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História The Rose - Vulcão de emoções


Escrita por: carat_mar

Capítulo 13 - Vulcão de emoções


Passo o fim de semana de cama. Fiquei doente, devo ter pegado alguma gripe e sinto febre desde sexta de noite. Talvez tenha sido a friagem, eu não sei bem. Mingyu veio no domingo de tarde me ver, mas segundo sua experiência, eu não tenho qualquer vírus gripal. 

Estou quente por ficar enrolado dos pés a cabeça, trancado no quarto sem abrir a janela há dois dias. Os espirros foi a poeira que se aculou no quarto. A fraqueza que sinto é devido a falta de alimentação; a última coisa que comi foi a lasanha de WonWoo. Se fosse gripe, minha febre estaria com 40° e teria vômito constante ou diarréia. 

A recomendação de Mingyu foi vergonha na cara. Nas exatas palavras dele: Tome um banho e coma que você melhora. Está com a mesma roupa que te vi sexta de noite!” 

Mas a fraqueza tremenda não me deixou dizer uma palavra. 

Podia não ter nada, mas a dor era real. Sentimental. “Hyung… Quer me contar o que houve?” Mingyu tentou de tudo, mas não disse uma palavra. Só pedi ajuda para levantar e tomar banho, porque vendo como ele estava bonito, me senti horrível. Mas um banho não lava tudo o que tenho de feio. 

Penso em Minghao do outro lado do corredor e como seria possível ele gostar de mim. Meu irmão disse que o encontrou lá embaixo quando chegou e perguntou como eu estava, já que não falei com ele desde a noite do jantar. A resposta dele foi que eu estava gripado, e secretamente agradeci. Seria suicídio pedir que ele venha me ver. 


“Oi! Mingyu me disse que pegou gripe. Caso fique muito mal, pode me chamar. Espero que fique bem logo!”


Mas a mensagem dele não ajudou em nada. 

Na segunda feira, minha consulta na psicóloga foi cancelada. Levei outra bronca do mais novo, e olha que ele não gosta de brigar comigo, ele me respeita muito. 

Fui para a casa dos meus pais com Nina. Lá me senti um pouco melhor, comendo os biscoitos e pudins da mamãe. 

Contei a eles sobre WonWoo e que gostei dele, não tenho mais medo e sugeri que mamãe podia fazer um almoço como sempre quis, todos juntos. 


“Você sumiu! Não ouço nem Nina latindo recentemente, nem quando vou bater na porta. Então o porteiro me disse que a última vez que te viu estava com mala. Pra onde foi?”


Ignorei aquilo, finjo não dar a mínima ou vou ficar doente de novo. Não só aquela, mas todas as outras que vieram depois. 


Jun, aconteceu alguma coisa depois da sua gripe? Por acaso você foi se tratar em algum centro médico na Suíça? Duvido, já que você detesta altura não entraria em um avião. Mas qual pílula de sumiço você tomou?” 


Toda vez que eu via notificação de mensagem dele eu largava o celular em um canto. Ou desligava e fingia que havia descarregado. Eu sou bom em inventar desculpas. 


“Desculpe as brincadeiras, sei que você não gosta, mas vou chamar a polícia. Vou mandar começar interrogando seu irmão. Eu sei onde ele mora, então não duvide de mim, Wen Junhui!”


Continuo ignorando. 

Dei graças por minha mãe não ter perguntado dele, acho que Mingyu contou que alguma coisa deu errado. Como não tenho coragem de perguntar, só deixei passar. 

Todas as tardes eu brincava com Nina no jardim, não ia para rua. Só quando mamãe pedia companhia para algum lugar. 

Olhei meu pai mexer no motor do carro, porque não ia ajudar e ficar sujo de graxa. 

Enfim, o tempo longe da minha vida chata melhorou um pouco da minha dor. Cinco dias depois eu voltei pra casa renovado. 

– Oi, senhor Wen. – O porteiro fala comigo quando papai me deixa de carro. 

