História The Red (SooShu) - Minatozaki Sana, Brigas e CornDog's

Os fios vermelhos encontravam-se presos em um rabo de cavalo alto, em seu corpo estava presente o uniforme de jogos do time, um short preto com detalhes em branco e uma camiseta regata da mesma cor, com as iniciais do colégio em branco. O jogo começaria em alguns minutos e aproveitando o tempo que ainda tinham livre, as meninas se aqueciam dentro da quadra, enquanto os alunos iam ocupando ao poucos os bancos da arquibancada. Em um lado ficavam os visitantes da cidade vizinha e do outro, vestidos com blusas laranjas e azuis, representando as cores de seu colégio.

Do outro outro ficavam os estudantes do colégio local, vestidos com camisetas pretas e brancas, também seguravam alguns acessórios para usarem durante o jogo. Claro, a grande maioria só estavam ali por conta que valia como presença e a torcida pontos extras, então eles não mediam esforços para incentivar as atletas pois isso lhe ocasionariam em alguns pontos no final do bimestre. Soojin inclinou seu corpo para que pudesse tocar os pés, ficando naquela posição por alguns segundos até Minnie chegar e soltar um longo suspiro irritado, o que intrigou a ruiva. Geralmente a menina não tinha aqueles tipos de emoções antes dos jogos, somente durante os mesmos onde ela fazia questão de xingar as meninas do time rival.

— O que houve? — questionou após erguer novamente seu corpo, agora levantando uma de suas pernas, abraçando seu joelho.

A tailandesa soltou outro suspiro irritado e imitou os atos da melhor amiga, tentando se concentrar em não cair naquela posição.

— Miyeon. — respondeu entre dentes.

A Seo ergueu suas sobrancelhas em confusão e levou seu olhar até a dita cuja, que estava um pouco mais afastada de onde se encontravam, conversando com um menino que provavelmente, seria da escola rival, não se lembrava de vê-los pelos corredores no colégio.

— O que aconteceu? Ela jogou um apagador em você de novo? — indagou com um tom de voz divertido, o que só serviu para irritar mais ainda a estrangeira.

Claro que não iria revelar que o motivo de estar irritada era porquê aquele garoto estava claramente dando encima da Cho e ela simplesmente estava retribuindo ao flerte. Não tinha o direito de cobrar uma fidelidade por parte da coreana, até porquê, infelizmente, não tinham nada e caso o pedisse seria questionada o porquê e certamente não estava pronta para revelar seus sentimentos.

Apenas soltou um longo suspiro, trocando a posição em que estava e segurando seu outro joelho.

— Ela me fez recrutar outras pessoas para recepcionar os alunos da outra escola, mas parece que ela mesma está fazendo isso. — revirou os olhos discretamente. — E caso queira saber, já fazem semanas que eu não ganho um apagador no rosto.

Felizmente depois do encontro que tiveram no parque, as coisas pareciam ter melhorado entre as duas, o que estranhou a todos. Não as viam brigando há dias, nem mesmo trocando leves farpas ou agressões, estava tudo estranhamente calmo. Yuqi e Soojin estavam com um pé atrás sobre essa brusca mudança de áurea entre as duas, e em uma conversa às escondidas sobre isso, chegaram a conclusão de que elas apenas estavam ignorando a presença uma da outra. Era a teoria mais lúcida.

— Está com ciúmes, Minnie?

Arqueou as sobrancelhas e lançou um sorriso sugestivo para a amiga que se desequilibrou na posição que estava e por pouco, quase caí. Olhou brava para a coreana que soltou uma leve risada com a reação da de fios negros, que estava nervosa por dentro com as falas da menina mais nova, estaria 'tão visível assim? Levou os dígitos até sua franja e ajeitou a mesma ainda nervosa.

— Você está doida?! — exclamou exasperado. — Eu nunca sentiria ciúmes daquela... coisa!

A mais nova voltou a ficar de pé, ficando de frente para a morena por alguns segundos, notando uma leve aflição em sua feição e dedos que não paravam quietos. Estranhou. Não tinha uma razão em específico para ela estar daquele jeito por causa da Miyeon, certo? Franziu o cenho, confusa, mas logo tratou de sorrir novamente.

— Eu ainda acho que todo esse ódio que vocês sentem uma pela outra, na verdade é amor.

Dessa vez não fora a coreana quem dissera, por mais que tais palavras estivessem na ponta da sua língua, mas sim Yuqi que apareceu ao lado das duas amigas, com um sorriso animado nos lábios e o uniforme perfeitamente arrumado, como sempre. Nas bochechas estavam presente duas listras de tinta, uma na cor preta e a outra branca. Ela era extremamente fofa, e com esse pensamento Soojin não hesitou em apertar as bochechas da mais nova entre as três, fazendo-a formar uma careta de dor em seu rosto.

