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História The Protest - Seduction Game


Escrita por: cabellovip

Notas do Autor


Demorei mas, aqui estou, e bem, gostaria de compartilhar q esse capítulo foi um dos que eu mais gostei de escrever até o momento;

Sem mais delongas... Enjoy!(:

Capítulo 10 - Seduction Game


Pov Camila.

 

-Mas você me prometeu que ficaria comigo Kaki! –A voz de Sofia soara pelo que deveria ser a milésima vez contabilizada por meu cérebro, dentro daquele aeroporto.

-Isso foi antes de você dizer que está passando mal, Sofia. –Expliquei novamente enquanto observava o movimento de diversas pessoas naquele espaço.

Eu encontrava-me dentro do aeroporto (JFK) sentada nas cadeiras próximas ao desembarque tentando despachar minha irmã de volta para Miami. Desculpem-me se pareci grossa no uso das palavras, mas a adolescente ao meu lado consegue ser extremamente irritante as vezes.

Sofia estava com o voo marcado para voltar a Miami nesse domingo pelo fim da manhã, ela havia passado o final de semana comigo aqui em New York. Mas, a minha irmã inventou uma dor na barriga repentina, e tenho quase certeza que isso tem a ver com o evento marcado da Apple e seu interesse em participar provavelmente para me fazer adquirir novos produtos para ela. No entanto, o evento acontece na parte da tarde e se ela perder o voo a passagem vai ser cancelada sem chance de resgate.

Sem contar que eu odeio coisas fora de controle, se ela quisesse participar deveria ter visto isso antes, invés de fazer todo esse estardalhaço.

-Aí, aí Kaki tá doendo, vamos voltar pro seu apartamento eu preciso me deitar. –Olhei-a dizer enquanto serrava os olhos para uma Sofia que fingia uma falsa cara de sofrimento.

-Se sairmos daqui será direto para o hospital. – Falei, observando-a desconfiada.

-Camila? –Tanto eu, quanto a jovem sentada ao meu lado olhamos para a voz que pronunciara meu nome.

 Era Lauren Jauregui, ela carregava uma pequena mala prata na mão esquerda e uma bolsa preta no antebraço, pelo que indicava, ela estava prestes a pegar um voo, ou a chegar de uma viagem.

-Oi, Lauren. –Disse, sentindo-me sem graça com sua presença, não tínhamos nos visto desde semana passada na galeria, encontra-la aqui foi uma mera coincidência.

-Olá. –Ela disse, e seu olhar estava em Sofia, provavelmente a cumprimentando. Minha irmã apenas respondeu com um sorriso e um aceno com a cabeça.

-Sofi, está quase na hora do seu voo, melhor irmos andando. –Falei me levantando, novamente imersa na tentativa de fazer minha irmã entrar no bendito avião.

-Que tipo de irmã você é? Vai me fazer entrar mesmo no avião passando mal? –Ela pronunciou fazendo a jogada mais suja que existira.

-Você não está se sentindo bem? Eu sou médica, posso ajuda-la... –Lauren se pronunciou intrometendo-se na conversa aproximando-se, provavelmente a fim de ser útil. O sorriso no rosto de Sofia morreu na hora, com certeza tinha se conformado que não poderia fingir para um profissional de saúde.

-Tá, você venceu Kaki, eu queria ficar por que vi no facebook um evento de lançamento da Apple, seria uma ótima oportunidade de conhecer e adquirir aquele notebook que eu estou precisando. –Ela disse abaixando o olhar e os ombros, olhei para Lauren que tinha um sorriso no rosto observando minha irmã como se entendesse aquela situação.

-Foi assim que eu te ensinei a fazer as coisas? Vamos conversar sobre isso depois. –Eu disse tentando não soar tão rude com ela, afinal, é só uma adolescente e eu já fui uma. Sofia apenas assentiu finalmente dando-se por vencida enquanto se levantava pegando sua própria bagagem.

-Irmãs mais novas, elas acham que sempre irão nos desdobrar. –Lauren disse com bom humor dirigindo-se a mim. -Ela se parece muito com você, é linda!

Repassei a última palavra que saiu da boca de Lauren e... Isso foi um elogio para mim?! Ok, eu sou uma mulher, bela, mas não estou tão acostumada a receber elogios assim, principalmente de homens bonitos, ou nesse caso, mulheres. Fiquei sem ter o que responder, novamente Lauren havia me deixado sem graça.

-Vamos Kaki. –Sofia se pronunciou com sua mochila devidamente nas costas ao meu lado.

-Sim, vamos. Agradeça a dra. Jauregui por ter oferecido ajuda. –Eu disse para minha irmã. -Obrigada Lauren. –Me virei para dizer a médica.

-Obrigada Lauren você é linda, amei a calça! –Sofia disse entusiasmada, eu virei minha cabeça rapidamente para olha-la em descrença da tamanha falta de senso. Lauren apenas sorriu a agradecendo.

-Tchau Lauren, nos vemos. –Eu disse virando-me para ir em direção ao embarque com a minha irmã.

-Você vai voltar para o seu apartamento? Eu posso dividir um taxi com você já que pegamos basicamente a mesma direção e eu estou sem carro por estar chegando de viagem. –Ela me ofereceu educada, respondendo minha dúvida interna sobre ela estar indo ou chegando de viagem.

Eu estava pronta para recusar alegando que não queria atrasa-la quando a voz de Sofia se pronunciou mais rápido;

-Ela irá com você, só aguarde ela me levar até o desembarque. –Novamente eu olhei para minha irmã com a expressão de incredulidade, eu preciso urgentemente ter uma conversa com essa menina. Vi Lauren dar de ombros e por sua mala no canto e em seguida se sentar nas cadeiras de metais do aeroporto.