Apenas sorrio e entro. Vou dar uma olhada na minha caixa de correio que não vejo tem uma semana. Só havia conta de condomínio e um envelope muito estranho. Estava sem destino e remetente, significando que colocaram aqui. 

Subo para o meu apartamento mais que depressa. 

– Tem alguém querendo matar a gente, Nina. – Tranco a porta com todas as fechaduras. Largo minha mala na sala e abro o envelope. Havia dinheiro e um bilhete em folha de caderno. 


“Minha encomenda chegou, quero te agradecer por ter me deixado comprar. Pensei que tivesse atingido um bom nível da sua confiança, principalmente quando me convidou para te acompanhar naquela noite. Sei que passou uns dias doente, gostaria que viesse aqui depois. Mas acho que você não irá me ensinar a arrumar o guarda roupa. Não fará mais nada comigo, não é? Merda, eu queria saber o que está acontecendo! Porque não me diz? Só responda minhas mensagens, e diz se não quiser me ver. Por favor.” 


Ler aquilo tirou a tranquilidade que eu sentia. 

Comecei a chorar de novo. 





Como nunca passei por um momento como este, sozinho, procurei na internet como melhorar meu ânimo. Perguntei no Twitter “qual o remédio para dor de cotovelo?” e a maioria respondeu a mesma coisa “COMIDA”. Poucos disseram compras, e outros bebidas. Mas não sou comprador compulsivo e nem bebo. 

De pensar que da primeira vez foi fácil, eu só tinha quatorze anos e mamãe estava lá para me ajudar a superar. Agora é mais complicado. 

Pedi muita comida chinesa. Não sei se por fome, por vontade de afogar a mágoa, ou porque foi o que comi com Minghao dias antes. 

– Como vai, senhor Wen? – O entregador de sempre fala comigo. 

– Olá. 

Ele me entrega tudo. 

– Boa noite, até a próxima. 

Dou um cumprimento de cabeça. 

O rapaz está arrumando a bolsa de entrega para colocar nas costas de novo. Espero para não ser mal educado, ele é uma das poucas pessoas que não forço tanto. Talvez por vê-lo quase sete dias por semana. Ele termina e põe a mochila nas costas, quando ouço uma porta abrir bruscamente e um moreno muito irritado sai do apartamento vizinho. 

– Wen Junhui! Onde você esteve a última semana inteira? Não retornou minhas mensagens, nem teve o trabalho de me ligar e pelo menos me acalmar! Eu vou te matar, seu idiota! – Minghao está furioso, sua voz ecoa no corredor. 

O entregador e eu nos assustamos. A única vez em que vi Minghao deste jeito fora quando nos conhecemos, e ele realmente parecia capaz de bater em alguém. Hoje, sinto isso de novo. 

– Fala, Junhui! – Ele exige. Só fala o meu nome quando impõe. 

O entregador me olha, saiu de fininho, com um risinho no rosto. Acabou que deu passagem para o outro parar bem na minha frente, eu via toda a vermelhidão de seu rosto. 

Como Minghao pode ser tão bonito, até com raiva de mim? Abro e fecho a boca, envergonhado pelos vizinhos estarem ouvindo um escândalo. Porém, uma parte de mim estava com saudade dele e gosta de revê-lo. 

– Desembucha! – Bate no meu ombro. Ele pode e vai me matar. 

Fico sem reação, a comida no meu braço começa a escorregar, então para não fazer cagada, entro com a embalagem. Deixo sobre a mesa e pretendo voltar para porta. 

– Não fuja de mim com sua comida. – O moreno entra atrás de mim e bate a porta. 

– Minghao, eu… – Quando o vejo na minha sala, fico pior. O corredor me dava uma sensação de que poderia fugir, aqui estou trancado com ele. 

– Você o quê? Vai dar uma festa com toda essa comida? Porque aí tem muita coisa ‘pra um só, a não ser que esteja com lombriga. – Resmunga. 

– Não, é 'pra mim. – Parece o dia que nos conhecemos. 

