História The Selection - Taegi (ABO) - Em correção - Capítulo 13: Benditas Borboletas

SEGUE O 13 AQUI

Nayeon fez um breve sinal, o deu três minutos para relaxar antes de Min Yoongi descer.

“Ainda dá tempo de cancelar?”

Evitou tanto pensar no rapaz, que nem ao menos planejou algo, então, seria padrão, apenas passear por ali. Aproveitou seu intervalo para beber e engolir algumas uvas. O aroma do ômega surgiu. Arrumou sua postura.

“Momo costuma levar algumas coisas bem a sério não é?” —embora seu rosto estivesse estático, sentiu-se atraído.

De alguma forma, Min Yoongi estava mais bonito ainda, talvez fosse o fato de ser um rapaz que consegue conciliar os trajes femininos e masculinos de uma maneira harmônica e bela, Momo ainda o colocou com um pequeno salto grosso e pequenas joias discretas.

“Belíssimo”

Ambos saudaram com educação e respeito. Nayeon e Momo foram embora juntas.

—Alteza.

—Yoongi.

Aquilo parecia patético, nenhum dos dois estava falando. O príncipe se sentiu envergonhado por estar hesitando.

—O que gostaria de fazer? —perguntou e ele deu de ombros.

—Vossa alteza pode escolher. —acabou se irritando, exatamente como o papagaio de vestido respondia.

—Podemos tentar algo que você goste. —o ômega o encarou, em silêncio.

—Eu não tenho muitos gostos, alteza, a maioria dos meus hobbies são voltados para a arte.

—Ah, é, você fez um trabalho incrível na caixinha. —coçou sua nuca, desviando o olhar—Valeu. Eu quero mesmo agradecer.

—Estou contente com a alegria de meu príncipe. —ele tinha um sorriso breve e brando.

—Ugh... Certo, quer que eu te mostre o jardim?

—Eu acho que vi maior parte, mas eu adoraria fazer companhia.

—É, imagino que Momo tenha mostrado muitas coisas. —Yoongi ficou nervoso com a voz levemente irritada do alfa. —Ok, então, tem um lugar. —os olhos do herdeiro estavam na beta loira os observando não muito longe —Onde podemos ter mais privacidade.

14

♚ ♚ ♚

Taehyung observou o ômega, ele parecia animado vendo o local, diferente das outras que levou, as rosas importavam mais que o príncipe no momento.

—Então, Yoongi, do que mais gosta aqui no castelo?

—Hum? —se virou, com aqueles olhos inocentes e puros —Ah, definitivamente dos meus amigos. —então um sorriso pequeno, singelo —Eu nunca imaginei conhece-los e agora não posso me imaginar sem eles. —e as rosas claras voltaram a ter sua atenção.

—Não gostou de seu quarto?

—Eu adorei, alteza, nunca tive algo tão incrível em minha vida. Posso colher uma?

—A von... —era hora de um avanço —Eu pego, para que não se machuque nos espinhos.

O menorzinho apenas o encarou em silêncio, não soube dizer se estava encantado ou julgando. Já havia feito coisas mais difíceis e perigosas que colher uma única rosa.

—Aqui. —o ômega se curvou e agradeceu —Parece abatido?

—Não é grande coisa, alteza, eu apenas passei por um momento ruim.

—De manhã, mais cedo, eu te vi sentado na varanda, parecia triste. —Yoongi não queria entrar naquele assunto, Irene era a favorita do príncipe.

—Desculpe.

—... Não, não precisa pedir desculpas, você é bobo? — o ômega ficou surpreso —Bom, desculpe. Viu? Se desculpa por coisas assim, não por admitir que esteve triste. —resmungou e foi sentar —Me conte seus gostos, talvez tenhamos algo em comum?

“Impossível. “ —Era o pensamento de ambos.

—Sente- se por favor, ao meu lado.

A aura e o perfume do príncipe eram esmagadoras para o pequeno de fios negros, mas sentou, com quase uma pessoa de distância. Tentando conter as bochechas vermelhas, sentindo-se estranhamente ansioso, talvez fosse o aroma envolvente dele.

—Eu não sei bem alteza, talvez fosse melhor se o— Você começasse?—se corrigiu com a voz trêmula.

—Eu gosto de andar a cavalo. E você?

—Nunca andei. Hum, eu gosto de costurar.

—Eu nunca fiz isso muito bem. Gosto de passear pela cidade.

—Eu gosto de desenhar. —sorriu.

—Eu gostava também. —deu de ombros —Não gosto mais. — o ômega uniu suas mãos, se sentindo triste pelo mais velho. —Você toca piano, eu canto, uau.

—Alteza?

—Que?

