História The Secret (Emison) - Time to go to sleep..

NARRAÇÃO DA AUTORA ON:

Depois de ficar algum tempo em silêncio, Alison suspirou fundo três vezes seguidas e somente depois desse gesto, é que a mesma se atreveu a olhar pra morena que a olhava de volta com uma expressão de surpresa:

- Porquê? - Emily perguntou por fim...

- Eu tenho pesadelos todas as noites - a loirinha respondeu logo depois de esconder o seu rosto com as duas mãos - e com você eu me sinto segura.. mas se você não puder, tudo bem.

Não, não estava nada bem, pois a verdade é que a jovem não saberia como reagir se a morena recusasse...

- Posso, posso sim! - Emily respondeu com um sorriso no rosto.

- Obrigada! - a loira agradeceu sorrindo de volta.

- Bem, sendo assim acho que terei de levar mais roupa - a morena disse ao mesmo tempo que se dirigia até o closet, e após alguns minutos de espera, a mesma apareceu diante da jovem com uma mochila.

Depois de pegar uma mala diplomática, Emily agarrou no fato que um dos funcionários do hotel lhe entregou, e sentindo que precisava se justificar, ela disse:

- Peço desculpa mas preciso levar tudo isto, porque pode acontecer de ser chamada pra alguma reunião de emergência.

- Tudo bem - Alison respondeu resignada, e logo em seguida ela caminhou pra porta de cabeça baixa...

ALISON POV ON:

Embora eu me sinta culpada por estar causando todo este incómodo a uma pessoa que é pouco mais que uma desconhecida, a verdade é que neste momento não há nada que eu mais deseje do que poder tê-la ao meu lado, e quem sabe assim, eu consiga ter uma noite de descanso, sem pesadelos e receios que tanto me aterrorizam.

Satisfeita por ter obtido uma resposta positiva, eu abro a porta do elevador, e me apresso a carregar no botão que nos levará de volta á entrada do hotel...

Mais uma vez eu me ofereço pra ajudá-la a carregar as suas coisas, no entanto ela recusa, e eu acabo ppor aproveitar o fato da mesma estar fazendo uma ligação, pra observar os seus traços fisicos com atenção...

-  Oi, sou eu, presta atenção por favor: eu vou tirar o resto do dia de hoje pra descansar, por isso se você não se importar, adia todas as reuniões que eu tinha marcadas pra próxima semana e pede desculpas.. Sim, eu sei, mas não sou a única sócia da empresa, diz ao Toby pra fazer alguma coisa! Confio em você pra cuidar de tudo, e ah, por favor reencaminha os emails mais urgentes que eu vou responder ainda hoje

- Emily ordena antes de desligar, e quando nós já estamos saindo do elevador, ela se apressa a pedir a um dos funcionários do hotel pra que traga o seu carro.

- Desculpa por estar te causando todos esses aborrecimentos - eu digo depois de escutá-la bufando, decerto por estar se sentindo frustrada, contudo eu sei que se ela me deixar sozinha, eu vou ficar muito mal.

- Não tem problema.. faz tempo que eu não tiro uns dias pra mim, tou merecendo - ela declara num tom de voz animado e quente, que me faz arrepiar dos pés a cabeça.

- O seu carro já se encontra na entrada Miss Fields - um dos funcionários diz, interrompendo assim a nossa conexão..

- Obrigada! Eu não vou dormir aqui esta noite, por isso se alguém perguntar por mim, diga que não sabe onde estou.

- Com certeza - o funcionário assentiu sorrindo.

Quando nós estávamos chegando á saída, os meus olhos se encontraram com o daquela moça antipática e invejosa, e mais uma vez eu consegui ver ódio no seu olhar, e nesse instante eu desejei que uma das minhas amigas estivesse no meu lugar, pois decerto que a Spencer a xingaria com palavras de baixo escalão, e a Aria não sairia daqui sem aplicar dois tapas no rosto dela..

No entanto, quem está aqui sou eu: a garota que não tem valor pra colocar uma mulher daquele tipo no seu devido lugar, e se amedronta perante qualquer cara feia.

Eu volto a segurar o braço da Emily, em busca da sua proteção, contudo, assim que chegamos á entrada do hotel, eu levo um susto enorme quando percebo que o carro que nos espera é um descapotável lindo, enorme e muito luxuoso.

- O meu sócio me deu esse carro no meu aniversário, e depois disso apostou mil dólares em como eu jamais seria capaz de andar nele... desde então ele aprendeu a não me subestimar - ela diz com um ar vitorioso, enquanto coloca os seus óculos no rosto.

