O dia começou como qualquer outro. O alarme tocou pela terceira vez, e eu finalmente me arrastei para fora da cama, já irritada antes mesmo de abrir os olhos. O céu estava nublado, e a previsão prometia uma tempestade antes do fim da tarde. Perfeito. Mais um motivo para querer voltar para casa o mais rápido possível.
Quando cheguei ao escritório, o clima não era muito melhor. O ambiente estava carregado, como sempre. Colegas apressados, pilhas de papéis, e aquela sensação constante de que todos estavam presos em uma roda que nunca parava de girar.
Logo de cara, fui bombardeada com solicitações de última hora. Meu chefe, um homem que parecia viver para aumentar meu nível de estresse, decidiu que hoje seria o dia para testar os limites da minha paciência.
"Lara, preciso que termine esses relatórios antes do meio-dia,"_ disse ele, sem sequer olhar para mim, enquanto me entregava uma pilha de documentos que poderia levar uma semana inteira para revisar.
"Claro,"_respondi, já imaginando a quantidade de café que seria necessária para aguentar o dia.Minhas tentativas de focar no trabalho foram interrompidas repetidas vezes. Primeiro, foi a colega que estava grávida e vomitou pela milésima vez no banheiro, precisando que eu cobrisse suas tarefas. Depois, um cliente insatisfeito que decidiu descontar toda sua frustração em mim pelo telefone.
Enquanto isso, minha individualidade parecia querer se manifestar sozinha, ajustando a pressão do ar ao meu redor sempre que meu nível de irritação atingia o limite.Na hora do almoço, eu mal tinha apetite. Em vez disso, preferi dar uma volta rápida fora do escritório, tentando encontrar um pouco de paz no caos. Mas a cidade estava tão agitada quanto o escritório, e a sensação de que algo estava fora do lugar só aumentava.
Quando voltei, as coisas não melhoraram. Mais demandas, mais prazos impossíveis, e a constante sensação de que estava sendo empurrada para o limite. Eu queria apenas gritar e explodir tudo ao meu redor, mas sabia que não podia. Não sem consequências.
Finalmente, o relógio marcou o fim do expediente, e eu estava mais do que pronta para ir embora. Cada célula do meu corpo ansiava por uma fuga daquele ambiente sufocante. Peguei minhas coisas e saí, praticamente correndo para a liberdade. Mas o que eu não sabia era que o verdadeiro desafio do dia ainda estava por vir.
Depois de um dia estressante de trabalho...
O sol já havia se posto quando finalmente deixei o escritório. O cansaço pesava nos meus ombros, e tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho quente e esquecer as últimas oito horas da minha vida. As ruas estavam mais silenciosas do que o habitual, uma tranquilidade estranha que me deixou um pouco inquieta.
Enquanto caminhava pela calçada mal iluminada, senti uma brisa gelada passar por mim, fazendo-me encolher dentro do casaco. A temperatura não estava tão baixa, mas algo no ar parecia... errado.
Minha individualidade reagiu instintivamente, ajustando a pressão ao meu redor como uma camada extra de proteção. Foi quando ouvi passos suaves atrás de mim. Não eram os passos apressados de um transeunte comum; havia algo deliberado e sinistro neles. Acelerei o passo, tentando ignorar a sensação de que estava sendo observada.
_"Está com pressa para algum lugar?"_ uma voz rouca e arrastada soou atrás de mim, fazendo meu coração disparar. Virei-me lentamente, e meu olhar encontrou um par de olhos vermelhos brilhantes, cercados por uma pele pálida e rachada. O homem diante de mim tinha cabelos azul-claros desgrenhados e vestia uma jaqueta escura que parecia desgastada pelo tempo.
Mas o que mais chamava a atenção eram as mãos extras que cobriam partes de seu corpo, dando-lhe uma aparência perturbadora e ameaçadora. Meu corpo congelou no lugar. Eu o reconheci imediatamente das notícias e dos alertas de segurança: Tomura Shigaraki, o líder da Liga dos Vilões. O que ele poderia querer comigo?