—Não parece animado em estar comigo... Eu... Te desagrado?—o maior respirou fundo.

—De maneira alguma. —um sorriso amarelo surgiu em seu rosto bonito, o ômega encolheu seus ombros, abaixando levemente o rosto —Principalmente depois de ter restaurado um bem precioso para mim.

—Entendo, que bom. —respondeu baixinho, com um sorriso miúdo. —Uh... O que mais vossa alteza se sente feliz fazendo?

“Sexo ou nada. Mas se eu te disser isso é capaz da Momo brotar do inferno pra me bater” —ficou pensante.

—Eu gosto de ler... —o sorriso do ômega sumiu quando ambos se lembraram do incidente da biblioteca —Eu não sou o único certo?

—Sim e... Perdão mais uma vez.

—Esqueça, não é mais importante. —estava encarando as pernas do menor, eram bem torneadas, ele era mesmo muito bonito. —Como você se divertia?

—Imaginando, brincadeiras de faz de conta, com minha irmãzinha.

—Você tem uma irmãzinha?

—Sim, o meu pequeno amor. —o sorriso dele era cheio de amor, algo que Taehyung raramente via, o fez sentir inveja, queria ser amado assim.

—Você é um bom oppa então.

—Ela diz que eu sou o melhor, então eu acredito. —mesmo o riso dele era doce.

—Quer andar a cavalo? —Yoongi pareceu assustado —O que?

—Eles são animais um pouco... Grandes. —respondeu temeroso.

—Estaria comigo, sem ter de se preocupar, prometo que não lhe deixaria cair.

—M—Melhor não, desculpe. Tenho medo...

—... —“Ele precisa pedir perdão por tudo?”—Certo, o medo é natural. Então, o que gostaria de fazer?

—Eu não sei, geralmente só ficamos conversando e mal vemos o tempo passar.

Havia um silêncio desconfortável pairando entre os dois, e ainda havia aquela distância.

O vento ficou um pouco mais forte, o príncipe apreciou o perfume do ômega, era impossível negar sua doçura, o quão bom ele era.

—Comida favorita? —perguntou dando de ombros —A minha são morangos. —sorriu de lado, querendo seduzi-lo talvez?

—Tangerinas eu acho. —ele apenas parecia corado, mas não vacilou, quase chocando o lúpus. —Mas eu também gosto de morangos e frango.

—Você bebe?

—Não tenho idade para beber.

—É, lembrei. —coçou sua nuca —Gosta de algum animal?

—Quase todos, meu preferido são cachorros.

—Eu tenho uma gata, é difícil criar cachorros aqui no palácio... O último poodle que tivemos aqui... Restou só o pompom, parece que os cães da guarda não gostaram dele. —suspirou, não encarando o rosto assustado do pequeno. —Depois disso, papai achou melhor não termos cachorrinhos ou animais frágeis.

—Bolonhesa consegue se virar bem?

—Como sabe que o nome dela é Bolonhesa?

—Hobi-hyu... O príncipe Jung me contou, disse que vossa alteza quem nomeou.

—Pode ficar a vontade comigo, Hobi-hyung não liga pra isso de príncipe ou alteza. Eu também não, mas mesmo assim você segue me tratando como tal. —sorriu de lado, o pequeno ômega corou e desviou o olhar para o chão. —Respondendo, Bolonhesa é esperta, e já se acostumou com os outros, aparece quando quer, e some quando bem entender. —deu de ombros —Ela sabe se virar.

—Que bom. —sorriu pequeno.

—Você parece um gatinho sabia? —tocou a bochecha do menor, queria provoca-lo, sentiu que precisava, funcionou, o rapaz ficou nervoso.

—O—Obrigado?... Como assim?

—Pequeno, fofo. —sorriu e o ômega se afastou levemente. —Seus olhos... —o príncipe de repente se perdeu no rosto belíssimo do menor.

“Resistência ou teatro? Talvez esteja sendo fiel ao meu hyung?”

—Então... Vossa alteza é como um... —o encarou brevemente, o príncipe ficou confuso —Um tigre, é bonito e elegante, grande, forte e não sei... Seus olhos, me lembram algo feroz. —o mais novo se calou, corando, notando o silêncio e o rosto perdido do lúpus —Desculpa...—sussurrou. O príncipe estava calado, em choque.

—Não precisa pedir desculpas por me elogiar. Eu adoro ser elogiado. —sorriu, sem saber porque fez aquilo. —Certo, o que te assusta?

—Muitas coisas... Tempestades, enchentes, ventanias, guardas do palácio, aranhas, agulhas, pessoas brigando... É mais do que eu consigo lembrar.

