"Worth another shot of whiskey and another sip of gin
Another drop of poison that is slowly sinkin' in
If we're going down together better take another hit
We won't be here forever so let's make the best of it" ¹
Quarta-feira, 16 de outubro de 2019
Blue Village, Itaewon, Coreia do Sul
22:54 P.M
Não havia qualquer outro lugar entre os inúmeros estabelecimentos pertencentes a família Kim que Jung Hoseok se sentia tão em casa quanto no Blue Village. O principal cassino dentro dos negócios de apostas escondido no poderoso Grupo KY, ocupava os dois últimos andares de um famoso e luxuoso hotel cinco estrelas. O lugar tinha em seu primeiro andar um bar elegante decorado em cores escuras, combinadas com um azul persia que predominava nos itens de decorações e nos estofados das cadeiras². Visitado por importantes pessoas de todo o país, o bar já tinha se tornado um dos pontos de encontro mais badalado nos finais de semana.
Porém, a verdadeira diversão para Hoseok acontecia no segundo andar do estabelecimento. Atrás de uma simples porta com um aviso de “Funcionários Apenas”, havia uma escada que dava acesso ao cassino muito bem protegido pelos melhores seguranças, pessoalmente treinados por Kim Taehyung e que reconheciam muito bem cada um dos clientes que tinham permissão para entrar ali.
O garoto que era o chefe da segurança de todos os cassinos, podia administrar as coisas através do escritório subterrâneo onde tinha acesso a todas as câmeras de segurança e aos relatórios de atividades de seus subordinados. Ainda assim, não deixava de passar por todos os estabelecimentos localizados em Seul pelo menos uma vez na semana, mas exatamente como Hoseok desejava, naquele dia em específico ele estava cuidando de outro cassino.
Em um de seus luxuosos ternos de cor vinho, Jung Hoseok entrava no segundo andar do Blue Village já com um sorriso vitorioso no rosto, sentindo que a sorte estava ao seu favor naquele dia. O lugar que era ocupado por várias mesas com diferentes tipos de jogos de cartas e vários níveis de apostas mínimas, estava relativamente cheio para um dia da semana e todos os dealers³ o cumprimentavam como um velho amigo.
Hoseok caminhou diretamente até uma das mesas de poker com aposta mínima de 5 mil dólares, algo mais baixo do que o seu normal, já que naquela noite não estava atrás de dinheiro. O que ele precisava urgentemente era de informações. O clima dentro do escritório de Namjoon estava tenso e ainda naquela manhã havia recebido uma ameaça bastante clara do chefe, já que o mesmo desejava saber quem havia vazado informações importantes da empresa para Ahn Sun Woo e não escondia o tanto que estava desconfiado de seu informante.
Hoseok tinha sua consciência limpa, mas sabia que somente repetir as palavras “eu juro” não iam resolver nada. Ele precisava de pelo menos uma pista sobre quem poderia estar por trás dos atuais problemas das famílias, acima de tudo, da família Kim, o que achava uma completa perda de tempo. Nenhum deles entendiam que segredos existiam para serem descobertos de qualquer forma, seja mais cedo ou mais tarde, e o verdadeiro ganhador não era aquele que os descobriam, mas aquele que sabiam como usá-los no momento certo e principalmente a seu favor, mas estava mais do que óbvio que nenhum deles sabiam disso.
Minutos depois de ter se sentado, após receber seu copo de martini que tinha pedido a uma das atendentes assim que chegou, Park Jimin apareceu pela porta de entrada com sua aparência impecável de sempre, usando uma blusa de gola alta acompanhada de um cardigan. Assim como Hoseok, tinha um sorriso no rosto, mas de uma maneira mais fofa e amigável, enquanto cumprimentava os dealers já tão conhecidos por ele também. Quando finalmente notou onde seu único amigo vindo da família Kim estava sentado, suspirou pesadamente e parou no meio do caminho, fazendo uma cena com os braços na cintura, enquanto provavelmente decidia se valia a pena seguir em frente ou não.
― Achei que estava querendo apenas se divertir hoje. ― Jimin falou, decidindo por fim se aproximar.
― Precisei falar aquilo para te atrair.
