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História The Rose - Deixando o pesadelo


Escrita por: carat_mar

Notas do Autor


Segundo capítulo! SIMBORA!

Capítulo 2 - Deixando o pesadelo


O menino mais velho está quietinho, fazendo seus deveres da escola na mesa de escrivaninha, sem fazer qualquer barulho. Mingyu ainda dorme profundamente na cama alheia. 

Junhui alterna sua atenção entre o caderno e o pequeno menino, começando a ficar preocupado pelo avanço das horas que ele dorme. Já passou do almoço, e Mingyu não deu sinal de acordar. Talvez fosse o cansaço, a cama fofa e quente que o menino não sabia o que era fazia uns dias. Mas talvez a ansiedade de Junhui fosse a vontade de brincar. 

O quarto estava um grande silêncio, só se enchia de um som angelical quando Mingyu dava um leve ronco infantil. Até o momento que Junhui ouve um estrondo no chão! Primeiro olhou para a janela, achando de alguém ter jogado uma bola. Mas ela estava intacta. Assim que se volta para a cama, ele vê um Mingyu desnorteado levantando do chão após cair da cama. 

Junhui riu e foi ajudar o menor. 

– Ei, tudo bem? – Pergunta rindo. O mais novo está sonolento, não parece nem reconhecer o lugar. – Se machucou? Deixa eu ver sua testa. 

Estava limpa, sem sinal de batida. 

– Como você caiu, garoto? 

A cama cabou. – Mingyu coça os olhinhos. 

– Acabou nada! Você que não sabe dormir sozinho. – Junhui arruma os cabelos morenos do outro. 

Eu sei sim! A cama chegô no final... – E Mingyu mostra a beirada da cama. Está bravo, porque o outro disse que ele não sabe dormir sozinho. 

– Meninos grandes sabem se manter no espaço da cama. Eu nunca cai! Você que é um bebê. – Aperta a bochecha vermelhinha do menor. 

Beber! Água. – Mexendo os bracinhos, fazendo festa, ele entende como se Junhui fosse pegar para eles. 

– Não! Não é de beber, é de... – Junhui viu que o menino não entendeu, mas logo entendeu o que significava. – Ah, você quer água. Ok! 

Sempre que vai para o quarto estudar, ele leva uma jarra. Antes de ir, colocou Mingyu sentado na cama. Depois, com cuidado o deu de beber no copo. 

– Bom? – Sorriu ao perguntar. A resposta veio com a cabeça. – Vou avisar a mamãe pra colocar seu almoço... Quê isso? – Fica fixo em uma enorme mancha no seu lençol. – Você fez xixi na minha cama? Mingyu! Eu não acredito que você ainda faz xixi na cama! Seu porco! ‘Tá vendo, ainda é um bebê sim! 

Aquilo deixa o dono da cama furioso. Com sua mania de limpeza, só pode ter detestado. 

– MÃE! ELE FEZ XIXI NA MINHA CAMA! VAI TER QUE TACAR FOGO E COMPRAR UMA NOVA! – Junhui grita. O hóspede não entende nada, olha para ele confuso. – ‘Tá olhando o quê? Você pode ter algum verme, não quero pegar. 

Veme no bumbum? – Mingyu ri e põe a mão na calça. 

– Tira a mão daí! – Junhui bate na mão dele. 

Ouve-se uma risada fofa, de bebê vinda de Mingyu. Seus olhinhos chegam a se fechar, bochechas rosinhas dando vontade de morder. No ato do riso, colocou a mão na boca. 

– Seu porco! Tira essa mão suja de bunda e xixi da boca. MÃE! MINGYU PRECISA DE OUTRO BANHO! – Junhui sai no corredor gritando pela mãe. 

Mingyu se levanta e começa a pular, como se estivesse gostando da brincadeira de dar apelidos. 

Maylin entende as manias do filho. Foi dar outro banho em Mingyu e depois teve que cuidar da cama. Mas não ia tacar fogo, era muito exagero. Pediu para o marido trocar o colchão com o do quarto de hóspedes, e comprar fraldas depois. Era nítido que Mingyu não sabia fazer xixi sozinho. E como ela pensou, ainda bem que o menino só fez xixi, ou Junhui teria um ataque do coração. 