– Duvido! Aliás, duvido de tanta coisa sua agora… Tem me evitado por mais de uma semana, e eu nem sei se ficou doente de verdade. O que ‘tá acontecendo? – Minghao está tão confuso que enruga a testa para mim. 

– Ia te ligar. – Sequer encontro palavras, só consigo ouvir meu coração bater acelerado e minhas mãos ficam encharcadas com a pulsação alta. Estou começando a ter ataque de pânico. 

– Ia mesmo? – Ele sabia que era mentira, por isso ficou triste. 

– Sinto muito, eu… – Não sei o que explicar. 

– Sente, é? É estranho quando você diz que me quer por perto, que minha amizade é importante ‘pra você, mas sem razão nenhuma você some. 

– Foi muito repentino, não quis te assustar. – Meus olhos se enchem. 

– Ah, e como acha que eu fiquei? Eu disse que ia ligar ‘pra polícia. Comecei a achar que seu irmão tinha feito uma lobotomia em você. 

Pisco. Confio muito no Mingyu, mas não o suficiente para deixá-lo treinar cirurgias em mim, ou me voluntariar para algo experimental. 

– Diz alguma coisa ‘pra mim. – Minghao cruzou os braços e esperou algo mais digno. 

– Devia ter dito ‘pra você onde estava, é que eu passei por um momento ruim. 

? E porque não me chamou? Eu tava bem aqui do seu lado. – Ele gesticula, decepcionado. – Por acaso estava achando que eu te passei gripe? 

Bufo. 

– Não. Foi… Outra coisa. – Foi amor. Queria ter dito isso, mas era impossível. 

– Nessa parte até acredito, porque tenho certeza de que não estava doente. Mas você não ia falar comigo, eu sinto quando olho ‘pra você. – Sua decepção aumenta mais, saber que não o contatei, que não o considerei em momento nenhum. 

– Precisava ficar sozinho. Então fiquei com os meus pais. – Explicando fico sem fôlego. Posso desvencilhar a qualquer momento. Não quero ter que olhar para Minghao triste, por minha causa que fui um péssimo amigo. 

– Sozinho? Foi uma crise de sociofobia? 

– Mais ou menos. – Seco os olhos. Achar que uma pessoa não gosta de mim tem um pouco a ver. 

– Foi por causa do WonWoo? Caramba, Jun. O que eu tenho feito com você ultimamente? Te ajudado, eu merecia saber. – Enruga a testa. 

– Não… Quer dizer… – Fico de boca aberta, não sei como falar sem envolver ele ou meus sentimentos. 

– Para de me enrolar. Eu quero a verdade. O que foi? 

Cruza os braços com força, fazendo bico e posso jurar que ele quase chorava. Ao contrário dele, não me retraio, deixo as lágrimas caírem e passo as mãos nos cabelos. A maior idiotice da minha vida foi essa, de deixar um homem se aproximar. A culpa não é dele, mas Minghao se sente péssimo e eu simplesmente não sei como confortá-lo. 

– Eu só quero que seja sincero comigo. Esse tempo todo eu lutei para conseguir sua confiança, você sabe tudo da minha vida, e porque não pode me dar o mesmo? – Sim, Minghao estava emotivo, a ponto de chorar com a decepção que o causei. 

Confiança na amizade dele eu tenho. Mas e além disso? Como saberei? Ele poderia me amar, com todos os meus defeitos, as minhas manias estranhas, e meu irmão muito mais interessante do que eu? Essa é uma das razões que me faz ter medo das pessoas; não saber se eu vou agradar e elas vão se interessar mesmo que amigavelmente por mim. 

– Parece fácil com você falando, mas não é. – Choramingo. Se tratando de amor, paixão, por Minghao, bem, a situação toda piora.  – Uma coisa tá muito errada comigo, só por isso fiquei longe. 

– Devia ter me contado. – Sua expressão fica muito diferente de quando chegou. A tristeza aumentou e deu lugar para uma vermelhidão diferente, de agonia. Minghao quer me ajudar. 

