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História The Tiny Dancer - Alguém me disse


Escrita por: BrightBend

Notas do Autor


Oi gentem, me esforcei bastante e aqui está o cap que todos esperavam, imaginei como ele seria desde o início da fic, e finalmente dei vida à criatura! Muahahaha 😁😁

Espero que gostem, serão tantas emoções :')

Besitos, até as notas finais 😘😘😘

Capítulo 37 - Alguém me disse


Fanfic / Fanfiction The Tiny Dancer - Alguém me disse

Narrador

Lauren abre essa droga de porta!

– E-eu estou com dor de cabeça, volte depois! – Laur falou alto o suficiente para sua amiga ouvir, estava deitada no chão na frente do quarto do irmão praticamente o tempo todo havia dois dias.

Mais paranoica do que nunca, ela trancou todas as portas, catou a casa inteira em busca de câmeras, e sempre que Chris estava dormindo ela trancava e verificava a porta do quarto do irmão umas oito vezes, e vigiava até desmaiar de sono, acordava com Chris batendo na porta para sair. O menino quis saber porque não estava indo para a escola, ela disse apenas que estava sem aulas por enquanto.

Por outro lado Camila ficou extremamente aflita com aquele bilhete, e quis correr na mesma hora para a casa de sua namorada, mas Ally a impediu, se era mesmo verdade que Chris estava em perigo, Lauren terminou com Camila, mesmo que de mentira, por isso, então a situação era realmente muito séria.

Se a bailarina fosse até lá poderia pôr o menino em risco, afinal no bilhete dizia que estavam sendo vigiadas, e Camila acabou desistindo de ir à polícia por enquanto, não queria que seu cunhadinho ou Laur sofresse nada, mas estava quase surtando sem notícias deles, até pensou em sequestro, mas não recebia ligações e isso a estava enlouquecendo.

É óbvio que ela desconfiou de Peter na mesma hora, só que ele não estava em seu apartamento, nem na mansão de sua família, e em lugar nenhum conhecido por ela. Camila se frustrou por não poder encontrá-lo, principalmente por não poder lhe dar outra surra, e pior ainda, por não saber como Lauren e Chris estavam nesse momento.

Ally também achou melhor não ir até o apartamento de Lauren, talvez se Normani fosse não seria suspeito para quem quer que fosse que as estava vigiando, afinal a moça negra era amiga de Laur, e ia bastante na casa dela, então na terça ela foi e bateu bastante na porta, mas Lauren não abriu, ela ligou para Verônica, mas a mesma só chegaria de Minnesota no dia seguinte. Quando ela chegou elas voltaram lá.

– Eu vou contar até três pra você abrir! – a médica avisou.

– Vero, eu não acho que essa seja a melhor solução. – Mani falou nervosa olhando para todos os lados, talvez estivesse meio paranoica também, na verdade ela estava sim, bastante.

– A gente tem que tirar ela daí de dentro Normani! Vocês já deviam ter arrombado essa porta!

– A gente não queria...

– Não queria o quê?! Você leu o bilhete?

– Eu li, mas achei que vindo aqui e arrombando a porta podia piorar as coisas! E se ela estiver sendo vigiada por câmeras ou sei lá?

– Você lembra o que aconteceu da última vez que ela se isolou não é? – Verônica forçou a porta pelo que deve ter sido a vigésima vez.

– Eu sei Vero, mas eu não sei o que está acontecendo! Tive medo de piorar tudo pra eles! – Finalmente a médica conseguiu arrombar a porta, infelizmente teve que quebrar a fechadura. Peter assistia a tudo, e se segurou para não acionar a bomba ainda, mas em todo caso ele ligou para ela e mandou deixar o telefone no bolso para ouvir a conversa.

Lauren se assustou e sentou no chão, ainda eram sete da manhã e o menino dormia, a pianista agradeceu por isso, mas ele acabou acordando com todo aquele barulho e pedia para sair do quarto.

– Eu v-vou abrir amor, espera só um pouquinho! – Lauren pediu.

– Laur! – Mani chamou mas ela não saiu da porta.

– Lauren! – Vero correu em direção a ela, e seu coração se apertou ao ver como estava abatida, os olhos fundos, o olhar aflito, os cabelos desgrenhados.

– Laur, o que houve com você meu amor? – Mani e Vero se agacharam em frente a ela.

– V-vocês trancaram a porta?! – Seus olhos alucinados vasculhando o apartamento.

– Eu arrombei Laur, você não abria.

– Você o q-quê?! – a pianista a encarou indignada. – Maravilha Verônica! Agora qualquer p-pessoa pode entrar aqui!

– Quem vai entrar aqui Lauren?!

– V-você não devia ter arrombado, as crianças, e-elas... – Lauren chorou.

– O que tem as crianças?! – Vero e Mani franziram o cenho e se entreolharam.

– Eu n-não posso dizer. – ela tremeu o queixo.