Já Minnie ficou quieta por alguns segundos após escutar a amiga sobre os reais sentimentos de sua relação problemática com a Cho. Não era a primeira vez que lhe diziam isso, e não seria a última, mas dessa vez não ficou irritada e intrigada com aquilo, muito pelo contrário, ficou até mesmo feliz. Deveria falar sobre aquilo com a coreana assim que ela parasse de falar com aquele garoto repleto de testosterona que já estava lhe dando nos nervos. Ele realmente precisava ficar 'tão próximo dela?

— Você não tem mais o que fazer, Yuqi? Tipo ir se pegar com a Soyeon? — rebateu, levando o olhar a chinesa que sentiu as bochechas esquentarem com o comentário.

— Eu vim desejar boa sorte. — disse, após se recompor do leve constrangimento que havia passado. — Sua ingrata!

— Não liga para ela, Yuqi. — Soojin resolveu interferir antes que uma briga sem sentido começasse entre as duas e virou-se para a amiga. — E muito obrigada, iremos precisar.

O time adversário não era um dos mais fracos muito pelo contrário, já haviam ganhado as regionais e era por tal motivo que a treinadora vinha pegando pesado com seu time. Seu ego era deveros inflado para perder para aquela escola, e por isso não mediu esforços em treinar o suficiente suas atletas para que ganhassem aquele jogo. Mas ainda estava levemente nervosa, mas não poderia transparecer aquilo, senão as meninas também ficariam e isso era a última coisa que queria naquele momento.

As amigas ficaram conversando por alguns minutos, mas logo o juíz avisou que em cinco minutos o jogo começaria. A Song se despediu das meninas com um abraço e outro desejo de boa sorte, logo seguindo para as arquibancadas. Minnie também se distanciou, indo de encontro com uma das meninas do time para conversar sobre os arremessos e Soojin ficou ali, terminando de se aquecer enquanto tentava convencer a si mesma de que eram capazes de ganhar aquele jogo.

Todavia, fora tiradas de seus desvaneios ao escutar uma voz conhecida por si adentrar seus tímpanos. Seu corpo travou no lugar ao reconhecer a voz fina e com um leve sotaque. Não poderia ser, pensava a coreana a medida que girava seus calcanhares, se virando em direção de onde a voz vinha, e no mesmo momento sentindo seu corpo ficar tenso ao notar a menina a sua frente com um belo sorriso nos lábios rosados, iguais os seus cabelos.

— Soojin?

Sua boca estava levemente entre aberta em pura surpresa em ver a japonesa em sua frente. Não pensaria que a veria novamente, mas fora ingênua, claro, principalmente pelo fato de que se esquecera que a menina morava na cidade vizinha e consequentemente, também estudava na única escola que lá continha e com toda certeza estaria ali para o jogo. Como pudera se esquecer daquilo? pensava enquanto um sorriso nervoso moldava os seus lábios, o que passou despercebido para a de fios rosados, que ao notar o sorriso da coreana, o seu aumentou.

— Sana?

No outro lado, na arquibancada, a taiwanesa tentava abrir espaço entre as pessoas para que pudesse chegar até a quadra. Sua intenção era desejar boa sorte para Soojin e dizer que ela com certeza iria ganhar aquele jogo e que seria a jogadora com mais destaque. Passava e repassava o pequeno discurso motivador em sua mente de minuto em minuto, enquanto sentia seu coração acelerar de forma demasiada. Desde que ficara doente e a coreana fora em sua casa, haviam se aproximado mais. Seja para sentar juntas durante o horário de almoço, o que Shuhua fazia questão, usando a desculpa de que Soyeon também estava na mesa com as meninas e por isso se sentava com elas, mas todas elas sabiam que a taiwanesa só estava ali por causa da Seo.

Além dos momentos de estudo que tinham depois das aulas e infelizmente, a Yeh realmente estava estudando. Por mais que tivesse faltado somente dois dias, os professores não mediam esforços e em passar vários conteúdos nesse chego período. Mas tinha tamanha sorte em ter Soojin ao seu lado, a menina era inteligente e tinha grande facilidade em lhe explicar, por mais que vez ou outra se estressasse por conta das cantadas horríveis da estrangeira. A mesma não tinha mais uma faixa em sua mão, a mesma já estava boa e nem dava indícios de dor. Felizmente, depois do ocorrido em sua casa, não teve o desprazer de trombar com as membros da sua família, pois fazia o seu melhor para evitá-las. Chegava em casa mais tarde e saia mais cedo, não tendo então, a chance de encontrá-las. Infelizmente, carregava marcas — agora não mais 'tão visíveis — em seu busto quando infelizmente, sua mãe conseguiu entrar em seu quarto com uma chave reserva.