Eu me limitei a assentir, e entrei no carro tentando disfarçar o meu choque, contudo isso era meio que impossível, pois aquela viatura era do tipo que a gente só vê nos filmes...

Eu pensei que com um carro desses, a Emily seria uma louca que dirige perigosamente, mas no momento em que chegámos ao meu prédio, eu fiquei feliz por ver que ela fez todo o percurso com calma, respeitando assim o fato de eu ainda me encontrar bastante fragilizada.

Segundos depois dela estacionar no lugar que me pertence, mas que está vago por eu ainda não ter o meu próprio carro, eu vejo quase todos os meus vizinhos espreitando pelas suas janelas, e eu estaria sendo ingénua se pensasse que as reações seriam diferentes, pois a verdade é que eu já moro aqui há dois anos, e nunca recebi nenhuma visita.

- Vou deixar o meu fato aqui - Emily diz apontando pro porta-casacos que está ao lado da porta de entrada - você se importa se eu me sentar ali no sofá? Preciso ler alguns emails importantes.

Eu assinto com a cabeça e sorrio fraco, e fico admirando cada gesto que ela faz, desde o momento em que a mesma coloca o seu laptop preto em cima da mesinha onde eu tomo o café da manhã, até á parte em que ela espalha um bocado de papéis sobre essa mesma mesinha.

- Posso te oferecer uma bebida? Um suco, água, quem sabe um café? - eu pergunto timidamente.

- Não vou negar que estou com fome e que amo comer - ela responde animada, e isso foi o quanto bastou, pra que eu me apressasse a colocar sobre a mesa de refeições, aquilo que a maioria das pessoas chamaria de banquete.

Eu estava tão nervosa que coloquei todos os doces que havia feito no dia anterior: donuts, pão doce, pedaços de torta de chocolate, tarte de maçã, salada de frutas, água e refresco.

Cada vez que eu vinha da conhecia, ela levantava a cabeça pra me olhar, e talvez por ter se apercebido do meu nervosismo, a mesma viu que não lhe restava outra opção que a de parar o que estava fazendo pra falar comigo:

- Porque você não se senta ao meu lado? - ela sugeriu - Acho que toda essa comida vai chegar pra umas quantas décadas.
Mesmo me sentindo bastante envergonhada, eu acedo ao seu pedido, e estremeço quando sinto que o meu braço está roçando no dela.

- Peço desculpas por toda esta bagunça mas eu tinha mais trabalho pendente do que eu pensava... se você quiser conversar um pouco, podemos fazê-lo assim que eu terminar tudo isto.

- Não se preocupa comigo - eu respondo baixinho, e num ato de valentia eu me atrevo a encostar a cabeça no seu ombro - o importante é ter você aqui..

- Dá pra ver que você está muito cansada Alison - Emily diz depois de se virar pra ficar de frente pra mim - porque você não dorme um pouco, enquanto eu termino isto? Prometo que não vou embora!

Eu assenti com a cabeça, até porque tudo que eu mais precisava era de dormir, e sabendo que ela estava ali do meu lado e não pretendia sair, eu me sentia segura e protegida, mas eu não queria sair de perto dela, e foi por isso que eu decidi seguir o meu coração, consciente de  que usar de tanta ousadia podia não ser uma boa idéia:

- Você se importa? - eu pergunto enquanto gesticulo com a cabeça pra mostrar a minha intenção.

Mesmo confusa, Emily me obedece e levanta os seus braços de forma a que eu possa me aninhar no seu colo, e antes que ela tivesse chance de reagir, eu coloco os meus braços em volta do seu pescoço, e apoio a minha cabeça no seu peito, decidida a dormir embalada pelo compasso das batidas do seu coração.

- É confortável - eu justifico - me sinto muito mais segura assim...

EMILY POV ON:

Alison dormiu poucos segundos depois de me confessar que se sentia segura ao meu lado.

Dava pra ver que o seu cansaço resultava de noites seguidas sem dormir, e eu quase me atrevo a apostar, que desde que sofreu aquela tentativa de estupro, ela nunca mais conseguiu, relaxar, dormir, sorrir, ou viver a sua vida em paz.

(...)

- Acho que a sua namorada acordou - Toby diz de um jeito tão incoveniente, que fez a pobre Alison acordar assustada, e pior ainda ficou, quando olhou pra tela do meu laptop, e viu um cara com uma expressão severa olhando pra ela.

- Alison! - eu digo envergonhada - Sinto muito!

- Falamos mais tarde bobona! - Toby afirma num tom de voz impaciente - Não esquece de fazer um relatório de todos os gastos deste mês.