– Tive medo que piorasse, e eu tava certo: só piora conforme o tempo passa… Por favor, vai embora. – Caio de joelhos no chão, escondendo o rosto. 

Eu poderia dizer a ele. Mesmo que não goste de mim, como eu dele, talvez sua amizade me dê respeito. Seria um risco, mas quem sabe valesse a pena. 

– Eu te ajudo! – Ele se aproxima. 

– Por favor, não. – Peço que se afaste. Eu jamais conseguiria, o estrago que meus sentimentos por Minghao fizeram no meu peito não iam deixar eu contar e ser só seu amigo. – Dessa vez não tem como você me ajudar. Tudo ficou muito diferente, nem você nem ninguém pode me ajudar. SAI! 

Grito a última. Meu coração pronto para virar pedacinhos, eu sou covarde. 

– Ir embora? O quê? – Só ouço sua voz, muito irritada agora. 

– Minghao, eu estou sufocando com você aqui… 

Bato no chão, querendo abrir uma fenda para respirar. Puxo o ar com toda a força, mas não vem. Outra vez não vejo as paredes se moverem, mas ter Minghao no mesmo lugar que eu é como se ele tomasse o meu ar. Minha existência inteira é sugada. 

– Jun, calma. – Escuto passos, e sem prever aquilo sinto sua mão puxar as minhas. 

– Não, por favor! Vai embora e me deixa sozinho. Não quero que encoste em mim. – Fico com medo da reação que posso ter. É difícil demais. 

– Meu Deus, relaxa… Estou com raiva, mas não vou te bater. Até parece que não sabe! – Ele tenta de novo. – É disso que estou falando. Confia em mim e diz o que foi. 

– Para! – Quase o empurro. – Não dá ‘pra falar com você. COM VOCÊ NÃO DÁ! 

Bato os punhos no chão. Talvez ele tenha medo de mim e vá embora. Nunca fiquei agressivo, mas ele não sabe. 

– Mas… O que eu fiz? 

Levanto o olhar e o vejo. 

– Nada, eu só… – Vem um soluço muito grande na minha garganta. Por um instante acho que é o meu coração, prestes a me matar. Os olhos de Minghao estão esperando uma resposta, hipnotizando cada pedacinho de mim. Porque eles fazem isso comigo? Tiram o pouco que tenho da cabeça de órbita. – Eu gosto de você, Minghao. Isso não devia ter acontecido, estou apavorado porque não sei como me controlar. 

Abraço os joelhos. 

Consigo deixar de ouvir meu coração, prendo a concentração nele e preciso de uma reação. Qualquer uma. 

Ela vem bem rápido. 

– HÃ? – Minghao bufa e ri. 

Não. Aquilo não podia acontecer sem eu ficar ainda mais amedrontado. Com mais vergonha de aceitar sua amizade e não saber lidar com ela. 

Vejo sua vermelhidão, agora por cair na gargalhada. 

– Obrigado por me despedaçar mais! – Agarro os joelhos com força e desejo morrer. Com a decepção é possível. Achei que Minghao fosse meu amigo, fosse me dar o mínimo de carinho para superar essa dor dentro de mim. 

– Jun. Para! – Ele me puxa para vê-lo. – Jun. Olha pra mim! – Reluto. Ele quer me ver sofrer. – Droga, me escuta. Só estou rindo porque foi de surpresa. 

– Eu sou imbecil de acreditar em você. Diz logo o quanto sou idiota ‘pra você! – Apesar dele me puxar, reluto com a cabeça. 

– Deixa de ser ridículo. Eu também gosto de você. – Ele diz em meio ao riso. Gelo totalmente e levanto o rosto. Sua expressão é contente, tem uma lágrima escorrendo na bochecha. – Você é idiota só nesse momento. Pode me ouvir agora? 

– Eu… Hã? – Respiro, mas não entendo o que ele quer dizer. – Você… 

Meu peito sobe e desce rápido. Está bem mais longe de eu respirar. 