As escolhas da mesa por Hoseok sempre deixavam óbvia suas intenções, assim como Park também fazia algumas vezes quando precisava de algo. Os dois sempre utilizavam das mesas com os menores valores de apostas para incluir seus pedidos diferenciadas, principalmente quando esse pedido era alguma informação sobre a empresa do outro. Para o rapaz vindo do Grupo KA, aquela mesa era a mais odiada por ele, pelo simples fato de que Park Jimin sempre foi extremamente leal à Kang Min-Jee. Não era fácil para ele apostar segredos que nem eram seus.
― Por favor, não vamos fazer isso essa noite. ― Jimin pediu enquanto se sentava do lado oposto a ele. Mesmo com o pedido parecia já estar se entregando ao que estava por vim.
― Me desculpe, Jimin, mas essa noite eu estou um pouco desesperado. ― Mexendo em seu bolso, Hoseok tirou uma carta que não foi nenhuma surpresa para o outro vê-la sendo revelada. Jimin carregava uma idêntica no bolso, mesmo quando não tinha a intenção de usá-la durante a ocasião.
As duas cartas dos amigos eram coringas idênticos, roubados como brinde durante a noite na qual jogaram juntos pela primeira vez. Foi naquela ocasião que os dois aprenderam que eram quase iguais, duas pessoas habilidosas na arte de descobrir em instantes segredos de outros, apenas utilizando métodos diferentes. Membros de grupos totalmente opostos, eles até mesmo seguiam um mesmo ditado: mantenha seus amigos por perto e seus inimigos ainda mais perto, mas nunca haviam chego em um consenso sobre qual era o verdadeiro caso dos dois.
O significado do objeto não tinha sido atribuído logo de cara quando os amigos as furtaram do cassino em questão, mas foi sendo atribuído aos poucos, a medida que se afundavam cada vez mais naquele jogo de troca de segredos, até que então passou a ser uma carta com um poder importante entre os dois, onde a regra era clara e não havia volta quando o jogo se iniciasse: o ganhador tinha direito a um segredo importante do perdedor.
― Eu sei que as coisas no KA também devem estar complicadas. ― Hoseok falou em um tom sério que era extremamente difícil vê-lo usar. ― Você precisa de algo urgente e eu também preciso. Você sabe de algo e eu também sei.
― Eles não são qualquer pessoa para mim, você sabe disso. ― Jimin respondeu no mesmo tom sério.
― Sim, eu sei que você gosta deles... Bem pelo menos a maioria. ― Hoseok deu de ombros como se aquilo não fosse nada e para ele realmente era. Sentimentos em sua concepção são apenas um problema desnecessário naquele mundo. ― Mas não se esqueça que eles, principalmente a Min-Jee, são jogadores já experientes. Quando a coisa apertar, nós dois aqui seremos os primeiros a serem descartados.
― A Min-Jee não é assim. ― O outro respondeu na mesma hora, fazendo com que Hoseok risse de forma sarcástica.
― Por favor, Jimin, nem mesmo você acredita no que está falando. Então você pode afirmar com toda a certeza do mundo que ela sempre foi sincera com você? Nunca existiu um momento se quer em que disse algo como “você não precisa saber disso” e finalizou com “não quero mais tocar nesse assunto”? ― A expressão de desgosto no rosto de Jimin era toda a resposta que ele precisava. Atingir Jimin no ponto certo era uma tarefa quase tão difícil quanto em Min Yoongi, mas a maioria das vezes ele conseguia e sentia um gostinho de vitória na boca. ― Ok! Você pode continuar acreditando na Kang, mas não diga que eu não te avisei.
Apenas para finalizar seu argumento de forma dramática, Hoseok se levantou, mostrando que tinha a intenção de ir embora se o outro não se decidisse logo, mas o som de irritação vindo de Jimin fez com que ele voltasse a se sentar, ainda sorrindo.
― Só uma partida. ― O informante do KA falou, levantando um dedo para deixar ainda mais claro sua condição.
― É tudo o que eu preciso. ― Hoseok respondeu vitorioso, colocando o coringa no centro da mesa. – Mas dessa vez tem uma condição a mais para essa carta. Não quero um segredo qualquer... Quero algo relacionado ao assassinato.