Sussurrou um “estou te esperando” enquanto cruzou as pernas e pôs sua bolsa em seu colo desviando o olhar.

Aquelas simples palavras fizeram-me sentir estranha, mas era um estranho bom, não sei especificar, mas ter a afirmação da mulher mais velha esperando por mim era de causar boas sensações. Eu gosto da forma educada que ela me trata, sempre fazendo questão de me levar em para casa, ou até mesmo se oferecer para dividir um taxi, sempre fui admiradora de pequenas atitudes. Se me dissessem aquele dia quando eu entrei no consultório daquela medica que íamos nos tornar pessoas próximas, eu provavelmente diria que a pessoa estava cometendo um enorme equívoco.

-Ela é linda, mas pelo que te conheço você ia recusar dividir o taxi com a mulher sem razão alguma. –A voz de Sofia tirou-me a atenção enquanto estávamos na escada rolante descendo em direção ao embarque.

-Não seria sem razão alguma, ela está chegando de viagem, deve estar cansada... –Espera, porque estou me explicando para minha irmã mais nova?! -Sofia, qual o seu problema? Fingindo falsas doenças, agindo como se não tivesse educação alguma na frente dos outros... –Perguntei a olhando seria.

-Desculpa Kaki, só as vezes você é muito certinha com essa história de ser controladora. –Ela disse revirando os olhos.

-Não sei o que deu em você.

-Passamos tanto tempo separadas que você não me conhece mais. –Ela falou caminhando sem me olhar. Senti meu peito pesar, sei que ela sente minha falta, assim como eu sinto dela, mas ela não costuma ser assim muito menos falar essas coisas. -Me desculpe Kaki, eu não quis falar isso, eu jamais te culparia por você estar longe, eu admiro tudo que você fez e faz.

Ela disse abraçando-me enquanto paramos em frente ao embarque. Eu entendo que ela havia se corrigido, o que foi um certo alivio para mim, sei que nesta idade costumamos a questionar tudo e todos, mas meu relacionamento com Sofia sempre foi aberto para que ela pudesse dizer-me tudo que estivesse passando na cabeça dela, e sei que ela o faz, usar essas palavras contra mim provavelmente não foi sua intenção.

-Eu vou comprar o seu computador novo hoje no evento da Apple. –Eu disse sorrindo, minha irmã tem razão, as vezes eu ajo um pouco certa e controladora demais, mas isso não quer dizer que não me importe em ver as pessoas que eu amo felizes.

-Serio??!! –Ela disse, agarrando-se novamente a mim um pouco surpresa, provavelmente estava esperando a correção/esporro que eu daria nela.

-Serio.

E assim despedi-me de minha irmã mantendo a promessa que compraria o notebook que ela tanto desejava a ponto de inventar mentiras para consegui-lo. Lembrei-me de suas palavras quando disse que eu recusaria ir embora com Lauren sem razão e refleti rapidamente enquanto fazia o caminho de volta. Eu realmente recusaria, sem razão, pelo menos razão valida, porque se ela mesma se ofereceu para irmos juntas, é porque estava disposta a esperar-me independe do seu nível de cansaço. Qual a lógica de eu acabar optando sempre por afastar a médica?

A resposta é totalmente desconhecida por mim. E eu devo admitir que por mais perturbador que seja, como eu aprendi na faculdade:

Só você mesmo pode saber as respostas de suas questões.

Após voltar para o mesmo lugar que deixei Lauren a minha espera, ao me aproximar pude vê-la distraída mexendo em seu celular. Ela pareceu notar minha presença, levantando-se e pegando sua bolsa e mala.

Exageradamente bela.

-Vamos. –Perguntou virando de frente para mim.

Eu apenas fiz sinal de positivo com a cabeça andando ao seu lado rumo a saída do aeroporto. Eu gostaria de saber de onde ela estava vindo de viagem, mas embora minha curiosidade fosse extremamente alta, eu não a perguntaria.

-Você está diferente, está... –Ela disse, fazendo uma careta provavelmente esforçando-se para achar a palavra. -Casual. –Completou.

-Como? –Perguntei porque honestamente não havia entendido, observando-a dar sinal para um taxi de cor prata que já havia visto-nos e vinha em nossa direção.

-Eu sempre te vejo elegantíssima, saltos, roupas coloquiais e hoje você está, diferente. –Disse, após o motorista se oferecer para pegar sua mala educadamente e ela fazer a gentileza de abrir a porta para que eu pudesse entrar no taxi enquanto a observava entrar logo em seguida.

Realmente, eu estava vestida diferente do que costumo usar no meu dia a dia, ou pelo menos no meu dia a dia de trabalho. Eu estava usando uma calça jeans rasgada, um tênis da Nike preto e uma blusa curta de mangas compridas azul.

Resolvi questionar ainda mais Lauren para ver onde ela queria chegar com seu comentário;

-Diferente ruim? –Perguntei olhando-a de lado observando o motorista mover-se pelas ruas de New York.

-Diferente bom, eu gosto de qualquer jeito. –Ela disse dando de ombros, porém tanto eu quanto ela arregalamos levemente os olhos, observei-a desviando o olhar para frente.

Acredito fielmente que Lauren não esperava dizer essas palavras, pelo menos não alto assim.

O silencio se instalou no carro depois de ela fazer aquele comentário, tanto eu quanto ela não nos esforçamos para manter nenhum assunto e eu agradeci mentalmente por isso. Após 20 minutos de um pequeno engarrafamento, não estávamos nem perto de chegar ao nosso destino, meu estomago estava roncando, e como eu sei que Sonia não iria cozinhar para mim hoje, eu ainda teria que chegar e fazer minha própria comida, resolvi fazer algo que eu normalmente não faria, já que não tinha planos de almoçar na rua.

