu redor esperando o momento certo de agir. Me ajoelhei ao lado de Axel, encaixando uma flecha no arco e mirando em uma das torres acima do portão. Alguns segundos depois um dos hassassins sai pela porta da torre sendo recebido por minha flecha que logo o derruba lá de cima.
- AGORA! – Grito vendo a princesa disparar com Axel pelo portão. Com o hassassin morto, o portão não poderia ser completamente fechado.
Camila se dirigiu a todo vapor para o portão e eu a seguia a pé atirando e me desviando de flechas. Derrubei três hassassins que saltaram dos telhados. Assim que girei para disparar flechas nos hassassins que saltavam do outro lado do pátio sinto algo ardente raspar em meu ombro. Caio no chão de joelhos e vejo uma enorme espada cravada no grande portão atrás de mim. Levanto com um impulso indo até a espada... Eu reconheceria a lâmina em qualquer parte do mundo.... Taylor... Estava na hora de sair dali.
- LAUREN! VAMOS! – A princesa voltara para me ajudar. Assim que ela estendeu a mão eu tratei de segura-la e me jogar em cima de Axel. – VAMOS RAPAZ! – Camila fala atiçando Axel para fora da cidade.
POV CAMILA
- Você está bem? – Pergunto ao notar o olhar perdido de Lauren.
As coisas não tinham saído como planejávamos. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido. Talvez os guardas a viram. Talvez o tio não acreditou nela. Talvez a irmã tentara matá-la. Não sabia dizer nem o que pensar, mas sabia que precisávamos pensar em uma maneira de resolver aquilo tudo, eu tinha que voltar a Alamut, mas a adaga ainda corria perigo as areias do tempo não podiam cair nas mãos de Chris.
- Lauren... – Chamo novamente já que a princesa não me respondeu. – Lauren por favor nós... – Sou interrompida por um barulho um pouco distante. Me viro vendo o vento se agitar em nossa direção, uma tempestade de areia se aproximava... Talvez fossem os assassinos...
- Lauren olhe! – Digo e ela se vira procurando o que me deixava nervosa.
- Não se preocupe é só uma tempestade de areia, eles não estão atrás de nós. – Ela diz calma.
É, realmente, assim que saímos da cidade, estranhamente, não fomos seguidas. O redemoinho de areia, claramente obra de hassassins que dominavam as artes místicas, acobertou nossa fuga, mas de toda foram era incomum não nos seguirem.
- Temos que parar e construir um abrigo rápido. – Lauren diz e eu puxo as rédeas de Axel fazendo o animal parar. Ele estava agitado com a aproximação da tempestade. Lauren desce com um pulo do cavalo e vai até uma bolsa que havia pendurado ao lado da sela do animal, ela retira um enorme pano e o joga na areia.
- Não é melhor continuarmos? – Pergunto vendo o vento aumentar.
- Ah princesa... Não dá pra fugir de uma tempestade de areia. – Lauren diz me estendendo os braços para que eu desça.
Ela faz com que Axel se deite na areia e tenta acalmar o pobre animal, tínhamos cavalgada um bom tempo saindo de Avrat, estávamos todos os três cansados, famintos, com sede e perdidos. Lauren cobre o pescoço e o rosto de Axel com o pano e entra em baixo dele, eu a sigo. Ficamos em baixo do pano protegidos da areia que agora voava a nossa volta. A princesa persa ainda tinha o olhar vazio, perdido. O fracasso de nosso plano tinha a abalado profundamente, mas eu não podia permitir que ela desistisse agora.
- Lauren... Por favor. – Digo me aproximando e juntando nossas mãos. – O que aconteceu? – Noto uma lágrima escorrer dos olhos da princesa que de verde, passaram para um vermelho intenso.
Não hesito em juntar nossos corpos em um abraço apertado. Eu imaginava a dor de tudo aquilo para ela, afim de contas ela tinha sido traída pela própria família.
- Não era ele... – Ela diz se soltando dos meus braços e limpando o rosto.
- Quem? Do que está falando Laur? – Digo sem entender.
- Chris... – Ela diz com um riso fraco. – Não era ele, nunca foi ele. – Ela completa me fazendo fita-la incrédula.
- Como assim? O que quer dizer?
... FLASHBACK ON...
Assim que me separei de Camila para ir em busca de meu tio, percebi que aquilo era realmente loucura. Entrei na rua principal cobrindo meu rosto com um pano, vi um enorme desfile, todos estavam lá para honrar a memoria de meu pai, segurei o nó que se formava em minha garganta... não era hora disso. Corri por entre as pessoas passando despercebida pelos guardas. Depois de andar alguns metros seguindo o desfile, pude ver meu tio, estava a cavalo do lado de uma grande carruagem, eu teria que ser rápida. Acelerei o passo em direção a carruagem e quando passamos em baixo de uma ponte tive minha oportunidade já que as pessoas do outro lado não me veriam graças a pouca luz que havia em baixo da ponte. Dei um salto em direção a carruagem, subindo na mesma, abri a porta com um solavanco e entrei. Meu coração parou, minha respiração falhou e minha visão escureceu... eu sabia o que me aguardava ali dentro, mas a visão foi mais insuportável que a imaginação. O corpo coberto de meu pai deitado no meio do veículo. Incensos queimavam a sua volta, presentes da família descansavam a sua volta, a emoção tomou conta de mim, não contive as lagrimas.
