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História The Soulwords - Único


Escrita por: taiwanmei

Notas do Autor


feliz 200 anos yami 🥳 te amo 💘😔

Capítulo 1 - Único


Ao completar dez anos, a primeira frase (ou palavra) que sua alma gêmea te diz é tatuada em seu pulso. Conhecida popularmente como "soulwords", ou "palavras da alma".


Desde que sua "frase" se eternizou em seu pulso, Kyuhyun pensava que nunca encontraria sua alma gêmea, pois apenas com um “E daí?” escrito ali, seria impossível saber quem era, ainda mais que não sabia se já havia ou se ainda iria encontrar sua outra metade. Claro que já havia analisado cada pessoa com quem se lembrava que já havia conversado antes de completar seus dez anos, mas tal esforço não resultou em nada. Não tinha certeza de nada, já estava conformado que acabaria não encontrando sua alma gêmea, mesmo que aquilo fizesse seu peito doer só de pensar sobre.


Todos ao seu redor já haviam encontrado suas almas gêmeas, ele era o único que sobrava, Heechul, Sungmin, Donghae, Changmin... Todos já encontraram seus alguéns, menos ele. Sempre o consolavam dizendo que em algum momento de sua vida ele iria encontrar sua pessoa, que não precisava se preocupar, mas não adiantava, Kyuhyun continuava pensando em como passaria o resto da vida sozinho.


Apesar de tudo, o garoto de apenas quinze anos adorava imaginar milhares de situações onde aquele "e daí?" poderia se encaixar quando estava entediado, afinal, tudo que podia fazer era imaginar como seria, ah e como imaginava, imaginava tanto que nem dedos estalando na frente de seus olhos várias vezes o despertavam de seu transe.


Será que ela é bonita? Ou é ele? Ou elu? Será que somos almas gêmeas românticas ou só de amizade? Sou mais velho ou mais novo que essa pessoa? Será que mora longe? Para alguém que sabia que nunca iria encontrar sua alma gêmea, Kyuhyun estava criando expectativas demais, sabia disso, mas não iria parar.


No entanto, de todas as situações que pensou que seria, jamais passou por sua imaginação que seria do jeito que realmente foi.


Queria fazer algumas anotações sobre o que o professor explicava, procurou por sua lapiseira em seu estojo, por sua mesa, em volta de si no chão... Mas apenas quando olhou para a mesa ao lado que encontrou sua ferramenta de escrita.


“Ei, isso é meu!” Exclamou, apontando para o garoto usando sua lapiseira como se fosse dele.


“E daí?” O garoto deu de ombros, não parou de fazer o que fazia com sua lapiseira no processo. “Problema seu por deixar cair no chão, agora é minha.”


Kyuhyun estreitou os olhos com a audácia do garoto sentado na mesa ao seu lado, pensando em mil maneiras de se vingar da forma mais cruel possível. Olhou para sua lapiseira, aprisionada entre dedos finos e pequenos, observou como eles se moviam sobre o papel... Não estava escrevendo, era definitivamente um desenho. Se atentou à folha de papel, e...


Arregalou os olhos, congelou em seu lugar, o ar não entrava e nem saía de seu nariz, começou a suar frio, segurou firme nas laterais da mesa em sua frente, milhares de pensamentos inundaram sua mente. No momento que viu claramente o perfil de seu rosto no papel que o garoto folgado desenhava, sua mente voltou para as primeiras palavras que ele havia lhe dito. “E daí?”


“E daí?”


“E daí?”


“E daí?”


Não parava de ecoar em sua cabeça, ao lado de vários outros pensamentos “Ele é minha alma gêmea”, “Eu o achei”, “Será que ele sabe?”, “Por que ele estaria me desenhando se não soubesse?”, “Por que ele tá me desenhando?”, “Por que ele desenha tão bem?”, “Por que ele tem dedos tão fofos?”, “Por que ele é tão pau no cu?”.


Foi tirado de seus pensamentos turbulentos pelo professor que brigava com um aluno por estar dormindo em plena aula. Apesar de ter surtado internamente com tudo aquilo, não disse mais nada para o garoto ao seu lado. Por mais que quisesse muito, se conteve, pois temia que poderia desmaiar se não o fizesse.


A primeira coisa que fez quando chegou em casa foi mandar uma mensagem para seu melhor amigo, Shim Changmin, que não demorou para responder, dizendo que chegaria em sua casa em cinco minutos. Kyuhyun esperou, nervoso, tremia como um cachorro pinscher, mas de medo, não de raiva.