—Os guardas... Te assustam? — o ômega engoliu o seco, desviando o olhar, falou sem perceber. —Por que...?

—... Alteza, longe do palácio, as coisas são diferentes, eles não são gentis como os daqui, ou educados, eles gritam, puxam e empurram, gritam, ameaçam com suas armas. —suspirou.

—Eu havia ouvido boatos, mas sempre desmentidos pelos superiores.

—É, mas a história real é outra, quem entende o crime melhor do que a vítima?

—Você é inteligente e perspicaz. —sorriu breve, olhando para o gramado.

“Bem mais do que eu se duvidar”.

—E al— v—você? —olhou para o sorriso nervoso do ômega, ele era mesmo muito bonito. —Algo te assusta?

—Eu sou corajoso, nada me assusta. —sorriu de lado.

—Coragem em excesso é imprudência. —se calou, mas o lúpus riu.

—Certo, eu morro de medo de várias coisas, mas eu finjo que não, eu tenho medo de ratos e eu tinha muito medo do escuro quando era mais novo, dependendo do lugar eu fico com medo da altura. Parabéns, Min Yoongi, você foi uma das poucas pessoas para quem admiti meus medos, espero que não me zombe por isso.

“E eu tenho medo de perder o pouco que eu tenho, mas você não entenderia”—engoliu aquilo, o ômega não merecia saber todos seus sentimentos.

—De maneira alguma, não cabe a mim ou a ninguém julgar os medos do outros, espero também que não brinque com os meus.

Taehyung suspirou, encarando os olhos sinceros do menor. Ele era bom demais.

—Certo, se uma aranha aparecer eu te protejo dela, se algum guarda te ameaçar, pode vir correndo falar comigo, eu te defendo. —cruzou os braços e o ômega conteve uma risada com seus dedos.

—Então, se precisar, eu espanto alguns ratos para você, e se ficar com medo do escuro eu posso acender uma vela para você.—ficou surpreso com a doçura com que ele disse aquilo, e olhos mais sinceros impossível.

—Combinado. Está se soltando comigo, isso é bom. —mas queria ser mais direto —Você gosta de mim?

—Eu... Não conheço vossa alteza muito bem... —se encolheu, quase largando a rosa branca. —Não desgosto, mas... —suspirou —Nenhum de nós pode mentir, até agora nossos encontros foram esbarros por acaso e realmente desastrosos. —soltou, com o rosto entristecido.

—Você é mais sincero do que eu pensei, gosto disso. —respirou fundo, cruzando os braços —É, a primeira vez que nos vimos, você estava num local proibido e chorando, depois a biblioteca, por isso esse climão. E do Hoseok-hyung?

—A—ah... —ele corou, ficando realmente nervoso, Taehyung quis zombar —Nos conhecemos há pouco, mas já nos tornamos bons amigos, eu gosto sim dele, assim como dos outros. —sorriu sem jeito, passando uma mecha negra para detrás de sua orelha.

—Ele é assim mesmo, faz amizade com todos.

—...Realmente aprecia minha sinceridade? —concordou —Então, posso falar mais, sem risco de expulsão?

—Duvido muito que fale algo ruim o suficiente para me irritar.

—Eu não sou bobo, nem cego, eu sei que vossa alteza não gosta de mim. —sua voz soou triste, quase embargada, Taehyung sentiu seu peito doer e uma estranha ansiedade, o mandando rapidamente aperta-lo contra seu peito e usar o próprio cheiro para espantar a dor alheia, mas se conteve, não o tocaria —Eu só... Por que?—nunca odiou tanto encarar alguém como naquele momento —Por que não gostou de mim desde o começo? Nós mal nos conhec—

—Não é pessoal. —o cortou, agoniado, não aguentando ver os olhos tristes daquele rapaz. —É... Estamos jogando as cartas na mesa, não é? —ele concordou, cabisbaixo —Eu não escolhi, foi meu pai.

—Eu já tinha imaginado... É por isso que me odeia? —soou triste.

—Eu não te odeio. —era estranho, se sentir apressado para se defender assim. —Só não gostei e... Eu nunca estive com um rapaz antes, mesmo que fosse ômega. E você?

—Eu nunca estive com ninguém, homem ou mulher, o que quer que fosse.

—Não te interessavam?

—Eu não tinha tempo, mas tinha medo, vossa alteza é um homem bonito e educado, nunca me disse coisas constrangedoras ou tentou me tocar.

Taehyung congelou, enquanto sentia raiva. É claro, um estúpido, como pôde se esquecer tudo que um ômega poderia sofrer? Quantas vezes saiu no soco com algum nobre que falava besteiras sobre suas irmãs? Ou da vez que viu seu pai assustado, porque alguém disse nojeiras?