– Meu Deus, Jun! Você ‘tá bem? – Minghao tenta segurar meu rosto entre as mãos, mas não deixo. 

Correu para longe de mim, fico inclinado para a frente do chão, tentando encontrar um ritmo para respirar. Ele só pode ter brincado comigo! Disse aquilo para piorar minha crise e agora vai me deixar aqui morrendo. 

Solto um longo grunhido. 

Em passos apressados ele retorna para a minha frente e segura meu rosto. Suas mãos têm cheirinho de álcool em gel. Minha bombinha de remédio aparece com ele, que me ajuda inalar. 

– Aqui, pega. – Ele diz suave. 

Aceito sua ajuda, porque ele está com as mãos limpas. Aspiro o remédio uma vez e já sinto meus brônquios se abrirem. Outra vez e já sinto o ar ardendo quando passa. 

Argh – Arfo. 

– Respira. Fica calmo. – Minghao arruma meus cabelo que bagunçaram. Não consigo falar, mas olho fixamente para ele, que sorri doce e segura um choro. De que seria? 

Minghao me puxa para perto dele, que senta melhor no chão. Ele me faz deitar nas suas pernas, com a cabeça para cima e relaxar o corpo. Foi bom tirar o peso dos meus músculos, ainda mais depois que um arrepio percorreu por todo ele ao ter um carinho feito na cabeça. 

– Calma. Já passou. – Ele sussurra. 

Deus, aquilo era verdade? 

Uma vez li que o céu, o paraíso, são os nossos sonhos. Ou seja, quando morrer, você viverá eternamente aquilo que sempre desejou. 

Eu morri asfixiado. 

Shhh Respira. – Ele deve ter visto a ruga na minha testa e massageou ali. – Não pense em nada. 

– ‘Tô bem. – Digo, por fim. 

Pego a mão macia dele. A mão macia dele me deu a certeza de que estou vivo. Sou apenas acariciado por um cara lindo e gentil, na vida real. Nem sonho era! De cabeça para baixo, o vejo sorrir. Seu polegar massageia toda minha mão. Minghao deu um risinho. 

Não sei quanto tempo o vejo de cima. 

– Isso… ‘Tá acontecendo? – Levanto por fim. 

– Sim. Bobo! – Ele senta de pernas cruzadas na minha frente. – Passei a semana preocupada com você e acha que foi de graça? 

– Mas… Não faz sentido. – Olho para os lados. 

– O quê? Uma pessoa gostar de você? 

– Não… Sim. – Bufo. 

– É tão cego que não percebe nada em sua volta, Jun. Já devia saber que nunca adivinharia. Eu fiquei esse tempo todo aqui com você com tanto carinho… 

– A única coisa que vejo aqui é... Um cara problemático e um cara… Lindo demais para gostar de mim. – Por um momento ele sorri, tão feliz com o elogio e ilumina o seu rosto. Mas depois muda. 

– Isso não é verdade. Problemático? Você é incrível ‘pra mim, não se auto sabote. Gosto mesmo de você. – E ele deu aquele sorriso de meia lua, que por uns dias me torturou tê-lo guardado na mente. 

– Por isso acho que estou sonhando. Eu sou… Todo estranho. Não devia gostar de mim assim. – Gesticulo mostrando o que eu sou, sempre um cara a ponto de ter ataque de pânico. 

– Não me importo com essas estranhezas, você é fofo com elas. – Mexeu na minha bochecha, como se eu fosse um ursinho. 

– Fofo? – Reviro os olhos. Só podia ser zombaria, eu não sou fofo. 

– Sim. – Ele ri e não me deixa ficar de pé. Quero sair de perto dele. – Me escuta! Eu não estou brincando com você, só quero contar como eu gostei de você. 

– Como você gostou de mim? – Pareço uma criança. Mas algo nele diz que está achando fofo. Fico de pé e o olho muito envergonhado. – Como eu posso ter sido capaz de fazer você gostar de mim? 