– Você pode, seja o que for que estiver acontecendo nós vamos dar um jeito, vamos ajudar vocês! – Vero olhou em seus olhos.

As amigas não entendiam muito bem o que ela queria dizer com as crianças, mas parecia sério.

– Vem aqui. – Vero a puxou para sentar no sofá da sala, Lauren não queria abandonar o posto, mas Mani disse que tomaria conta de Christopher e ficou no quarto com ele.

“É o Peter.” Vero afirmou em língua de sinais e Lo baixou a cabeça, ela não queria admitir, mas estava morrendo de medo dele. – Você está tomando seu remédio direitinho? – a médica perguntou qualquer coisa para disfarçar.

– Estou tomando sim. – Lauren entrou no jogo. – “Sim, ele tomou meu celular.”

– E está se alimentando bem? – Falou qualquer coisa novamente. – “Por isso não atende às ligações” – novamente a mais nova assentiu, a todo instante olhava para a porta aberta

– Sim... – Laur respondeu às duas perguntas ao mesmo tempo.

– Quer que eu faça algo pra você comer? – “Eu estou tendo umas ideias aqui, vai dar tudo certo.”

– Poderia fazer algo para o Chris? – “Eu não sei Vero, pode ser perigoso.”

– Claro que eu posso! – “Confia em mim. Só preciso que me conte tudo que está acontecendo.” – Eu vou fazer aquele pão com queijo que ele gosta. O que acha?

– Tudo bem. – novamente a mesma resposta para duas perguntas.

Cerca de meia hora depois Verônica e Normani saíram do apartamento de Lauren, e seguiram seu caminho conversando e rindo, como se nada tivesse acontecido. O homem do lado de fora avisou Peter enquanto elas ainda estavam lá dentro, e ele entrou em contato na mesma hora com o homem na frente da escola de Chris.

– Tem certeza que não há nenhuma movimentação de polícia no colégio? – Ele achava estranho, mas ouviu toda a conversa, elas não disseram nada demais.

Não senhor, aparentemente tudo normal.

– E as crianças? Elas não estão saindo?

Não, ainda não é hora de largar e não saiu nenhuma, estão todas nas salas de aula.

– Isso é estranho. – Ele pensou por uns instantes. – Ou provavelmente ela está com muito medo para dizer alguma coisa. Continue de olho Nate, qualquer coisa me ligue. – Peter poderia muito bem acionar a bomba, mas não queria perder seu trunfo, não ainda.

Sim senhor.

Ele também poderia explodir a bomba que havia no prédio de Camila, apenas para castigar Lauren por ter deixado suas amigas entrarem, mas a verdade é que não havia nenhuma lá, era um blefe. Assim que foi avisado da saída de Mani e Vero do apartamento de Lauren, Peter quis falar com a pianista, se ela achava que podia dar uma de espertinha para cima dele estava muito enganada, iria dar uma pequena prensa nela.

Muito bonito não é Jauregui?

– D-do que está falando? – Lauren sentou no sofá e não desviava o olhar do celular em sua outra mão em momento algum.

Suas amigas passaram bastante tempo ai, se você abriu o bico não sabe do que sou capaz!

– Eu n-não disse nada! Você sabe muito bem disso, ouviu t-toda nossa conversa!

Pode até não ter dito, mas vai pagar por tê-las deixado entrar. – apesar de não ter acabado ainda, ela estava aliviada por ele não ter lembrado que elas sabiam língua de sinais.

– E-eu não deixei! Verônica arrombou a porta! – Lauren olhava para o celular, nada de mensagens, já estava ficando aflita.

Eu sei que ela arrombou, eu vi pela câmera, mas mesmo assim, outros vão pagar por sua amiga ser tão intrometida!

– O que quer dizer?

Raj, o porteiro, ele era um cara legal... Pobre Danny, apenas oito aninhos e já órfão...

Então é lá que a bomba está?! – Segurou o celular em que falava com Peter com o ombro e digitou algo rapidamente no outro, enviando a mensagem imediatamente.

Eu avisei Jauregui, já pode se sentir responsável por uma criança sem pai.

– Por favor Peter, não faça isso, e-eu não disse nada pra elas, eu juro! – Lauren tentava ganhar tempo.

Eu acredito em você, de verdade, mas eu não posso deixar passar esse deslize, de jeito nenhum. – Peter se divertia, amava estar no controle e deixaria que ela implorasse bastante antes de “desistir” de explodir a bomba no prédio de Camila.

Lauren finalmente recebeu a mensagem tão esperada, ela quase chorou de alívio. – Quer saber? Pode explodir então, e-eu não ligo...

O... Que... Do que está falando Jauregui? – Ele franziu o cenho, aquilo foi totalmente inesperado.

– Que você pode explodir a bomba no prédio da Camila, eu não me importo.

Está blefando?! – Ele riu.

– Você também. – Peter se surpreendeu, como ela sabia que não havia bomba nenhuma no prédio de Camila? Então se enfureceu. Não gostava nem um pouco de ser surpreendido.