Se arrependeu dos pensamentos que teve sobre ele, não era muito diferente dos outros agora. Sempre se odiou, agora um pouquinho mais.

—Aqui... Aqui, você não precisa se preocupar, ninguém irá te fazer mal. —tocou o rosto dele, por instinto —Vão te respeitar como deve ser.

—B—Bem, obrigado... —notando seu rosto vermelho, retirou brevemente sua mão. —O que faremos?

—O que você quer?

—Eu não quero que me odeie.

—Não te odeio, já disse.

—E—então... P—pode me dar uma chance?—Taehyung ficou surpreso, e confuso, supostamente ele deveria gostar de Hoseok —Podemos tentar ser amigos?

—Ah, amigos?—o pequeno assentiu, e o príncipe odiou se sentir decepcionado.—Certo, podemos, fazer isso aí. —ele sorriu doce—Mas eu não sou bom em fazer amigos.

—Eu sou um pouquinho. —ele riu baixo, doce e sereno, o príncipe relaxou —Então, não vai mais me olhar com desprezo? —o alfa corou, era melhor quando pensava que o ômega estava alheio.

—Sim, vou te cumprimentar também. Eu não te olho com desprezo. —coçou sua nuca. —Ah, é, eu acabei me distraindo e esqueci... Você está muito bonito com essa roupa, naturalmente você já é bonito, mas... —não sabia de onde vinha seu nervosismo perante o ômega, talvez fosse por ele ter descoberto sua farsa —Enfim, Momo soube valorizar seus traços. —quando voltou a olhar o menor, o rosto dele e as orelhas estavam realmente vermelhas.

—O—Obrigado... V—Vossa al... Você—respirou fundo —Também está muito bonito, como sempre e até mais hoje. —sorriu sem jeito —Fica muito bem de verde, parece mais jovem e feliz, e acabou combinando com a caixinha.

O sorriso dele era lindo. O príncipe se sentiu corar.

—Me surpreendeu ver como fica sem uma coroa.

—É ruim? —riu fraquinho, o ômega negou ainda com um rosto gentil.

—Ficou muito bem pra falar a verdade, pareceu mais... Comum? Menos assustador. —sorriu encolhendo seus ombros.

Taehyung ficou surpreso, nunca alguém estranho o disse algo assim, as outras selecionadas questionaram aquilo, mas Min Yoongi o elogiou com um sorriso doce e olhos brandos.

—Obrigado... Eu, ficou feliz por isso. Momo escolheu para mim.

—Ela é muito boa nisso... Ah... Sente falta dela? Desculpe, parece que agora ela precisa cuidar de mim.

—Tudo bem, o pai queria que você fosse bem tratado, ninguém melhor que a princesinha dele. —deu de ombros, ainda que magoasse sim —Vocês se dão bem, então tudo certo. Hun... Você não gosta de fazer nada?

—Dormir vale? —riu baixinho, o príncipe sorriu, ele era realmente agradável —Eu gosto de um ar mais caseiro, cozinhar, dormir, fazer nada também. —o lúpus notou, ainda que ele fosse tímido, sorria facilmente.

“...Ele e Hobi-hyung se darão muito bem...”

—Cozinha?

—Só como... Sou um desastre, as tias sempre me expulsam. —sorriu de sua própria desgraça, se sentindo muito mais calmo desde que aquele circo foi armado, culpou o cheiro doce do ômega, mesmo que não fizesse nada, é como se estivesse emitindo feromônios  calmantes, era natural de Min Yoongi.

“É por isso que todos se sentem bem com ele? Por sua aura acolhedora?” —suspirou baixinho em deleite.

—Tem alguma coisa que você gostaria de fazer, alteza? — o pequeno começou a pensar, nada parecia interessante o suficiente para contar ao príncipe, eles não tinham gostos muito parecidos.

—Você não teria alguma sugestão, Min Yoongi?

—Eu... T—talvez cozinhar?... Sinto muito, eu devo parecer um completo chato, mas é que... Eu nunca tive muito tempo livre para encontrar um hobbie.

—Sua vida foi bem difícil... —o menor assentiu, não aprofundando o assunto —Eu só sei montar um sanduíche, acredite, eu seria expulso daquela cozinha no segundo que pegasse uma panela.—o ômega acabou rindo baixinho, o que fez o lúpus se calar, nervoso e até mesmo tímido, como não se sentia há tanto tempo —É engraçado, eu sei. Ah... Você toca piano não é? —Yoongi sorriu, todos pareciam muito interessados nisso, queria ter logo a oportunidade—Então pode tocar para mim, e os outros, eles te adoram não é?

