História The Story Of Us - Capítulo um

2011, Hidden Springs
Point Of View Alisson.

— Filha acorda! Sua mãe e eu logo vamos trabalhar e queremos fazer a primeira refeição do dia junto com você. — Escuto três batidas na madeira da porta e em seguida a voz de papai pode ser ouvida.

— Já vou, me dêem pelo menos trinta minutos para me arrumar. — Grito de volta como resposta, em seguida escuto sons de passos se distanciando.

Me espreguiço na cama e enquanto bocejo me levanto para ir ao banheiro.

Não pude demorar em meu banho como sempre faço, portanto foi algo rápido. Acabei minha higiene pessoal e fui escolher alguma roupa para o dia, como estava um clima fresco decidi vestir um vestido azul claro, curto e com alcinhas finas, algo simples.

Peguei meu celular e fui checar o horário. Eram exatas 7:35 da manhã, eu ainda tinha mais quinze minutos antes de descer então decidi checar meus e-mails.

Não havia nada de novo, ao menos era o que estava pensando até ver um e-mail com o título "University of Liverpool". Com as mãos já tremendo comecei a abrir o e-mail. 

"Parabéns, você foi aprovado (a) em uma das melhores universidades de Liverpool..." — Li a primeira frase em voz alta, ainda sem conseguir acreditar. Com meu corpo inteiro tremendo comecei a correr escadas a baixo.

— PAI! PAI, EU PASSEI. — Gritei ainda nos primeiros degraus.

— Para de correr nessa escada Alisson Clark Daddario. —  Escuto a voz de Katherine, minha mãe. — Depois que cair não vem reclamar comigo, eu tô avisando!

— Calma mãe, você sabe como Alisson é animada. 

Acabo de descer os longos degraus e dou de cara com meus pais sentados a mesa já comendo enquanto meu irmão começava a puxar uma cadeira para se juntar aos papais. Estava tão animada que pulei em cima de Matthew sem nem me preocupar se ele aguentaria meu peso ou não, abracei seu pescoço fortemente enquanto sentia meus olhos começarem a lacrimejar, realmente estava muito emocionada por ter passado em uma das melhores faculdades disponíveis em minha cidade.

— V-Você está me sufocando, Ali, me deixe respirar! — Escuto Matthew dizer, sua voz estava começando a fraquejar e isso me fez o soltar, no começo preocupada, mas após ver que era graça daquele palhaço comecei a rir. — Por que esse ânimo em plena manhã? — Pergunta risonho pelo meu jeito ativo.

— EU PASSEI NA FACULDADE! — Gritei e felizmente minha mãe adorou a novidade, caso contrário eu já estaria morta.

Os dois se levantaram e se uniram a mim e ao Matthew em um abraço em grupo. Papai me parabenizou muito enquanto minha mãe dizia que eu era esforçada e fiz por merecer. Matt como sempre disse que eu posso ter tudo o que quiser no mundo porque sou muito inteligente e especial, típico do irmão babão que tenho.

— Esse momento está muito lindo, mas Logan e eu temos que ir trabalhar. — Mamãe diz e vem me abraçar. 

— Você realmente mereceu, eu vi como você se esforçou, sempre estudando com expectativas em passar nessa universidade. — Meu pai me abraçou apertado, acariciando meus fios de cabelo. — Agora realmente temos que ir trabalhar, na volta conversamos mais sobre seu curso.

Os dois saíram porta a fora e Matthew começou a me encarar fixamente.

— O que foi? Estou cagada? 

— Não, só estava me questionando mentalmente se você não vai sair como os jovens em sua idade fariam.

— Sair? Acho que não deveria. Os papais devem estar querendo comemorar comigo. — Digo pensativa.

— Qual é Ali, você não vai viver os dezoito para sempre, aproveita. — Me dá dois tapinhas nas costas e sai em direção a sala.

Começo a pensar sobre isso, realmente, acho que Matt está certo. Tenho que aproveitar minha juventude.

Pego meu celular do bolso traseiro e abro minha conversa com Alex.

Messenger On

Alisson [7:58]
Amigaaaa
[7:59]
Eu passei na mesma facul que você tá!!!
[7:59]
Agora vamos estudar juntas, vai ter que me aguentar durante o dia inteiro
Alex [8:02]
Ai que booom!
[8:02]
Quando vamos sair pra comemorar? 
[8:02]
Porque né, passar na universidade não é qualquer coisa, temos que comemorar dessa vez Alisson!
Alisson [8:03]
E nós vamos comemorar sim
[8:03]
Sabe algum lugar bacana para irmos hoje de noite?
Alex [8:03]
Conheço uma balada legal, ouvi falar que uma banda vai tocar lá hoje, deveríamos ir
Alisson [8:03]
Nós vamos sim, pode marcar

Alex [8:04]
Anotado então, não pode furar de última hora igual fez da última vez
[8:04]
Agora tenho que ir me arrumar pra facul
Alisson [8:05]
Nos vemos de noite então
Alex [8:05]
Até.