Após ter certeza de que sua cama ficaria limpa e Mingyu não estava mais mijado, Junhui desejou ir brincar com ele, mas precisou esperar um pouco. Huang chamou um pediatra, o mesmo de Junhui, para examinar Mingyu. 

– Então, ele está bem? Fico preocupada com esses machucados nos pés dele. – Maylin pergunta. 

O médico examina Mingyu no quarto dela e do marido, que também acompanha o processo. Junhui está escondido atrás da porta, quer saber tudo o que fazem com o menor. 

– Parece que não vão infeccionar, já estão em processo de cicatrização. Mas por preocupação vou dar um anti-inflamatório pra ele. Mingyu só está um pouco fora do peso, ele deve ter no máximo quatro anos, acredito que com uma alimentação boa ele fique mais forte. 

O pediatra diz olhando o menino brincar com seu estetoscópio. 

– Os sinais vitais dele estão ótimos. O que sabem dele além do nome que encontraram? 

– Nada! O juizado de menores só abre na segunda para eles tentarem descobrir quem são os pais dele. Só sabemos o nome da toalhinha e o que ele disse sobre estar escondido embaixo da casa a semana inteira. – Huang diz. 

O homem sabe que falando com a polícia eles procurariam o juizado, mas também não teriam sucesso e o menino ficaria largado com eles na delegacia. 

– Quero recolher fezes e urina dele, para ver se ele não tem nada. E sangue, se ele me permitir. – Sorri para o menino. 

Naquela hora, Junhui correu para o seu quarto, ele morre de medo de tirar sangue. 

Maylin sentou e colocou Mingyu em seu colo, para o pediatra fazer a coleta de sangue. Mingyu só derramou uma gota de lágrima, porque a mulher lhe acalmou rápido. A urina fora fácil de colher, as fezes demoraram um pouco. 

O pediatra foi embora dizendo que pelo domingo de manhã ligaria para falar os resultados, pois pediria urgência. 

– Está com fome? Hum? – Maylin continua com ele em seu colo. 

– Você foi um bom menino tirando sangue. – Huang o pega. 

Mingyu parece orgulhoso, abraça Huang pelo elogio. O homem gosta do carinho. Quando olha naqueles olhinhos ele vê o quanto Mingyu precisa de um lar. Vinha a lembrança de quando conheceu Junhui, tão sozinho como o menino em seus braços. E todo conforto que estão dando a ele parece que foi o suficiente para o menino esquecer de onde veio. 

– Querido, o que vamos fazer com ele? 

– Ainda estou pensando numa solução. Não quero jogá-lo num abrigo, sem ninguém para cuidar amorosamente dele. Mesmo esse rostinho sendo fofo, as pessoas de um orfanato tem mais crianças para cuidar. – E Huang falava isso por saber como foi para Junhui. 

– Nem fala! Lembro como Junhui era quando o trouxemos. Deixar Mingyu sofrer os mesmos traumas seria um pecado muito grande. – Maylin dá um longo beijo no menino. 

– O que quer fazer? 

Os dois se entreolham. A mesma ideia passa em ambos. 

Junhui sai do seu quarto percebendo que o médico já liberou Mingyu. 

– Deixa a gente brincar lá embaixo? Coloca ele no chão! Pode? – Os pais começam a rir, vendo que não foram os únicos que gostaram de Mingyu. 

Os meninos foram brincar na varanda da frente depois que o mais novo almoçou. Junhui pegou vários carrinhos e brinquedos de montar, tomando cuidado com as peças pequenas que possam acabar no estômago de Mingyu. 

Apostaram corrida com os carrinhos. Fizeram prédios gigantes com legos e peças de jenga, que aliás, desmoronavam um segundo após o término graças a euforia de Mingyu. 

