NARRAÇÃO DA AUTORA ON...
Emily havia ficado furiosa...
Furiosa demais, até para a evidente ingenuidade da doce Alison, que desta vez decidiu não fechar os olhos, aproveitando assim a viagem de negócios da sua amada, para esclarecer algumas dúvidas.
- Você só pode estar louca! O que espera descobrir nesse encontro, onde duas rivais estarão frente a frente, e em que uma delas pelos vistos não joga com a mesma ética que você? - Aria pergunta alarmada, porém num tom de voz baixo, para que a Hanna não pudesse escutar.
A pedido da Emily, a sua amiga Hanna havia se hospedado na casa da Alison, e ambas justificaram a sua presença com o intuito de cuidar da loirinha, que apesar de toda a felicidade que estava vivendo, ainda se recusava a sair de casa.
Aria e Alison sabiam que não podia ser apenas esse o motivo, e talvez o aparente nervosismo da morena, e a insistência em não permitir que a jovem Dilaurentis ficasse sozinha, tivesse se tornado no premir do gatilho, que aguçou a curiosidade da mesma.
- A Maya deixou claro que tinha coisas interessantes para me contar, e desde esse dia que a Emily mudou: ela está nervosa, desconfiada, liga várias vezes por dia para saber como estou, sem contar que deixou o seu fiel "cão de guarda" hospedado na minha casa.
- Temos que admitir que ela foi bastante generosa, ao deixar uma mulher tão... interessante, para ser a sua babá... relaxa Alison, todos nós temos segredos e a Emily deve ter medo que você descubra pela boca dessa tal Maya, que ela é uma galinha que só quer brincar com os seus sentimentos... você sabe que é exatamente isso que ela vai dizer, certo?
Ambas ficaram em silêncio, enquanto a baixinha intercalava o seu olhar entre a melhor amiga, e a melhor amiga da namorada dela.
Sem dúvida que além de "interessante", Hanna também era assombrosamente bonita, bem como bastante sensual.
A forma como a mesma cruzava uma perna sobre a outra de forma lenta, porém delicada, sempre levava os pensamentos da esposa da Spencer para outra dimensão, até porque a intenção de provocar por parte da loira era inegável, e sim, Aria estava se sentindo provocada, e isso fazia com que a mesma passasse mais tempo na casa da amiga, que na sua própria casa.
- Duvido que se fosse apenas intriga de uma rival para outra, a Emily tivesse ficado tão assustada! - Alison exclamou em meio a um revirar de olhos, por perceber que a baixinha não estava prestando atenção ás suas palavras...
Decidiu deixá-la na sala, e foi até ao quarto, deitando-se na cama com o celular na mão direita, para ponderar sobre o que poderia acontecer nesse "jantar", cujo convite sem dúvidas tinha deixado a empresária tão incomodada e alerta.
Corajosamente, discou o número da Maya no seu celular...
Número esse que havia fixado na sua mente, segundos antes da Emily rasgar o cartão...
Tudo que se seguiu apenas a deixou com uma imensa desconfiança sobre o que de fato a morena poderia estar ocultando: a forma como a mesma atirou a caríssima jóia pela janela, e o jeito como se isolou com a Hanna na cozinha, para que ambas pudessem debater sobre algo, que por sua imposição deveria permanecer no desconhecimento da loira.
Alison nada disse, mas algo muito forte gritava que a hora de saber quem é a Emily Fields de verdade, tinha chegado...
- Você está mesmo decidida a ir a esse jantar! - Aria declarou logo depois de entrar no quarto, e dar de caras com a produção maravilhosa que a amiga estava envergando.
- Você vai distrair a Hanna para que eu possa sair sem ser vista, tá bom?
- Alison... eu não acho que é uma boa ideia! Até ontem você mal conseguia colocar o seu nariz da janela para fora, imagina o sofrimento que vai ser quando sair á rua...