O Shim era seu vizinho, então não demorou mais que cinco minutos para aparecer em seu quarto, mesmo. A casa de Kyuhyun era como sua segunda casa, entrou em seu quarto como se fosse dele, se sentou na cama, e olhou para o melhor amigo, preocupado.


“E como foi?” Questionou depois de instantes, observando o estado em que o outro garoto estava.


“Eu não sei! Não tava esperando, fiquei em choque, ainda tô em choque! Foi tudo muito rápido, não consegui reagir, não sabia o que fazer, o que vou fazer? Como chego nele? Como conto pra ele? Como vou falar com ele? Ele roubou minha lapiseira, quero ela de volta! Ele desenha tão bem, os dedos dele são muito fofos, será que ele gostava de mim antes da gente se falar? Então por que ele foi tão grosseiro quando falou comigo?” Kyuhyun não parava de falar, Changmin se sentiu ficando tonto com a quantidade de palavras que o amigo cuspia por segundo.


Agarrou seus ombros, fazendo-o calar a boca. “Você precisa de conselhos de uma pessoa experiente. Vamos pra casa do Donghae hyung.”


Kyuhyun fez uma cara estranha ao ouvir as palavras do amigo. “Eu preciso de conselhos de alguém experiente, ou vamos pra casa do Donghae hyung? Não dá pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo.” Changmin riu de leve, mas se recompôs rapidamente.


“Donghae hyung sempre soube que o Hyukjae hyung era a alma gêmea dele, antes mesmo das Palavras da Alma serem reveladas pra ele. Ele deve saber te ajudar, mesmo que ele seja um idiota.” Se levantou e estendeu a mão para o outro, que suspirou, mas segurou de volta e se levantou.


Pensando em sua alma gêmea e seus dedos fofos, Kyuhyun chegou na casa de Lee Donghae bem rápido, o citado os esperava no portão de sua casa.


“Como soube que a gente tava indo pra sua casa?” Shim perguntou, surpreso.


“Como assim? Tô esperando as pizzas que eu pedi chegar.” Respondeu, abriu o portão para que os dois entrassem. “Mas que bom que resolveram visitar o velho de vocês, tava com saudade, seus pirralhinhos!”


“Você é só três anos mais velho, Donghae!” Kyuhyun exclamou, ao ter seu cabelo bagunçado pelo Lee.


“Ah, esqueci de avisar, o nosso verdadeiro velho tá aqui, junto com o resto da cambada.” O mais baixo ali avisou.


“HEECHUL HYUNG?!” Kyuhyun berrou, correu para dentro sem pensar duas vezes, ao avistar o Kim, pulou em seus braços e o abraçou com força.


Heechul nem teve tempo de reagir, logo Changmin também o abraçava fortemente.


Depois dos dois garotos deixarem o mais velho respirar novamente, se sentaram no chão da sala e começaram a conversar, só agora notando os outros ali.


Sungmin e Saeun, Heechul e Siwon, e Donghae e Hyukjae. Só faltava a alma gêmea de Changmin, mas ela estava fazendo intercâmbio na Espanha.


“Que bom que tá todo mundo aqui, todo mundo vai poder ajudar.” Changmin sorriu, olhou para Kyuhyun ao seu lado. “Fala aí, Kyu.”


“U-uhm... É que... Eu...” Começou, sendo apressado por Sungmin e Hyukjae para dizer logo. “Eu... Encontrei minha alma gêmea...”


Depois de alguns segundos em silêncio, todos na sala explodiram em berros e comemorações, Cho sentiu como se estivesse em uma festa super lotada.


“Ele é bonito?!” Hyukjae perguntou, se jogando na frente do mais novo.


“Como foi?! Pegou o número dele?! Se beijaram?!” Donghae o questionou, ao lado de Hyukjae, sorrindo que nem um idiota.


“Vão se casar quando?” Sungmin perguntou por cima dos dois garotos a sua frente, curioso como um gato.


“Cala a boca, Minnie, não é todo mundo que é emocionado que nem você.” Saeun rebateu ao seu lado. Não estava errada, já que ambos tinham apenas dezenove anos e já estavam noivos.


“Todo mundo, sai de cima do meu filhote!” Heechul de repente reverberou, todo mundo obedeceu como os bons dongsaengs que eram.