Foi uma tarde ótima para os meninos! Mingyu se via livre do escuro e do frio, toda hora comia alguma coisa e tinha Junhui para se divertir. O mais velho, conseguiu passar a tarde longe do quarto, dos cadernos e dar boas gargalhadas. De longe, os pais observavam: 

– Quando Junhui ficou tão feliz assim? – Maylin pergunta ao marido. 

– Acho que foi quando nós brincamos pela primeira vez. Depois quando ele andou de bicicleta sozinho, mas durou pouco quando ele notou que sujava as pernas de graxa. – O homem riu. 

– Mingyu é o primeiro amiguinho dele. Não percebeu? – Ela sorri. 

Mas o marido não teve tempo de responder. Logo ouviram outro grito desesperado de Junhui, dizendo que a fralda de Mingyu estava vazando e havia molhado os brinquedos. Outra vez Maylin fora dar banho no menino, enquanto o pai foi lavar os brinquedos. 

Agora, embora o problema tenha sido resolvido, Junhui não ia ficar quieto. Depois que Maylin limpou Mingyu, ele levou o menino para o banheiro e estava disposto a ensiná-lo a usar. Já era a segunda vez que mijava nas calças! 

– Toda vez que você quiser fazer uma coisa, é só vir aqui. Olha: vaso. ‘Pra fazer xixi e cocô. Entendeu? – Levanta a tampa. 

A gente usa falda... Não pecisa. 

– A gente uma ova! Você. Mas não pode ser ‘pra sempre. – Junhui se defendeu. – Tem que fazer xixi aqui! É só entrar no banheiro, levantar a tampa e fazer. Assim. 

Junhui está de pé na frente do sanitário, fingindo que está fazendo xixi com a mão na frente da parte íntima. Então Mingyu imita perto do vaso. 

– Mas tem que abrir a calça. – Riu, o menino não entendeu tudo certinho. Só o imitava. – Abre a calça e faz xixi. Ah, você ‘tá de fralda. Deixa eu tirar! 

Determinado em ensinar o menor, se ajoelha e começa a tirar a fralda dele em pé mesmo. 

Aí! Deixa minha bunda... – Mingyu ri sentindo cócegas. 

– Pronto! – Junhui sobe as calças dele depois. – Agora faça xixi no vaso. – E como ele o deixou de calça, Mingyu só o imita quando fingiu. – Abre a calça e tira essa tripinha ‘pra fazer xixi, anda Mingyu! 

Ele já não aguentava mais. Revirava os olhos sem parar. Chegou perto do vaso e fez xixi de verdade, para o pequeno ver e aprender. 

– Tem que fazer xixi aqui dentro. Assim. É sua vez! 

Mingyu ficou olhando o vaso, como se fosse algo novo. E era! Achou sensacional poder mirar lá dentro, e divertido para uma criança. Conseguiu fazer o xixi. 

– Muito bom! Sempre que quiser, vem aqui. Tá bom? – Junhui deu descarga quando ele acabou. 

– 'Tá bom. 


 

Na manhã de domingo, o dia não fora diferente para as duas crianças. Junhui e Mingyu brincaram até ficarem exaustos, até se jogarem no sofá, após um bom banho, e comerem salgadinhos vendo TV. Mas nenhum deles aguentou por muito tempo! Dormiram no sofá e Huang teve que levar ambos no colo para o quarto. 

Os resultados dos exames que Mingyu fizera foram dados por telefone, pelo próprio pediatra. O menino estava bem, não tinha nenhuma patologia, embora estivesse um pouco anêmico. Tirando os salgadinhos de noite, Maylin deu comida forte e saudável a ele. 

Segunda de manhã e todos já estão acordados. Mingyu não se importou em acordar cedo, junto com todos. Junhui estava de uniforme do colégio, tomando sucrilhos. E o menor mingau. 

Quê isso? Quelo! – Mingyu olha o prato do mais velho e tenta meter a mão. 

– Não! Isso é meu, eu preciso comer ‘pra ir ‘pra escola. – Junhui não deixa, lutando com a mãozinha atrevida do pequeno. – Sai, Mingyu! Para… Eu… Ah! Tudo bem, abre a boca. 