Você pegou o celular de uma de suas amigas não é desgraçada?!

– E se eu tiver pego?

Dê adeus às crianças! – Ele tentou ligar o mecanismo que ativaria a bomba, mas nada aconteceu, e tentou várias outras vezes, mas não funcionava.

– Você perdeu seu rato, vou ligar para a polícia. – Ele não respondeu, apenas desligou o celular e tratou de desaparecer bem depressa, não seria preso, isso estava totalmente fora de cogitação para ele.

Acontece que quando Laur disse a Verônica sobre a bomba, a médica mandou mensagens para um conhecido seu na polícia e explicou toda a situação, sem alarde o esquadrão antibombas entrou na escola pelos fundos, todos vestidos de funcionários, todos os equipamentos escondidos em carrinhos de limpeza.

As crianças foram retiradas sem chamar atenção, por uma saída lateral. Muita gente pode não se lembrar, mas havia um buraco na cerca da escola que dava no estacionamento do prédio ao lado, Christopher Jauregui foi quem descobriu esse buraco há alguns meses atrás, e foi por ele que saiu da escola com Jake e Bebel uma vez.

Elisa tinha mandado consertar, mas o serviço sempre ficava mal feito e o buraco abria novamente, alguns trabalhadores podiam jurar que ouviam latidos de cachorro sempre que o serviço ficava pronto, e Elisa já estava ficando irritada com isso, mas não nesse dia, nesse dia ela deu graças a Deus pelo buraco ainda estar lá e as crianças e todos os funcionários estarem a salvo no estacionamento. Quando Peter Mayer tentou ativar a bomba ela já estava destruída.

– Vero está tudo bem mesmo? – ela falava com a amiga pelo telefone de Normani.

Sim, não precisa se preocupar, ninguém se machucou.

– Graças a Deus... – desta vez chorou de alívio. – Eu quero ver Camila!

– Vai, ela está te esperando. Vai ver sua amada.

S.M.: Quelqu'un m'a dit – Carla Bruni

Lauren saiu quase correndo de seu apartamento com Chris nos braços, ele perguntava a todo momento o que estava acontecendo, mas ela estava agoniada demais para explicar com clareza, só queria saber que tudo estava bem, queria ver sua bailarina, e sem raciocinar direito pegou um táxi em direção ao apartamento dela, só o que conseguiu dizer a ele é que estavam indo até Camila.

Ela desceu bem próximo e não precisou de nem entrar no prédio, Camila já sabia, através de Verônica, que tudo estava resolvido, Lauren sorriu e as lágrimas já escorriam por seu rosto, sua namorada estava parada na calçada ao lado de Ally, ela nem viu quando sua pianista chegou, estava falando ao telefone com uma expressão aflita, que logo se desfez quando viu a morena de olhos verdes e Chris.

A latina sorriu entre lágrimas e correu até Lauren, que pôs seu irmãozinho no chão e esperou por ela, não conseguiria correr como Camila fazia, suas pernas não respondiam bem, ainda estavam bambas por tudo que aconteceu. A bailarina pulou nos braços da pianista e rodeou sua cintura com as pernas, ela a segurou com a força que conseguiu, e as duas choraram, de alívio e de alegria.

– M-me perdoa anjo, me perdoa!

– Não precisa... – Camila chorou, mal conseguia falar. Lauren a girava lentamente com ela ainda em seus braços. – Eu sei de tudo, você foi tão corajosa! Eu tive tanto medo de te perder!

– Eu t-também meu amor! – Laur disse num fiozinho de voz e apertou mais Camila em seus braços, ela queria ter certeza de que sua namorada estava mesmo ali com ela, sã e salva.

– Vocês estão bem? Ele não machucou vocês? – Ela olhou entre Lauren e Chris, que estava no colo de Ally. O menino não sabia bem o que estava havendo, mas fez uma carinha de choro, e Ally o consolou.

– Não, nós e-estamos bem, e você?

– Eu estou bem, está tudo bem.

– Você me perdoa? E-eu não queria te magoar daquele jeito, dizer que e-eu não confio em você, isso não é verdade! Você é a melhor pessoa d-do mundo pra mim!

– Eu não preciso te perdoar de nada, você fez o que era certo! Eu sofri um pouquinho, mas graças a Deus Ally achou seu bilhete. – Lauren a pôs no chão delicadamente, mas continuou a abraçando com força. – Eu que tenho que te pedir desculpas por ter mentido pra você por tanto tempo.

– Não, v-você só queria nos ajudar.

– Ok, vamos esquecer isso por enquanto, estamos bem e isso é o que importa.

– E-então você não está chateada pelas coisas que eu disse anjo? A-ainda me ama...?

Camila não respondeu com palavras, apenas sorriu e beijou seu amor na boca, demonstrando que em momento algum, apesar de ter doído o que Laur falou, ela sentiu menos amor por ela, que isso era algo completamente impossível de acontecer. A pianista retribuiu da maneira que pôde, mas ainda tremia demais pelo medo que ainda percorria cada centímetro de seu corpo, sobretudo de que Camila, Raj ou as crianças da escola se machucassem.

