História The Sins - Capítulo X - Confissão

- Estão calados demais. – Liza achou estranho todo aquele silêncio durante a meia hora do almoço. Jack parecia mais mal humorado do que nunca e se mantinha recluso. Alexia estava com a cabeça nas nuvens e algumas vezes olhava na direção dele, mas o olhar não era correspondido. Ellen olhava de um para o outro e parecia ter uma insinuação de sorriso nos lábios, ela interpretava mal o silêncio achando que Alexia havia recebido alguma bronca.

- Deixe os dois, titia. – Ellen sorriu. – Você sabe como crianças podem ser difíceis de se lidar. Alexia deve ter aprontado alguma. – Tomou um gole de suco.

- É verdade, querida? – Liza perguntou preocupada.

- Eu... – Alexia gaguejou vendo Jack ficar desconfortável com a situação. – Eu só entrei no escritório sem a permissão dele. – Mentiu. Ellen sorriu e Alexia estreitou os olhos. Jack pareceu suspirar aliviado.

- Nem eu posso ficar bisbilhotando ali. – Liza sorriu. – Não precisa ser tão rude com ela, filho.

- Tudo bem! Eu sei que errei. – Alexia interrompeu antes que Jack falasse alguma coisa. – Foi mal, Jack. – Ela sorriu sem graça. Não gostava de mentir para Liza. Ele se limitou a concordar com a cabeça sem retirar os olhos de Alexia.

- Preciso falar com você quando terminar. – Ele se dirigiu a Alexia. – Me encontre no escritório. – Ele se levantou e saiu do cômodo. Alexia concordou com a cabeça e o observou sair. Ellen e Liza se entreolharam.

- O que ele teria tanto para conversar com você? – Ellen perguntou com inveja.

- Até eu fiquei curiosa! – Liza limpou a boca com o guardanapo.

- Deve ser algum assunto bobo. – Alexia sorriu sem graça. Se levantou da cadeira. – Se me desculpam eu irei ver o que ele quer comigo. – Saiu e foi até o escritório. Bateu na porta.

- Pode entrar. – Jack disse de dentro.

- O que quer comigo? – Ela disse com uma voz rude enquanto entrava na sala.

- Feche a porta e sente aí. – Jack estava sentado atrás da mesa e apontou a cadeira na frente para ela. Alexia fechou a porta, se sentou e suspirou.

- Dá para adiantar a conversa? – Rolou os olhos. Fingia uma segurança que não tinha mais na frente dele. Pelo contrário, depois do que tinha acontecido mais cedo na biblioteca, suas mãos estava frias e olhar para ele estava se tornando cada vez mais difícil.

- Tenha paciência. – Ele abriu as gavetas procurando algo. – Seria mais fácil se Julia estivesse aqui. – Disse distraídamente.

- Julia? – Ela repetiu o nome que embrulhava sua barriga. – Por quê se separou dela? Já que gosta tanto de ficar perto dela? – Ela disse com a voz amarga. Jack parou o que estava fazendo já com uma pasta na mão.

- Isso não te diz respeito. – Ele suspendeu uma das sobrancelhas.

- Claro que não. Se a minha vida e meu passado não me dizem respeito, imagine os seus? – Seus olhos verdes brilharam ao ver a reação desconfortável no rosto dele.

- Leia isso. – Ele ignorou o que ela dizia e jogou a pasta sob a mesa. Alexia abriu-a e leu a ficha do homem que parecia ser seu pai, Raphael Villanueva.

- Eu já li isso, nos seus emails. – Ela levantou os olhos para ele. Jack apoiou os braços na mesa inclinando-se para frente.

- Leia a última linha da última página.

- “Foi visto pela última vez em Phoenix.” – Alexia leu lentamente. – Ele esteve por aqui? – Ela perguntou engolindo a seco.

- Sim. E isso foi no mês passado. Parece que ele está procurando você, Alexia. Foi por isso que eu viajei, queria ter certeza se não havia rastro dele nas outras cidades que esteve, Julia foi comigo para explicar aos delegados das cidades próximas as circunstâncias do caso.

- E daí? – Ela jogou a ficha sob a mesa e tentou aparentar tranquilidade. Cruzou os braços e deu de ombros.

- E daí?! – Ele repetiu alarmado. – Eu estou fazendo  máximo que eu posso para proteger você e é assim que me agradece? – Se levantou da cadeira.

- Eu não te forcei a ter trabalho nenhum comigo. – Alexia fez a mesma coisa que ele, se levantando.

- Alexia... – O nome dela soou como ameaça ao sair daqueles lábios finos.

- Você e Julia só procuraram um pretexto para ficarem juntos de novo! Só você é idiota o suficiente para não entender isso! Se forem prender esse cara não me coloque como um dos principais motivos! Me deixe em paz! Foi ótimo saber do meu passado muito obrigada! Agora chega de me colocarem no meio de vocês dois! – Ela falou de vez e acabou ficando ofegante. Jack respirou fundo e fechou os olhos por um segundo depois abriu-os.

- Alexia... – Ele ameaçou mais uma vez. Desta vez ele saiu de trás da mesa e andou lentamente em sua direção.

- Sei que tem um sentimento de obrigação para com seu tio. E também sei que você age feito um policial até dormindo, Jack. Não diga que está fazendo de tudo para me proteger porque simplesmente gosta de mim, sei que não gosta. – Ela olhou para baixo. Jack ouvia tudo calado, ela não percebeu que ele se aproximava mais e quando percebeu ele já estava muito perto. Deu alguns passos para trás até bater as costas na porta. – Eu não preciso de pena e nem de sua piedade. Não preciso de nada de você, Jack. – Olhou para aqueles olhos cor-de-mel que eagora estavam tão próximos que ela conseguia ver alguns pontos coloridos em seus olhos.

- Gosto de você. – Ele disse.

- O quê? – Sua voz se encheu de esperança.

- Não sou muito de repetir o que digo uma vez. -  Ele deu um sorriso de meia-boca. Colocou um dos braços apoiado na porta atrás dela. Tocou seu queixo com a mão livre, levantou sua cabeça e sorriu para ela. – Você é um pecado que eu não posso cometer, Alexia. – Se afastou e colocou as mãos nos bolsos. Alexia estava ainda parada e colada à porta. Engolia a seco e todo seu corpo se arrepiava. – Quero o seu bem, tente entender. Se seu pai procurar qualquer contato com você, por favor, fale comigo. Está certo?

- Tu-tudo bem. – Alexia gaguejou. – Eu vou sair, hm, tchau. – Ela saiu do escritório sentindo o coração palpitar forte. Ela tentou recuperar o fôlego do que tinha acabado de acontecer. Ele tinha confessado que gostava dela de uma forma diferente? Uma pergunta que sondava sua mente.