Junhui não resiste aos olhinhos fofos do outro. Então começa a dar a ele de comer. 

– Que lindo, meu filho. – Maylin beija o filho, orgulhosa. 

Mesmo que Junhui reclame às vezes, que Mingyu não saiba de muita coisa de educação, ele está gostando de cuidar e ensinar. 

Os pais olham a cena sorridentes. Até a campainha tocar. Imediatamente eles se entreolham e ficam com receio do que acontecerá. Huang vai abrir a porta e recebe uma mulher do juizado. Faz uma hora ele ligou, e foi com muita rapidez que alguém veio. 

Educado, a deixa entrar. 

Junhui olha a mulher entrando, sem saber quem era. Continua dando sucrilho para Mingyu. 

– Então é esse o pequeno desabrigado. – Ela olha na direção de Mingyu. 

– Mãe, quem é ela? – Os olhos de Junhui ficam assustados. 

– Filho… – Ela pega Mingyu no colo. – Você sabe que nós o encontramos, que ele deve ter outros pais. 

– E daí? Eles não querem ele! Eu quero. – O menino fica de pé na cadeira da mesa, acha que vai conseguir pegar Mingyu do colo da mãe. 

– Querido, eu sei. – Maylin olha o marido conversando com a mulher. – Nós também queremos que ele fique aqui. –  Sorriu. 

– Ok, manda essa mulher ir embora. Ela não vai levar ele ‘pra lugar nenhum! – Junhui queria Mingyu morando consigo, queria um irmãozinho. 

– Junhui, não é assim que as coisas funcionam. Existem regras a serem cumpridas, até que a gente consiga ficar com Mingyu aqui. – A mulher tentou explicar de um jeito fácil. 

O mais velho começa a chorar. Isso parte o coração de uma mãe, ainda mais de Maylin, que nunca viu o filho tão animado com outra criança. 

– Vão levar ele embora, não vão? – O mais velho choramingou. 

– Sim, mas é só por um tempo. A mamãe promete que vai fazer de tudo para ele voltar bem rapidinho. 

Mesmo que Maylin prometa aquilo, não sabe se realmente conseguirá. O juizado, antes de colocar Mingyu na adoção, irá descobrir o que houve com seus pais. E se o menino estivesse apenas perdido? Tudo era uma possibilidade. 

Mas Junhui conseguiu entender. 

– Ele vai para o orfanato, com as crianças que não têm pais também? – Entendeu até demais. 

– É! Você conhece, ele não vai sair de lá. Seu pai vai fazer tudo para ele ser seu irmão e vir com a gente, ok? Não fica triste. – Maylin olha para o filho e Mingyu, que não entende aquela conversa. 

O mais velho faz que sim, esticando os braços e abraçando a mãe e o bebê no colo dela. 

Infelizmente chega a hora de Mingyu ir. Maylin e Huang tentam conversar com ele, dizer que ele vai conhecer um lugar novo, e depois voltará para cá. Mas ainda que ele balance a cabeça, vai esquecer daqui cinco minutos. Maylin arrumou uma mochilinha de roupas para ele, que a assistente vai levando. 

Da porta de casa, ainda chorando, Junhui olha o outro entrar no carro desconhecido. 

– Ele vai voltar, prometo! – Huang o pega no colo, dando um abraço forte. Junhui nem consegue olhar para o carro quando ele dá partida. 

Não era um pedaço de papel escrito, a martelada de um juíz que iria dizer que Mingyu pertencia a família, mas o carinho e a paixão por ele. 

É esse amor que move Junhui a escorregar do colo do pai e ir correndo atrás do carro com Mingyu. Seus pais levando um susto vão atrás, mas o garoto tem mais pique. 

– Deixa ele aqui! Eu vou cuidar dele! VOLTA! – Junhui grita. 

Quando seu pai o alcança, já na esquina quando o carro pegou a estrada, Junhui soluça e se sente arrasado. A última coisa que ele deseja, é deixar Mingyu sozinho, sem alguém por perto para lhe dar abraço. Ele sabe como é horrível! 

