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História The Rise of The True Lord - Capítulo 88


Escrita por: AllyLittleWolf13 e _TiuLucifer

Notas do Autor


O pior acabou, mas estamos longe de chegar na tranquilidade tão desejada.
O caos vai reinar.
A imagem do brinco misterioso no final do cap vai estar no server do discord.

Confiram o drive da playlist
https://1drv.ms/f/s!ApkShu34RJU8gnOlwSfnrc75xPT1?e=OuM9zs

Uma leitora maravilhosa fez uma playlist no Spotify, vão lá conferir o que essa rainha fez
https://open.spotify.com/playlist/1RyuTPxLpCNAP6THP0O0Pj?si=ejKNe8BPTseHopfd21uFug&utm_source=native-share-menu

Link da tradução em Inglês:
https://archiveofourown.org/works/40126944/chapters/100497924

Link da tradução em Espanhol:
https://www.wattpad.com/story/326106406-the-rise-of-the-true-lord

Entrem no servidor do Discord pra terem conteúdos extra
https://discord.gg/VtcaguYpz6

Capítulo 89 - Capítulo 88


Patrick pegou o corpo mole machucado de seu filho nos braços, cobriu-o o máximo que pode com suas roupas, ele e sua esposa agradecerem várias vezes a equipe da Igreja antes de partirem. O céu começava a clarear no horizonte quando eles finalmente voltaram para casa. O homem subiu as escadas silenciosamente, e com cuidado colocou seu filho na cama, Isabel entrou rapidamente com um kit de primeiros socorros e os dois começaram a tratar do corpo de seu filho.

— Nosso garotinho voltou para nós, querido. — Isabel chorava de alegria.

— Sim, amor. Ele voltou. — Patrick colocou uma mão no ombro da esposa, vendo-a tratar das inúmeras feridas que o corpo do seu filho tinha.

 

Longe dali. Hadrian, mais uma vez, acordara no meio da noite. Dessa vez não era a sua cicatriz que doía, agora era o seu núcleo. Ele sentiu uma grande quantidade de magia sendo roubada dele, o fazendo acordar com um grito agonizante. Tom e Draco caíram da cama devido o susto, olharam-no com medo antes de correr até o moreno tremulo e ofegante.

— Hazz? — Draco chamou preocupado. Lucius, Narcissa, Remus e Severus irromperam da porta, vindo aos tropeços até a cama onde Hadrian tremia e agarrava o peito fortemente.

— O que aconteceu? — Sirius perguntou apavorado com o estado do afilhado.

— E-eu não sei... — Hadrian massageou o peito, seus dedos se chocaram contra seu colar de sol. — E-eu senti minha magia sendo roubada. E-eu não sei quem fez isso. Não sei pra onde foi. Mas está doendo tanto. — Fungou, suas mãos tremulas ainda massageando o peito. — A-acho que foi Voldemort... Não sei.

— Está tudo bem agora, Hazz. — Tom abraçou-o fortemente. — Vamos dar um jeito de bloqueá-lo. Ele não vai mais te machucar. Eu prometo. — Os adultos trocaram olhares preocupados com Tom, este acenou para que todos saíssem. E assim eles fizeram. Narcissa foi imediatamente falar com Ragnuk e Maray.

— Nós estamos aqui com você, Sunshine. — Draco abraçou as costas de Hadrian, o prensando contra seu próprio corpo e o de Tom. O menor se permitiu ser confortado, as mãos ainda tremendo e o peito doendo terrivelmente. Uma sensação horrenda de que deixara algo escapar de sua percepção. Mas o que seria? O que erra esse mau pressentimento que o consumia como se fosse fogo em mato seco?

 

Colin estava confuso. Seu corpo inteiro doía, seu núcleo pulsava dolorosamente dentro de si, terrivelmente fraco e quase vazio. Os raios solares que invadiam seu quarto através da cortina machucavam seus olhos, ele piscou várias e várias vezes para tentar se acostumar com a claridade. Sua mente estava entorpecida, nublada, apenas captando a dor de seu corpo.

— Bom dia, querido. — Isabel entrou no quarto com uma bandeja cheia de comida. Um sorriso doce nos lábios rosados e os olhos cintilando de felicidade.