Aquele grupo de amigos era bem estranho, era como se fossem uma família: Heechul era o pai (Siwon, como seu namoradinho, era o outro pai, que todo mundo via mais como mãe, por agir que nem uma as vezes), muito bem respeitado na maioria do tempo, e Sungmin, Donghae, Kyuhyun e Changmin eram os filhos, mas Kyuhyun era o mais novo junto de Changmin, e o fato de (até o dia anterior) ser o único que não havia encontrado sua alma gêmea, o fazia o bebê do grupo, o protegido, o indefeso, o bebê preferido de Heechul (tinha Donghae também mas Donghae já é bem grandinho). E Hyukjae e Saeun eram só os bônus, que apareciam de tempos e tempos nas "reuniões de família".


“Então, como foi?” Heechul se dirigiu à si, sorrindo reconfortantemente.


“Bem... Ele roubou minha lapiseira, me desenhou no caderno dele, desenho muito bonito e bem feito inclusive, foi bem babaca comigo, e tinha dedos realmente muito fofos.” Vomitou as palavras sem sequer perceber, levantou o olhar para o mais velho ali, curioso para saber sua opinião sobre aquilo.


O mais velho segurou uma risada com a mão. “Pelo que me parece... Você já tá caidinho por ele, Kim Kyu.”


“O quê?! Isso é impossível, nem sei o nome dele, nem olhei pra cara dele direito!” Cho foi rápido em se defender, seu rosto se tingiu de vermelho no processo.


“Você é tão fofinho, Kyuhyun!” Hyukjae disse, recebendo uma cortada de Heechul.


“Cala a boca que eu não terminei ainda, ô catinga.” Heechul o insultou, fazendo-o engolir em seco e se silenciar na hora. “Então, como eu ia dizer...”


O mais velho foi interrompido pela buzina da moto do entregador. “Opa, são as pizzas.” Donghae disse, e foi pegar o alimento.


E o assunto morreu daquele jeito, todos completamente focados nas pizzas que haviam acabado de chegar. Quer dizer, todos menos Kyuhyun, que continuou pensando no garoto de dedos fofos que havia sido tão desgraçado consigo. Estava mesmo apaixonado por alguém que não conhecia, simplesmente por ser sua alma gêmea? Aquilo era ridículo.


Heechul o puxou para um canto, enquanto os outros ainda se esbaldavam nas três pizzas, talvez assim não me interrompem como crianças mal-criadas, pensou o mais velho.


“Então, Kim Kyu, se apaixonar instantaneamente por sua alma gêmea é mais normal do que você pensa, é até um fator que ajuda a identificar quem é a sua outra metade.” Kim começou, pôs sua mão no ombro do mais novo. “Pode soar absurdo pra você, mas isso provavelmente aconteceu com todos nós aqui.”


“Mas...” Tentou dizer, sentiu outra mão em seu outro ombro, era Siwon.


“Foi exatamente assim que aconteceu.” O sorriso doce no rosto do Choi respondia todos os questionamentos que o mais novo poderia vir a ter.


Kyuhyun queria tanto aquilo, queria trocar olhares cúmplices, queria sorrir tão docemente para a sua alma gêmea que ela acabaria ficando com diabetes. Queria tanto, tanto, aquilo que todos os seus amigos tinham... Queria tanto apenas ficar perto do seu alguém pelo resto de sua vida.


No outro dia, quando chegou em sua sala, o garoto estava no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa de antes, como se não tivesse saído da escola em momento nenhum. Cho se sentou em sua cadeira de sempre, ao lado do garoto grosseiro, seus olhos inconscientemente caindo nos dedos finos e curtos, deslizando com a lapiseira pelo papel, tão atentamente, tão lentamente. Dessa vez, Kyuhyun não desviou o olhar, não se sentiu nervoso, na verdade...


Nunca se sentiu tão em paz.


“Por que tá me desenhando?” Se viu perguntar, sem sua própria permissão. Deveria perguntar seu nome primeiro! É assim que conversas funcionam!


O garoto o olhou com tamanho desdém, que se não soubesse que era sua alma gêmea ali, teria ficado profundamente irritado e desconfortável. Mas apenas achou engraçado, no entanto, se manteve sério, encarando o garoto de volta. “Você é bonito.”


Voltou a prestar atenção em seu desenho, ignorando completamente a expressão embasbacada do outro, que logo se desfez em um sorriso contido.