– Mingyu vai voltar, a gente promete. Será seu irmão! – Huang também chora. 

Os três dão um abraço em grupo. 

 

 




 

Abro os olhos, finalmente podendo me libertar daquelas lembranças. Odeio quando sou obrigado a compartilhá-las com uma mulher estranha, cada vez que troco de psicóloga porque a anterior não me deu bons resultados. Sinto que o mundo todo sabe como foi minha infância, como eu fui abandonado, adotado e tive um irmão. Dá medo! 

Minha vida é sem ânimo. Odeio não saber tudo e ficar com uma interrogação na cabeça. Odeio o mundo cheio de doenças, de pessoas que não se importam com as outras, de gente abusada e fofoqueira. 

Tenho transtorno de ansiedade social – sociofobia

Faço tratamento toda semana. 

– O que você vai fazer agora? Posso pedir comida e jantamos na sua casa, ou não está com fome? – Mingyu pergunta quando saímos da clínica. É noite, jamais sairia sozinho de casa. Meu irmão sempre vem encontrar comigo depois do seu trabalho. 

Olho para o meu irmão, de cabelos espetados, blusa branca e jaqueta escura o deixando um colírio para olhos femininos. Desde pequeno o achei mais bonito que eu, com sua pele amorenada e cabelos perfeitos. Além disso, em algum momento da adolescência Mingyu ficou mais alto do que eu, mesmo sendo mais novo. 

Ele sabe que não como fora de casa, por motivos de higiene. E só há um restaurante que peço comida para entregar. 

– Tenho trabalho a fazer, fica ‘pra depois. – Digo, acanhado de calça jeans e casaco marrom todo esfarrapado. 

Eu trabalho em casa, fazendo Websites. A internet é minha melhor amiga. 

Fujo o máximo possível de contato com as pessoas. Todas as minhas psicólogas sequer chegaram perto de resolver minhas fobias, porque mesmo sendo profissionais, tentando não invadir toda a minha privacidade, chega uma hora e elas atingem um ponto que me sinto incomodado. Pode-se dizer que tenho um círculo vicioso. Sempre que troco de psicóloga, eu já sei onde vai acabar. Então eu fujo para recomeçar com outra. E assim meu problema nunca é resolvido. 

Acho que fugir é até uma palavra estranha! Pois mal saio de casa, por n razões. Primeiro, não saio muito de casa sozinho, quase sempre com Mingyu. Segundo, posso ser sequestrado ou sofrer um acidente, por isso prefiro ter alguém perto como testemunha ou para não ser enterrado como indigente. Terceiro, não falo com ninguém e se houver situação que exija comunicação, Mingyu estará lá. 

Às vezes Mingyu me força a ser mais social, por exemplo, toda quinta feira nós saímos para fazer corrida. É o dia da folga dele, e mesmo tendo seu noivo, WonWoo, com quem poderia estar passando esse tempo livre, ele vem fazer mais uma atividade comigo. 

Minha própria casa é um lugar restrito, onde só meu irmão e pais vão. Não tenho amigos. Fora do ciclo familiar, só me relaciono com a internet. Não sei se conto a psicóloga, quando nem com a secretária dela eu falo. 

Ok, deve achar que sou mal educado. Mas não. Faço algumas convenções sociais, dou bom dia, boa tarde, boa noite quando cruzo com os vizinhos e o porteiro de onde moro. 

– Pode ir lá em casa no fim de semana. É o aniversário de um ano da Nina, lembra? Leva um presente, ela vai gostar de te ver. – Quase esqueço da minha pequena cadela. Tirando ela, detesto bichos. 

– Espero que ela goste de osso. – Zombou. 

– Osso? – Fico pensativo. Esses negócios ficam empoeirados nas prateleiras, sem embalagem alguma. – Não, ela não gosta. – Não sei outra maneira de dizer a ele que sou eu quem detesto. 

Ando na rua sem esbarrar nas pessoas, só não entro pelas paredes dos edifícios porque também estão cheias de germes. 