Colin franziu o cenho, essa cena era muito estranha para si. Sua mãe sendo amorosa e gentil como costumava ser. Mas... Por que ele estava estranhando o comportamento de sua mãe? Ela sempre fora doce, então porque sentia que havia algo de errado acontecendo? Foi então que sua mente clareou e todas as memórias dolorosas o consumiram, seu peito voltou a doer pela traição e rejeição de seus pais. Por que ele não havia morrido ontem? Por que ainda estava vivo?

— Tenho ótimas notícias: o demônio finalmente foi embora. Você voltou para nós, querido. — Deixou a bandeja na mesinha de cabeceira e se abaixou para ajudar o filho a se sentar. Colin, instintivamente, se encolheu e esquivou de seu toque. Ele viu a dor passar pelos olhos de Isabel e seu sorriso vacilar. — Está tudo bem, querido. Não irei te machucar. Vou te ajudar a se sentar, trocar seus curativos e dar-lhe comida. — Ainda hesitante, Colin se permitiu ser ajudado, sabia que não adiantaria se negar as ordens veladas se não a dor poderia voltar. Ainda desconfiado do comportamento da mulher, os olhos percorrendo todos os cantos do quarto, mirando a comida com incerteza, as mãos trêmulas e o coração disparado. Não adiantava lutar contra a mudança em sua progenitora, qualquer coisa de “errada” que ele fizesse seria uma sentença absoluta de que todo o terror voltasse. Ele não queria ser o alvo do ódio dessas pessoas, nunca mais queria se sentir tão vulnerável e fraco, sem mais dor e sofrimento.

Isabel trocou seus curativos e o ajudou a colocar uma camiseta folgada, logo depois colocando a bandeja na sua frente. Colin se forçou a comer, seu estômago desacostumado a se alimentar, não tinha coragem para desobedecer a essa ordem disfarçada de gentileza. Eles estariam o envenenando agora? Estariam tentando enganá-lo? Fingindo que tudo voltaria ao normal como um dia já fora? A mulher deu-lhe remédios quando ele terminou de comer, então se retirou, mandando que ele dormisse para se recuperar do mal que o demônio fizera em si.

Colin se deitou de lado na cama, encarando a janela coberta pelas cortinas, o sol parecia tão radiante naquela manhã. Mas então por que ele se sentia tão estranho? Ele deveria ter morrido. Sabia disso. Agora ele sabia que teve uma explosão mágica, sabia que deveria estar morto. Então por quê? Por que continuava vivo? Por que ele não podia se livrar dessa dor e sofrimento de uma vez por todas? Nem mesmo o Inferno queria um demônio tão vil quanto ele? Ele era realmente tão ruim ao ponto de nem mesmo o pior dos lugares, onde abrigada as almas mais perversas do mundo, o queria?

As horas se passaram, assim como os dias. Colin só se moveu para comer o que Isabel trazia ou para ir ao banheiro. Patrick vinha visitá-lo de vez em quando, arrulhando alegremente sobre ter seu filho de volta. O Reverendo disse que era normal sua apatia, e o casal compreendeu. Eles faziam de tudo para que Dennis não entrasse no quarto de seu irmão, não queriam que ele o visse tão abatido quanto estava, e não queriam que o menor começasse a fazer perguntas sobre o estado do irmão. Ele era muito novo para descobrir que seu irmão foi contaminado por um demônio nojento, deveria ser poupado desse desgosto.

Entretanto, cansado de tudo isso, o caçula se esgueirou pela casa escura numa certa noite. Invadiu o quarto de seu irmão e paralisou. Colin estava sentado na cama, de costas para a porta, sua camisa jogada ao seu lado na cama, as ataduras sangrentas sendo recolocadas no lugar. O brilho do luar entrava pela janela de cortinas abertas, iluminando a cena a sua frente. Dennis sentiu sua garganta apertar, seu peito comprimir e as lágrimas vindo aos olhos. Um guincho de surpresa escapou de sua garganta, e Colin virou para si como um raio. Seus olhos arregalados conforme assimilava o fato de que seu irmão o vira, seu doce e puro irmão vira sua podridão e imundice.