Teve de usar moletons por alguns dias, o que deixou Soojin intrigada, já que a menina vivia dizendo que não sentia frio, mas em sua concepção, ela apenas estava se prevenindo para que não pegasse outra gripe, e por isso não acabou a questionando. Mas para seu alívio, logo pôde voltar a usar o uniforme típico das cheerleaders, igual o fazia naquele momento.

Pediu desculpas ao esbarrar em um garoto do primeiro ano que pareceu ficar paralisado ao ver seu sorriso quando o pediu perdão. Após se esquivar mais um pouco, parou bruscamente seus passos ao ver Soojin conversando com uma menina desconhecida para si, logo percebendo que ela fazia parte da escola rival. Não teria problemas em ver as duas conversando, mas estava intrigada com o fato de que a de madeixas rosadas estava próxima demais da ruiva, que vez ou outra colocava uma mexa de seu cabelo atrás da orelha e sorria timidamente.

Ela nunca faz isso quando conversa comigo, pensava a taiwanesa sentindo-se irritada vendo a cena. Não conhecia aquela menina, mas já mantinha um ódio por ela.

E suas conclusões se tornaram válidas ao ver que Mina havia se aproximado das meninas e puxava a de fios coloridos para longe, mas não sem antes esta dar um abraço na Seo e sussurrar algo em seu ouvido, para que pudesse então, sair. Shuhua fechou a feição em seu rosto e desistiu de ir desejar boa sorte para a menina mais velha, rumando em passos pesados até o seu lugar na arquibancada, se sentando ao lado de Miyeon que acenava para alguém do outro lado. Mas ao perceber a expressão de poucos amigos, tratou de ignorar o menino e dar atenção a sua amiga.

— O que aconteceu? — arqueou as sobrancelhas em dúvida e Shuhua cruzou seus braços.

— Nada. — respondeu desgostosa.

— Vamos lá, me diz o que houve. — insistiu, virando em direção da taiwanesa que suspirou frustada.

— Quem é aquela garota? — apontou discretamente para a menina de fios rosas que estava ao lado da Myoui, e fez uma careta vendo as duas juntas.

A Cho parou por alguns segundos observando a menina, tentando lembrar de onde havia a visto, e quando conseguiu, estalou os dedos.

— O nome dela é Sana, eu acho. — recordou-se meio incerta. — Ela estava na festa do Kim Taehyung, do time de natação, mas você não pôde ir porquê estava-

Antes que pudesse terminar sua frase, uma voz rouca e um tanto quanto grossa fez-se presente aonde estavam, fazendo as amigas levarem o olhar até a chinesa que havia acabado de chegar, ambas sorrindo para a mesma.

— Posso me sentar aqui? — perguntou timidamente e Miyeon achou aquele ato extremamente adorável e fofo, tanto que não tardou em puxar a menina para se sentar ao seu lado esquerdo, ficando então entre as duas estrangeiras.

— Yuqi-ah, você é 'tão fofa! — exclamou e apertou levemente as bochechas da chinesa que deu um sorriso doloroso, era a segunda vez que faziam aquilo consigo.

— Céus, Miyeon, solte ela. — a Yeh se intrometeu no meio, afastando as mãos da melhor amiga da morena que agradeceu baixinho.

— Me desculpa, eu não consegui resistir. — soltou uma baixa risada e rodeou seu braço sobre os ombros da Song, puxando-a para mais perto da si e aproveitando para acenar provocantemente para Soyeon que revirou os olhos e devolveu o aceno, mas para Yuqi. — Vadia!

— Não fale palavrões. — repreendeu Shuhua, que aproveitou a distração da coreana para roubar-lhe as Pringles de cheddar em seu colo.

— Sinto muito, Yuqi, mas sua namorada é uma vaca. — resmungou e pegou seu copo com refrigerante que estava encostado em seus pés e deu um pequeno gole.

— Não fale assim dela! E ela não é minha namorada. — praticamente sussurrou a última parte de sua fala, todavia, as meninas conseguiram a escutar perfeitamente, tanto que as duas viraram seus rostos para olhá-la.

Sabiam que a Jeon gostava de levar as coisas com calma, puderam perceber isso nos poucos relacionamentos que ela teve. Ela e a Song não estavam juntas a muito tempo, no entanto, a paixão das duas uma pela outra já tinha bastante tempo, e com a intensidade do "relacionamento" que elas tinham, era de se esperar que já estivessem namorando. E claro, Miyeon não iria perder a oportunidade que tinha de provocar as duas meninas ao mesmo tempo.