– Tudo bem mesmo meu dengo?

– S-sim, eu só preciso de mais um tempinho p-pra me acalmar. – A pianista olhou sua namorada e seus olhos verdes pediam por algo que Camila sabia bem o que era.

– Eu te amo, ainda mais, se é que isso é possível. – Lauren sorriu e recebeu um beijinho na bochecha. – Nem que eu vivesse mil anos tentando esquecer eu conseguiria.

– Eu também t-te amo muito Camz, amo pra sempre... – Laur escondeu o rosto no pescoço de sua amada e chorou baixinho.

– Mama tá tudo bem? Porque vocês duas estão chorando? – Chris franziu o cenho e fez bico, não aguentava ver Lauren ou Camila tristes.

– Está tudo bem meu amorzinho. – Camila sorriu e Ally lhe entregou o pequeno nos braços. – Só estávamos com muita saudade uma da outra.

– Isso, é só s-saudade. – Apesar da situação difícil, Lauren conseguiu poupar o menino de toda a sordidez dos atos de Peter e das situações que isso causou.

– Eu também tava com saudade. – Ele abraçou Camila mais apertado. – Eu nem tinha aula, queria vir pra sua casa, mas a Loli disse que você tava ocupada com as danças.

– Foi isso mesmo meu lindo, mas agora estamos juntos de novo. Nada nem ninguém vai separar a gente. – Camila terminou de falar olhando nos olhos de sua amada. – Vamos subir?

– Sim... Eu... – Lo olhou para Ally, e a baixinha soube que ela queria falar algo importante com Camila.

– Vem com a tia Ally, Chris, vamos apostar uma corrida até o elevador!

– Vamos! – o pequeno sorriu e Ally contou até três para os dois saírem correndo dali.

– O Raj está bem? – Laur perguntou olhando o balcão da portaria, procurando pelo porteiro.

– Sim, uns policiais disfarçados procuraram, não havia bomba nenhuma na portaria. – Camila respondeu e Lo soltou o ar aliviada. – Mas o Raj foi dispensado por hoje, ele ficou bem assustado.

– Eu imagino, e-eu também ficaria, na verdade fiquei. N-não queria que nada de mal acontecesse a ele, n-nem às crianças. – Camila ficou um pouco triste, e ao mesmo tempo com ainda mais ódio de Peter Mayer, sua namorada estava gaguejando novamente.

Os quatro subiram até o apartamento, Chris voltou para o colo de Camila e os três ficaram tão agarrados quanto podiam, não era possível mensurar o medo que elas sentiram com toda essa situação, Lauren sabia o que estava acontecendo, e as consequências que isso poderia causar, por outro lado Camila não fazia ideia, e isso a esta a deixando louca, sem saber o que fazer para ajudar Laur e seu irmão. Mas com toda certeza elas estavam igualmente aliviadas por ter acabado.

– Kaki, eu achei! – Sofia falou assim que eles entraram no apartamento.

– O que Sofi? – Chris sorriu.

– Ah... O meu brinco que eu tinha perdido. – Ela disfarçou.

– Mas você nem usa brinco.

– O brinco que eu vou dar pra Nina ué.

– Ah tá.

– Vai ligar o videogame pra gente jogar, que eu vou guardar esse brinco bem guardado. – Sofi sorriu para o pequeno, que assentiu alegre e correu para a sala do videogame. – Eu achei a câmera que Verônica falou... – Ela disse às três mulheres paradas à sua frente.

– Onde estava? – Camila perguntou e Lauren segurou sua mão.

– Presa no lustre, dentro do bocal de uma das lâmpadas.

– Nossa! Não é a toa que você nunca viu! – Ally se espantou.

– E-e o que você fez com ela Sofi?

– Eu guardei dentro de um estojo de pano e pus na gaveta do escritório, pensei em quebrar, mas aí lembrei que pode servir pra vocês levarem na polícia.

– Por falar nisso Lo, nós temos que ir à polícia entregar esse celular que o maldito te deu.

– N-nós podemos até entregar, m-mas eu não sei se vai adiantar muita coisa. – Laur tirou o aparelho do bolso do sobretudo.

– Como assim? – Ally franziu o cenho.

– E-ele desligou sozinho no caminho pra cá, eu consegui l-ligar de novo, mas não há nada do que havia antes. Nem a foto que ele mandou p-pra mim existe mais.

– Ele formatou o celular. – Sofi concluiu.

– Como isso é possível?! – franziu as sobrancelhas.

– Ele deve ter acessado a conta do celular por um computador, então usou a função de formatar. Eu já fiz isso várias vezes, digo, não pra formatar, mas pra achar o celular quando eu perdi dentro de casa, pelo computador eu acessei minha conta e o fiz tocar por cinco minutos, então achei.