— Co-Colin...? — Deu um passo hesitante até o irmão, este que começara a chorar e a se encolher no canto mais afastado da porta.

— Saia! — Ordenou entre soluços e Dennis paralisou. Nunca, em toda sua vida, escutara tanta dor e sofrimento na voz do seu doce irmão mais velho. — Saia. Por favor. Finja que nunca me viu. — Suplicou tristemente.

— Não! — Dennis se aproximou rapidamente e segurou as mãos trêmulas do irmão mais velho. — Não vou deixar você. — Olhou nos olhos doloridos que um dia foram radiantes. — Você é o meu irmão! Não vou deixá-lo! — Colin fungou.

Completamente quebrado, ele agarrou-se ao seu irmão caçula e chorou, Dennis retribuiu o aperto, cuidando para manter-se longe das feridas. Ele sentia as lágrimas quentes molhando seus cabelos, mas não deu importância, pois seu irmão mais velho estava ferido, soluçando e tremendo contra seu abraço. Algo muito errado tinha acontecido, e ele demorou para perceber, caiu nas mentiras de seus pais e não procurou pela verdade. Agora ele se arrependia amargamente de acreditar neles. Era óbvio que Colin sofria, e eles o mantiveram longe de si.

Longos minutos depois, Colin finalmente se acalmou. O menor o ajudou a sentar-se na cama, ainda segurando suas mãos Dennis se sentou na frente do mais velho. Limpou delicadamente os rastros de lágrimas do rosto alheio, captando toda emoção que aqueles olhos transmitiam. Colin se encolheu contra si, não se importando com a dor dos ferimentos em cicatrização. Ele não deveria estar perto de Dennis, ele iria contaminá-lo.

— Você precisa sair. — Sua voz saiu num sussurro quebrado.

— Eu não vou. — Segurou mais forte as mãos do irmão. — Você é o meu irmão. Estamos juntos. Para sempre. — Colin reprimiu uma nova onda de choro e abaixou a cabeça, sem forças para olhar nos olhos de seu amado irmão.

— Eu não sou puro, Denny. Você pode se contaminar. Você deve sair.

— Que merda você tá falando? — Seu cenho franziu enquanto sua mente trabalhava loucamente ao redor da fala de seu irmão. — O que eles fizeram com você? — Perguntou friamente, seu coração esfriando conforme a verdade se enraizava em seu ser. Seus pais eram os culpados pelo estado de Colin.

— Eles fizeram o que tinham que fazer. — Colin murmurou, sem nunca erguer o olhar. — Eu tinha que ser purificado. Sou um demônio imundo e não podia contaminá-lo com minha sujeira. Você deve sair.

— Pro Inferno com essa merda! — Dennis rugiu, a raiva o consumindo completamente. Suas mãos seguraram o rosto de seu irmão, o forçando a olhá-lo nos olhos. — Você não é um demônio imundo! Você não merecia passar pelo que passou! Eles não tinham o direito de fazer isso com você! E você não é sujo ou profano! Você é o meu doce irmão! E eu não irei permitir que outra pessoa o machuque de novo! Muito menos nossos pais! Você me entendeu?! — Lágrimas silenciosas escorriam dos olhos de Colin. Seu irmão era tão doce.

— Mas...

Dennis se afastou com um bufo, correu para a escrivaninha do irmão. Rabiscando rapidamente uma carta qualquer e indo até a coruja empoleirada na janela, olhando com pesar para o loiro mais velho trêmulo na cama. Era um milagre Hedwig tenha ido entregar uma carta mais cedo naquele dia. Carta essa que Colin não conseguiu abrir nem responder, assim como várias outras. O garotinho amarrou a nota na perna da ave rapidamente.

— Leve para Hadrian e busque ajuda imediatamente. — Ordenou, a coruja bicou levemente seu dedo e saiu voando em disparada.

— O que você fez...? — Colin perguntou em descrença.

— Busquei ajuda. — Olhou-o com seriedade. O que aqueles monstros fizeram com seu doce irmão?