- Tá bom, tá bom.. falamos mais tarde imbecil - eu respondo pouco antes de desligar a ligação por Skype - Alison, eu peço milhões de desculpas por te acordar desse jeito, só que a minha presença era mesmo necessária numa reunião, e como eu nâo queria ir embora, decidi aparecer através de video-conferência.

- Não faz mal - ela diz em meio a um sorriso, que deixava subentendido que o importante era o fato de eu continuar ali.

- Você tá se sentindo melhor? - eu pergunto ao mesmo tempo que a olho de cima a abaixo, tentando avaliar o seu estado de espirito, e no instante em que os meus olhos se encontram com os dela, eu chego á conclusão que os seus olhos ficam ainda mais bonitos quando estão ensonados, pois estranhamente é quando os mesmos brilham ainda mais.

- Muito melhor - ela responde animada, pra logo em seguida encostar a sua cabeça no meu peito - obrigada!

- Fico aliviada - eu digo com sinceridade - mas.. aproveitando que você está acordada, será que agora eu poderia ir ao banheiro?

Alison se levantou num único movimento, e após consultar o seu relógio de pulso, eu percebi pela sua expressão, que a mesma não acreditava que tinha dormido tanto...

- Meu Deus, já é tão tarde! O jantar! Emily, sinto muito...

- Tranquila, não tem problema.. você deixou muita coisa ali na mesa - eu a tranquilizo ao mesmo tempo que aproveito pra me espreguiçar e estalar alguns ossos.

- Vou tratar disso agora! O que você gosta de comer? - a escuto gritando, pois nessa altura eu já me encontro no banheiro.

- O que você preparar pra mim estará perfeito!

NARRAÇÃO DA AUTORA ON:

Alison andava ás voltas pela cozinha, e numa dessas voltas ela percebeu a presença da Emily, que se deteve na porta de entrada, enquanto a devorava com os olhos, no entanto, a jovem sequer se sentiu incomodada, pois esse era um ritual que lhe era bastante familiar, afinal de contas, foi esse mesmo olhar que fez com que a mesma se encantasse pela morena.

- Qualquer coisa? - a loira perguntou referindo-se ao que estava preparando para o jantar.

- Sim - Emily respondeu, e depois disso ela deu alguns passos na sua direção, decidida a colocar uma mecha do cabelo da jovem atrás da sua orelha - eu aceito o que você tiver pra me oferecer.

Alison sentiu que a sua alma estava abandonando o seu corpo, e nesse momento ela também sentiu muita raiva de si mesma, por pensar que se ela queria atingir o seu objetivo, precisava colocar a sua timidez de lado, e entregar-se aquele turbilhão de sensações que se apoderavam dela sem pedir permissão.

- Vou levar os pratos e talheres pra mesa - a morena disse depois de ter ficado parada por largos segundos olhando pra jovem, contudo, nem uma nem a outra se atreveram a ir além de uma troca de olhares profundos. Até que a convidada decidiu ficar na cozinha, e após se sentar no balcão da cozinha, ela perguntou:

- Você é bailarina?

- Não, mas quando eu era pequena fui obrigada a fazer aulas de ballet. Porquê?

- É que você se move de uma forma muito elegante..
Alison não sabia o que havia de responder, mas ela não queria que a conversa morresse ali, até porque a mesma ainda não sabia nada sobre a morena, que por sorte deveria estar pensando o mesmo:

- E agora, você trabalha em quê?

- Bem, eu e as minhas amigas temos um restaurante. Na verdade o restaurante pertence aos pais da Aria, e eu e a Spencer investimos as nossas economias e entrámos como sócias.

- Dá pra ver que vocês são muito unidas...

- Sem o apoio delas provavelmente eu nem estaria aqui! - a loira respondeu, e nesse instante pela sua cabeça começou a passar a hipótese de que talvez a mesma tivesse se suicidado apenas pra não ter de viver ao lado do seu pai - E você trabalha em quê?

- Em comparação ao seu trabalho, confesso que o meu é bastante aborrecido - Emily respondeu entredentes - eu faço parte de uma empresa de investidores, ou seja, nós damos dinheiro na expetativa de receber mais dinheiro... já faz algum tempo que tou querendo sair,  mas o estúpido do meu melhor amigo não deixa.

- Aquele que estava falando com você via skype?

- Esse mesmo - ela respondeu suspirando fraco - ele até tem mais vontade de sair do que eu, mas o dinheiro, o poder e a comodidade não permitem que ele dê esse passo.

- Entendo.. eu e as minhas amigas dependemos muito umas das outras pra seguir em frente com o nosso negócio.

- Me surpreende que vocês não vivam juntas! - Emily afirmou curiosa.

