História The Red Castle - Nova Perspectiva

Jin POV

O Trovão poderia ir mais rápido do que ele estava indo. Porém eu não precisava que ele corresse como o vento. Apenas que ele me guiasse até em casa, onde estariam todas as minhas preocupações.

As pessoas me cumprimentavam por onde eu fosse. Meu rosto doía de tanto sorrir para elas e desejar bom dia. O sol brilhava e o calor era intenso, o inverno estava se aproximando e tínhamos que aproveitar para preparar tudo. Todo o reino estava se empenhando para cumprir as metas desse ano, colher e vender para os outros reinos. Alguns campos ainda estavam pela metade e segundo alguns cálculos, daria tempo de colher tudo. Era isso que esperávamos.

Minha casa poderia ser avistada de longe, mas dessa vez eu me surpreendi ao chegar. Os guardas me olharam sérios, mais sérios que o habitual. Alguma coisa estava acontecendo e eu não sabia o que poderia ser.

Quando sai de casa, estava tudo bem. Não havia nada para se preocupar de imediato, apenas meu papel de príncipe e ainda filho mais velho. Meu pai estava relativamente bem, meu irmão também. Passei pelos portões e deixei o Trovão no estábulo, como sempre fazia, agradeci a ele e subi as escadas entrando no palácio pela porta da cozinha, geralmente usada pelos "serviçais", como odiava esse nome. Cumprimentei alguns cozinheiros e ajudantes de cozinha, que me olharam diferente. Segui diretamente para o escritório do meu pai, mas assim que estava subindo as escadas, vi o médico com meu irmão.

— Seokjin! Que bom que chegastes! — ele falou vindo em minha direção com um tanto de rapidez. Não falei nada, simplesmente deixei-o falar. — Papai passou mal, o médico disse que não foi nada grave, porém ele está em repouso.

— Ele ficará bem, Jungkook. — Sorri para ele colocando a mão em seu ombro. — Obrigado por ter vindo, Doutor.

— Não agradeça —, ele disse —, seu pai está numa situação delicada, estarei aqui para ajudar meu reino sempre que necessário. — Ele concluiu fazendo uma reverência.

— O reino agradece. — Sorri e como ele estava saindo me ofereci para acompanhá-lo.

— Está tudo bem, eu sei onde é a saída. Vá ver seu pai com seu irmão, majestade.

— Obrigado, Doutor. — Sorri enquanto ele descia as escadas e olhei para o meu único irmão. — Vamos. — passei meu braço pelos seus ombros o trazendo para perto de mim enquanto subíamos as escadas circulares. — Você está bem? — perguntei baixinho.

— Não tanto quanto deveria. Papai me contou uma coisa. — ele falou, percebi que estava nervoso.

— E o que ele lhe falou? — perguntei o olhando com cuidado.

— Que eu terei que ir embora.

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A noite estava escura, a lua mal aparecia e as árvores cobriam o céu. O arco estava na mira, o animal era grande e mesmo eu sentido remorso por matá-lo desde já, nós precisávamos dele. O cozinheiro queria fazê-lo para a família real, a minha, e deixar uma parte do gado para o pessoal da cozinha. Concordei de imediato, não era só a família real que poderia comer com dignidade, todos do meu futuro reino podia.

Além disso, minha coroação estava marcada, para dali dois meses. Meu pai estava morrendo e a coroa devia ser passada logo para mim. Isso me assustava. Eu fazia o papel de rei há algum tempo, porém ser coroado era assustador, as assinaturas nos papéis seriam minhas e o fardo também. Por outro lado, eu estava confiante e feliz pela responsabilidade ser minha e não do Jungkook. Ele poderia aproveitar a vida bem, eu esperava.

Meu pai havia contado porque ele teria que ir embora. Uma promessa, um acordo. O rei vendeu o próprio filho para acabar com uma linhagem de doença. Essa que estava matando-o e que matou todos meus antepassados, incluindo minha mãe, a melhor rainha que já tivemos. Jungkook e eu não a teríamos graças a isso. O que era realmente bom, mas meu irmão seria um escravo da situação. Ele não quis falar comigo sobre o assunto, ele ainda estava confuso, eu também estava.

Suspirei olhando para a corça, pronto par atirar quando a mesma fugiu. O galope de um cavalo vinha alto em nossa direção.

— JIN! — Meu irmão me gritava em tom de alarde. — JIN!

— Estou indo —, gritei de volta correndo a sua procura. Quando o vi, segurava as rédeas com força, ele me olhou sobre a luz da lua e disse simplesmente.

— Ele está vindo. — Sua voz estava calma. Mas o desespero era evidente.

— Venha até aqui. — o chamei erguendo minha mão para ele. Ele repetiu algo que sempre fez, passou a perna para o lado, segurou minha mão e pulou.

Passei meu braço ao seu redor e o abracei apertado. Sem falar nada, logo ele retribuía o abraço me apertando contra si. Beijei a ponta de sua cabeça e acariciei seus cabelos, o que exigia um pouco de esforço por termos quase a mesma altura.

— Eu não quero ir. — Falou assim que comecei a sentir suas lágrimas em mim. — Eu não quero ir para esse lugar desconhecido, eu preferiria ficar aqui e cuidar do reino inteiro do que ser escravo desse homem.

Isso não me assustou. Kook é alguns anos mais novo que eu, passava todo o tempo comigo, era totalmente dedicado aos seus deveres. E como príncipe e na linha de sucessão, aprendeu tudo, eu o ensinei sobre tudo do reino. Em algumas coisas ele era melhor do que eu, na maioria. Eu poderia fazer isso, não é?

— Eu tenho uma ideia, Kook. — Falei baixinho. — Fique tranquilo, você não vai sair de casa. Mas... — puxei seu rosto para que eu pudesse vê-lo, limpei suas lágrimas e o olhei firme. — Você quer ser Rei?

Eu sei que ele queria, ao mesmo tempo que não. Ele sabia que a responsabilidade era minha, que o trono era meu, porém ele gostava desses deveres, não pelo nome, mas ele gostava do povo, nós dois gostávamos. Porém ele... Seus melhores amigos era plebeus, ele sabia a fundo do que se passava em nossas terras. Ele gostava de saber, gostava de ajudar, gostava de entender.

— Mas você é o Rei. O futuro Rei.

— Se você pudesse escolher, Kook. — Continuei ainda segurando seu rosto e pegando as lágrimas que ele deixava escorrer. — Você escolheria ser Rei? Você quer ser Rei?

Ele me olhou intensamente e balançou a cabeça.

— Sim, Jin. Eu quero ser Rei.

Sorri para ele. E o abracei mais forte do que antes.

— Eu te amo, irmão. Você vai ser rei.

Ele me olhou sem saber exatamente o que eu queria dizer.

— Confie em mim. — Sorri para ele e ele voltou a me abraçar.

— Eu também te amo, Jin.