— Não pode! — Colin levantou-se num pulo, quase pulando pela janela numa tentativa inútil de alcançar a coruja. Com dificuldade Dennis conseguiu segurá-lo e arrastá-lo para longe do parapeito. — Não! Hadrian não pode saber! Ele não pode saber que sou imundo! Eu não posso contaminá-lo! Eu não posso contaminar você! — Olhou com horror o garotinho que ainda o segurava fortemente.

— Pare com essa merda! — Dennis quase gritou, por segundos se esquecendo que os causadores do sofrimento de seu irmão dormiam a poucos metros dali. — Eu não sei o que eles fizeram com você, mas está errado! Você não é imundo, não vai me contaminar! Eu estou bem, e vou te ajudar a se recuperar. Hadrian te ama e vai te ajudar também. Eu não vou deixar que aqueles monstros se aproximem de você novamente! Você é o meu irmão mais velho! Não um demônio! E eu te amo, Colin, não vou permitir que eles destruam sua vida mais ainda!

Colin não conseguiu mais segurar. Caiu de joelhos no chão, abraçando fortemente ao irmão e chorando novamente. Dennis era tão perfeito, dizendo que o amava, mesmo vendo a sua podridão, vendo o quão quebrado estava. Ele não merecia o amor de Dennis.

— Está tudo bem, Linlin. — Sussurrou docemente, acariciando os cabelos loiros do maior. — Eu estou aqui com você. Tudo vai ficar bem.

 

Hadrian andava de um lado para o outro em seu quarto. Fazia alguns dias que ele não recebia nenhuma notícia de Colin, e ele estava muito preocupado. Hedwig voltava sem resposta ou sua própria carta. E isso o estava enlouquecendo, aquele mau pressentimento só piorava a cada minuto que se passava. Maldita seja sua estupidez por não pedir o endereço de Colin!

Você precisa comer alguma coisa, filho. — Maray tentou persuadi-lo. Todos preocupados ao verem o garoto circulando seu quarto como um leão enjaulado. Ragnuk vinha logo atrás com uma bandeja de comida flutuante.

Eu estou preocupado, mãe. Colin não responde minhas cartas. Eu sinto que tem algo errado. Mas não sei nem onde procurá-lo. Tem alguma coisa acontecendo e eu não posso simplesmente ficar aqui parado e esperando. ­— Suspirou enquanto se jogava numa poltrona. Seus pais se aproximaram rapidamente, logo o forçando a comer alguma coisa.

Eu sei que está preocupado, querido. — Seu pai começou. — Mas precisa ter paciência. Talvez ele só esteja ocupado se divertindo com a família. — Tentou.

Vocês não entendem. Ele NUNCA deixa de me escrever pelo menos uma vez na semana. Não é do feitio dele ficar sem mandar notícias.

Se ele precisar, vai enviar Hedwig com um pedido de ajuda. — Como se fosse convocada, Hedwig invadiu o quarto e pousou na perna de Hadrian. O garoto guinchou ao ver uma nota amassada na perna da ave. Com os dedos trêmulos e o coração pesado, ele abriu o pequeno papel e leu as palavras rabiscadas apressadamente em uma caligrafia desconhecida por si. Era um pedido de ajuda e um endereço.

Eu sabia! — Levantou-se num pulo e correu porta afora. — TOM! LUCIUS! SIRIUS! REMUS! — Chamava aos berros enquanto esperava encontrá-los na mesa do jantar. Os adultos, Tom e Draco olharam-no com espanto quando ele escancarou as portas com um estrondo. Sua magia opressora deixando o ar denso e crepitando ao seu redor. — Colin está em perigo! — Se aproximou a passos duros da mesa. — Preciso que vão buscá-lo, imediatamente! — Jogou a nota para Lucius. — E tragam Dennis! — Lucius e Sirius trocaram um olhar e se levantaram. — Maldita licença de aparatação! — Hadrian rosnou, voltando a andar de um lado para o outro, mordendo os lábios em frustração. — Vocês vão ter que me ensinar essa merda o quanto antes! — Olhou para Remus e Narcisa. Ragnuk e Maray se aproximaram, os semblantes preocupados para seu filho.