– Meu Deus, esse homem é doente, ele planejou tudo nos mínimos detalhes! – Ally esfregou os braços, pensar que existem pessoas assim lhe causava arrepios.

– Ele s-só não contava que Vero, Mani e eu sabemos língua de sinais. – Laur sorriu de leve.

– Isso está me deixando um pouco aflita. – Camila abraçou sua namorada.

– Porque Camz?

– Ele foi enganado pro vocês e isso deve tê-lo deixado furioso. Ele nunca gostou de ser subjugado por ninguém, tinha que ser sempre melhor que todos, então deve estar com muita raiva por vocês terem sido mais espertas que ele.

– Verdade, uma vez a Sofi ganhou dele num simples jogo de damas e ele ficou furioso. – Ally falou.

– Eu lembro disso. – Sofia intercalou o olhar entre as três e diria algo mais, mas Chris a chamou.

– Sofi, você não vem jogar?

– Já vou tampinha! – Ela correu até a sala.

– Gente, eu vou ter que ir, vou ficar com a Bel em casa, mas qualquer coisa me liguem. – a baixinha se despedia.

– Ok Ally, obrigada por tudo, você não tem noção do quanto foi importante seu apoio. – a bailarina a abraçou.

– Eu amo vocês, não podia fazer diferente. E você também protegeu minha filha, obrigada Laur.

– Obrigada Ally. – Lo abraçou a baixinha junto com Camila. – Toma cuidado.

– Eu vou, e vocês também.

– Nós vamos, Arnold, Jason e Vin estão vindo pra cá e graças à Vero a polícia está de olho no prédio e na escola. – a latina informou e Ally ficou mais tranquila.

(🎵)

– Eu estou indo agora, porquê? – Arnold dizia enquanto descia a rua com Clara em seu encalço.

– Eu posso ir com você?

– Não sei se é uma boa ideia Clarita, talvez sua filha fique nervosa, e dona Camila não iria ficar nada feliz com isso, depois de tudo que elas passaram. – Ele torceu os lábios.

– Eu entendo, mas valeu assim mesmo... Você me diz como Lauren está quando chegar lá?

– Eu te mando uma mensagem, mas não se preocupa, com a dona Camila ela sempre fica bem.

– Eu sei, essa moça foi a salvação dela. – A mulher sorriu de lado e esfregou a mão direita, as dores tinham diminuído um pouco, mas ela precisava de remédios, porque as compressas ainda não eram suficientes.

– Você quer que eu te traga um remédio pra dor? – Ele olhou enquanto ela esfregava as mãos.

– Se você puder cara, eu agradeço. Eu não queria admitir mas tá doendo pra porra. – Ela sorriu triste e Arnold também.

– Vou trazer o mais fraco, você sabe.

– Eu sei, não posso tomar o outro.

– Dessa vez vai dar certo Clarita, você vai ver.

– Eu já tentei tantas vezes Arnold... Eu sei lá... – Clara suspirou, não era a primeira vez que tentava parar com as drogas, mas já estava limpa há quase uma semana, quem sabe?

– Mas eu acho que essa vez vai ser a vez. – Ele sorriu ao se aproximar do seu carro. – Estou com um pressentimento.

– Você sempre diz isso seu palhaço! – Clara riu e deu um soquinho com a mão esquerda no ombro dele.

– É, mas eu acho desta vez vai, acho que é porque você está um tiquinho mais perto da sua filha.

– Pode ser que você tenha razão. – os dois se abraçaram e ele entrou no carro fechando a porta. – Se a sua namorada não fosse tão brava eu te dava uma chance. – Clara brincou.

– Para palhaça! Somos quase irmãos! – os dois gargalharam.

– Eu sei, só estou brincando contigo. – Clara lhe deu mais um soco de mentira no rosto e o segurança foi. Ela sorriu lembrando do dia em que se conheceram, Arnold a encontrou caída num beco prestes a ter uma overdose, e salvou sua vida a levando para um hospital, os dois são amigos desde então.

Ela voltou pela mesma rua e caminhou lentamente em direção ao seu apartamento, subiu os seis andares de escada, porque o elevador estava quebrado, e quase botando os bofes pra fora conseguiu abrir a porta velha com a tintura desbotada.

Porran, seis andares! Ninguém merece! – A mulher quase se jogou no sofá. – Eu tô muito fora de forma! – riu.

Ela foi até a cozinha na intenção de tomar um copo de água, mas se deparou com metade de uma carreira de pó que havia deixado em cima da mesa. Clara apertou os olhos tentando não olhar aquilo, mas era quase impossível! Ele ainda tentou disfarçar a vontade que consumia cada centímetro de seus músculos tomando a água, não por muito tempo.

Clara se aproximou do pó, pôs as mãos na cintura e observou mordendo os lábios com força, ela iria, não tinha mais como evitar, mas quando sentou na cadeira para inalar tudo, ouviu um latido alto de cachorro na rua, e isso a distraiu, não saberia explicar porque, mas fez lembrar Lauren, ela era doida por cachorrinhos quando pequena, mas hoje não pode nem chegar perto de um.