Um novo silêncio se interpôs entre as duas, enquanto a loira vasculhava na sua mente, um ou quem sabe dois motivos, que a levassem a desistir dessa ideia, contudo, confiar na Emily já não era suficiente.
A morena havia deixado demasiadas lacunas sobre a sua vida, e a jovem chegou á conclusão que não tinha outra saída...
- Distrai a Hanna enquanto eu saio, e não esquece de falar que decidi dormir cedo por conta de uma enxaqueca! - Alison pediu num tom de voz imperativo, porém calmo, enquanto colocava três almofadas extra, no lugar onde deveria estar o seu corpo adormecido.
- Parece que estamos no liceu! - Aria comentou ao mesmo tempo que abanava a sua cabeça de forma negativa, como se estivesse repreendendo a amiga, por se comportar como uma pessoa que está sendo mantida como prisioneira dentro da própria casa...
Alison sorriu fraco, e recusando-se a perder mais tempo, empurrou a baixinha para fora do quarto, que logo depois de encher o peito de ar, aproximou-se da amiga da Emily, que estava sentada no sofá, consultando alguns documentos que pareciam ser importantes.
- Se você quiser posso fazer um café ou um chá! - ofereceu num tom de voz trémulo, contudo, ficou satisfeita por perceber que tinha conseguido desviar a concentrada Hanna dos seus afazeres.
- Eu nunca bebo café depois das cinco, e chá é o tipo de bebida que foi inventada para mulheres inúteis, que foram educadas para servir os seus maridos sem contestar.. Acredito que o chá as impedia de mandar os mesmos para o inferno, nas situações de maior tensão - a loira brincou enquanto bebia a Aria com o olhar.
Sentindo-se despida, a esposa da Spencer humedeceu os lábios, enquanto se entregava a um frio gelado que estava percorrendo o seu estômago, e deixando o seu corpo totalmente paralisado:
- Um copo de vinho, então? - conseguiu perguntar por fim.
Hanna acedeu com a cabeça, e sorrindo com apenas com o olhar, agarrou no braço da baixinha, para impedir que a mesma levantasse do sofá:
- Deixa que eu pego! Preciso esticar as pernas! - alegou ao mesmo tempo que ajeitava a sua saia de uma forma tão sexy, que fez com que a amiga da Alison engolisse em seco.
Ambas sabiam que a pessoa que havia se sentado ali vestindo o papel de predadora, havia se tornado na presa, e Aria estava gostando disso...
Demasiado até, mas não a ponto de esquecer o verdadeiro motivo que a levara ali...
- Aqui está a chave da minha casa! - exclamou depois de estender o objeto na direção da loira - Na cozinha você vai encontrar pelo menos três garrafas de vinho... escolhe a que mais te agradar.
Novamente a loira acedeu com a cabeça, e depois de lançar um olhar promíscuo sobre a figura destemida da Aria, dirigiu-se á sua casa, sem saber que logo em seguida a sua "presa", iria ajudar a amiga a escapar de casa.
- Tenta não fazer nenhuma besteira! - Alison recomendou assim que chegou á porta de saída.
- Se com besteira, você quer dizer "transar loucamemte", quero que fique ciente que é você quem está me jogando para cima dela.
- Bobalhona! - a jovem acusou entredentes, segundos antes de fechar a porta e sair.
*******
Sair de casa sozinha, era algo que não estava nos planos de Alison, muito menos a tão curto prazo, e ainda menos por um motivo tão forte como a falta de confiança na sua amada.
Caminhou em direção á porta principal do prédio, sentindo-se aliviada por perceber que o táxi a estava esperando...
Suspirou fraco e entrou no veículo, para logo em seguida indicar a morada do restaurante onde Maya a estava esperando.
Pelo caminho permitiu que a sua mente fosse invadida pelas memórias do ataque daqueles sete desgraçados, e logo uma sucessão de lembranças, a fez sentir como se algo estivesse se retorcendo no interior do seu corpo.