“Uhm... Obrigado?” Disse com incerteza, humor presente em sua voz.


“Não foi um elogio, foi um fato. Te acho bonito, então resolvi te desenhar.” O garoto, claramente irritado, o respondeu.


“Você desenha bem.” Elogiou, logo depois acrescentou: “E te acho bonito também.”


Antes de ver a reação do garoto grosseiro, voltou seu olhar para frente, um sorriso tímido no rosto e um vermelho fraco se tornando presente em suas bochechas. O outro garoto não estava tão diferente, tentava conter seu sorriso, mas falhava miseravelmente.


Então isso é flertar? Pensou Kyuhyun.


No outro dia, o garoto já não foi tão grosseiro. Quer dizer, suas palavras que sempre pareciam querer ofender continuavam as mesmas, mas sua expressão irritada se tornou uma mais amigável. Cho não falhou em perceber. Naquele dia em diante, cada vez mais, se tornavam mais próximos, passavam o intervalo juntos, iam embora juntos — inclusive descobriram que Kyuhyun vivia apenas à três ruas de distância do garoto —, e cada vez mais, o garoto fazia mais desenhos de si.


Só então em um dia, enquanto voltavam pra casa, que Kyuhyun percebeu: não sabia o nome de sua alma gêmea. Riu consigo mesmo por ser tão idiota, como havia conseguido virar amigo de alguém sem saber seu nome?!


“A propósito...” Pigarreou, o garoto pouco distante de si ao seu lado o olhou. “Qual é o seu nome?” Vergonha evidente em sua voz, houve um pequeno momento de silêncio entre eles, até o garoto ao seu lado começar a gargalhar de forma descontrolável, tendo que parar de andar, e segurar sua barriga enquanto se curvava para frente.


Continuou rindo que nem um maluco por mais alguns segundos, até Kyuhyun ficar irritado, e voltar a andar, o deixando para trás.


“Ei, espera!” Chamou, ainda rindo fracamente. Correu para alcançar o maior, que estava consideravelmente à frente.


“Tá rindo da minha cara só porque eu sou meio tapado?! Nada legal, cara, nada legal!” Disse quando o outro o alcançou. Já estavam na rua do garoto.


“Meio?” Riu mais um pouco, ganhou um olhar mortífero do Cho, mas já estava acostumado, viviam se provocando assim. “Mas não é por você ser tapado que eu estava rindo, é pelo fato de estarmos conversando há semanas, e nenhum de nós notou que não sabemos o nome um do outro.”


Kyuhyun o olhou surpreso, e desatou a rir junto do outro. “Bom, eu sou Cho Kyuhyun, muito prazer.” Parou novamente, depois de se recompor, e estendeu a mão para ele.


“Kim Ryeowook, o prazer é todo meu.” Também parou, e apertou sua mão.


Depois de descobrir seu nome, Kyuhyun não teve mais paz em seu sono, constantemente sonhava com Ryeowook, sonhava que gritava seu nome incessantemente, enquanto corria como se estivesse debaixo d'água, tentando alcançá-lo à todo custo, mas ele estava sempre tão longe...


Ryeowook se encontrava em uma situação não tão diferente.


Mas não comentaram nada um com o outro, continuaram a agir normalmente, como se nada estivesse acontecendo. Kyuhyun havia comentado com Saeun, que estudava psicologia, e recebeu um "é normal, é só seu subconsciente mostrando que você quer se envolver mais profundamente com ele" como resposta. Em outras palavras, namorar com ele, certo. Tal pensamento fazia o Cho ficar vermelho como um tomate, mas não podia negar, no entanto, pois era exatamente aquilo que queria.


Só não tomava iniciativa, primeiro porque era covarde demais, segundo porque tinha certeza que Ryeowook não se sentia do mesmo jeito. Bom, Ryeowook se sentia do mesmo jeito, curioso, pois o Kim não fazia ideia de que Kyuhyun era sua alma gêmea, nunca ligou para esse assunto, então nunca deu atenção para a frase em seu pulso, e nem ligou os pontos com a primeira coisa que Kyuhyun o disse, e o que tinha cravado em sua pele. Já o Cho, apenas deduziu que o menor sabia e nunca fez nada a respeito porque não gostava dele desta maneira.


No entanto, esta situação não durou muito mais tempo, pois, com os dois dentro do quarto do maior, estudando uma matéria que cairia em uma prova importante, aquele assunto simplesmente teria que vir à tona, certo?