—Eu conto com isso. —sorriu com o rosto corado —Quando quiserem, e a música que quiserem.

—Hun, eu estou ficando com fome, não lanchei entre os encontros. —se levantou estendendo a mão para ele, o ômega ficou bonito com o vento bagunçando seus cabelos, mas ele sorriu negando e levantou sozinho. —Certo, fui rejeitado. —sorriu de lado, assistindo-o se tornar nervoso —É brincadeira. Vamos pedir para Momo um lanche e então você estará livre de mim.

Seria o encontro mais curto, porque os dois não tinham assunto algum ainda, as outras ao menos tentavam flertar com o príncipe, mas Min Yoongi, que percebeu sua aversão, não se forçou a entrar na atuação do alfa.

De certa forma era um alívio, nenhum dos dois fingindo qualquer coisa, mas o deixou constrangido ele ter notado tudo.

—Ah, obrigado por ser sincero comigo, fica mais fácil falar com você, sem fingimento. —assentiu.

—Mas... Acho que será melhor não comentarmos isso com vossa majestade e com noona, eles se preocupariam demais, não quero isso. —o alfa concordou, não tinha qualquer intensão, seria um inferno dramático, se aqueles dois soubessem que o pequeno anjo notou sua raiva sem motivo.

—Nem eu, Min, nem eu. —suspirou e começaram a andar lado a lado, mas algo frio em sua bochecha o fez balançar o rosto —Hun?

—Oh ou... —gostas estavam pingando neles.

—Por que os jardins ficam tão afastados de tudo? —rosnou tentando diminuir as gotas com o braço—Vamos apressar o passo. — acabou se tornando um pouco mais forte, o príncipe usou seu corpo maior para cobrir o pequeno ômega, e acabou não notando o quão vermelho ele se tornou.

—Melhor corrermos alteza, ficará resfriado...

—A prioridade é você, pensam que você é de açúcar se duvidar. —e o alfa realmente o puxou para correrem até uma varanda próxima, havia uma cobertura , agora os dois estavam encharcados e sentiam frio com cada rajada de vento. —Merda. —o príncipe tentou abrir as portas, mas estavam trancadas. —Podemos dizer que esse encontro foi por água a baixo... —resmungou e o menor riu fraquinho, tentando tirar o excesso de água de si — Ainda não tivemos um que fosse desastroso?

—Eu sou azarado, deve ser isso. —riu baixinho, erguendo suas mangas. —É uma pena que tenha encharcado sua roupa tão bonita.

—Digo o mesmo para você, mas eu posso vestir qualquer outra coisa e ficar bem. —cruzou os braços, agora estava constrangido, com fome e molhado.

—YOONGIII!

—Eu nem imagino quem seja essa louca gritando na chuva. — o príncipe revirou os olhos, Yoongi sorriu, escondendo com sua mão, ele era um briguento.

—Taeeee!

Nayeon apareceu primeiro com uma sombrinha a protegendo, ela os encarou e respirou fundo entregando um guarda-chuva grande.

—Vamos, precisam se secar.

—Momo está na chuva? Ela ainda não se recuperou completamente...

—Não, ela só está gritando mesmo. —Taehyung indicou ao ômega para vir ao seu lado, ele o fez, parecendo muito tímido e bonito com os fios negros escorrendo em seu rosto delicado. —Uma pena, quer que eu remarque?

—Tudo bem, já estávamos acabando mesmo... Só iríamos fazer um lanche, mas agora é de um banho que precisamos.

—Certo, ainda pretendem comer juntos? Ou devo mandar servirem refeições separadas?

Alfa e ômega se encararam brevemente, sem jeito, nenhum dos dois queria dizer sim, mas nenhum queria rejeitar o outro.

—Eu acho que Momo irá roubar Min Yoongi pelo resto do dia, do jeito que ela está paranoica.

—Isso é verdade, por algum motivo ela o enxerga como um bebê frágil, deve ser porque finalmente tem alguém mais novo que ela, não é a caçula por uma vez na vida. —o príncipe sorriu de lado e dando de ombros. —Min Yoongi, sua saúde é frágil?

—A—Ah... N—Não, é só uma chuva, por favor não se preocupe.

Taehyung o notou, não era só a si que o ômega rejeitava, ele não queria que as pessoas se preocupassem, não desejava nada delas.

—Você é do tipo que se preocupa mais com os outros que consigo mesmo. — o príncipe murmurou, vendo-o ficar nervoso e assentir fraquinho.

—YOON! —viram Momo sendo segurada pelo rei ômega de Geumli, com um rosto cansado, Hoseok estava lá também, sorrindo —Tá ensopado, um gato molhado! Tae... Ai não...