O jogo entre os dois nunca havia acontecido em uma atmosfera tão tensa como acontecia naquele momento. Os dois sempre conseguiam se divertiam juntos durante aquelas ocasiões, discutindo os acontecimentos recentes e fofocando sobre quem tinha traído quem, ou se divorciado de quem. Porém, daquela vez a partida era única, tudo ou nada e a aposta era alta demais, principalmente para Jimin.
Hoseok tinha um sorriso no rosto, confiante com suas próprias cartas e com uma certeza alta de que a partida estava ganha para ele. Do outro lado da mesa, via o olhar ansioso de Park Jimin ficar ainda pior quando a última carta finalmente foi aberta pelo dealer. Era exatamente a carta que Jung precisava e agora ele tinha um full house³ em suas mãos, enquanto as cartas na mesa mostravam que era impossível para Jimin ter um royal flush ou até mesmo uma sequência de mesmo naipe, e as probabilidades de que ele tivesse uma quadra eram extremamente baixas. Aquelas eram as únicas jogadas que Jimin poderia usar para derrotar Hoseok, então era óbvio que o jogo estava ganho para ele.
Sem qualquer cerimônia, o informante da família Kim revelou suas cartas sobre a mesa, fazendo com que Jimin soltasse um xingamento. Sua cara sempre amigável estava irritada e não fez a menor questão de mostrar sua mão antes de devolver as cartas para o dealer.
― Vamos lá, Park. ― Hoseok falou, nem dando mesmo um tempo para o amigo pensar demais antes de revelar o que precisava ser revelado. ― Apenas bote para fora o que está te incomodando.
Jimin olhou bem para ele antes de responder, não caindo na pressão do amigo e Jung Hoseok sabia bem o que se passava em sua cabeça naquele momento: o que falar, como falar e quanto falar. Eram as três regras básicas para garantir que não fosse falado mais do que o necessário.
― Você sabe que o Seokjin dificilmente tira um dia de folga. ― Jimin começou e aquilo pegou o outro de surpresa. Ele estava esperando algo diretamente sobre a Kang e não sobre o segurança pessoal da garota, apelidado carinhosamente pelos Kim de pitbull.
― Sim, a não ser quando a Kang o obriga, você já me contou essa história.
Hoseok olhava para ele, esperando por mais, aquilo era uma informação já conhecida e não valia de nada ali, nem mesmo estava relacionada com o assassinato.
― No dia 7 ele ligou pela manhã cedo falando que iria tirar o dia de folga. ― Jimin disse, ponderando bem suas palavras. ― Voltou apenas no dia 11.
― Seokjin estava de folga no dia do assassinato? ― Hoseok perguntou surpreso, quase se levantando da cadeira em frenesi. Aquela era uma grande informação. ― Onde ele estava naquele dia?
Jimin sorriu para Hoseok que demorou um pouco para entender onde estava a graça daquela situação.
― A carta vale apenas um segredo Hoseok. ― O Park respondeu, acabando com toda a animação do outro. ― Eu preciso ir.
Jimin se levantou arrumando sua roupa e começou a andar em direção a saída, sem fazer muito mais cerimônia para ir embora. Jung Hoseok duvidava muito que ele realmente precisava ir assim tão rápido, mas entendia que o amigo estaria naquele momento crucificando a si mesmo pelo jogo perdido e pela informação importante vazada por ele mesmo. Ninguém iria querer continuar a noite ali olhado para a cara do culpado que o havia metido naquela situação.
― Ei, Park! – Hoseok o chamou, fazendo com que Jimin se virasse para olhá-lo ― Eu não quero que as coisas fiquem ruim assim entre a gente, então tenho algo para te falar. Considere como um presente, já que está girando pela minha cabeça e talvez você possa descobrir o que é mais fácil do que eu. ― Aquilo era uma grande bobagem, mas Hoseok queria animá-lo de alguma forma e obviamente, sempre com algum tipo de segundas intenções por trás. ― Min Yoongi conseguiu um acordo com uma empresa nova, a empresa que a garota Kim de vocês se meteu. Está sabendo?