Quando Ryeowook chegou em frente a porta de Kyuhyun, sentiu suas mãos começarem a tremer, as encarou confuso por alguns segundos, mas deixou isso de lado, deu três batidinhas na porta e esperou o Cho abrir para deixá-lo entrar.


Abrir a porta, claro.


“Ryeowook!” Kyuhyun disse seu nome, sorridente. Deu permissão para que entrasse. “Pode entrar. Tá com fome?”


Ao tirar os tênis e deixá-los na entrada da casa, Ryeowook acenou negativamente com a cabeça, pois havia jantado antes de ir encontrar o amigo. Então, Kyuhyun o levou até seu quarto, o menor colocou sua bolsa da escola ao lado da escrivaninha do Cho, e se sentou em sua cama.


“Peguei umas questões na internet pra gente tentar resolver depois de estudar a matéria.” Kyuhyun explicou, Ryeowook apenas acenou com a cabeça, continuando a observar o quarto do outro. “Se importa de começar a estudar junto comigo, majestade?”


O Kim voltou seu olhar ao Cho, um sorriso debochado se formou em seus lábios. “Claro, por que não? Tô desocupado mesmo.”


Algumas horas depois, a cabeça do Kim doía ao ver tantos números escritos em seu caderno, oh Deus, como odiava cálculo. Numa tentativa de se distrair, começou a observar o maior ao seu lado (Kyuhyun havia pegado uma cadeira da cozinha para Ryeowook poder sentar junto de si em sua escrivaninha), e como se fosse a primeira vez, se viu hipnotizado com tamanha beleza em um simples humano, sentiu uma imensa vontade de capturar aquele momento. Buscou por seu sketchbook em sua bolsa, e usou a lapiseira, que antes era dele mas agora era sua, para traçar as feições do outro na folha.


Àquele ponto, seu caderno era praticamente só Kyuhyun, objetos que via em seu dia-a-dia vez ou outra apareciam, mas a maioria de seus esboços, era Kyuhyun; Kyuhyun sorrindo, Kyuhyun de olhos fechados, Kyuhyun olhando para o lado, Kyuhyun com uma expressão confusa, os olhos de Kyuhyun, os lábios de Kyuhyun, as mãos de Kyuhyun, as pernas de Kyuhyun...


Era tão óbvio que estava caidinho pelo maior, que chegava a ser vergonhoso.


Ao terminar o desenho, dentro de uma hora, folheou o caderno para ver outros retratos do amigo, uma pergunta se fez presente em sua mente.


“Kyuhyun, você já conheceu sua alma gêmea?” Questionou, o garoto em questão, tão concentrado em seu estudo, que não percebeu que o Kim havia parado de estudar há um bom tempo.


Confuso para um caralho, Kyuhyun levou seu olhar até o rosto fofo de Ryeowook, sua expressão incrédula.


“Você tá me zoando, né?” Rebateu o maior, a expressão do menor mostrava que realmente não fazia nem ideia.


“Não, ué.” Ryeowook negou, não entendia a incredulidade do outro. Era tão absurdo assim perguntar sobre a alma gêmea de um amigo? “Nunca liguei muito pra esse negócio de alma gêmea, se nunca encontrar a minha, não ligo. Não me faz falta.”


Caíram em um silêncio que perdurou por alguns minutos. Até Kyuhyun começar a gargalhar, assustando Ryeowook com tal ação.


“Vai começar com essa palhaçada, Cho Kyuhyun?! Qual é a porra da graça?!” Explodiu, olhando para o garoto se contorcendo no chão com raiva.


Tentando parar de rir para responder o Kim, Kyuhyun se sentou no chão de seu quarto, limpou as lágrimas que desciam por seu rosto por conta do riso.


“Você é definitivamente mais tapado que eu!” Estatou, deixando Ryeowook ainda mais confuso e irritado do que antes.


“POR QUÊ?!” Berrou, chacoalhou a cabeça no processo.


“Porque é você!” Respondeu, gesticulou em sua direção, ainda rindo um pouco. “Você é minha alma gêmea, idiota.”


Ryeowook estava de boca aberta, olhou para a frase em seu pulso, "ei, isso é meu!", olhou para Kyuhyun, voltou a olhar seu pulso. “Eu sou sua alma gêmea.” Murmurou. “E você é minha alma gêmea.”