—Vocês estão bem? — o rei perguntou bem mais calmo que a beta

—É só água, felizmente.

—Certo, para dentro, as nuvens estão ficando carregadas, é perigoso e vocês podem se resfriar. —haviam mordomos com toalhas e tapetes logo na entrada.

—Tae, ainda bem, eu pensei que você derreteria na água. —o príncipe riu do amigo encharcado.

—Eu sou uma bruxa não é? —riu também —Pelo menos é chuva e não uma casa inteira.

Yoongi riu discreto, entendendo as referências.

—Tirem os sapatos para não molharem tudo. —o rei pediu, cobrindo seu filho com uma toalha, Momo cuidando de Yoongi.

—Mais alguém se molhou, ou só...

—Só vocês, não viram o tempo mudando?—Momo reclamou tentando secar os fios negros do selecionado.

—Acho que nos distraímos conversando. —o lúpus suspirou e irritou ver o sorrisinho de seu pai. —Bom, eu vou pro quarto, Yeon, eu quero comer lá mesmo. — se afastou do rei com uma careta, arrancou os sapatos e foi apressado para as escadarias, ignorando todos.

O príncipe Jung olhou para um lado e para o outro, sorrindo para o pequeno ômega antes de ir atrás de seu amigo.

—E você, Yoon, quer comer alguma coisa? — o ômega assentiu —Momo...

—Primeiro eu vou secar ele, depois eu dou comida.

—Eu só sinto muito pela roupa e sua maquiagem, noona. —suspirou com um sorriso delicado e removeu suas botas com cuidado, as carregando em suas mãos.

♚ ♚ ♚

O príncipe de Geumli decidiu não sair do quarto para poder aproveitar a chuva, com roupas quentes e macias, Hoseok estava sentado na parte coberta da varanda, a mesa repleta de lanches, sempre traziam mais do que aguentava comer.

—Não mandaram cup-noodles? —suspirou desacreditado, pegando uma sopa fumegante de cogumelos e pequenos bolos recheados de carne. —Pedi um lanche, não uma janta.

—É porque você se molhou, uma comida quente é o melhor.

—Lamen é quente, e eu também. —soprou a colher com o caldo.

—Porque saiu tão irritado? Você parecia feliz...

—Coisa da sua cabeça. —deu de ombros, olhando para a chuva.

—...Como foi? Se deram bem?

—Ele percebeu que eu não gosto dele.

—Convenhamos que você dá bem na cara às vezes, Yoongi-ah é inteligente e percebe as coisas. Mas e então? Conta pra mim, vai. —riu.

—Aceitei ser amigo dele, brincar com vocês. —zombou com uma careta e comeu o recheado de carne.

—Oh, isso é bom.

—Mas ainda não confio nele.

—Tudo bem, eu sei que você não confia tão rápido quanto eu. Ele ficou triste?

—Decepcionado eu acho, deve ser pior quando a e pessoa admite em voz alta, foi mal magoar ele.

—Peça desculpas a ele, não a mim.

—Ele gosta de você.

—Oh! Encheu minha bola pra ele? —sorriu largo, Taehyung abaixou seus ombros, queria poder ser feliz como aqueles dois eram.

—Vocês vão se dar bem.

—Por que não parece feliz dizendo isso? — o mais alto também não sabia.

—Medo de te perder?... Jungkook e Jimin vivem entrando no mundinho deles.

—Te conheço desde pirralho, não tem pessoa nesse mundo que me afaste de você, Tae, eu te amo, você sabe. —o mais velho sorriu doce, afagando seu ombro, o maior sorriu pequeno, genuinamente feliz.

—Se você quebrar sua palavra eu mordo sua bunda.

—Combinado. —riram.

Jogaram conversa fora, besteiras até a chuva ficar mais agressiva e precisarem entrar para não se molharem.

—Uh... Hyung, eu acho que vou trabalhar agora, por que não vai conversar com o Min? Tenho certeza que ele apreciaria sua companhia. —sorriu pequeno, dando de ombros.

—Boa ideia. —sorriu—Você está bem mesmo?

—Eu estou atolado de serviço, enrolei tanto que agora deu nisso. E quero ficar sozinho, vaza.

O mais velho suspirou baixinho, mas sorriu antes de se despedir do outro príncipe.

—Ah, é, não se preocupe, não farei nada que não devo, eu respeito você e todos neste palácio. —o ruivo disse num tom tranquilo.

—Hun? Ah, tá, eu nem ligo. —resmungou procurando uma caneta em sua escrivaninha.