— Hazz... — Draco tentou se aproximar, trocando um olhar preocupado com Tom.

— Não comecem a querer me acalmar! — Estalou. — Eu não vou me acalmar até ter Colin nos meus braços! Eu preciso saber que ele está bem! Senão eu juro pela minha magia que destruo toda Londres até encontrá-lo! — Seus olhos verdes brilharam intensamente conforme sua magia se intensificava. Nyx e Hera entraram rastejando pelas portas, mantendo-se numa distância segura para não fazerem Hadrian se sentir sufocado. Fawkes pousou no encosto de uma cadeira e começou a cantarolar uma melodia calmante, o que conseguiu apaziguar um pouco o interior fervente de seu mestre. — Vamos! — Puxou Lucius e Sirius para fora, para longe das proteções a aparatando para o seu destino.

— O que diabos aconteceu? — Remus sussurrou para Narcissa. Ambos preocupados com o estado do pequeno Colin, qualquer coisa que deixasse Hadrian tão preocupado não deveria ser bom.

— Nada bom. — A mulher suspirou.

 

Dennis conseguiu se esgueirar para o quarto de seu irmão quando os pais foram ao mercado. Ele mentiu dizendo que ia dormir, então foi fácil entrar no quarto do irmão. Colin estava sentado em sua cama, tentando comer alguma coisa que Isabel o trouxera mais cedo. A garganta apertada, assim como o peito, a preocupação o correndo. O medo da rejeição, de Hadrian o olhar com nojo e ódio como seus pais, de ser abandonado pela pessoa que ama.

— Vemos, Linlin. Você precisa comer alguma coisa. — Dennis sentou-se ao lado do irmão, pegou o talher e o levou a boca do maior. Colin se forçou a comer, por ele. — Logo seu Príncipe encantado vai te resgatar. — Tentou animar o mais velho.

— E se ele me odiar? — Perguntou num sussurro quebrado, as lágrimas voltando aos olhos.

— Hey. — Dennis segurou uma mão trêmula. — Ele não vai te odiar, mano. Ele te ama. E você sabe disso. Ele... — Sua fala foi cortada quando escutaram a porta da frente sendo destrancada, passos apressados correram escada acima e a porta do quarto fora escancarada com um chute.

Lá estava ele, seu Príncipe encantado. Hadrian exalava a magia mais densa e perigosa que os loiros já tinham sentido. Seus olhos verdes brilhando anormalmente de preocupação, o peito subindo e descendo pesadamente, as mãos tremulas, gostas de suor frio escorrendo pelo rosto e pescoço. Colin e Dennis se viram fascinados com a magia do moreno, os rodeando e protegendo, uma sensação quente e alegre os consumiu.

— Colin...

Hadrian correu os poucos metros que os separavam e agarrou o pequeno corpo contra o seu. Seu coração doendo ao sentir o outro tremendo e chorar violentamente. Colin não pode se segurar, ele precisava de Hadrian. Precisava de seus braços, da sua magia, do seu conforto. Ele sentia-se tão seguro com o moreno, suas preocupações levadas para longe de si, ficando apenas o amor avassalador que sentia pelo maior. Lucius e Sirius não entraram no quarto, era um momento particular e não iriam se intrometer. Dennis se afastou um pouco, feliz por saber que seu irmão estaria seguro com Hadrian.

— Está tudo bem agora, amor. — Segurou o rosto do loiro delicadamente, limpando suas lágrimas com os polegares. Encarando os olhos negros cheios de dor e traição. — Eu estou aqui. Nada vai te acontecer. Eu não vou deixar. — Prometeu. Colin acenou fracamente com a cabeça, se aconchegando nas mãos macias que seguravam seu rosto. Seus olhos fecharam, para se permitir apreciar o doce toque do garoto que amava. — O que aconteceu? — Perguntou depois de um tempo.