- Me perdoe. – Digo apoiando sobre seu corpo. – Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo, falhei com o senhor. – Falo tudo num folego só sentindo o ar faltar.
Ergo o corpo alguns centímetros e apanho um incenso, levo a ponta do objeto até uma pequena vela que queimava a cima de sua cabeça, ascendendo o incenso. Recito uma breve prece e finco o incenso junto aos outros. Levanto meu corpo para enxergar melhor meu tio que cavalgava ao lado da carruagem. Corro meus olhos procurando algo que me ajude a chamar sua atenção e encontro um pergaminho com um poema, um presente de algum parente. Rasgo um pedaço em branco do pergaminho e apanho um pouco de carvão que havia em um pote aos pés de meu pai. Escrevo um bilhete e estendo os braços cautelosa para que ninguém perceba e o coloco na túnica de meu tio dando um leve puxão para que ele perceba. O plano dá certo, Heitor apanha e lê o pequeno pedaço de pergaminho e eu logo salto para fora da carruagem saindo em meio à multidão.
Vejo meu tio sair da rua e entrar em uma viela da cidade, sigo-o. alguns minutos depois ele desce do cavalo e entra em um lugar que parecia o armazém de algum comerciante. Adentro o local vendo-o pegar uma maçã de uma caixa.
- O senhor comprava isso pra mim quando eu era menina! – Digo e ele se vira com um sorriso.
- Você cuspia as sementes em Taylor. Não devia ter vindo aqui Lauren.
- Não tive escolha tio. – Observo em volta para ter certeza que ninguém havia nos seguido.
Abraço meu tio que logo retribui. E vou até a porta para garantir que ninguém nos atrapalhe.
- Eu não matei meu pai. – Digo meneando com a cabeça. – O senhor sabe que eu não faria isso.
- Seus atos indicam o contrário. – Meu tio rebate sério.
- Mas, ... Eu fugi porque não tinha escolha. – Explico sincera. – Chris me deu aquela túnica foi ele quem a envenenou. – Falo firme.
- Lauren... – Meu tio nega com a cabeça.
- Ele não está aqui está? – Pergunto o obvio. – No funeral do próprio pai, ele ainda está em Alamut.
- Nossos aliados verão que nossa invasão foi justa. – Meu tio explica. – A busca pelas forjas de armas em Alamut é importante.
- É, mas e se elas não existirem? – Fito meu tio séria. – A invasão de Alamut foi uma farsa. – Digo vendo a expressão de meu tio se fechar. – Chris está atrás de poder, foi por isso que ele matou o pai. E agora ele não procura armas, mas a areia... – Meu tio se aproxima de mim. - ... que dá poder a um instrumento místico.
- Foi pra isso que me trouxe aqui Lauren? Instrumentos místicos? – Heitor pergunta surpreso.
- Lembra de uma adaga que estava comigo e o senhor não deixou Chris pegar? – Meu tio assente com a cabeça.
- Aquela adaga... foi por ela que ele invadiu Alamut. – Meu tio me fitava nervoso.
- Essa adaga... Você está com ela? – Ele questiona sem tirar os olhos de mim.
- Está... segura, não se preocupe. – Digo ao lembrar que a adaga estava sob a proteção de Camila. Eu sei que agora que despertei sua curiosidade contando a verdade, meu tio não iria discordar em vir comigo até onde Camila nos aguardava para testemunhar os poderes da adaga.
- Isso é uma piada Lauren? – Ele rebate ríspido. – Onde está a prova que você diz ter?
- Eu... ah ela... – Começo a tentar explicar quando noto algo que faz com que as palavras se percam. – Queimou suas mãos? – Pergunto ao notar a carne ferida nas mãos de Heitor.
- Sim! De tentar tirar a túnica envenenada de seu pai. – Ele explica. – Algum problema Lauren? – Ele questiona ao notar meu silencio.
- Não, não, não... – Digo perdida em pensamentos perturbadores.
- Tem certeza? Sabe que pode confiar em mim! – Ele diz me encarrando.
- Eh... é que... O Chris é meu irmão. Como foi capaz de me trair assim? – Falo o encarrando de volta.
- Não sei o que dizer Lauren, talvez ele, nunca tenha respeitado você como merece, só enxergou você como alguém que ele podia usar. – Ele diz e eu me aproximo.
- Alguém para manter o cálice de vinho cheio. – Digo fitando seus olhos, agora inexpressivos.
- Meu serviço ao seu pai era diferente, nós tínhamos o mesmo sangue, Lauren. – Ele pronuncia meu nome com desdém.
- Quantas vezes o pai falou do senhor salva-lo daquele leão? Era a história preferida dele. – Afirmo tentando descobrir algo... algo que nem sei ao certo querer descobrir.
- Uma das muitas, Sim. – Ele faz pouco caso.
- Não, essa era a preferida. – Afirmo e ouço barulhos a nossa volta.
- Está falando através de enigmas Lauren? – Antes que eu possa responder algo, ouço passos acima de nós e olho para cima me deparando com um arqueiro que dispara uma flecha em minha direção, por centímetros o objeto não atravessa meu pescoço.
Empurro meu tio contra a parede e saio a toda velocidade dali.
- Espere Lauren! – Ele grita atrás de mim.
Não tinha tempo para confronta-lo, e creio que nem havia necessidade disso, tudo estava claro, mas a verdade não era melhor do que a farsa em que eu acreditara antes. De um jeito ou de outro, minha família tinha me traído....
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