- Até que nós tentámos, e quando eu cheguei á cidade nem tinha outra alternativa, no entanto a Aria e Spencer são aquele tipo de casal que briga muito, e elas sempre me colocavam no meio pra decidir quem estava com a razão e isso tava me enlouquecendo, por isso decidi que o melhor seria viver sozinha. Mas elas vivem no andar de cima -  jovem informou.

- Sábia decisão.. mas e qual é a sua função no restaurante?

- Sou eu quem faz os doces e as sobremesas... A Aria é a Chef, e a Spencer é a gerente e contabilista - Alison declarou, mostrando estar orgulhosa do seu trabalho.

Emily soltou uma gargalhada, no entanto a loirinha não foi a tempo de perguntar o motivo da piada, porque o celular dela começou a tocar, e enquanto a morena falava com a pessoa que tinha ligado, a jovem começou a admirá-la, pensando em como ela era simpática e divertida... Nunca ninguém lhe tinha dito que ela se movia de forma elegante, e isso fez com que ela pensasse que talvez a empresária o tivesse dito por educação, e não por considerá-la atraente.

- Posso te fazer uma pergunta? - a lorinha diz assim que ela desligou o celular.

- Sim pode, se eu souber a resposta não hesitarei em dizer - Emily disse de imediato, dando a entender que estava disposta a baixar a guarda.

- Sem dúvidas que sabe mas não precisa se sentir obrigada a responder - a jovem explicou envergonhada, pois ela queria perguntar, mas novamente a sua timidez foi mais forte, e a mesma acabou se acovardando.

- Agora fiquei curiosa.. muito curiosa..

- Perguntarei depois do jantar.. nunca te disseram que a curiosidade matou o gato?

- Sim, sim, mas é que o gato morreu sabendo e feliz - a morena brincou de um jeito meio atrevido.

A jovem mordeu o lábio inferior pra impedir a si mesma de dizer alguma besteira, pois a verdade é que quem estava morrendo de curiosidade era a própria.

- Posso colocar música? - Emily perguntou de forma a quebrar o gelo.

Alison sorriu, pois por norma ela amava cozinhar ao som de música clássica, pois isso a relaxava bastante, e também servia como uma forma de meditação.

Emily escolheu uma música bem conhecida da loirinha, que assim que escutou os primeiros acordes, sorriu abertamente:

- Amo essa música, mas confesso que faz tempo que não escutava..

- Fico feliz que goste, pois é uma das minhas favoritas.

Nisto, as duas começaram a conversar sobre música, e ambas se sentiam felizes por verem  que a conversa estava fluindo naturalmente, principalmente quando a Alison não sabia o que dizer, e a Emily a incentivava a continuar falando.

Alison se apressou a terminar o jantar, e depois de pedir pra que a morena se sentasse, ela serviu um prato de raviolis, que era uma das suas especialidades, e também a única coisa que lhe ocorreu naquele momento de desespero, por conta de ter dormido até tão tarde.

- Meu Deus! - a morena disse em meio a um gemido de satisfação - Está delicioso, você cozinha super bem!

A jovem agradeceu o elogio com um aceno de cabeça, e as duas jantaram num ambiente de paz...

- Não existem palavras a serem ditas pra expressar o quanto isto estava delicioso... eu podia comer raviolis pelo resto da minha vida. Agora vou lavar os pratos!

- Não Emily, não é necessário! Você é minha convidada!

- Por favor! Eu quero fazer a minha parte, não é justo que você tenha de fazer tudo sozinha - a morena pediu num tom de voz tão meloso, que a Alison não teve como negar.

- Tá bom! Obrigada!

- Nossa, tou tão cheia que acho que agora sou eu quem precisa de descansar... Você se importa se eu for me deitar um pouquinho?

- Claro que não! Faça favor! - a lorinha respondeu tranquilamente, e em seguida ofereceu um sorriso gentil.

Emily levantou e caminhou até ao sofá em passos lentos, no entanto ela não se deitou nele e sim no chão, dormindo logo em seguida.

Alison puxou a mesinha com cuidado, e com medo de despertá-la, mediu cada centimetro do seu corpo, e deitou-se ao seu lado, tendo o cuidado de não deixar as pernas demasiado descobertas.

A jovem apoiou a cabeça na costas da morena, e permitindo que o seu odor a inebriasse, ela se aproximou ainda mais, e usou os seus braços como travesseiro, deixando-se levar pelo calor do corpo da sua convidada..

O cansaço rapidamente a dominou, no entanto, antes que ela entrasse num sono profundo, a jovem ainda se apercebeu do momento em que a Emily girou o seu corpo, e a envolveu em seus braços, e desejando que aquele mesmo momento jamais terminasse, a mesma ficou quietinha, e sorriu até adormecer profundamente...