— Meus... Meus pais... — Colin admitiu com a voz embargada. — E-eu decidi me assumir para eles. Eu tinha medo, eles são muito religiosos. Mas... Como aceitaram a magia, achei que me aceitariam. — Seus dedos se apartearam fortemente contra o tecido da camiseta de Hadrian, que nunca deixou de segurar seu rosto, o acariciando delicadamente para o encorajar. — Eu não achei que... Que eles fariam aquilo... — Estremeceu. Dennis viu os olhos verdes de Hadrian brilhando perigosamente conforme seu irmão falava o que havia acontecido. — E-eles me usaram todo esse tempo. Estavam coletando provas do mundo bruxo e espalhando a verdade para as pessoas. E então eles chamaram o Reverendo Christian para tentar expulsar o demônio de mim... — Encolheu-se ainda mais e lágrimas voltaram a escorrer de seus olhos. Hadrian o puxou para outro abraço apertado, reprimindo sua magia para não destruir tudo ao seu redor. Seu peito ardendo em ódio e desejo de vingança. — Eles banharam um cinto com água benta e me davam cinco chicotadas por dia... Mas o demônio não foi embora. Então procuraram o Reverendo de novo. E-eles me levaram para a Igreja e fizeram um exorcismo... — Seu choro sôfrego quebrou o coração de qualquer um naquela casa. Sirius e Lucius, mesmo não querendo, escutaram o relato e estavam fervendo de raiva. — A-a água benta machucou tanto, Hadrian... E-eu senti minha pele derretendo... E-eu não sei o que aconteceu depois... Era tanta dor. Eu só apaguei. — Se apertou ainda mais contra o corpo do maior. — Eu percebi que tive uma explosão mágica. — Hadrian paralisou, a frase ecoando pela sua mente nublada de raiva e preocupação. — Não sei como estou vivo ainda. E-era para eu ter morrido, Hadrian... Sou um demônio imundo... E ainda assim estou aqui, contaminando você e Dennis com minha sujeira... Vocês deveriam ir embora. Eu deveria ir embora. Livrá-los da minha podridão... Para sempre...

— Nunca, me escute bem, nunca mais repita algo assim. — Hadrian disse com firmeza e apertou ainda mais o corpo contra o seu. — Você não é imundo, nem um demônio. Você é o meu doce Sunflower. Meu amado Colin. E eu não irei permitir que te machuquem, nunca mais. Vou levar você e Dennis comigo. Você será tratado. Assim como você cuidou de mim depois dos Dursley, eu irei cuidar de você. Eu te amo, Colin. Você é muito importante para mim. Eu daria minha vida para que você seja feliz mais uma vez. Agora... — Olhou nos olhos de seu amor e sorriu docemente. — Durma, Sunflower. — Beijou-lhe a testa, inundando o outro com sua magia e o forçando a dormir. Assim que Colin adormeceu em seus braços, Hadrian o aninhou e admirou seu rosto delicado. — Vocês podem preparar as coisas. Partiremos imediatamente. — Ordenou para Dennis, Lucius e Sirius. Os três correram para cumprirem a ordem. — Só... Me deem um segundo. — Hadrian colocou Colin na cama, e se retirou para os jardins do fundo.

Quando ele ergueu os olhos para o céu noturno, quando a luz prateada da lua e das estrelas o inundou, quando o vento o beijou, Hadrian sentiu seu autocontrole se estilhaçando. Curvando-se para frente, agarrando o peito com força, os dentes cerrados, os olhos fechados fortemente. Ele estava se deixando levar pelos sentimentos avassaladores. Hadrian nunca viu a sua magia ao seu redor. Um redemoinho do poder mais cru e opressor o rodeando, como se ele estivesse no olho de um furacão. Verde e preto o rodeavam a um raio de seis metros, girando violentamente ao seu redor.

E então, seu corpo arqueou-se para trás, os braços abertos, e ele se libertou. Liberou tudo o que havia reprimido em um berro gutural. Sua garganta e peito ardiam como as chamas do Inferno conforme a sua voz era jogada para fora. Seu coração comprimido contra o peito de tanta raiva e preocupação. A esfera de magia voltou para dentro de si em milésimos de segundos, apenas para sair como uma explosão avassaladora. Onda após onda de magia fora se espalhando rapidamente. Metro após metro. Quilometro após quilometro. Todo o Reino Unido, Irlanda, Países Baixos, Luxemburgo, Bélgica e algumas partes da França, Alemanha, Dinamarca e Suíça se viram mortificados com a onda de puro poder que os assolavam.