-Acho que vou pedir para ficar mais à frente na 4th Avenue.

-Por que? –Lauren perguntou virando seu olhar de frente para mim.

-Meu estomago está em guerra comigo, acho que vou almoçar por aqui. –Disse sincera, ouvindo os barulhos ensurdecedores de buzinas do lado de fora.

-Oh, eu não quero parecer chata Camila... –Ela começou seria. -Mas, eu moro sozinha com meu irmão e provavelmente não vai ter comida nenhuma pronta, é uma ótima ideia você ter mencionado almoçar aqui, porque honestamente eu vou fazer isso. –Continuou falando com bom humor.

-Vamos juntas. –Ofereci, dando-lhe um sorriso.

-Ainda bem que você me convidou. –Ela disse dando-me o mesmo sorriso simpático de sempre.

Lauren insistiu em pagar o taxi, o que resultou em eu insistindo em pagar seu almoço. Almoçamos tranquilamente, conversando sobre assuntos aleatórios, ela me disse que havia ido viajar para Miami onde coincidentemente ela tem família e veio de lá, assim como eu que acabei contando para ela sobre Sofia e meu pai, ocultando o fato trágico da morte da minha mãe, apenas contando que ela faleceu de uma doença assim que imigramos, Lauren não me perguntou detalhes e eu decidi não aprofundar. Nosso almoço levou uma hora, e após mais 30 minutos para que eu chegasse em meu apartamento. Me despedi dela em um clima totalmente pacifico e entrei na minha residência.

Tomei banho com o objetivo de me arrumar para o evento da marca, no restaurante enquanto almoçava com Lauren, mandei mensagem para Dinah e Troye perguntando se eles tinham interesse em ir comigo, ambos concordaram.

 

-Mas é muita gente bem vestida nesse lugar, já vi mais ou menos uns mil penteados que quero copiar. –Dinah disse enquanto estávamos caminhando pelo local, já havia sido feita algumas apresentações sobre o novo aparelho telefônico da marca, novo relógio e alguns produtos. Eu havia encomendado o notebook de Sofia e mandado mensagem para a mesma com foto da nota dizendo que o computador chegaria em Miami semana que vem, recebi um áudio com muitos gritos da minha irmã mais nova.

-Mas também tem muita gente esquisita sem classe alguma e metida a besta. –Eu disse enquanto observava uma mulher com um casaco de pele de algum animal.

-Palavra da senhorita Karla Fina Camila Elegante Cabello. –Troye brincou enquanto mantinha os olhos em uma revista distribuída pelo evento. Eu apenas revirei os olhos observando Dinah rindo descontraída.

Continuamos a andar pelo local, Troye apresentou para mim e para Dinah alguns conhecidos da revista. O que foi esplendido para Dinah, porque ela adorava falar sobre moda, não sei por qual motivo não havia se formado em moda. Depois de nos desvencilharmos dos colegas de Troye continuamos a ver alguns produtos.

-Camila, e a sua Deusa grega, você conseguiu se resolver com ela aquele dia? –Troye perguntou-me olhando totalmente interessado no assunto. Um leve desconforto passou por mim.

 Não acredito que ele estava perguntando sobre isso na frente da Dinah.

Não era por nada, mas ela já havia me enchido com essa história. Um dia depois de Lauren me beijar na galeria, eu havia contado tudo a Dinah exatamente como aconteceu. Ela obviamente começou com suas especulações de eu estar interessada na mulher e que eu deveria sair com ela. Ela falou tanto a respeito disso, que eu realmente pensei na possibilidade de sair com Lauren, ela era uma mulher interessante, e não era novidade que eu havia sentido atração por ela, mas se envolver com alguém é como um processo, você precisa ter ação das duas partes.

-Que Deusa grega? –Dinah perguntou olhando diretamente para mim, como se não soubesse a resposta.

-Ele está falando de Lauren. –Dei de ombros tentando fazer parecer que não era grande coisa.

-Sim a médica branca dos olhos verdes, eu mesmo não sabia que Camila era lésbica agora Dinah. –Troye disse tentando conter um riso.

-Eu não sou lésbica, não que teria problema se fosse, mas eu não sou. Eu só gosto dela. –Eu disse sem tirar os olhos de uma apresentação que passava alguns modelos de fone de ouvido no grande telão.

-Ah então você agora admite que gosta dela? –Dinah disse com certa ironia serrando os olhos enquanto Troye apenas ria.

-Você entendeu o que eu quis dizer. –Eu disse entredentes.

Ela estava pronta para me responder quando o toque de seu celular tomou sua atenção, pude ver o nome de Frank no visor e Dinah se afastou para atender deixando eu e Troye sozinhos.

-Frank me convidou para uma festa em um sushi bar que está tendo aqui perto, é aberto ao público, ele disse pra eu te convidar Camila, Lauren vai estar lá. –Sibilou me olhando com um sorriso extremamente irônico.

-Não obrigada, hoje é domingo eu vou para meu apartamento descansar, amanhã tenho audiência na parte da manhã. –Eu disse alternando o olhar entre ela e Troye.

-O que?! Camila, acorda! A Deusa grega vai estar lá, é sua chance de dar a boceta para aquela mulher maravilhosa! –Troye disse um pouco atônito enquanto eu arregalei os olhos estática observando Dinah se deliciar em uma exagerada gargalhada.

-Camila, você descansou o final de semana inteiro passeando com sua irmã, ainda está cedo se formos agora podemos voltar cedo. –Dinah disse tentando se recompor e convencer-me.