_"Você parece cansada. Longo dia no trabalho?"_ele continuou, inclinando a cabeça de forma quase curiosa, mas o sorriso cruel em seus lábios denunciava suas intenções.
_"Posso ajudar em alguma coisa?"_ consegui responder, tentando manter a voz firme apesar do medo crescente dentro de mim. Minha mente trabalhava freneticamente, buscando uma saída daquela situação.
_"Oh, com certeza pode,"_ ele disse, dando um passo mais perto_"Tenho ouvido coisas interessantes sobre você, Lara. Sobre sua individualidade... e seu potencial."_
Como ele sabia meu nome? E mais importante, por que um dos vilões mais perigosos do mundo estaria interessado em mim? Eu sempre me esforcei para manter um perfil baixo, evitando usar meus poderes em público.
_"Não sei do que você está falando," respondi, dando um passo para trás enquanto sentia o ar ao meu redor começar a vibrar sob minha influência.
_"Não se faça de desentendida,"_Shigaraki retrucou, seu olhar ficando mais intenso. _"Estou oferecendo uma oportunidade rara. Junte-se a nós, e poderemos mostrar ao mundo o verdadeiro significado de poder."_
_"Desculpe, mas não estou interessada,"_ declarei, tentando soar mais confiante do que me sentia. Precisava sair dali, e rápido.Ele riu, um som seco e sem humor que ecoou pela rua deserta.
_"Acho que você não entendeu. Isso não é um convite. É uma convocação."_ Antes que pudesse reagir, senti uma onda de energia maligna emanando dele, a atmosfera ao nosso redor tornando-se pesada e opressiva.
Meu instinto de sobrevivência entrou em ação, e canalizei minha individualidade, manipulando a pressão do ar para criar uma barreira invisível entre nós.Shigaraki parou por um momento, avaliando minha defesa com um olhar interessado.
_"Então é verdade. Você realmente tem talento. Isso vai ser divertido."_ Diz ele se preparando para lutar. O confronto estava prestes a começar, e eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma depois desta noite.
A tensão no ar aumentava a cada segundo. O olhar penetrante de Shigaraki fixado em mim fazia meu coração disparar, mas eu sabia que não podia me permitir fraquejar. Ele queria ver do que eu era capaz, e eu estava determinada a não mostrar tudo, não enquanto houvesse o risco de destruir tudo ao meu redor e, pior ainda, ferir inocentes.Com um movimento rápido, Shigaraki ergueu a mão direita, os dedos curvados em uma posição que eu conhecia bem demais. Um toque e tudo que ele encostasse se transformaria em pó. A destruição era sua assinatura, e ele a manejava com uma facilidade assustadora.
_"Vamos, mostre-me o que você pode fazer,"_ ele provocou, os olhos vermelhos brilhando com uma excitação sombria. Era claro que ele não estava levando a luta a sério — para ele, eu era apenas um brinquedo novo, algo para ser testado e possivelmente descartado.Respirei fundo, sentindo o ar ao meu redor se comprimir sob minha influência.
Eu podia manipular qualquer coisa que tivesse moléculas de ar, e isso significava que o mundo inteiro estava à minha disposição. Mas eu sabia que usar todo o meu poder aqui, no meio da cidade, era um risco enorme. Apenas um movimento em falso, e eu poderia explodir tudo ao meu redor, incluindo os prédios e as pessoas que estivessem por perto.
Com cuidado, direcionei a pressão do ar para criar uma onda de choque direcionada que fez o asfalto sob os pés de Shigaraki rachar. No entanto, ele não se moveu. A onda o atingiu, mas ele permaneceu firmemente no lugar, como se a força que eu enviei não fosse nada mais do que uma brisa. Sua expressão não mudou, mas havia um brilho de interesse em seus olhos.