— Soyeon consegue ser mais lerda do que a Shuhua! Mas a diferença é que você pelo menos está com ela, já a Shuhua não consegue nem ao menos um abraço. — alfinetou a de madeixas escuras ao seu lado direito que revirou os olhos com aquele comentário e jogou uma das batatinhas na menina que apenas soltou uma risada mais alta.

A chinesa também riu baixinho com as palavras da líder de torcida, no fundo tinha uma certa pena da taiwanesa. Soojin era uma garota um tanto quanto lerda para perceber que as pessoas tinham interesse em si, mas ela tinha consciência dos sentimentos da Yeh, apenas os ignorava. Ela tinha uma quase certeza de que, a Seo também continha sentimentos mais profundos pela mais nova, somente não sabia disso ainda, e se sabia, tratava de os esconder. Percebia isso quando ela vinha falar consigo sobre o quão irritante a taiwanesa era às vezes, em como comia que nem uma louca e nunca engordava — chegando até mesmo a falar sobre como seu corpo era bonito —, e em sua tamanha teimosia na hora de usar roupas de frio e por isso ficava doente. Ninguém falava tanto sobre alguém dessa forma sem estar apaixonado.

Já a menina dita cuja ainda estava emburrada por conta dos acontecimentos anteriores. A cena da garota de madeixas vermelhas sorrindo e agindo timidamente na frente daquela menina abusada, que ainda era amiga da megera da Myoui Mina. Não que estivesse com ciúmes, longe disso, só estava levemente brava pela garota dar bola para aquele tipo de gente.

Todavia, ainda torcia pela Seo e esperava que ela ganhasse o jogo, com isso poderia dar-lhe parabéns e então ela daria aquele sorriso lindo que fazia com que seus olhos ficassem em formato de meia lua. Suspirou fraco, lembrando desses pequenos detalhes sobre a coreana, acabando por ignorar os comentários nada sutis de Miyeon sobre o quão o uniforme do time adversário era horrível e as meninas eram muito pequenas para que fossem permitidas a jogar vôlei. Mas foi tirada de seus desvaneios quando o apito do juiz ecoou por toda a quadra, fazendo os burburinhos de todos os alunos aumentarem, junto com os gritos. Esperavam que fosse um ótimo jogo, afinal, e todos estavam ansiosos.

   O jogo havia sido um desastre.

Grande parte dos alunos dos dois colégios encontravam-se dentro da quadra onde as meninas anteriormente jogavam, brigando entre si. Gritos histéricos e até mesmo ameaças aconteciam em todos os lugares do local, e era de certa forma um milagre os adolescentes não terem partido para a agressão. No entanto, um garoto em específico não se encaixava nesse caso; o menino estava deitado em uma das arquibancadas vazias com a mão sobre o nariz que sangrava enquanto mais a frente, Minnie e Miyeon brigavam furiosamente entre si.

O que acontecera fora que, durante o jogo, a tailandesa não conseguia manter sua total atenção no mesmo já que a cada minuto seu olhar ia em direção a Miyeon, que vez ou outra lançava sorrisos e acenos para o rapaz da escola vizinha que retribuía da mesma forma. Aquilo estava a irritando profundamente, como ela poderia dar encima das pessoas daquela forma descaradamente? E porque ninguém estava se importando? Pensamentos como esse rondavam a sua cabeça, na mesma medida que seu sangue fervia.

Shuhua não estava diferente. Percebia os olhares nada discretos de Sana sobre Soojin, e isso a irritava profundamente. Nem mesmo ela fazia aquilo, então tinha o direito de achar aqueles atos daquela garota totalmente hipócritas e invasivos. Mas o estopim para sua paciência — que geralmente era muita, tinha tamanho orgulho disso —, foi quando a menina de fios rosas mordeu o lábio inferior enquanto secava indiscretamente as coxas da Seo.

Todavia, antes que pudesse levantar-se de seu lugar e ir brigar com a menina, Minnie acabou por ver uma cena que não a agradou em nada: o rapaz que estava flertando com a Cho fez um sinal com os dedos, como se imitasse um telefone, em um pedido informal para que a de fios castanhos lhe passasse seu número. Aquilo não poderia acontecer, não iria deixar aquele garoto repleto de hormônios a flor da pele e exalando testosterona sair com Miyeon, aquilo era um absurdo. E tomada com seu provável ciúmes, na sua hora de fazer o saque, a bola acabou por tomar uma direção diferente do time rival, indo direto para o local aonde o garoto estava, alcançando em cheio o seu rosto.

     E foi aí, que tudo começou.