Clara sorriu triste com a lembrança e de repente um aperto forte tomou seu peito, ela chorou, lembrando de todas as vezes que tentou parar e foi vencida pelo vício, das vezes que ela mesma se internou em alguma clínica, mas acabou fugindo de lá, e das vezes em que só pôde observar de longe sua filha crescer e se tornar uma moça de valores e caráter incorruptível.

A mulher derrubou a mesa e correu para o quarto se trancando lá, deitou na cama e esperou aquela sensação de vazio horrível passar, mas ela não passava, e para piorar suas mãos começaram a doer mais, o aperto no peito aumentando, e gritou com toda força que seus pulmões ainda possuíam, chorou por longos minutos até adormecer de cansaço.

Acordou por volta das cinco da manhã, as mãos não doíam tanto quanto na noite anterior, a sensação de vazio ainda estava lá, mas bem menos presente, talvez por ainda não ter acordado e ter recobrado a consciência completamente, só que o aperto no peito não passou, pelo contrário, ficou mais forte, mais palpável.

Ela levantou e caminhou cambaleando até a cozinha. Observou o resultado de seu ataque na noite anterior, ergueu a pequena mesa e viu que o pó já era.

– Porra, não sobrou nem um grãozinho pra contar história... Esquece isso sua estúpida! – Ralhou consigo mesma. – Mas que porra de aperto no peito é esse? – Franziu o cenho e pensou por uns segundos. – Eu vou ver a Lauren!

(🎵)

Peter Mayer esperou até a manhã do dia seguinte, estava escondido num dos seus muitos apartamentos espalhados pela cidade, e decidiu que apenas pela manhã bem cedo era seguro sair, talvez a polícia o estivesse procurando, mas ele não se importava muito com isso, seu pai era rico, pagaria os melhores advogados do país e ele sairia ileso mais uma vez.

Só queria sua vingança, maldita Lauren Jauregui! Ele não conseguia conceber que uma criatura tão simplória, na sua distorcida concepção, havia sido mais esperta que ele, o enganado, mas como ela contou para as amigas o que estava acontecendo?! Ele escutou tudo, elas falaram apenas trivialidades! Peter pensava enquanto vestia um de seus muitos uniformes. É claro Peter! Ela é deficiente auditiva, só pode ter usado língua de sinais!

– Não acredito que eu caí nessa! Inferno! – socou a parede pouco antes de sair de casa – Camila pode até não voltar para mim, mas elas não vão ser felizes rindo da minha cara, não mesmo! – Ao entrar no seu carro na garagem do prédio ligou para o seu psiquiatra.

Alô. – Simon atendeu ao número desconhecido.

– Doutor Cowell? – o homem de cabelos negros chorou.

Você de novo Peter... – o psiquiatra suspirou.

– Eu preciso do atestado Doutor Cowell, m-meu pai não acredita em mim, quer me fazer trabalhar esse estado!

Peter, pela última vez, não vou te dar um atestado de incapacidade.

– Mas e-eu não posso trabalhar assim!

Ok, onde você está? – Peter sorriu, imaginou que havia finalmente conseguido o que queria.

– Trancado do meu quarto. – mentiu.

Mesmo? E porque eu acabei de ouvir a buzina de um carro? – Peter quis descer na mesma hora do carro e espancar a pessoa que buzinou.

– F-foi a TV...

Pensei que tinha dito que não gostava de ver televisão. – Simon tentava descobrir onde o homem estava realmente.

– Eu não gosto, só deixei ligada para não me sentir tão sozinho.

Certo então, fique onde está, eu vou levar seu atestado.

– Não precisa Doutor. – Ele se apressou em dizer. – O senhor prepara o atestado e eu mando um empregado meu ir buscar.

Esse tipo de documento só pode ser entregue em mãos. – Inventou na hora. – Eu vou até sua casa, não está em condições de sair. – Droga, porque esse homenzinho tem que ser tão impertinente?!

– Pode ser amanhã? Eu não quero ver ninguém hoje...

Você queria tanto o atestado, me ligou várias vezes por isso, diga a verdade Peter Mayer, onde você está? O que pretende?

– Não te interessa! – gritou perdendo a paciência.

Deixando a máscara cair, pois saiba que o que quer que tenha feito eu não vou te dar atestado nenhum! Vou dizer o que você é, e que tem plena consciência dos seu atos!

S.M.: Psycho Killer – Talking Heads.

– Foi bom brincar com o senhor por esse tempo Doutor, me aguarde. – desligou e arrancou com o carro. – Amanhã, Simon Cowell, hoje eu tenho coisas mais importantes para resolver.

Desta vez dirigiu com cuidado pelas ruas de New York, não queria chamar atenção, muito menos correr o risco de morrer antes de realizar seu propósito. Seu telefone tocou, ele olhou o visor e viu o número de Austin. Atendeu e ligou o viva voz.