Se levantou da cadeira, e ajudou Kyuhyun a se levantar do chão. E o que o Kim fez em seguida fez o coração do Cho acelerar como se ele tivesse corrido uma maratona.


O menor agarrou sua nuca e colou seus lábios nos dele, em um selinho estranhamente longo, e Kyuhyun nunca pensou que o outro teria lábios tão macios. Quando se separaram, Ryeowook os juntou de novo, fez isso repetidas vezes, até Kyuhyun pará-lo.


“Ryeowook, o que tá fazendo?” Riu de leve enquanto questionava, suas mãos nos ombros do Kim.


“Somos almas gêmeas, Kyuhyun! Finalmente posso dizer que estou apaixonado por você sem estragar nossa amizade!” Ryeowook confessou, Kyuhyun arregalou os olhos, tudo que sentiu quando viu o Kim o desenhando pela primeira vez vindo à tona em seu corpo, agarrou seus ombros com mais força.


Por algum motivo a ficha ainda não havia caído quando Ryeowook o beijou, mas agora que o menor disse com todas as letras, Kyuhyun sentiu seus pulmões congelarem e suas pernas tremerem.


“Qual o problema?” Ryeowook questionou, seu sorriso se desfez em uma expressão preocupada, será que havia estragado tudo? Oh, céus, como pôde ser tão idiota?


“Ryeowook...” Kyuhyun começou, o nome do outro soando tão certo em sua voz, tudo que queria era dizer aquele nome para o resto de sua vida. “Eu também te amo... Muito...”


E, dessa vez, Kyuhyun que agarrou o rosto do outro e o beijou, usando a surpresa do menor em sua vantagem, entrelaçou a lingua dele com a sua, engajando em uma dança desajeitada e inexperiente.


Passaram os próximos trinta minutos apenas se beijando de maneira desesperada e esquisita — em algum momento se sentaram na cama do Cho — com vergonha de encarar um ao outro depois de suas confissões. Porém, eventualmente, precisaram parar para respirar corretamente, encostaram suas testas, e permaneceram segurando o rosto um do outro, como se tivessem medo de que o outro sumisse se um soltasse.


“Acho que não existe casal mais burro que a gente.” Ryeowook foi o primeiro a se pronunciar, sua escolha de palavras fazendo o ritmo rápido do coração de Kyuhyun falhar uma batida. “Primeiro, viramos amigos sem saber o nome um do outro, depois, eu não percebo que você é minha alma gêmea... E agora, não percebermos os sentimentos um do outro, mesmo sendo tão óbvio.”


“Tem razão, a gente é muito imbecil.” Riram juntos, os brilhos em seus olhos deixavam tudo tão óbvio, como não perceberam antes?


Se beijaram por mais um tempo, e se abraçaram, a cabeça de um apoiada no ombro do outro. Ryeowook precisaria voltar para casa logo — já que havia apenas se preparado para estudar, não para passar a noite —, mas não estavam nem um pouco afim de se separar um do outro.


Relutantemente, Ryeowook se desvencilhou de Kyuhyun, arrumou suas coisas em sua bolsa. Cho o acompanhou até a porta de sua casa, se beijaram desajeitadamente uma última vez, e Kim começou sua caminhada para voltar para casa. Kyuhyun só fechou a porta quando perdeu o outro de vista. Agora sozinho, suspirou bobo, trouxe seus dedos até seus lábios, que ainda formigavam depois de todos os beijos que compartilhou com... Seu... Namorado? Ainda não tinham esse rótulo, por enquanto eram "só" almas gêmeas. De qualquer forma, ainda não conseguia acreditar que havia beijado Kim Ryeowook.


Ao se jogar em sua cama, tudo que pensava era, pasmem, Ryeowook. Profundo em seus pensamentos, Kyuhyun teve uma ideia, buscou por seu celular. Ao encontrá-lo, abriu sua conversa com Ryeowook, digitou uma mensagem e a mandou. Não muito tempo tempo depois, recebeu uma resposta que o fez gargalhar, mandou outra mensagem e esperou outra resposta, recebeu-a quase que imediatamente.


“Ei, posso pegar minha lapiseira de volta, agora?”


“Não.”


“E se eu disser que te amo?”


“Aí eu vou dizer: também te amo.


E depois: não.


Já disse, Kyuhyun, quem mandou deixar cair no chão? É minha agora, supera.”


É, aquele definitivamente era o cara que queria passar o resto de sua vida ao lado.


Sua alma gêmea.





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