_"Não é ruim,"_ele murmurou, quase para si mesmo._ "Mas você pode fazer melhor, não pode?"_
Antes que eu pudesse reagir, Shigaraki desapareceu de vista, movendo-se com uma velocidade que eu não esperava. Um segundo depois, senti sua presença diretamente atrás de mim, e o pânico subiu pela minha garganta. Eu mal tive tempo de girar sobre os calcanhares e erguer uma barreira de ar ao meu redor antes que sua mão alcançasse minha cabeça.
Ele bateu contra a barreira com força, e o impacto reverberou pelo meu corpo. Eu podia sentir o ar comprimido ao meu redor tremendo, quase cedendo à pressão destrutiva de Shigaraki. Minha mente estava em turbilhão, avaliando minhas opções. Eu podia manipular o ar ao redor dele, sufocar o oxigênio, incendiar o que restava de ar em suas proximidades, ou mesmo mover a terra sob seus pés. Mas a cada possibilidade, o risco de destruição em massa parecia maior.
_"Você é rápida,"_ ele comentou, sua voz baixa e calma, como se estivesse apenas conversando casualmente comigo em uma tarde qualquer. _"Mas será que consegue manter isso por muito tempo?"_
Suas palavras eram um desafio claro. Ele não estava lutando a sério, mas isso não significava que eu pudesse baixar a guarda. Com um esforço concentrado, expeli o ar acumulado na barreira, criando uma explosão que nos separou novamente. Shigaraki recuou alguns passos, mais por curiosidade do que por necessidade.
Eu estava ofegante, o suor escorrendo pela minha testa. Manipular a pressão do ar naquela escala exigia muito de mim, e ele sabia disso. Shigaraki estava apenas brincando comigo, esperando para ver quando eu iria ceder.
_"Impressionante,"_ ele disse, dando alguns passos lentos em minha direção. _"Mas ainda não vi o seu limite."_
Eu sabia que ele queria me pressionar até que eu perdesse o controle, até que eu revelasse o verdadeiro potencial da minha individualidade. Mas eu não podia fazer isso, não aqui, não agora. Ainda assim, precisava defender minha vida.
Com um movimento rápido e preciso, canalizei a pressão do ar em minha volta, transformando-a em milhares de agulhas afiadas. Elas pairavam ao meu redor, prontas para serem lançadas. Eu sabia que uma única agulha poderia perfurar o concreto como se fosse papel, e se ele não levasse isso a sério, não haveria escapatória.
Com um gesto, lancei as agulhas de ar na direção de Shigaraki. Elas cortaram o espaço entre nós como lâminas invisíveis, velozes e mortais. Shigaraki não esboçou nenhuma reação de medo; pelo contrário, parecia mais interessado do que nunca. Ele levantou a mão, e com um movimento preciso, desviou-se da maioria das agulhas. Algumas o atingiram, mas ao invés de perfurá-lo, dissiparam-se em redemoinhos de vento ao tocarem sua pele, sem causar nenhum dano significativo. Shigaraki ergueu o olhar para mim, um sorriso sinistro nos lábios.
"Interessante...muito interessante,"_ele disse, como se estivesse realmente se divertindo. _"Acho que você ainda tem mais a mostrar."_
Eu estava exausta, mas sabia que ele não me deixaria escapar tão facilmente. Mesmo assim, uma parte de mim sentia um estranho orgulho por ter conseguido atrair sua atenção e, pelo menos por enquanto, resistir. Mas quanto tempo mais eu poderia aguentar? E o que ele realmente queria de mim?
Shigaraki deu mais um passo em minha direção, e eu soube que a verdadeira prova ainda estava por vir. Eu precisava encontrar um equilíbrio entre mostrar o suficiente para afastá-lo e não destruir tudo ao redor. E isso, percebi, seria o maior desafio de todos.
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