– Sendo você mesmo. – Ele levanta e fica bem próximo. Engulo em seco e caminho pela sala, apenas ouvindo sua voz. – Achei você legal no dia que nos conhecemos, esqueceu que eu te chamei ‘pro cinema? 

– Ah, claro! Você não sabia de nada ainda… Espera! – Viro de súbito. Bem que ele disse que eu não havia percebido. No começo só vi a paranoia: ele queria me esquartejar ou fazer algum ritual. Depois, não vi outras possibilidades. – Você tinha mesmo alguma intenção por trás daquilo? 

– Óbvio. – Dá de ombros. – Porque acha que fiquei super contente quando me ofereceu um jantar? Só tentei porque achei que você também queria. 

– Ah! Desculpe, não foi bem isso. – Abaixo a cabeça. 

– Percebi quando  você me contou a verdade… 

– É… Porque não pulou fora? Viu que eu era um total imbecil. 

– Não vou mentir e dizer que não fiquei com medo, mas resolvi tentar. Decidi porque você era doce e gentil, cauteloso. Eu gostei de você, poderia tentar ou me arrepender depois por não dar uma chance. 

– Mesmo depois de hoje? Acho que fui um grosso com você. 

– Sim, você foi. – Ele faz bico. Mas depois ri. – Acontece que eu amo cuidar de você. – Diz convicto. – Porque eu não posso fazer você se sentir diferente? Melhor? Quero muito te ajudar. 

– Sou diferente. Mas só que de um jeito ruim. 

– Você se acha estranho. ‘Pra mim você é maravilhoso, nunca conheci alguém assim. É isso o que quero fazer você sentir. 

– Verdade? 

Ele faz que sim e dá um passo. 

Olho para o chão. 

– Desculpa. Ninguém nunca gostou de mim, não sei como reagir. Achei que não me responderia do mesmo jeito. – Engulo em seco. 

O que devo fazer agora? Minghao dá um risinho. 

– Também já esperava por isso. Não é ruim Jun, deixa você pensativo e cuidadoso, de alguma forma acaba sendo saudável para preservar as coisas. 

– Só quando eu perco o controle é difícil de pensar. – Coço a cabeça. Minghao ri e concorda. Vejo seus olhos fofos que vêm como meia lua, me dando uma sensação quentinha no peito. É a primeira vez que sinto isso. 

Isso é bom? Maravilhoso. Minghao está na minha frente dizendo que também gosta de mim, nunca houve outra razão senão essa para querer me conhecer. Ser meu amigo. O tempo todo ele gostava de mim, antes de eu perceber que gosto dele. 

– Você está melhor agora? 

– Sim, só meio confuso. Minha cabeça parece um turbilhão agora. O que… A gente vai fazer? – Pergunto brincando com as unhas. 

– A gente… Pode ir com calma e ver o que vai dar. Bom, você quer tentar, não quer? Eu quero muito ficar com você. – Morde o canto da boca, apreensivo. 

Muita coisa está acontecendo, mudando tudo dentro de mim. Minghao é alguém que nunca imaginei conhecer, vontade de ficar com ele não me falta. Acho que só ele pode me fazer melhorar. Faço que sim, mordendo as bochechas. 

– Mas você sabe que nunca… Tive um namorado. – Digo com vergonha. 

– Lembro disso. 

– Então. Não é só ter você perto de um jeito diferente que será novo ‘pra mim. Tudo vai ser! E isso me dá um pouco de medo. – Engulo em seco, só de pensar em fazer algo errado. 

– Já vi o suficiente de você, Jun. Podemos ir com calma o tempo que for necessário, só peço que me deixe fazer você se sentir bem. É o que mais quero! 

– Também quero. – Ri de canto. – Você… Comigo. 

Abaixo a cabeça, encarando meu pés. Comecei a me sentir na adolescência de novo, com a sensação de um lindo garoto olhar para mim e não conseguir saber o quanto gosto dele. A diferença é que Minghao deve ter a mesma sensação. 