Em sua humilde opinião, a Yontararak defendia-se, dizendo que acabou por errar a direção de seu saque sem querer, todavia, praticamente todos os alunos rivais viram que não foi uma falha qualquer, tanto que levantaram-se de seus lugares e começaram a brigar com os estudantes do outro lado, que gritavam que a atleta havia apenas cometido um erro, afinal, todos cometem alguns erros.

Miyeon fora a única que percebera que a tailandesa acertara o rosto do menino de propósito, havia desfigurado a face de um conhecido seu pela segunda vez, ela não havia aprendido desde que acertara Yuqi? A dita cuja encontrava-se, por incrível que pareça, no meio da multidão, mas por um motivo totalmente diferente dos demais alunos. A sua frente encontrava-se Yukhei, ajoelhado, implorando para que voltasse para ele. Claro, Soyeon não gostou nada do que viu, tanto que saiu de uma discussão com uma das meninas do outro time para ir xingar o garoto mais velho que estava dando encima da chinesa.

Já Shuhua encarava mortalmente a japonesa que estava a metros de distância, conversando com suas amigas. Cínica, pensava toda vez. Seu sangue ainda fervia de raiva pelos olhares depravados da menina em Soojin, que estava tentando separar a briga entre Miyeon e Minnie.

— Qual é o seu problema? — gritou a mais velha para a estrangeira.

Ao seu ver, não havia problema algum para que tudo aquilo acontecesse, mas isso era totalmente ao contrário na percepção da Yontararak.

— Qual é o seu problema! — rebateu, enfurecida. — Aquele garoto estava dando encima de você descaradamente e você não fez nada.

— Pelo amor de Deus, Minnie! Ele é o meu primo!

A menina de fios pretos parou em seu lugar, com os olhos levemente arregalados e em seu rosto encontrava-se uma expressão confusa e chocada. Aquilo não poderia ser real.

— Isso é incesto! — voltou a gritar exasperada e a coreana tentou juntar toda a sua pouca paciência para não pular encima da tailandesa, mas estava sendo uma tarefa difícil.

— Você é surda, sua idiota? Ele é o meu primo, eu nunca ficaria com ele. — grunhiu irritada, dando passos para frente, ficando mais próxima da garota e Soojin rapidamente se intrometeu, colocando sua mão sobre o peitoral da castanhada. — Por que você está fazendo tudo isso por nada?! É ciúmes, por acaso?

A maior sentiu seu corpo travar diante a acusação da mais velha. Ela não estava com ciúmes, longe disso, não teria porquê de algo desse tipo, afinal, não tinham nada. Sua respiração ficou um tanto quanto descompassada e suas mãos começaram a soar.

— Meninas, por favor, vamos manter a cal- — tentou dizer algo, mas foi interrompida por Minnie.

— Eu nunca sentiria ciúmes de alguém como você, Miyeon!

A Cho fechou suas mãos em punhos e sentiu sua respiração ficar levemente descompassada pois, no fundo esperava que ela estivesse com ciúmes de si, mas nunca admitiria aquilo em voz alta. No entanto, sabia que todo aquele show desnecessário era por causa disso, e talvez, só talvez, ela estivesse dando uma certa bola para seu primo Donghuyl apenas para ver a reação da de fios negros, mas não esperava que as coisas fossem acabar daquela forma.

— Shuhua! — a Seo chamou desesperada ao ver que a mais velha havia pulado encima da Yontararak, retirando seu braço do meio para que pudesse realizar tal ação. — Me ajuda!

A taiwanesa lançou um olhar indiferente para a coreana e deu de ombros, se aproximando com os braços cruzados ignorando totalmente as duas meninas sobre o chão brigando entre si.

— Pede pra Sana.

— O que? — questionou confusa. Não conseguira escutar direito as palavras da mais nova por conta do barulho que se fazia presente na quadra e a Yeh revirou os olhos.

E foi como se fosse poderes sobrenaturais — na concepção da Yeh, claro —, a menina citada apareceu aonde as duas estavam, fazendo a mais nova presente revirar os olhos irritada.

— Mas não é possível! — exasperou indignada.

— Oi, Soo. — disse sorridente para a coreana de madeixas avermelhadas e Shuhua a amaldiçoou internamente por ter um sorriso 'tão bonito e atrativo, e ainda mais por ter usado aquele apelido.

A atleta desviou as orbes castanhas escuras até a japonesa, ficando nervosa no mesmo estante. Um pressentimento ruim tomou conta de seu corpo ao ter as duas meninas presentes no mesmo lugar, sentindo que algo ruim aconteceria.

— Sai de cima de mim! — Minnie gritou.