Peter, pelo amor de Deus, onde você está?!

– No apartamento de Greenwich Village.

Peter, por favor, esqueça essas duas! Você já tentou de tudo! – Austin chorou desesperado.

– Eu não esqueço um inimigo Austin. Lauren Jauregui quis ser mais esperta que eu e vai pagar por isso, da pior forma.

– O que vai fazer?!

– Nada demais, não se preocupe.

Peter v-você vai mata-la? – silêncio. – Me responde porra! – Austin já se desmanchava em lágrimas.

– Vai se foder seu merdinha mimado do caralho! – desligou na cara dele. – Quem esse bostinha pensa que é pra me dizer o que fazer?! Eu faço o que eu quero, na hora que eu quero! – Nesse momento ele levou uma bela fechada no trânsito e freou o carro bruscamente. O para-choque dianteiro do seu carro ainda raspou na lateral do outro.

– Idiota! O que pensa que está fazendo?! – esbravejou contra o homem, que arregalou seus grandes olhos azuis, Peter podia ser bem assustador quando queria.

– E-eu sinto muito senhor, o sinal fechou, eu freei bem em cima, desculpe! – o homem ruivo se aproximou e surpreendentemente Peter sorriu, um sorriso um tanto diabólico que fez o homem sentir um certo receio de se aproximar.

– Tudo bem, me dê seu número e eu ligo para resolvermos isso.

– Claro, eu vou consertar seu para-choque. Não se preocupe. – o ruivo lhe entregou um cartão com seu telefone.

– Ben Johnson... eu ligo pra você Ben. – fitou os cabelos do homem com um olhar predador.

– Eu fico esperando, e eu vou pagar por tudo. Até mais. – Ben correu para seu carro e saiu dali o mais rápido possível, não soube bem o motivo, mas aquele homem de cabelos negros lhe dava arrepios.

Novamente Peter seguiu seu caminho, em poucos minutos estava bem perto do seu objetivo, estacionou o carro um pouco longe, não queria correr o risco de ser reconhecido, principalmente pelos seguranças de Camila, que estavam parados bem na porta do edifício. Peter passou a noite inteira maquinando como chegar ao apartamento dela, e o que faria quando chegasse lá. Já tinha tudo em mente.

Rodeou a construção com um envelope pardo na mão, entraria pelo elevador de serviço e já contava com algum vigilante por ali também, por isso arrumou um uniforme igual ao deles, é claro que eles saberiam no mesmo instante que Peter não trabalhava ali, mas isso lhe daria algum tempo antes render o vigilante que ficava na guarita da entrada dos faxineiros.

Ele esperou até que um grupo grande de faxineiros entrasse, ajeitou o boné para esconder o rosto e tentou passar despercebido, seria tão mais fácil assim, mas o homem não colaborou. – Ei você! Não te conheço! – o vigilante saiu da guarita com a mão na arma.

– Vim transferido, parece que teve uma confusão por aqui ontem, então chamaram mais gente.

– Bem, realmente teve uma confusão, mas isso é confidencial.

– Eu sei, me pediram pra não dizer a ninguém.

– Não me disseram nada sobre transferência de pessoal, posso ver seus documentos? – pediu e Peter lhe entregou o envelope.

– Claro, está tudo aí. – Assim que lhe entregou o papel o psicopata puxou uma arma de choque do bolso e apagou o segurança, escondeu o homem desacordado na guarita e entrou o mais rápido possível no prédio. Subiu até um andar antes do de Camila, o restante do caminho faria pela escada de emergência.

Abriu a porta minimamente, Arnold estava parado bem na porta do apartamento da bailarina, em breve trocaria de turno com outro segurança, mas ainda estava atento a tudo. Peter não queria arriscar, sabia que não poderia entrar em luta corporal contra aquele homem enorme, por isso não viu outra solução, puxou o revólver com silenciador do coldre escondido de baixo da camisa.

Apontou para o segurança e quando puxou o gatilho sentiu a porta prender seu braço com força, fazendo com que derrubasse o revólver.

– Ah! – Arnold gemeu de dor, havia sido atingido no peito do lado direito.

– Arnold, você tá legal?! – Clara Jauregui havia impedido que seu amigo fosse morto covardemente por Peter.

– Sim, pegue minha arma! – ela catou no coldre, mas antes que pudesse alcança-la, Peter já havia pego seu revólver e atirou no segurança novamente, desta vez no ombro. Se Clara não tivesse machucado sua mão ele não teria errado a mira.

– Vamos sair daqui! – Ela ajudou o segurança a andar e eles saíram da visão do psicopata, indo para a porta dos fundos do apartamento enquanto Peter atirava várias vezes nos dois.

– Toma a chave, entra e avisa a dona Camila! – Ele lhe entregou o objeto.

– Mas e você?!

– Entra logo, senão todo mundo morre! Eu me viro!