É gostoso. 

– Você fica lindo quando está tímido! – Ele ri, está a um passo de mim. Resmungo algo inaudível, alguma reprovação. – Você é muito bonito, Jun. Quer queira, ou não. 

– Não precisa me chamar de bonito só ‘pra eu ficar bem. 

– Acha que é mentira? ‘Tô falando a verdade, eu sempre achei você bonito. Por isso sempre detestei que se comparasse com Mingyu. Eu prefiro você. – Riu sem jeito. 

– Quê? Mas ele é mais bonito. 

– Não 'pra mim. – O sorriso dele é suave. – Eu disse isso uma vez, mas acho que não me ouviu. Estava ocupado se punindo. 

– Mas… – Tenho vontade de dizer o quanto ele é incrível. Será se consigo? – Também sempre achei você bonito. Foi o que mais me magoou essa semana inteira. 

– Sério? Bom, você me acha bonito e agora eu ‘tô aqui. 

A beleza do moreno parece ter se intensificado, me deixando muito fraco. Aquilo não foi ataque de pânico, mas meu coração ficou descompassado. Ele foi correspondido e agora está nervoso. Nervoso por Minghao estar chegando muito perto, com um sorriso arrebatador. 

– O que ‘tá fazendo? – Seguro seus ombros por cima da camisa. 

? Você gosta de mim e eu de você… A gente não pode se beijar? 

– Claro que não! ‘Tá maluco? – O mantenho longe. 

– Como é? – Franze a testa. – Jun… Você ‘tá pensando em germes bocais? 

Minghao cai na gargalhada. Tenho vergonha de mim, por atrapalhar tanto. Nem a beleza dele vai me fazer recuar no momento. Muito ainda precisa ser trabalhado em mim, espero que ele não fique chateado. 

– Eu havia esquecido disso. 

– Desculpa, eu quero melhorar… Vai ter que ser com mais calma ainda. Caramba, eu nem posso te beijar… – Bato na minha testa. – SOU MUITO IDIOTA! 

– Relaxa, Jun! Vamos fazer dar certo. De algum jeito. Ok? – Ele ri, de nervoso e ansiedade. Suas mãos, ainda limpas com álcool me seguram para eu parar. – Olha pra mim. A gente não precisa… Ser um típico casal agora. 

– Mesmo? Isso não vai ser chato? Entediante!? 

– Não. Estou disposto a seguir seu tempo. – Negou com a cabeça e sorriu sereno, mostrando toda a sua paciência. 

– Certo. Mas ainda assim, eu não quero que fuja por uma doideira minha. E se for demais para você? – Enrugo a testa. 

Ele sorri, me dando segurança. 

– Não importa o quanto seja difícil, vou fazer tudo para tentar. Tudo mesmo, Jun. Você acha que posso falar com sua psicóloga? Talvez ela possa me dar conselhos. 

Pisco. Talvez seja bom. Ele vai passar por muita coisa para ficar comigo, eu sou um vulcão de emoções que ele não tem ideia. Minghao precisa estar preparado psicologicamente para me enfrentar. 

Respiro aliviado ao ouvir aquilo. Minghao me compreende mesmo, está querendo se empenhar para nós. Para que a gente consiga ser feliz. 

– Claro. Dra. Kun é muito boa, pode descarregar tudo o que sente com ela. 

– Não vou te decepcionar. Prometo! – Minghao levanta seu dedo mindinho. 

Ergo meu dedinho, e pego seu dedo pela primeira vez, nossa promessa começa ali. Sinto tudo o que ele quer passar através do olhar. Não preciso de um beijo ou um abraço para ver o quanto Minghao gosta de mim. 



Notas Finais


Oi meu povo!! O JunHao finalmente aconteceu, não do jeito que a gente realmente quer por causa das manias do Jun. Mas eles estão "namorando" em condições especiais kkkkk Como acham que vai ser? Acham que vai demorar muito pra eles se tocarem? Até o próximo Capítulo. 😘


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