-Se eu fosse você eu iria, eu mesmo só não vou por que preciso ir na Wanda hoje ainda, é chá de casa nova dela. –Troye disse provavelmente referindo-se a alguma amiga desconhecida por mim.

-Eu vou, mas não é porque quero “dar a boceta” para quem quer que seja. –Falei fazendo aspas com os dedos intercalando o olhar entre os dois. -Mas, porque quero me divertir um pouco. –Completei seria.

-Não se faça de santa querida. –Ele disse serrando os olhos.

-Então vamos logo. –Dinah disse em seguida despedindo-se de Troye e me puxando rumo a fora sem nenhuma chance de arrependimento.

Aí entrou um pouco de mentira da minha parte, talvez saber que Lauren estaria lá fosse um pouco de incentivo para me fazer partir com Dinah rumo a festa.

 

Chegamos lá e logo Frank veio em nossa direção com um copo que mantinha um liquido rosa fluorescente. Eu não entendia muito de bebidas mas podia apostar que aquilo não era suco de melancia. Ele cumprimentou Dinah com um selinho e a mim com dois beijos na bochecha.

-Que bom que vocês vieram! E você Camila, quando disse pra Dinah te chamar pensei que você fosse recusar, sei que você tem dois empregos e imagino o quão cansativo seja. –Frank disse parecendo sincero no seu tom.

-Ela ficou mais animada depois que soube que Lauren estaria aqui. –Dinah disse olhando-me com sorriso cínico.

Eu. Queria. Explodir. Dinah.

-Amanhã eu só trabalho no tribunal Frank, o que torna tudo menos cansativo. E sim, fiquei mais animada sabendo da presença da dra. Jauregui por não ficar segurando vela para você e Dinah. –Eu disse sorrindo com bom humor, tentando parecer suficientemente casual para tirar-me da situação constrangedora que Dinah havia criado.

Frank assentiu com a cabeça dizendo que tinha uma pista de dança maravilhosa e pediu para que nós pudéssemos o acompanhar. Quando o rapaz começou a andar na frente dando as costas para mim e para Dinah eu a olhei como se pudesse matá-la com um simples olhar. Ela, obviamente, manteve o sorriso cínico.

Fomos adentrando cada vez mais o local me pude observar a decoração de bom gosto, os garçons bem arrumados servindo vários tipos de sushi, uma imensa bancada onde alguns cozinheiros preparavam os sushis, e mais no fundo uma bancada de diversas bebidas.

A iluminação do local era avermelhada, tinha bancos acolchoados também no tom vermelho e uma enorme pista de dança onde não estava lotada, mas também não estava vazia.

Ao nos aproximarmos, pude avistar Lauren encostada em uma bancada de bebidas conversando com uma jovem, tinha cabelos médios claros, pele branca e gargalhava segurando no braço de Lauren demonstrando que tinha mais intimidade que o normal. Vi quando Dinah virou a cabeça em minha direção provavelmente questionando-se sobre quem fosse a mulher, eu apenas dei de ombros e fiz como se também estivesse na mesma situação desconhecida por ela.

-Olha quem eu encontrei. –Frank disse quando se aproximou de Lauren e a jovem. Lauren abriu um sorriso abraçando Dinah, e depois dirigindo-se a mim;

-Oi Camila, que bom que você veio, eu que pedi a Frank para te fazer o convite. –Ela disse sorrindo de lado, um tanto quanto sedutor.

Então Lauren havia pedido a Frank que me chamasse, mas está acompanhada, isso não faz sentido para mim.

Desencana Camila ela não está afim de você.

Talvez meu subconsciente tivesse razão e eu tivesse confundido o interesse da mulher. Ela poderia estar apenas buscando mesmo a minha amizade, e eu de tanto ouvir as suposições de Dinah confundi algo que nem sequer está acontecendo.

-Eu precisava me distrair, obrigada pelo convite. –Eu disse tentando não ficar imersa naqueles pensamentos.

Me virei alegando que precisava ir buscar algo para beber e vi Lauren assentir com a cabeça e retornar para sentar-se com sua acompanhante, Dinah já estava enfiada na pista de dança com Frank.

Traidora.

Fiz meu pedido para o barman, mas a vontade mesmo era de ir embora. Aquela situação era um tanto quanto irreal para mim, não que eu estivesse me sentindo mal por Lauren ter uma acompanhante ou sei lá o que, mas a questão era que eu não teria ninguém para ficar nem ao menos para conversar porque terei que ficar com Lauren já que não há conhecidos por aqui, resumindo que ficar segurando vela e a atrapalhando como um peso de papel.

Depois de pegar a bebida gargalhei internamente para minha falta de sorte, caminhei de volta para o lugar que Lauren estava distraída novamente conversando com a jovem. Decidi que não deixaria isso atrapalhar minha noite, sempre fui uma mulher que conseguia dar um jeito nas situações, eu tiraria proveito disso. Vai que eu encontro alguém interessante aqui.

-Eu não te apresentei, essa é a Keana ela trabalha comigo no Bellevue Hospital. Keana, essa é a dra. Cabello, advogada e professora da NYU. –Lauren disse educada alternando o olhar entre mim e a jovem cujo o nome era Keana.

-É medica também? –Perguntei, forçando um interesse que realmente não tinha.

-Enfermeira. –Ela disse sorrindo enquanto me cumprimentava com um educado aperto de mão.

Sorri e olhei em volta tomando um gole da bebida em minhas mãos, estava um pouco forte, admito eu não costumava beber muito, já Lauren parecia totalmente familiarizada enquanto tomava goles e mais goles do copo que estava na bancada. Suspirei e avisei educadamente para Lauren que iria me retirar. Decidi que daria uma volta pelo local invés de ficar parada.