O chão sob seus pés estremeceu violentamente, a terra rachou e a grama morreu, as luzes explodiram, as casas vacilaram em suas fundações, o céu escureceu e nuvens elétricas surgiram. Raios caíram aleatoriamente, trovões rasgaram os céus, a chuva caía como adagas afiadas e pesadas, o vento rugia, levando seu grito para longe. Todos que foram pegos na explosão se viram caídos no chão, a pressão atmosférica muito elevada para seus corpos suportarem, o ar denso demais para entrar em seus pulmões, as unhas arranhavam desesperadamente as gargantas, as lágrimas de pavor rolavam em abundância, os corações batendo tão rápido que quase pararam. Todos sabiam que algo terrivelmente ruim estava acontecendo, e eles temeram por suas vidas.

Pulsando como os batimentos cardíacos, a magia de Hadrian deixava seu corpo. Cada onda ainda mais forte que a anterior, levando ainda mais desespero e destruição para as pobres almas que foram pegas pela explosão. Longe dali, em Wiltshire, a Malfoy Manor estremeceu, suas poderosas e antigas proteções falhando, a estrutura rachando e rangendo, os habitantes caídos no chão em sofrimento. Nyx se contorcia no chão sobre a pressão da magia de seu filhote, ela podia sentir toda a sua dor e angústia. A estava consumindo, a destruindo, a dor de seu filhote era intensa demais para suportar. Ela conseguia escutar os seus berros, tão alto como se estivesse logo ao seu lado.

Na The Burrow não foi tão diferente. Os Weasley também estremeciam com a onda de poder que os assolou. Os gêmeos sabiam, eles podiam escutar... Hadrian sofrendo, e isso os estava matando. Era tão doloroso... Na casa de sua avó, Neville chorava no chão. Fraco demais para fazer qualquer outra coisa a não ser lamentar os sentimentos que o consumiam. Sentimentos estes que ele sabia que vinham de Hadrian. Ele conseguia diferenciar a magia, sentir suas emoções, ouvir seu sofrimento. Era devastador.

Hogwarts quase ruiu. A magia do castelo enfraquecendo perigosamente. Por breves segundos as proteções anti-muggles ruíram, o castelo estava visível para qualquer um, sem proteção nenhuma. Sua estrutura apodreceu como se uma praga a assolasse, grandes pedaços de pedra despencaram, toda a vida da propriedade apodreceu, como se estivesse morrendo. Os funcionários que permaneceram na escola durante as férias se viram imponentes. Caídos no chão, tremendo violentamente como se a Maldição Cruciatus estivesse sobre si. Dumbledore sentia seu coração falhando, tão perto de um ataque cardíaco, tão perto da Morte. Ele conseguia vê-la, conseguia sentir suas mãos gélidas sobre seu peito comprimido contra o chão de pedra, ele sentia seu hálito em seu pescoço. Ele sentia a magia de Hadrian o consumindo, queimando seu núcleo mágico, roubando sua magia, punindo-o. Aquele garoto era a destruição.

Voldemort gritou. Pettigrew e Barty se viram inconscientes ao lado de seu mestre. Nagini contorcia-se violentamente no chão ao lado de seu bruxo. Ambos sentiam ainda mais intensamente a explosão mágica. Eles sentiam suas almas sendo dilaceradas e pulverizadas com o mais puro e avassalador sofrimento. O homúnculo deformado que o Dark Lord era naquele momento urrou com todas as suas poucas forças. Aqueles sentimentos não eram dele, aquele sofrimento não era dele. Aquela dor, aquela raiva, nada daquilo era dele. E ainda assim, estava o consumindo como Fiendfyre. O destruindo lentamente. O matando. E, pela primeira vez na vida, Voldemort não temeu a Morte. Ela era uma certeza na sua mente sofrida, e ele a desejou para que tudo aquilo parasse de uma vez por todas.