As três ali presente mudaram o rumo de seus olhares até as duas meninas que ainda estavam brigando, e em um pedido mudo da Seo, foram ajudá-las, com uma Shuhua emburrada e empurrando vez ou outra a japonesa pelos ombros, em uma tentativa falha de tirá-la dali, até porquê a coreana havia pedido a sua ajuda primeiro, e ela chegou como uma completa intrusa. A Minatozaki por sua vez, não deixou barato, também empurrando a taiwanesa, o que acabou ocasionando em uma briga entre as duas.

— Não me empurre! — largou a cintura da tailandesa e apontou para a de fios rosas, que também retirou suas mãos dos ombros da Cho e se virou para a Yeh.

— Você quem começou!

Rebateu e levou os dígitos até os ombros da menor, empurrando-a levemente, ato que foi repetido com um pouco mais de força pela menina de fios negros que não iria se deixar ser provocada daquela forma. E assim começou-se uma briga entre duas, que se empurravam e xingavam uma a outra, irritadas. Soojin observava a cena sem saber exatamente o que fazer; a sua esquerda Shuhua e Sana brigavam e a sua direita esse ato era repetido por Minnie e Miyeon.

Um pouco mais a frente, Yuqi tinha seus dedos enterrados entre seus fios negros enquanto diante de si o Wong continuava ajoelhado e Soyeon apontava o dedo indicador em sua face, gritando que o chinês deveria seguir em frente e deixar a sua namorada em paz.

— Deixe ela em paz! — exclamou enquanto movimentava as suas mãos, dando mais ênfase em suas palavras.

— Mas eu a amo!

— Não ama!

— Amo!

— Não!

— Quem você pensa que é para dizer se eu a amo ou não? — o rapaz finalmente se levantou irritado, ficando de frente para a Jeon que se perguntava o porquê dele ser 'tão grande.

— A namorada dela. — disse firmemente e o chinês fechou a cara, ainda não aceitando que havia sido trocado por uma mulher.

— Namorada? — a Song finalmente se intrometeu na conversa dos dois, que desviaram o olhar fuminante para a chinesa. Soyeon deixou com que um sorriso meigo moldasse em seus lábios ao ver a expressão confusa e fofa na expressão da chinesa, amolecendo seu coração.

Yukhei revirou os olhos com aquela cena, mas antes que algum dos três pudessem dizer algo, o som alto e estridente do apito do juíz ecoou por toda a quadra, fazendo alguns levar as mãos até os ouvidos em uma tentativa de abafar o barulho daquele objeto irritante.

No mesmo estante, todos os estudantes presentes pararam o que estavam fazendo e se afastaram das pessoas nas quais estavam brigando no mesmo estante. Minnie empurrou a Cho pelos ombros enquanto Shuhua fazia o mesmo com Sana, lançando um olhar mortal para a japonesa que havia machucado seu rosto, mas contente pois havia feito o mesmo com o dela.

— Chega! — gritou enfurecido o juíz, que aparentava ter seus quarentenas anos e trajava um conjunto de blusa e bermuda preto e branco, que aos olhos de alguns era totalmente cafona e brega. — Todos para fora, agora!

O homem gritou novamente, ou pelo menos tentava, sua voz estava levemente fraca e rouca de tanto discutir com as treinadoras de ambos os times que, além de serem rivais dentro de quadra, se odiavam foram desta. Sua paciência não era muito, mas fazia o possível para sempre se manter calmo, mas essa era uma tarefa difícil de se realizar quando se estava rodeado de adolescentes duelando entre si e quase se matando. Já com o restante de paciência que lhe sobrou, apontou para a porta principal da quadra, ordenando que todos saíssem, e assim o fizeram.

Depois de toda a confusão que aconteceu na escola, os estudantes da cidade vizinha já encontravam-se em seus respectivos ônibus, que logo partiria para seu devido destino. Os alunos da própria escola local, metade deles já haviam ido para suas casas e outros estavam em frente do colégio conversando sobre os acontecimentos do dia, aproveitando que não teriam aula pelo resto da tarde. Shuhua não estava diferente; se encontrava sentada sobre uma calçada mais afastada do colégio, em suas mãos continham dois corndogs que comprara especialmente para si e Soojin, essa que conversava com a Minatozaki, se despedindo da mesma.

A taiwanesa deixou com que um pesado e sôfrego suspiro saísse por entre seus lábios. Estava cansada, irritada e dolorida, e observar a cena diante de si não era uma das melhores opções a se fazer, todavia, a coreana havia prometido que iria ao seu encontro após pegar alguns cubos de gelo para que pudesse por em seu rosto machucado devido a sua briga com Sana.

Ao lembrar de tal, suspirou novamente, e deu uma grande mordida em seu corndog, puxando o queijo com um pouco de dificuldade. Ao invés dela estar me dando atenção, está conversando com aquela garota, pensava a mais nova a todo momento, enciumada, por mais que negasse para si mesmo aquilo.