 

-Espera, aonde você vai? –Ouvi a voz de Lauren atrás de mim quando eu já tinha me distanciado um pouco no meio das pessoas.

-Não precisava deixar sua acompanhante sozinha e vir atrás de mim. –Falei, com a voz um pouco elevada por conta da música com a batida alta do local.

-Ela não é minha acompanhante, não do jeito que você está pensando. E foi ela mesma que pediu para que eu viesse atrás de você. –Lauren disse olhando-me seria, suas pupilas estavam dilatadas e seu hálito era de bebida, pelo pouco que a conheço poderia optar por dizer que ela está levemente bêbada.

-Ah você veio atrás de mim porque a moça pediu? Não se incomode dra. Jauregui, pode voltar. –Eu sibilei apontando para a direção que ela havia vindo, com a voz carregada de ironia. 

Sem esperar por resposta me virei para sair dali, mas fui impedida por Lauren que segurou em meu braço, encostando-me na parede mais próxima de onde estávamos.

-Não brinca comigo Camila... –Falou arrastando os lábios pela minha orelha, pressionando seu corpo contra o meu, as mãos espalmadas na parede.

A aquela altura eu já não tinha mais nenhum sentido funcionando corretamente, eu queria ceder a Lauren e pedir para que ela me tocasse ou até mesmo me beijasse novamente. Mas eu me manteria firme, como já disse não me renderia fácil assim, e jamais em hipótese alguma, ficaria com uma pessoa que estivesse acompanhada.

-Eu não estou brincando com você, só estou dizendo verdades. Não vim a uma festa ficar de sobra, Dinah e Frank estão juntos isso não é novidade, não imaginei que você estaria também. –Eu disse a olhando firme, sentindo dificuldade em manter a respiração ritmada.

O hálito quente sabia de sua respiração direto em meu rosto, seus olhos eram escuros esta noite, definitivamente janelas que expressavam como ela era intensa, extrema, por dentro e por fora.

-Então quer dizer que se eu não estivesse com Keana você seria a minha acompanhante? –Questionou-me, olhando diretamente para meus lábios. Sedutora, encantadora, tentadora.

Não tive tempo de responde-la quando vi Javier se aproximar pelas costas de Lauren, eu devo admitir que embora o rapaz fosse inconveniente e um tanto quanto chato, eu agradeci internamente por vê-lo ali, uma vez que eu não estivesse mais sobrando.

-Camila, está tudo bem aqui? –Ele questionou ao se aproximar e vi quando Lauren apertou os olhos e maxilar e seu rosto mudou para uma expressão de pura raiva.

-Javier! –Eu disse me desvencilhando da barreira que os braços de Lauren haviam formado e abraçando-o, obviamente forçando algo que não era comum.

-Você não cansa de ser inconveniente? –Lauren provocou, olhando o rapaz de lado enquanto mantinha os braços, agora cruzados. Eu estava me segurando para não rir da cena.

-Que isso dra, achei que médicos e dentistas devessem manter uma relação de carinho. –Ele disse, destacando suas profissões enquanto Lauren revirava os olhos.

Eu forcei uma risada alta como se a idiotice que saiu da boca do rapaz tivesse sido a coisa mais engraçada do mundo enquanto observava Lauren bufar. É esse ponto, quanto mais irritada ela ficasse, melhor era.

-Vamos Camila, vamos voltar comigo. –Sua voz soou autoritária, disse já se virando para sair esperando que eu fosse com ela.

-Sabe, agora que eu encontrei o Javier acho que vou ficar por aqui com ele mesmo. –Eu disse sorrindo para o latino enquanto ele mesmo rasgou-se em sorriso.

Lauren virou-se de volta com as narinas infladas e as sobrancelhas juntas encarando-me como se fosse capaz de me arrastar dali a qualquer momento;

-Camila, por favor eu disse sério, Keana é uma antiga amiga de trabalho, ela só está aqui para distrair-se assim como você, não é um encontro e não estamos saindo, você não precisa se sentir mal em estar lá conosco. –Ela disse me encarando com a voz mais baixa porque tinha se aproximado mais de mim, provavelmente na tentativa de fazer com que Javier não ouvisse.

E, não é como se eu não acreditasse nela, eu realmente acreditava, não acho mais que a tal Keana seja um encontro ou algo do tipo, Lauren é educada demais para dar em cima de mim ou deixar a mulher lá se estivesse saindo com ela. Suspirei fundo enquanto a encarava na mesma intensidade que ela fazia comigo, a voz de Javier novamente se fez presente;

-Camilinha, você não precisa ir com ela se não quiser. –Ele disse mencionando um apelido nunca dito, ao julgar pelo tom diria que ele também estivesse levemente alterado. Desviei o olhar para ele e depois de volta para Lauren e antes que pudesse responder, Lauren foi mais rápida;

-Cala a boca pelo amor de Deus, será que você não está vendo que eu estou resolvendo com ela?! –Ela disse virando-se de frente para ele com a voz completamente alterada.

Me mantive estática. Era difícil vê-la perder a calma e a educação.

-O teu problema dra. Jauregui, é que você acha que elas sempre vão querer se resolver com você! –Javier praticamente berrou com os braços abertos. Ele também estava de frente para Lauren, embora a pouca diferença de altura, principalmente porque Lauren estava com um sapato fechado preto de salto alto, deixava os dois frente a frente.

-E não é sempre assim? –Ela disse com a voz carregada de ironia e um enorme sorriso convencido no rosto.