♛ ♛ ♛

Momo o trouxe comidas quentes para o aquecer por dentro, seu corpo escondido embaixo de um suéter grosso e azul claro, se sentiu minúsculo ali dentro, a beta parecia realmente preocupada com sua saúde, talvez ela entrasse em pânico se contasse das vezes que precisou trabalhar debaixo de chuva e vento.

—Noona, eu estou bem mesmo, você nunca tomou banho de chuva? —sorriu e ela negou com um sorrisinho.

—Eu sempre ficava muito doente se pegasse chuva, então enquanto os outros continuavam brincando eu precisava voltar para dentro, me secar e ter certeza de ficar bem aquecida, só estou preocupada, não quero que você seja assim.

—Pode respirar relaxada, eu dificilmente fico doente.

—Mas você teve um mal estar recentemente.

—Sedentarismo, é só isso. —sorriu deixando sua tigela seca de lado, Momo deu um sorrisinho de lado e passou a recolher a louça.

—Você pode ir sozinho para o quarto? —assentiu.

—Prometo que não vou me perder, já aprendi o caminho. —levantou e arrumou a cadeira, indo para o rumo das escadas, não haviam muitas moças por ali, elas pareciam ir e vir do salão ômega.

Yoongi se arrepiou ao encontrar o ministro da geada, Kim Minseok, se curvou a ele, que apenas acenou e seguiu seu caminho. Subiu as escadas, passando por Irene, ela o ignorou completamente, como se fosse invisível, preferiu que fosse assim.

—Aqui não é seu lugar. —uma bela ômega disse do topo, com olhos frios e irritados, Yoongi se sentiu triste, cabisbaixo, fez uma reverência para ela antes de se apressar até o quarto. —Você não vai durar, patético.

Se aproximando do corredor dos quartos, haviam mais algumas moças saindo e entrando, Yoongi não precisava levantar a cabeça para saber que era encarado com ódio.

—Eu não suporto esse tipo de gente... Que se deita com outro igual, está mais que claro que nosso príncipe não é um deprav—

—Shh... Aqui não, existem vários por aí, vai ser pega...

Yoongi se sentiu ainda pior, seu estômago se revirou e o peito apertou, ficou mudo e correu para entrar em seu quarto, aquelas duas não estavam zombando apenas de si, mas como dos reis ali presentes, ficou sufocado.

Respirou fundo, não havia nada a fazer com aquelas pessoas, talvez denunciá-las, mas sempre tinha medo, principalmente não somente da injustiça, mas da não justiça.

Sentou, com as mãos tremendo, começou a escrever uma nova carta para a família, desabafando no papel, pensou se deveria contar sobre ter “feito as pazes” com o príncipe ou não, temia dá-las falsas esperanças, também rejeitou falar sobre o outro príncipe que estava o conquistando. Escrevia e ilustrava os esboços, respirando cada vez mais tranquilo.

Então o vento ficou forte, os sons mais altos, tremeu se arrepiando, fechou as cortinas, assustado, memórias da tenebrosa tempestade voltando a atormenta-lo. Abraçou seus joelhos contra o peito, buscando ficar calmo.

Foi se esconder debaixo da coberta, torcendo que aquilo espantasse a tempestade, os barulhos o apavoraram demais, e pensar no estrago sendo feito em seu complexo era desesperador. Jisoo sempre começava a chorar com chuvas assim, gritava e corria para se esconder dentro do armário, casas caíam, a água subia demais, o hospital lotava, era um desastre atrás do outro. Yoongi tinha medo.

Batidas em sua porta o fizeram dar um salto com o susto, respirou fundo e se levantou trêmulo.

—Yoongi-ah? —era a voz macia e doce do príncipe de Âmbar, sorriu pequeno, indo até a porta descalço e secando suas lágrimas.

—Hyung. —sorriu.

—Vim ver como está depois de pegar chuva, está com febre. —tentou tocar as bochechas vermelhas do menor.

—É só frio. —sorriu desviando brevemente, não queria que ele as sentisse molhada.

—Hun, eu vim te convidar para uma conversa, não me atrevo a entrar em seu quarto. — o menor se sentiu tímido, mas aceitou o convite, jamais rejeitá-lo-ia.

—Tudo bem então, adoro sua companhia, hyung, e Momo está tão ocupada que estou sozinho tem um tempo. —sorriu doce, apagando a luz e trancando sua porta, era importante sempre manter um pé atrás com tudo e todos, mesmo num palácio.

—Eu idem. —riu fraquinho e os dois caminharam lado a lado no corredor —Eu entrelaçaria nossos braços como um bom cavalheiro, mas temo que possam pensar mal sobre nós dois, principalmente você.

Yoongi encolheu os ombros, concordando, não precisava de outra acusação como a da ômega mais cedo.