Jimin balançou a cabeça em concordância e continuou em silêncio, esperando que ele terminasse de falar.
― Enfim. ― Hoseok continuou. ― Íamos sair para comemorar e você sabe que sexta é melhor dia para ir no Plaisir, certo? Então sugeri isso naquele dia, mas Namjoon recusou na mesma hora, falou que não era um bom dia para se ir em Gangnam, por isso viemos para Itaewon.
O olhar de compreensão de Jimin fez com que Hoseok se calasse, o outro já tinha ligado os pontos e não precisava de mais nada para entender o que aquilo tudo implicava. Poderia ser apenas uma grande coincidência que Namjoon não queria estar no Plaisir logo no dia em que a polícia apareceu por lá e todos os segredos ilegais sobre a família Lee começarem a ser expostos. Ou no fim, ele estava mesmo envolvido com algo. As duas possibilidades eram bem possíveis, da mesma forma como podia ser interpretado com o caso de Seokjin.
― Então não diga que nunca fiz nada por você. ― Hoseok completou.
Jimin balançou a cabeça em negação, com um sorriso que o fazia parecer satisfeito por não estar saindo dali de mãos vazias. Hoseok esperava que ele finalmente fosse embora, mas Park o surpreendeu, ainda parado com um olhar tão vitorioso quanto do outro.
― Antes que você venha me cobrar por essa informação. ― Jimin soltou logo de cara a intenção mais do que óbvia de Hoseok. ― Se lembra de duas semanas atrás, quando despistei o marido daquela garota? Ainda não te cobrei aquele favor, então agora pode nos considere quites.
Jung Hoseok riu e não estava chateado com aquilo. Os dois amigos já estavam caminhando junto naquela conturbada amizade a bastante tempo e sempre haveria uma nova oportunidade de apostas entre eles.
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Quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Prédio da matriz do Grupo KA, Gangnam, Coreia do Sul
16:40 P.M
Park Jimin se sentia extremamente ansioso e ele odiava aquela sensação. Sentado em uma das confortáveis poltronas do escritório de Kang Min-Jee, que combinavam perfeitamente com todo aquele ar sofisticado do ambiente, o rapaz balançava sua perna sem parar, sabendo bem que estava entregando de bandeja seu humor inusual para todos naquela sala.
Sua chefe falava sobre o recente encontro com dois detetives da polícia que apareceram para interroga-la. Os dois homens queriam saber sua relação com Ahn Sun Woon e o que ela poderia dizer sobre Kim Namjoon. A garota parecia aliviada que não havia qualquer traço de suspeita nela e no Grupo KA em relação aos recentes acontecimentos, mas Jimin sabia que aquilo não iria durar por muito tempo.
Na noite passada ele havia dado um passo arriscado e Jimin sabia muito bem disso, mas agora sua ideia que já não considerava mais tão genial assim, estava feita e teria que esperar pelas consequências. A verdade era que ele estava com o jogo ganho, mas algo a mais tinha passado por sua cabeça assim que viu a mesa na qual Hoseok estava sentado. Em sua mente fazia todo sentido entregar o jogo para o outro junto com a informação que agora havia virado uma bomba pronta para explodir, tudo isso pensando pelo bem de Min-Jee e sua constante ingenuidade.
Park Jimin levantou seus olhos e observou Kim Seokjin de pé, com os braços cruzados do outro lado da sala. Eles não estariam naquela situação se não fosse pelas recentes ações do segurança da Kang, ações que Jimin se quer fazia ideia quais eram já que estava sendo mantido no escuro. Exatamente por isso tinha feito aquilo, uma hora ou outra aquela informação iria vazar e quanto mais rápido acontecesse, mais rápido Jin seria obrigada a revelar o que fazia naquela noite e a situação seria resolvia, mas para isso Jimin implorava internamente que o rapaz não fosse o verdadeiro culpado, ou ele havia acabado de fazer uma grande merda.
Kim Seokjin percebeu o olhar de Park Jimin sobre ele e fechou a cara para o outro, acreditando saber exatamente o que se passava na cabeça dele. O segurança que parecia incomodado com algo em seu próprio corpo, como se sentisse alguma dor, caminhou até a poltrona em sua frente e se sentou, com um olhar como se desafiasse a Jimin falar alguma coisa novamente.