Eu estava ficando nervosa para o que aquela discussão entre eles estivesse se encaminhando. Algumas pessoas ao redor já olhavam de canto de olho. Não era mais novidade para mim que Lauren não suportava Javier e ele também parecia não achar a médica à pessoa número um na terra, principalmente pelas coisas que ele me falou sobre ela na galeria que obviamente não são coisas que um amigo diga.

 Mas, parecia que o que havia entre eles era uma magoa muito maior do que um desentendimento entre duas pessoas, principalmente da parte dele. Eu não sei o que poderia ter acontecido para tamanha desavença. Porém, se eu tivesse que dar um palpite, seria por causa de uma terceira pessoa, e que essa terceira pessoa seria uma mulher.

A única coisa que não entendo é, Lauren era noiva a mais ou menos quatro meses atrás, e ela parece conhecer Javier a muito mais tempo do que isso, então o que ela poderia ter feito para ferir o ego inflado do dentista?!

-Desgraçada, você tem sorte que eu não bato em mulheres! –A voz alterada do rapaz me chamou atenção de volta a situação, ele e Lauren estavam se encarando totalmente firme, parecia que o simples atrito podia causar explosões.

-Eu não tenho medo de você, seu cínico! –Ela exclamou e eu vi que aquilo foi um limite para os dois.

 Eu estava prestes a me enfiar no meio de ambos na tentativa, provavelmente falha, de parar o que quiser que fosse acontecer, mas graças a Deus ou aos anjos protetores dos advogados, Frank foi mais rápido e, chegou colocando-se no meio dos dois os empurrando para que se afastassem.

-Mas que merda está acontecendo aqui?! –Ele disse com tom de voz nervoso e elevado alternando o olhar entre os dois.

Tanto Lauren quanto Javier mesmo agora em uma distância significativa continuavam se encarando. Dinah estava se aproximando de mim sorrindo, mas deixou o sorriso morrer ao constatar o clima pesado.

-Não vem defender sua amiguinha aqui não Frank, eu já te disse que você era uma pessoa melhor antes de conhecer ela? –O latino disse em tom alto para que todos presentes ouvissem. Lauren trincou o maxilar e quando iria partir para cima dele novamente, dessa vez eu fui mais rápida.

-Lauren, ei, Lauren, não vai brigar isso não vale a pena. –Eu disse segurando seu rosto entre minhas mãos, tentando ganhar a atenção dos seus olhos verdes.

-Eu não admito isso Camila. –Ela disse sem olhar-me, o olhar na direção de Javier, que era contido por Frank, e dizia bobagens em alto tom.

-Eu sei, mas eu sempre admirei sua educação, não vai brigar com ele, ele é um homem alto e forte, o que ele quer é te provocar, mas ele pode verdadeiramente te machucar. –Eu disse sem tirar minhas mãos firmes de seu rosto, agora fazendo um leve carinho com meu polegar na sua pele branca. Mesmo assim, não foi suficiente para acalma-la ou ganhar a atenção de seus olhos.

-Eu sou medica Camila, eu desmaio esse idiota com um sideswipe. –Lauren disse, com o corpo agitado e o olhar raivoso.

-Vamos sair daqui? Eu escolho que vou com você! –Quando eu pronunciei as palavras, parece ter sido a única coisa que finalmente conseguiu ganhar atenção dela para mim, ela fixou o olhar nos meus próprios olhos como quem esperava a confirmação do que eu havia dito, e eu apenas fiz sinal de positivo com a cabeça para ela, desviando o olhar para Dinah, que pareceu entender.

Sem nada dizer e sem achar necessário, entrelacei minha mão com a de Lauren e fui a frente guiando-a passando pelos grupos de pessoas que estavam presentes, ela me acompanhava com a cabeça baixa em silencio, seus dedos estavam gélidos, mas seu toque, por menor que fosse, era bom.

-Que bom que vocês se resolveram!! –Keana disse entusiasmada batendo pequenas palminhas quando nos viu aproximarmos de mãos entrelaçadas. Eu sorri simpática para ela.

-Eu preciso beber. –Senti Lauren soltar minha mão e se afastar em busca do barman. Respirei fundo sentando-me a frente de Keana em um banco que antes era ocupado por uma mulher que conversava com ela, mas se retirou.

-Lauren conseguiu te explicar que não somos um casal? –Perguntou virando de frente para mim e sugando o canudo de sua bebida num copo que tinha rodelas de laranja.

-Ela mencionou, mas se fossem não era de minha conta, eu só me retirei porque não queria atrapalhar. –Eu disse tentando explica-la, quando a vi serrar os olhos fazendo um bico como se não acreditasse.

-Você parece preocupada. –Disse, surpreendentemente mudando o rumo da conversa.

-Intrigada. –A corrigi sobre como eu estava verdadeiramente me sentindo naquele momento.

-Posso perguntar o porquê? –Questionou novamente tomando um gole do liquido laranja.

-Acabei de presenciar uma discussão entre Lauren e Javier, e posso dizer que não foi algo agradável. –Pontuei sincera, não tinha certeza se ela conhecia o rapaz, mas sei que já deve ter ouvido alguma desavença da parte de Lauren.

-O latino dentista? –Fez uma careta de nojo, acabando com minhas dúvidas sobre ela saber ou não de quem eu me referia, fiz sinal de positivo com a cabeça. -Ele é um idiota.

Após isso, demos a conversa sobre esse assunto como encerrada. Keana realmente me pareceu uma pessoa legal. Conversamos sobre minha profissão após ela contar que seu pai é advogado, e inclusive por coincidência, ou não, eu já havia trabalhado em um caso com o dr. Issartel logo no início de minha carreira. Ele era realmente um excelente profissional.