Foram até uma mesa em uma das varandas, perfeitamente fechada para a chuva não entrar, no entanto podiam ver bem o mundo lá fora, a tempestade agitando os galhos e folhas, agressiva. Um trovão o fez se encolher.

—Tem medo dos sons? —perguntou tranquilo, segurando a mão do menor, que assentiu.

—Temo ainda mais as consequências, mas vou ficar bem.

—Eu posso fechar as cortinas, também não gosto muito da vista. —o príncipe se levantou para cobrir as paredes de vidro da varanda, enquanto Yoongi olhava atento os lanches, chocolate quente e duas pequenas tortas de creme com morangos.

“Vou aproveitar para comer todos os morangos que eu puder enquanto o príncipe não me chutar fora” —sorriu breve, roubando uma das fatias de seu doce.

—Hun. —notou o ruivo sentar novamente —Sobre o que queria conversar?

Se sentiu na sensação incômoda com o outro da realeza, não terem algo para conversar, dois completos estranhos sentados lado a lado.

—Qualquer coisa. —ele sorriu largo —Falar com você é divertido simplesmente, sem motivo, não precisa ser algo específico. —deu de ombros roubando seus próprios morangos do topo —Podemos escolher qualquer coisa, essa é a graça de uma conversa, falar o que der vontade.

Yoongi sorriu, feliz e aliviado, como esperado, era fácil se comunicar com alguém tão animado.

—Certo, eu começo, porque sou fofoqueiro. —o ruivo de si —E adoro uma festa, temos algumas previstas durante a seleção, uma festa de boa estadia, depois de quinze dias, eu tenho certeza que vai ser linda, cheia de cor e música, você gostaria?

—... —o encarou nervoso, prensando os lábios.

—Pode falar, docinho.

—É que... Eu já participei desse tipo de festa antes, mas sempre como garçom. —sorriu tímido, sem jeito —Tenho medo de pegar uma bandeja e sair servindo todos ao invés de aproveitar. —se encolheu. —Nem sei como se aproveita, é sempre... Muito estático, pessoas de pé ou sentadas, música boa, mas ninguém dançando, ah, e gente passando mal, de verdade.

—Você resumiu bem, como é um ambiente muito formal, meio que é exigido que todos se portem como manda o figurino,  as festas do Tae são bem animadas, com pista de dança e tudo, mas já que essa é uma para demonstrar o luxo e a família real, será realmente um baile de gala, com convidados importantes e — o ruivo se calou, seu rosto se tornando preocupado.

—A—algum problema?

—Algumas pessoas... questionáveis virão. —sorriu pequeno —Não são exatamente boas, se vierem, eu te ajudo a ficar bem longe.

—Ah, certo. —ficou confuso. —Mas acha que vai realmente ser legal?

—Não. —riu —Mas eu sempre fujo dessa chatice, é mais fácil que parece, como tem muita gente espalhada, nós saímos aos poucos, acenamos, paramos em alguns pontos específicos e então vamos para o jardim, nos escondendo por três minutos e então escalamos até o quarto de Taehyung, pela árvore e ele coloca uma espécie de ponte de madeira para facilitar, então ficamos lá enrolando até Nayeon vir nos buscar, ela parou de entrar no esquema quando fez dezesseis. —riu, Yoongi achou divertido, uma aventura para escapar do tédio.

—Mas porque param em alguns pontos?

—Para pensarem que ainda estamos lá, de repente perguntam sobre você, e então alguém que te viu nesse ponto vai dizer que te viu e comentar “deve estar mais pra lá” ou “acho que foi por ali”, então quem quer que esteja nos procurando vai rodar igual barata tonta até que a Yeon perceba que nós sumimos.

—Oh, que ótima estratégia. —riu —Eu cairia como um patinho.

—Taehyung é uma gêniozinho travesso desde pequeno. Ele adora fugir. —negou.

—Hun...

—Vocês não se deram bem?

—Mais ou menos, estamos nos conhecendo. —sorriu tímido. —Prometemos tentar fazer isso dar certo, ele até disse que vai me cumprimentar. —riu doce —É um começo.

—Um bom recomeço no caso. —riu também —Ele vai gostar de você, é impossível não gostar.

—Tem pessoas que pensam diferente. —negou tomando um gole da bebida quente. —Eu fico bem.

—Enquanto você tiver a mim, não precisa se preocupar com estas pessoas, Yoongi, eu me encarregarei de deixa-lo feliz e acolhido.

Yoongi olhou nos olhos do lúpus, se sentindo mais aquecido pelo brilho deles que por sua bebida, a sinceridade o envolvendo e despertando uma revoada em seu estômago tão intensa que as borboletas provavelmente causaram um furacão em si.