Messenger Of
Fui até a sala e encontrei Matt jogado no sofá enquanto prestava total atenção na televisão que passava um desenho infantil bobo.

— É um crianção mesmo! Nem parece que já tem vinte e dois anos nas costas. — Digo em um tão de voz brincalhão.

— Já marcou para sair com suas amigas. — Ignora totalmente minha brincadeira. Assinto mostrando que sim. 

— E você? Não vai ao curso hoje?

— Até iria, se fosse ter algo interessante. Hoje é um daqueles dias em que os professores se reúnem e fazem um discurso enorme sobre como a convivência com os a sua volta é importante. Totalmente tedioso. — Boceja falsamente — E o que vai fazer agora já que está com o dia livre? — Pergunta mudando de assunto e parecendo extremamente curioso. Deve estar achando que vou fazer algo diferente.

— Vou colocar uma roupa confortável e dormir até tarde.

— Você só sabe dormir mesmo.

— Olha o horário Matt, acha realmente que vou ficar acordada as oito da manhã sem nada para fazer? — Pergunto e ele nega. — Agora estou voltando pro meu quarto, se precisar não me chame.

E volto a subir aqueles longos degraus

[...]
 

Infelizmente não consegui dormir até o horário de começar a me arrumar. Acordei antes.

Como já estava adiantada tomei um banho demorado e com meu roupão no corpo fui fazer minha maquiagem. Não fiz nada muito chamativo, mas também não era discreto.

Quando fui checar o relógio faltavam vinte minutos para a Alex chegar, então tratei de correr e já vestir meu vestido. Também não era nada muito estragante. O vestido era vermelho escuro, coloquei um cinto preto para afinar ainda mais minha cintura, finalizei com um salto e uma bolsa preta para guardar meus documentos e outros acessórios.

Escutei a campainha e não enrolei para descer, antes passando no quarto de Matthew e falando que provavelmente iria demorar para voltar, mas que ele não  deveria se preocupar, Ale e eu dariamos um jeito para irmos embora. Ao abrir a porta de entrada dei de cara com minha amiga.

— Wow, você está linda. — Diz com a boca aberta, exagerando em sua expressão como sempre.

— Obrigada. Você também, todos vão babar por ti. — Sorrio de lado.

Alex usava um vestido preto decotado curto, algumas partes eram transparentes, o que chamava atenção ao seu corpo levemente definido. Seu rosto estava bem marcado, ao contrário de mim Alex abusou da maquiagem.

— Até parece. Temos que correr, consegui fazer o taxista que me trouxe esperar, mas o velho não parece muito feliz, melhor agilizar do que ele acabar deixando a gente na mão e ir embora.

— Então vamos logo, não quero ter que telefonar a uma agência, iria demorar demais até o taxista chegar.

Seguimos para a rua acima de minha casa, segundo Alexandra o taxista estacionou lá. Logo entramos no carro e chegamos ao nosso destino. O motorista de idade realmente era um tanto quanto reclamão, para não dizer insuportável.

Minha melhor amiga tinha contato com os donos do lugar, então não tivemos que pegar aquela longa fila. Logo passamos pelo portão e o barulho alto podia ser ouvido. A música possuía um toque gostoso de se ouvir, ousaria dizer que poderia viciar naquela voz e batidas.

Passamos pelos corredores e luzes coloridas começaram a atrapalhar minha visão, não sou acostumada com lugares assim então é algo que realmente me incomodou nos primeiros momentos, pessoas se agarravam por todo canto, seja se esfregando em uma dança "sensual" ou quase se comendo em cima de um sofá, todo lugar que olhasse haviam casais se pegando.

Alex e eu fomos mais para a frente, tentando ver o show que acontecia, quase ninguém ligava para o som e sim para não sair dessa boate sem ter passado a noite com alguém. Para uma pessoa que acredita no amor essa cena acabava me incomodando de certo modo.
O show parecia já estar acabando, os meninos estavam apresentando sua última música e não pude deixar de lamentar por não ter chegado antes. O DJ se preparava para entrar no palco e os garotos para sair. 

— Ali, vou ir buscar alguma bebida, você quer qual? E hoje não vai ter a opção nenhuma. — Reclama, me lembrando da última vez que fomos a uma festa. Eu só não havia bebido aquele dia por saber que teria que dirigir para ir embora.

— Pode pegar alguma que não tenha tanto álcool. — Peço.

Infelizmente já sabia meus limites, álcool é uma das coisas que não posso apreciar em excesso.

— Qual é Alisson, hoje é seu dia, aproveita. Se passar mal eu prometo cuidar de você e não deixar sua família descobrir. — Debocha com um leve tom de sinceramente.

 Eu sabia que ela jamais me deixaria vomitando as tripas sozinha, certeza que ela faria questão de ajudar no momento e dias após ficar fazendo piadas. 