Dinah se juntou a nós e um pouco depois Keana pediu licença alegando que iria fumar. Nada contra a pessoas fumantes, mas uma profissional de saúde que provavelmente conhece todos os riscos, mesmo assim se entrega ao vício.

 Mas é como meu avô sempre dizia “escravo pelos meus vícios e livre pelos meus remorsos.”

Vez ou outra eu olhava na direção e via Lauren com expressão irritada conversando com um Frank que parecia dizer um monte de coisas, inclusive dar esporros na medica. Ela apenas observava calada e tomava goles e mais goles de seu copo.

Meu corpo entrou em alerta quando observei novamente na direção de Lauren que tinha as sobrancelhas unidas, séria, ouvindo tudo que Frank dizia, e vi Javier se aproximar com um grupo de amigos, mas ele pareceu ignorar a presença deles e apenas pediu algumas bebidas, para sorte, Lauren e Frank pareceram nem notar a presença dele.

-Irritadinha a sua médica. –Dinah disse também olhando na mesma direção que eu olhava observando Lauren e Frank.

-Ela não é minha médica, meu plano de saúde nem cobre o hospital que ela trabalha. –Desviei o olhar para Dinah irônica.

-Ainda bem que o Frank chegou, acho que você não ia conseguir evitar que eles dois brigassem. –Dinah disse olhando-me com a expressão séria, eu fiz sinal de positivo com a cabeça concordando que provavelmente não conseguiria evitar.

-Frank te falou algo sobre essa briga que eles têm? –Perguntei tentando acabar com a curiosidade que eu estava imersa.

-Parece que a Lauren ficou com uma namorada de Javier, ou algo do tipo. –Dinah disse abrindo uma garrafinha d’agua e levando o liquido a boca.

Arregalei levemente os olhos tentando assimilar as informações, como eu suspeitava havia uma terceira pessoa e essa pessoa era uma mulher, porém a história ainda me intrigava como chegaram a esse ponto. Talvez eu não conheça Lauren como acho que conheço, mas antes de julgá-la por meias palavras, espero ter oportunidade de conversar com ela porque algo me diz que quando ela se acalmar e parar de se embebedar, ela vai me falar algo que esclareça melhor essa situação.

Após Keana, Frank e Lauren retornarem, ficamos todos conversando e falando assuntos aleatórios, ninguém tocou no assunto da briga como se nem ao menos tivesse ocorrido. Lauren aparentemente estava mais calma, porém tanto eu quanto Frank a olhávamos apreensivos de vez enquanto, mas seu olhar era sempre distraído. Ela e eu não nos falamos, não diretamente e eu a senti distante, e um tanto quanto bêbada.

Javier se aproximou e pediu com educação para que eu o acompanhasse um minuto. Graças a Deus no momento que ele se aproximou Lauren havia acabado de ir ao banheiro, não que eu fosse deixar de acompanha-lo por conta dela, ou precisasse de sua permissão, mas ficaria uma situação extremamente constrangedora. Eu não quero estar no meio da briga de ninguém, eu conheço os dois, mas obviamente, Lauren era mais próxima de mim do que ele, e eu não iria querer deixa-la chateada.

 Avisei num sussurro para Dinah que já voltava e me afastei com Javier.

-Eu sei que as chances de você acreditar em mim são nulas depois de hoje, mas você me parece alguém legal, alguém realmente legal, então eu não quero que você seja vítima de mais um dos joguinhos dela... –Ele disse absurdamente sério olhando-me nos olhos.

-Javier, você está me assustando, diga o que quer me dizer! –Exclamei sendo objetiva.

-A Jauregui se aproximou de você porque apostou com o Frank que dormiria com você, porque vocês tinham desavenças no começo e era tecnicamente impossível. Por isso a gentileza excessiva, ela só está fazendo isso para te conquistar, e quando você der o que ela realmente deseja, bom, aí você já sabe...

Minha boca havia secado e eu honestamente não conseguia formular nada que saísse correto. Ele pareceu entender que eu não falaria nada e virou-se para sair, mas se aproximou novamente e continuou:

 -Caso você não acredite em mim, você pode perguntar a ela mesma, devo admitir, mas a política de conduta daquela ali é irrevogável, ela vai te dizer a verdade uma vez que você já sabe, e aí você vai ter a confirmação de que ela realmente não se importa com você.

Ele completou e saiu, deixando-me ali sozinha parada imersa naquele pensamento. E tudo realmente fazia muito sentido, Lauren aparecendo no tribunal com o cacto que eu havia esquecido no carro dela, com aquela conversa de sermos amigas, ou nos suportarmos, dali pra frente foram só gentilezas, mesmo com a nossa discussão na galeria, mesmo com o beijo e ela me mostrando seu quadro, me mostrando um lado sobre ela que eu não fazia ideia que existia.

Ela foi completamente suja comigo, e eu estava percebendo isso agora. E o pior, eu sairia com ela, porque havia acreditado que ela poderia se interessar por mim como eu naturalmente havia me interessado por ela.

Mas era só um jogo. E Frank, Frank foi um imbecil porque ele sabia que eu era amiga de Dinah e ele compactuou com isso.

 Bom, vamos lá Camila você sabia que ela era uma mulher atraente e interessante, e mesmo que você nunca tenha saído com mulheres assim você sabia que corria risco de isso acontecer.

Sabia?

Eu nunca fui o tipo de mulher que me deixei levar pelas pessoas, e justo agora me deixei levar por um jogo barato de sedução. A aparência das virtudes é muito mais sedutora do que as próprias virtudes, e quem se vangloria de as possuir tem grande vantagem sobre quem realmente as possui.

Mas ela não me possui.