- Chegámos senhorita! - o motorista informou, sem sequer imaginar que a estava tirando de uma onda de sofrimento, que por pouco não a levava a desistir dos seus intentos.
- Obrigada! - proferiu depois de pagar a corrida, contudo, assim que colocou um pé para fora do carro, foi tomada por uma nova sensação de pânico...
Durante alguns segundos ela sentiu o seu peito apertado, um aperto de quem estava sendo obrigada a viajar, até um passado que ainda estava bem presente na sua vida.
- Alison? Você está bem? - escutou alguém perguntar, e assim que levantou a cabeça, levou o seu olhar ao encontro do olhar da Maya, que pela primeira vez sentiu algo diferente ao deparar-se com a beleza da loira.
Não era raiva, nem inveja, e muito menos ciúmes, mas sim uma certa admiração, talvez por fazer anos que não convivia com alguém tão inocente...
- Sim, estou - a loira respondeu calmamente, enquanto fechava a porta do táxi.
Ambas ficaram se entreolhando por um minuto que mais pareceu uma vida inteira, pois dentro daquele minuto vivia um mistério, que uma delas queria muito poder desvendar.
Depois de sentarem na mesa que havia sido reservada com antecedência, e estrategicamente escolhida para que pudessem conversar com a máxima discrição, Maya procurou avaliar tudo sobre a sua rival, que estava massageando o centro do seu peito, decerto por estar tentando organizar os seus pensamentos.
Sorriu com o olhar, para mostrar que a mesma deveria relaxar, e que a conversa seria pacífica, porém, a jovem Dilaurentis sabia que aquele encontro jamais poderia terminar de forma amigável, visto que ambas estavam disputando o amor da mesma mulher.
Maya a olhou com interesse, tentando decifrar se a postura da Alison seria a de uma mulher amedrontada, ameaçada, furiosa, ou até mesmo enciumada, mas não encontrou qualquer indicio, que a pudesse levar a sentir qualquer tipo de vantagem sobre a loirinha.
Ambas estavam inseguras sobre o verdadeiro motivo que as tinha levado até ali...
Perdeu-se por alguns instantes na forma impecável como a loira havia se sentado, no jeito correto como ela endireitou a sua espinha, na expressão serena, que apenas pessoas nascidas em berço de ouro conseguiam colocar no rosto, para disfarçar os seus pontos fracos, e mais uma vez sentiu admiração por aquela pessoa tão... ingénua.
Sim, Alison era uma garota diferente de todas as que havia conhecido ao longo da sua vida, e isso com toda a certeza era um ponto a seu favor, pelo menos no que diz respeito á decisão da Emily de ficar com ela, mesmo depois de saber que a mesma era filha de um alvo, que a mesma havia sido incumbida de eliminar.
- Confesso que estou surpresa por ver que você não colocou o colar que enviei juntamente com o meu convite! - declarou afim de afastar os seus pensamentos sobre a escolha da morena.
- Ah, sinto muito dizer que o colar voou pela janela, mas eu acredito que se estamos aqui falando uma com a outra, é porque você conhece a Emily melhor do que eu, e por esse motivo, deve saber que essa seria a sua reação perante um ato tão atrevido como o seu.
Cada poro da pele da Alison emanava arrogância e até mesmo uma certa agressividade...
Ela não estava disposta a entrar no jogo da Maya, e ainda menos de participar dos seus deboches, por isso, após beberricar um pouco de água, a mesma pousou o copo de cristal sobre a mesa, e encarando a Maya com uma expressão de alguém que tinha ido até ali atrás de respostas, respirou fundo, e expeliu o ar vagarosamente, para que as suas palavras saíssem certeiras e determinadas:
- Eu quero saber o que você tem de tão importante para me contar sobre a Emily... Sou toda ouvidos Maya, pode começar!
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