― Jimin! ― Ele escutou o grito de Min-Jee chamando seu nome, provavelmente usando o tom alto após tê-lo chamado algumas vezes, mas não recebeu nenhuma resposta.
― Você não acha que eu também preciso saber o que estou acontecendo? ― Jimin finalmente soltou o que o estava chateando de forma bem séria. ― Me manter no escuro não vai ajudar ninguém.
Jimin podia sentir todos os olhos sobre ele, os de Kim Sook-Kyung que estava em pé ao lado da amiga enquanto escutava toda sua história, os de Kim Seokjin sentado logo a sua frente e até os de Jeon Jungkook que estava de pé apoiado contra a parede, logo ao lado da porta. Foi o olhar dele que Park Jimin decidiu retribuiu, sabendo por conversas recentes que era o único presente naquela sala e naquele momento, que estava ao seu lado.
Sem surpresa alguma, a resposta não veio de Min-Jee, mas de Sook-Kyung.
― Isso não diz respeito a empresa, é a vida pessoal dele. Então isso significa que não te diz respeito, Jimin.
Sook e Jimin tinham uma amizade boa, diferente da relação que tinha com seu irmão gêmeo, mais isso acontecia da porta daquela sala para fora, porque ali dentro eles sempre tinham opiniões diferentes.
― Sook, por favor. ― Jimin falou, tentando manter a calma. ― Seokjin pode falar por ele mesmo.
― Ela não está errada. ― O gêmeo acabou finalmente respondendo.
Jimin olhou para Min-Jee esperando por qualquer tipo de reação daquela que naquele momento não deveria ser a amiga de ninguém, mas sim a chefe.
― Você se quer o questionou?
― Jin me disse que irá explicar tudo quando a hora chegasse. ― Min-Jee respondeu de forma calma, a última coisa que ela gostava era de situações de estresses entre todos eles ali, já bastava pelo o que precisava passar em outras situações com outras pessoas.
― Me desculpe, Min-Jee, mas as vezes sua ingenuidade me irrita. ― Jimin soltou sem pensar.
Sook se aproximou dele pronta para se intrometer mais uma vez e Jimin sabia que se as coisas continuassem por esse caminho, a briga ia ser inevitável.
― Nós estamos no mesmo barco já faz quatro anos. ― Ela falou tentando manter a voz estável de sempre, nem mesmo parecia que estava irritada, mas todos ali a conheciam bem o suficiente para saber que estava sim ― Pedir um pouco de confiança não é muita coisa! Você mesmo tem sua vida pessoal que ninguém fica questionando ou você quer que eu comece a falar da sua amizade com Jung Hoseok?
E ali estava, aqueles dois gêmeos sempre davam um jeito de voltar a conversa para sua amizade, como se ele automaticamente fosse apenas um traidor por mantê-la por tanto tempo, onde todos sabiam o tipo de pessoa que Hoseok era e, acima de tudo, para quem trabalhava.
― Não, Sook, eu definitivamente não quero ter essa conversa com você. ― Jimin falou, sentindo que não estava no humor para seguir em frente com aquele assunto. ― Na verdade, vamos encerrar essa conversa. ― Mas antes de terminar olhou bem para Min-Jee para ter certeza de que a garota enxergava suas mágoas. ― E não vamos mais tocar nesse assunto.
Park Jimin ainda pode escutar a voz manhosa que Kang usava para chamar seu nome, mas ele ignorou saindo da sala e para sua surpresa foi acompanhado por Jungkook.
― Sabe. ― Jimin falou quando já estavam no corredor do lado de fora. ― Você também tem uma voz dentro daquela sala.
― Eu sei. ― O garoto que fazia Jimin ter que olhar para cima para ver seu rosto, respondeu dando de ombros.
― Poderia me ajudar lá dentro.
― Eu sei. ― Respondeu novamente com o mesmo movimento dos ombros.
― Ok, eu entendi. ― Jimin falou rindo, já que não conseguia se irritar com as atitudes do garoto. ― Quer fazer algo mais tarde?