Yuqi e Soyeon haviam sumido, igual Minnie e Miyeon que, após o apito do juíz, se separaram e saíram cada uma por um canto diferente, se recordava apenas da melhor amiga murmurando bravamente alguns palavrões e indo embora. Resolveu ficar mais alguns minutos apenas por causa do Seo, que insistiu para que esperasse.

Não demorou muito para que a dita cuja viesse em sua direção, após ter se despedido devidamente da japonesa com um abraço que Shuhua fizera questão de revirar os olhos em ver a imagem das duas juntas, mas logo tratou de sorrir genuinamente, como sempre fazia quando via a menina de fios vermelhos, quando esta parou em sua frente e se agaixou para que pudesse ficar na sua altura.

— Consegui o gelo. — sua voz era calma e baixa, diferente do tom desespero de mais cedo. A Yeh afirmou levemente com a cabeça, mas logo uma expressão de dor tomou conta de sua face ao sentir o conteúdo gélido em contato de uma região abaixo de seu olho.

Sua briga com Sana não fora muito violenta, mas o suficiente para que saísse com o olho dolorido e avermelhado, que com toda certeza ficaria roxo, e os cabelos densegrenhados, mas que agora estavam devidamente arrumados. Mas não podia negar que estava satisfeita pois a menina da outra escola estava da mesma forma que si.

— E-Eu comprei para você. — grunhiu baixinho de dor ao sentir a pressão do gelo contra a região dolorida e estendeu o alimento em direção a coreana, que encarou o mesmo um pouco confusa e hesitante.

Andar com Shuhua estava lhe rendendo muitas escapadas clandestinas de sua dieta. A taiwanesa fazia questão de lhe dar alguma coisa calórica e gordurosa para comer todos os dias em que se viam, e a menina encontrava-se incapaz de negar, até porquê adorava e a menor a fazia comer sem culpa alguma aqueles alimentos calóricos e repleto de carboidratos.

— Obrigada. — pegou a salsicha empanada e sorriu levemente para a estrangeira, que sentiu seu coração acelerar, como sempre fazia, ao ver o sorriso nos lábios vermelhos da mais velha.

Certamente, ela deveria ser a única estudante a sair intacta no dia. Os cabelos vermelhos estavam soltos do rabo de cavalo e caiam feito cascatas em suas costas, o uniforme do time fora substituído pelo o da escola com a gravata frouxa e livre do suéter que fazia parte. Estava linda, como sempre.

— Eu sinto muito, pelo jogo. — murmurou baixo e deu outra mordida em sua comida, enquanto ouvia o suspiro triste da coreana.

Infelizmente, depois de todo o alvoroço que aconteceu, o jogo fora cancelado e ambos os times desclassificado das regionais. Tal notícia deixou todos tristes e bravos, mas infelizmente, não poderiam fazer nada, afinal, todos tinham uma parcela de culpa naquilo. A Seo levou o corndog até os lábios e deu uma pequena mordida, puxando o queijo com dificuldades, ocasionando em uma risada da taiwanesa.

— Está tudo bem. — disse com a boca um pouco cheia, o que faz a mais nova se questionar aonde estavam as boas maneiras que ela sempre lhe falava quando dizia algo de boca cheia, mas decidiu deixar para lá. — Mas tudo isso foi desnecessário.

Shuhua levou o olhar até as orbes escuras da coreana e se sentiu um pouco culpada por tudo o que ocorrera. A culpa não era toda sua, tinha consciência disso, mas também contribuiu e ver a menina que tanto gostava triste também lhe deixava para baixo.

— Por que você fez aquilo? — a mais velha questionou, fazendo um pouco mais de pressão do gelo contra a face delicada da morena, que fez uma careta de dor.

— O que eu fiz, exatamente? — arqueou as sobrancelhas em confusão.

— Brigou com a Sana.

Shuhua parou por alguns segundos, sentindo seu corpo travar. Como iria explicar que ficou irritada e com ciúmes porque aquela garota petulante e completamente sem vergonha estava a secando descaradamente? Com os dígitos livre começou a dedilhar-los sobre sua coxa levemente exposta por conta da curta saia e prendeu seu lábio inferior entre seus dentes, o mordendo fracamente.

— Ela fez coisas que eu não gostei, e eu não gosto dela. — resumiu suas razões em poucas palavras e Soojin franziu o cenho confusa.

— O que ela fez? — voltou a indagar.

O que Sana teria feito de tamanha gravidade para que Shuhua não gostasse dela? Pelo o que se lembrava, a taiwanesa era sempre gentil com todos a sua volta, a única pessoa na qual tinha um pé atrás era Mina que também era amiga da Minatozaki, então logo associou que provavelmente, aquela seria a razão pelo desgosto da de fios negros pela rosada.