— Prefiro não passar de meu limite.

Alexandra saiu, indo em direção a área dedicada ao bar e resmungando sobre como sou covarde. Alguém tem que estar boa nessa madrugada, Alex não vai aguentar manter o próprio corpo em pé.

Tentei me afastar um pouco do palco, mas ao ir para trás acabei esbarrando em alguém que estava passando.

— Qual é? — Me viro cuidadosamente para não trombar com mais ninguém é percebo que esbarrei no vocalista bonitão da banda. — Cuidado, as pessoas não costumam ser gentis ao receberem um empurrão, mesmo não sendo intencional da sua parte.

— Desculpa. A propósito, eu amei sua banda, o jeito suave que vocês conseguem alcançar uma harmonia entre a voz com as batidas é incrível. — Digo admirada.

— É o que uma banda deve encontrar, harmonia.

— Sim. Mas o jeito de vocês alcançarem isso é realmente incrível. 

— Você não conhece muito de música, não deveria falar sobre o que não tem conhecimento.

— Eu sei reconhecer um som. Não deveria discutir com quem está te elogiando, pelo contrário, deveria agradecer! — Exclamo já começando a me irritar.

— Uma mimadinha querendo dizer o que eu deveria fazer? É sério isso? 

Mimadinha? Não acredito que fui chamada disso!

— Não sou mimada! Você não me conhece para dizer isso. Eu só elogiei sua banda.

— Além de mimada é filhinha de papai e sem sal, acertei? 

Ele tá tirando com a minha cara, só pode...

— Eu não vou ficar discutindo com um desconhecido quando deveria estar me divertindo. — Trombo em seu ombro de propósito e olho para o bar, na intenção de ir até lá atrás de Alex. — Mal agradecido, aprenda a aceitar elogios ao invés de criticar os outros sem motivo. — Resmungo e vou atrás de minha amiga, deixando o vocalista idiota com cara de bocó.

Encontrei Alexandra recebendo as bebidas e tomei as duas de sua mão, bebendo em seguida.

— Que demora para pegar uma bebida. — Reclamo.

— Minha bebida! — Diz indignada. — O que aconteceu? — Pergunta desconfiada de minha mudança de humor.

— Nada importante, só decidi beber essa noite. Se prepara pois os papéis vão inverter essa noite. — Exclamo animada enquanto já peço outra bebida ao barman.

[...]

Já havia passado do meu décimo copo de alguma bebida que não fazia ideia de qual era o nome, só sabia que tinha um gostinho doce de morango no começo e queimava a garganta ao engolir.

— Alex, experimenta isso aqui, é muito gostoso.

Após não receber nenhuma resposta de minha amiga me viro para trás, e, para minha surpresa, não a encontro em lugar algum.

— Ótimo, fui abandonada.

Desço do banquinho onde estava sentada anteriormente e começo a tentar passar pela multidão, empurrando alguns no processo. Estava quase na saída do local quando senti um forte enjôo, ignorei e continuei andando, bom, até sentir alguém me empurrar fortemente e eu quase me desequilibrar.

— Porra garota, você de novo? — Não, eu não mereço isso.

— Certeza que sou eu? — Pergunto meio grogue, as coisas estavam confusas ao meu redor.

— Sim, e você está com bafo de bêbado, o papai te deixa sair para beber?

Infelizmente não tive a chance de responder, só me virar rapidamente para trás e botar todas as minhas refeições anteriores para fora. 

— Arg, que nojo. É fraca para bebida?

E eu achando que ele me deixaria em paz, estou pagando os pecados. Ninguém merece passar mal tendo alguém ignorante em seu encalço.
Sinto meu corpo amolecer e me sento um pouco afastada de meu vômito.

— Patético! 

Sinto as mãos do garoto a minha frente começarem a fuçar em minha bolsa, tento me esquivar, mas ele é bem mais forte que eu. Forço minha vista — Já que estava embaçada— para ver o que ele pegou e identifico meu celular.

— Agora vai me assaltar também? — Começo a gargalhar, mesmo não tendo motivo aparente pra isso.

Eu devia é ter vomitado em cima dele!

O garoto a minha frente pega meu dedão, o limpa em meu vestido e coloca minha digital no botão central do celular, assim desbloqueando meu aparelho. Tento reclamar, porém não estava em condições disso.

— Alô, com quem eu falo? — Vejo sua expressão séria. — O irmão dela? Ótimo. Sua irmã acabou passando mal na boate acima da rua... — Não consigo prestar atenção em sua fala. Ele é tão bonito, bem que podia ser simpático também. — Sim, sim. Eu fico com ela até você chegar, estamos na entrada do lugar.

O vejo desligar meu aparelho e o colocar dentro da bolsa novamente, se voltando para mim e me olhando seriamente, como se estivesse me repreendendo mentalmente.

— Agora temos que esperar seu irmão vir te buscar. Espero não te encontrar mais por esse tipo de local tão cedo.