Gringotts teve um destino parecido com o de Hogwarts. Raízes escuras irromperam do chão do Diagon Alley e subiram por sua estrutura elegante, seus candelabros de cristais despencaram, as velas irromperam em chamas como o Inferno, o dragão em seu subsolo urrou e cuspiu fogo para o alto, vagonetas despencaram no poço sem fim de sua estrutura subterrânea, a porta que dava para o Reino Goblin rachou. Os habitantes do Reino se viram horrorizados, por poucos segundos todos viram seu lar paradisíaco completamente destruído e abandonado. Qualquer sinal de vida havia desaparecido, as casas em ruínas, a natureza morta, a escuridão de uma pesada nuvem de cinzas os cobrindo. Em um pensamento coletivo, todos sabiam o que significava aquilo... “Hadrian.”

Os goblins entraram em pânico. Mesmo que conseguissem se manter mais estáveis do que os bruxos, eles também estavam em sofrimento. Seus passos vacilando e os olhos lacrimejando, eles viram com horror o cofre mais antigo e poderoso de todo o mundo ter suas proteções quebradas. A pesada porta fortemente protegida por séculos de magia ancestral ruiu com um som opressor. Todos no banco escutaram o som da porta vindo ao chão, os goblins encararam desacreditados um brilho roxo passar voando por eles como um raio. Eles sabiam, sentiram em sua magia, aquele artefato arrombou as proteções do cofre Pendragon.

 No meio do saguão a esfera de luz roxa parou, flutuou alguns metros no ar, como se estivesse se localizando. Os goblins viram através do brilho cegante. Um dos artefatos mais poderosos que eles já guardaram em todas as filiais através do mundo. E um dos mais perigosos também. Era um único brinco, sua estrutura de iridium “abraçava” uma gema em losango de ametista. Como se fossem delicadas videiras o iridium prateado circulava a gema como se a estivesse segurando. A aprisionando.

Os goblins contiveram um guincho de medo quando a joia saiu em disparada pelas portas escancaradas do banco. Voando velozmente através da tempestade que cobriu a área afetada pela magia de Hadrian. Um borrão roxo que passou despercebido por todos. Distraídos demais com o sofrimento e o medo da Morte.

 

— Você consegue ouvir? — Um homem de longos cabelos negros e olhos vermelhos perguntou em desespero. Todos os seus servos estavam caídos no chão, gemendo, chorando e convulsionando. Ele próprio estava se esforçando ao máximo para não cair, todo o seu corpo desejava jogar-se no chão e se deixar consumir por aquele desespero. Mas algo o manteve firme. Um grito. No fundo de sua mente, ele podia escutar o chamado de uma alma em sofrimento.

— N-não, meu rei... — Um dos seus servos mais fortes, que se mantinha de joelhos ao seu lado, respondeu entre pesadas respirações. Estava dando tudo de si para se manter firme, para manter seu senhor a salvo de um possível ataque.

O rei conseguiu olhar pela janela, o mundo ruindo do lado de fora de suas muralhas. Ele sabia. Alguém muito poderoso estava em sofrimento naquele exato momento.

 

Só quando Hadrian caiu de joelhos na grama enlameada, exausto e frio, sentindo-se livre de um peso avassalador, foi que o tempo voltou ao normal. Sua magia foi se dissipando no ar, como as cinzas de uma fogueira. Aos poucos as coisas voltaram ao “normal”. Alguns sinais da destruição continuaram; como estruturas rachadas, ou lâmpadas queimadas ou vegetações mortas. Mas a pressão atmosférica estava voltando a ser estável, as nuvens pesadas e elétricas começaram a desaparecer, as pessoas voltavam a respirar e os tremores diminuíram.

Com corpo exausto e o núcleo mágico leve, Hadrian se deixou ser levado pelo entorpecimento. Permitiu-se cair na grama molhada e suja, sentindo o frio contra sua pele escaldante. Seus olhos fechando, sem nem mesmo ver a esfera de luz roxa se aproximando de si. Hadrian nunca viu o brinco se alojar na sua orelha direita, nunca viu o brilho roxo consumir seu corpo, nunca sentiu o calor da magia estrangeira se ligando a sua, nunca sentiu o contentamento que o seu núcleo vibrava. Exausto demais para captar qualquer coisa.



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