— Ela estava te observando de uma forma maliciosa. — confessou e suspirou fraco.

Fora a vez da Seo ficar quieta por alguns estantes, após ouvir a taiwanesa. Era óbvio para si que a japonesa ainda tinha interesse em si, tanto que deixou isso claro em suas investidas durante os poucos minutos de conversa que tiveram juntas, deixando-a completamente envergonhada. Ainda sentia-se tímida perto da menina, principalmente pelo fato de que tal fora a sua primeira experiência com alguém do mesmo sexo, por mais que estivesse aceitando melhor isso ao longo dos dias. Todavia, não esperava que o interesse alheio estivesse 'tão evidente assim.

— Vocês tiveram algo? — a taiwanesa questionou, enquanto tinha seu olhar fixo no rosto da ruiva, como se pudesse ler suas expressões.

E de fato, podia. Percebeu a surpresa na face da menina, que estava um tanto quanto hesitante em lhe contar a real verdade. Afinal, deveria lhe contar? Por algum motivo sentia que, tinha de ser sincera com a menina a sua frente, e contar-lhe a verdade sobre a sua única e conturbada, relação com a Minatozaki. Respirou fundo e acenou positivamente com a sua cabeça, confirmando as teorias da Yeh, que sentiu seu coração se apertar levemente diante a afirmação.

— Sim. — ditou, ainda hesitando. — Mas já faz algum tempo, não significou nada.

A menor ficou quieta, com seu olhar agora preso em sua comida que não lhe parecia mais 'tão apetitoso assim, mas ainda estava com fome, então iria comê-lo de qualquer forma. Umideceu os lábios e voltou a fitar as orbes escuras da coreana, que já a observava.

— Eu não gosto dela, Jin-ah. — revelou, levemente amargurada.

Tanto que a Seo nem ao menos notou o apelido pronunciado, só o fez depois, já que sua atenção estava no porquê da menina não gostar da outra.

— Por quê?

Shuhua deu um leve sorriso e voltou a brincar com seus dedos sobre a pele desprotegida da sua coxa.

— Por que ela tem segundas intenções com você.

Suas sobrancelhas se juntaram novamente em pura confusão, não entendendo o raciocínio da estrangeira a sua frente, o que ela queria dizer com aquilo, afinal?

— Eu não estou te entendendo, Shuhua.

Outro suspiro sôfrego escapou dos lábios da taiwanesa, que levou sua mão livre que antes dedilhava suas coxas, até a mão da coreana, pousando-a sobre a dela, logo olhando no fundo dos olhos da mesma.

— Eu gosto de você, Soojin.

A dita cuja ficou paralisada, sem reação alguma. Sabia dos sentimentos da de fios negros por si, porém nunca pensou que tal fosse se abrir sobre eles consigo. O toque alheio em sua mão causava-lhe arrepios e seu coração acelerava os batimentos drasticamente. Não sabia ao certo dizer o que estava sentindo naquele momento, era confuso de se explicar. Respirou fundo e se afastou da menina, deixando o saquinho com alguns cubos de gelo que já estavam derretendo na mão da mesma que antes estava sobre a sua e se levantou.

— Eu preciso ir.

Fitou a Yeh mais uma vez que lhe olhava com os olhos confuso. Queria poder levantar, abraçar a ruiva e dizer-lhe que não era preciso fugir de si, mas já era tarde. A garota encontrava-se andando em passos demasiadamente rápidos para longe. Mas, mesmo com tudo o que aconteceu naquele dia, as brigas, o rosto machucado e a revelação de que a menina havia ficado com a Minatozaki, conseguiu sorrir levemente enquanto seus olhos estavam presos na figura que se distanciava.

Se odiava e se praguejava mentalmente por ser uma trouxa e ainda nutrir os mais profundos e belos sentimentos por Seo Soojin, e não importava o que ela fizesse, parecia que cada dia eles ficavam mais intensos. Mas seu coração doía, no fundo de seu âmago, achava que nunca seria correspondida, no entanto, outra parte de seu ser dizia que aquilo poderia sim, ser possível. Então recordava-se dos momentos em que estiveram juntas, quando as bochechas fofas e cheinhas da coreana tomavam a coloração avermelhada sempre que a elogiava ou beijava-as, ou quando pegava a mesma secando seu corpo em algumas ocasiões, em como ela sempre aceitava seus lanches calóricos e também em seus sorrisos, por mais que leves, ainda eram extremamente lindos e extasiantes.

Então sim, era completamente possível que Soojin pudesse gostar de si também, e implorava aos céus que isso acontecesse, pois não sabia até quando seria capaz de insistir em tudo aquilo.