Naquele momento, Park sentia que precisava descontrair, mas de uma forma mais calma do que provavelmente teria ao lado de Hoseok.
― Desculpe, hoje não posso.
― E existe algum dia que você pode?
Mas Jungkook não teve chance de responder antes de um emaranhado de cabelos platinados aparecer na visão de Jimin, junto com um braço que de repente enlaçou o seu com força.
― Eu quero. ― Min-Jee respondeu sua pergunta com seu irritante olhar de cachorro pidão.
― Não me olhe assim, eu sei o que você está pensando e não, eu não estou chateado com você. – E Jimin fez questão de enfatizar a palavra “você”.
― Não foi o que pareceu quando você saiu. Eu odeio clima assim entre qualquer um de vocês. ― Min-Jee olhava para trás e só então Jimin percebeu que Seokjin também estava ali, os acompanhando a uma certa distância. ― Não quero que você confie no Jin, quero que confie em mim e se estiver errada depois, você pode soltar quantos “eu te avisei” você quiser.
― Meu problema não é ter que falar eu te avisei depois, Min. ― Jimin respondeu com uma expressão de tristeza só de imaginar o que o futuro poderia guardar com as decisões de qualquer um ali, inclusive as dele. ― Meu medo é que mais pessoas saiam machucadas depois.
― Não é justo você falar assim, como se não me importasse com isso também! Minhas ações são sempre pensando nesse lado e você sabe disso.
― Eu sei. ― Jimin respondeu, cutucando Jungkook que ainda estava ao seu lado.
― Isso vale para você também, Jin. ― Min-Jee falou olhando para trás.
Jimin não fez o mesmo, mas poderia imaginar pelo silencio que sua resposta havia sido através de um aceno com a cabeça e quando Kang se virou novamente para ele com um sorriso no rosto, sabia que havia sido positivo.
― Ótimo. ― Ela respondeu mais animada. ― Agora se revolvam e me acompanhando em uma mesa de bar. Eu preciso urgente beber.
― Oh. ― Jimin começou a rir com a oferta sabendo que Min-Jee e bebidas alcoólicas nunca eram a melhor combinação. ― Eu definitivamente vou passar essa.
― Eu não estou pedindo como Min, mas estou mandando como Kang Min-Jee. Isso vale para você também Jungkook. ― Aquilo pegou o garoto de surpresa e olhou para ela com seus grandes olhos arregalados.
― Ah, desculpe... Já falei para o Jimin que hoje não posso... Eu tenho algo importante para resolver na mansão.... Então vejo você depois.
E no meio daquelas palavras sem muita vontade, ele saiu apressado em direção aos elevadores, destino para o qual eles já estavam indo mesmo, mas em passos vagarosos com os braços ainda cruzados.
― Quando ele vai me dar uma chance? ― Min-Jee perguntou triste para Jimin, o único ali que havia conseguido chegar próximo o bastante de Jungkook.
― Talvez ele não goste de mulheres mais velhas.
Kang Min-Jee começou a ficar vermelha com a sugestão que era irreal, já que ela nunca teve esse tipo de interesse no garoto. Envergonhada ela empurrou Jimin na mesma hora enquanto o amigo ria da própria piada.
― Nem ela gosta de novinhos. ― Jin se intrometeu apenas para piorar ainda mais a situação da garota. ― Três anos mais velho talvez seja o número certo.
Jimin se virou para Jin sentindo-se um pouco mais entusiasmado com o que havia acabado de escutar.
― Oh, isso foi um número muito exato. Você sabe de algo? Esqueça nossas brigas, vamos voltar a ser amigos agora e beber enquanto você me conta. E em detalhes por favor.
Aquilo havia sido um pouco forçado demais, mas quando os dois olharam um para o outro, sabiam que mais uma vez tinham chego em um consenso silencioso, onde estavam dispostos como sempre a fingir que suas intrigas não existiam na frente de Min-Jee, mas as trocas de olhares de ódio quando a garota virava as costas, com certeza nunca iriam embora.
― Acho que eu prefiro vocês dois se odiando. ― Kang Min-Jee falou com desgosto, deixando os dois para trás e saindo rapidamente assim como Jungkook havia feito momentos antes.
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