– E um saco de ração?

Coloco as mãos no bolso, aquilo também não era muito bom. Só gosto de comprar uma marca, e ela é bem cara, logo eu não posso exigir isso do meu irmão. Ele já está com muita boa vontade. 

– Talvez possa comprar um shampoo anti pulgas. O dela já está acabando, e amanhã vou ligar para o pet shop. – Digo. 

– Ué? Se ela vai para o pet shop, lá eles dão banho nela, você não precisa de shampoo. 

– Ah, é! Mas… – Encolho os ombros. – É porque ela precisa tosar, mas depois vou precisar para dar banho em casa.

Só a levo no pet shop para tosar mesmo. Quando eles a levam para casa eu cuido de dar um bom banho nela! Do meu jeito. 

Todos os meus móveis são de ferro, inox ou mármore, materiais fáceis de desinfectar. 

Mingyu me deixa na porta do meu prédio, e vai embora. Ele é enfermeiro, um dia será médico. Muito diferente de mim, óbvio. Pelo menos, posso contar com ele para muitas coisas. 

Subo de escada, porque tenho medo de elevadores; sou claustrofóbico. O prédio onde moro é grande, de doze andares, mas eu moro no primeiro andar porque tenho medo de altura; tenho acrofobia. Eu devia morar em uma casa, mas possuem um índice mais alto de assalto. 

Entro deixando os sapatos do lado de fora. Minha porta tem cinco trancas. Fecho cada uma e verifico duas vezes. 

– Oi, Nina! – Ela começa a pular em mim. – Vou tomar banho, já já eu brinco com você. 

Deixo-a sozinha, pondo a chave de casa no pote de álcool na mesinha logo na entrada. Passo direto para o banheiro, tirando a roupa e pondo num saco para ir lavar depois. Meu banho dura quase uma hora. 

Tenho germofobia

Meu apartamento tem espaço suficiente para eu não sufocar sem ar, ou encarar as paredes que podem me esmagar. É tudo branco, porque odeio escuridão, sempre deixo tudo iluminado. Na sala há um sofá, um rack com uma TV e pufs. A sala de estar é pequena, como disse, não recebo ninguém. Até hoje não conheci o noivo do meu irmão. Meu quarto é o mais cheio, com vários tipos de aparelhos eletrônicos. 

A cozinha… Bem, quase não mexo lá. 

De moletom, dou um leve carinho em Nina e vou para minha escrivaninha trabalhar. Ligo o notebook e vejo que deixei minha última sessão na internet aberta. Faço tudo pela internet! Compro comida pela internet, roupa, celular, móveis, pago contas… E faço sexo. Quer dizer, vejo vídeos para poder ter uma satisfação. 

Fecho a sessão de XVídeos aberta e vou fazer um Website para um restaurante. As pessoas me dizem como querem seu site, me passam fotos e informações de seus recintos e profissões. Por email, porque nem com ligação falo com elas. 

Acho que resumi minha vida em poucas palavras. De casa para a psicóloga, da psicóloga pra casa. De casa para a corrida, da corrida para casa. Saio de casa duas vezes na semana e já me sinto forçado. Qualquer coisa além disso, não suporto ou tenho medo. 

Quando termino o Website envio para o dono e fico vendo Mr Robot na TV. Eu me identifico com o personagem. Vazio, sem força de vontade e detestando a sociedade. 

 


Notas Finais


Mais um tico de fofura para vocês! XD Infelizmente baby Jun e baby Gyu ficam por aqui. T.T Foi fofo, né? Eu confesso que escrevi esses dois capítulo vomitando arco íris huehuehue

Agora sim nós vamos caminhar para o enredo principal da estória, e aos poucos desvendando como o Junhui ficou cheio de traumas. Se bem que já dá pra identificar um pouquinho, né? O pobrezinho foi abandonado quado era recém nascido praticamente, foi adotado e sofria bullying. Por isso o Mingyu foi a primeira coisa boa na vidinha dele! Mas ainda tem muito a ser revelado.

Como estamos até aqui, meu povo? BJS!!


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