 

Respirei fundo recompondo-me fazendo meu caminho de volta, observando Lauren, Frank e Dinah no mesmo lugar que havia os deixados ainda imersos em conversas paralelas.

-Keana teve que ir embora, amanhã é dia do plantão dela. –Lauren disse para mim me dando explicação pela ausência da enfermeira. Eu nada disse, apenas olhei para Dinah dizendo em seu ouvido que depois conversava com ela, e peguei minha bolsa que estava em um banco virando-me para sair dali, sem dar explicação a todos. Mesmo de costas, era como se eu pudesse ver seus olhares confusos em mim.

Eu não iria ignorar Lauren, sou madura o suficiente para isso, embora a atitude dela tenha demostrado totalmente ao contrário. E não acho que ela seja uma pessoa terrível, pelo pouco que a conheço sei que uma coisa ruim não apaga as coisas boas, mas eu quero distancia, a partir de agora.

 

Eu havia acabado de sair do bar e me mantinha esperando um taxi, para minha sorte, embora o horário estivesse avançado, tinha um movimento alto de pessoas do lado de fora.

-Camila, porque você saiu daquele jeito? –Era a voz de Lauren, me virei para encara-la e vi seus olhos curiosos em mim.

-Então é assim que você joga? –Perguntei com magoa, sem parar de olha-la.

-Como? Eu não enten...

-Chega Lauren, pode parar de atuar! –Ela começou, mas eu a cortei.  -Eu já sei de tudo ok? Não precisa se fazer de minha amiga, de boazinha porque quer transar comigo, sinto dizer-lhe, mas você não vai conseguir. –Eu disse, um pouco alterada, porém colocando o que eu sentia para fora e pude ver a confirmação no rosto de Lauren quando vi sua expressão de surpresa misturada com pavor.

Pavor de provavelmente ter perdido sua conquista, sua aposta, ou seja lá o que eu verdadeiramente represento.

-Camila, me deixa te explicar... –Ela falou engolindo em seco e se aproximando, eu fiz sinal com mão para que ela parasse, eu não a queria perto de mim.

-Você se aproximou de mim por isso ou não foi? –A questionei, sentindo meu peito pesar cada vez mais.

As palavras realmente podem machucar em tempo real.

-Camila, eu... –Lauren tentou, mas logo abaixou o olhar.

-Responde a minha pergunta Lauren. –Exclamei objetiva sentindo algo cortar-me a garganta.

Ela levantou o olhar apenas confirmando a minha pergunta assentindo com a cabeça. A partir daquele momento eu tinha certeza que havia sido enganada.

Não vou dizer que eu não estava magoada porque eu realmente estava e não é por ter sentimentos ou expectativas grandes sendo desmoronadas, como se fosse um primeiro amor de verão, ou como se eu tivesse caída por Lauren.  É pelo simples fato de que eu fui usada, e eu não estou acostumada a ser usada assim.

Algumas lagrimas se formaram no meu rosto, e eu embora não quisesse que Lauren as visse, eu não conseguia evitar, era horrível o sentimento de você ser usada por alguém.

Fui tratada de forma acolhedora, atraente, cativante, provocante por ela, somente porque ela tinha um interesse, um interesse idiota.

-Camila, eu sei que nada que eu disser vai funcionar nesse momento. Me perdoa... –Ela tentou se aproximar novamente, eu senti as lagrimas quentes descerem pela minha bochecha, mesmo sem olha-la eu percebia seu olhar aparentemente triste em minha direção.

Eu estava com raiva de mim mesma por estar tão vulnerável a amostra assim. E sim estar sendo completamente idiota por me deixar tão exposta assim, mas tem coisas que não dá apenas para controlar.

 Eu sou humana, mas dificilmente me deixo chorar, principalmente na frente de quem quer que seja. Isso me pegou de surpresa.

É impossível para um homem ser enganado por outra pessoa que não seja ele próprio.

A culpa era minha, eu que me deixei enganar por Lauren, e eu nunca fui uma garotinha ingênua. Não era somente uma questão de sair com ela, ou de pensar na atração entre duas mulheres, mas era o envolvimento saudável de amizade que estávamos tendo, eu gostava de sua conversa, de sua companhia e da forma que ela se preocupava comigo, ou pelo menos fingia que se preocupava. Talvez eu não fosse a mulher, todavia forte e autossuficiente que sempre achei que fosse, porque em pouco tempo eu havia me apegado a amizade de alguém assim.

 E o que magoava era saber que não passava de uma mentira. Por isso que eu odeio que as coisas saiam do meu controle, aqui estava o destino jogando mais uma vez na minha cara quem eu era, ou pelo menos quem eu deveria ser.

-Eu espero que tenha valido a pena para você. –Respondi vagamente olhando-a de lado. Vi um taxi parar e não pensei duas vezes antes de adentrar sem nem saber quem o havia chamado. Ouvi a voz de Lauren no fundo como se estivesse em um filme chamar meu nome, mas apenas ignorei jogando-me no banco de trás do carro e pedindo para o motorista seguir para meu apartamento.

Nesse momento eu não tinha forças para nada, eu estava com raiva e magoada. Raiva de mim mesma e raiva dela. Eu não sou e nunca fui uma mulher desonesta, mas eu não sou idiota, ela não tem direito de se aproximar de mim apenas para me usar.

Eu poderia reverter a situação e mostrar para Lauren que assim como ela, eu também sei seduzir. Leva-la ao limite de forma que ela ache que vai ter algo quando nunca terá. Será, que a melhor forma de me vingar desse jogo é jogando-o?!

Ah Lauren, política reversa é infalível, querida.


Notas Finais


FAÇAM SUAS APOSTAS NESSE GAME....... #TeamCamila or #TeamLauren ?
@cabellovip


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