– Porra Arnold! Não me invente de morrer entendeu?! – Clara chorou e entrou no apartamento, enquanto que o segurança puxou o revólver do seu coldre com dificuldade.

Clara agiu rápido, correu até o quarto de hóspedes e acordou Sofia primeiro, Chris andava tendo uns pesadelos, por isso ela dormiu com ele. – Ei garota, acorda! – sussurrou aflita.

– Q-quem é você?! – a menina franziu o cenho e levantou da cama assustada e cambaleando por causa do sono que ainda sentia.

– Arnold me mandou, o Peter está aqui, veio pegar vocês! – Nesse momento vários tiros foram ouvidos e Sofia arregalou os olhos. – Vai, leva o menino com você! Vai pelo elevador de serviço e chame a polícia! – o barulho da porta sendo arrombada foi ouvido.

Sofia não questionou, sabia que estavam realmente em perigo e não deixaria nada de mal acontecer ao Chris, então pegou o menino no colo.

– Sofi, o que há? – Chris resmungou sonolento.

– Shiii... – ela ninou o menor. – Vamos comprar uns croissants pra levar café na cama pra Kaki e pra Laur. – inventou na hora.

– Ah, ok... – ele bocejou e a adolescente saiu correndo com ele dali.

– O Arnold se feriu, está na porta dos fundos! – Clara ainda avisou e Sofi assentiu.

Clara alcançou o corredor novamente e olhou em volta, Peter não estava em lugar nenhum a vista, ela estranhou, mais ainda quando sentiu cheiro de queimado. Ela correu até o quarto, onde Lauren e Camila ainda dormiam, e trancou a porta assim que entrou.

– Dormindo?! – ele sussurrou pasma. – Vai ter sono pesado assim na puta que o pariu! – Clara foi até Camila, julgou ser mais seguro assim. – Camila! – sacudiu a bailarina sem nenhuma delicadeza, não tinha tempo para isso.

– Clara?! – Camila piscou os olhos incrédula.

– Sem perguntas, Peter está aqui, pegue Lauren e dê o fora! – disparou sem rodeios, o cheiro de queimado aumentando. – Sua irmã e o Chris já desceram!

– Meu Deus! Amor! Amor acorda! – sacudiu Lo.

– O que... C-clara?! – a pianista sentou na cama confusa e sua respiração já ficou ofegante.

– Lauren, olha pra mim. – Camila segurou seu rosto. – Nós temos que sair daqui entendeu? Temos que sair agora!

– Ok, mas...

– É o Peter. – Clara informou.

Lauren arregalou os olhos e Camila a ajudou a levantar da cama, as três saíram do quarto lentamente, temiam dar de cara com ele antes de poderem sair do apartamento, e isso não seria difícil de acontecer. Estranharam o cheiro de fumaça e o apartamento tomado por ela, mas não poderiam se preocupar com isso agora, o importante era sair dali antes que ele aparecesse.

– Onde pensam que vão? – Ele bloqueou a porta principal apontando o revólver para as três.

– Sai do caminho Peter! – Camila rosnou.

– E perder toda a diversão? Por que eu faria isso? – ele sorriu.

– Você não vai escapar da polícia, tem câmeras por todo o prédio!

– Eu sei, mas meu pai é rico, ele dá um jeito. Só quero ter o prazer de saber que vocês morreram pelas minhas mãos, da forma mais dolorosa possível. – Lauren tremeu dos pés a cabeça com essa última frase, mas Camila não se abalou, e quando a fumaça se tornou mais espessa, quase não dando mais para enxergar nada, os sprinklers foram ativados.

– Ok, muito esperta Camila. – Ele sorriu. – Não vai ser do jeito que eu queria, mas fazer o quê? – Apontou o revólver para a bailarina, que sentiu seu coração parar por um milésimo de segundo, mas antes que ele pudesse atirar sentiu um soco forte no rosto, caindo no chão logo em seguida.

Peter olhou para cima, e meio zonzo e com a vista embaçada viu Lauren, ela o olhava ofegante com os punhos fechados, lhe havia dado um belo soco no queixo. Ele não a tinha visto, a fumaça, e agora a “chuva” provocada pelos sprinklers, dificultava a visão, e acabou perdendo o revólver de vista também. Ele começou a engatinhar procurando pela arma.

– Vem Camz! – Estendeu a mão para sua namorada, Camila correu até ela puxando Clara pelo braço, a porta principal estava emperrada, Peter havia feito algo com ela, então as três foram para o elevador que dava acesso à cobertura da bailarina, a porta abriu e elas entraram apertando o botão do térreo, mas Peter encontrou a arma e atirou contra elas. Errou mais uma vez, e atirou de novo, e de novo, mas ainda não enxergava bem, talvez pelo soco, talvez pela névoa provocada pelos aparelhos anti-incêndio.

– Fecha droga! – Camila apertava o botão do elevador freneticamente enquanto estavam abaixadas e encolhidas tentando se esconder dos tiros. Nesse momento as balas acabaram e Peter alcançou o elevador, a porta que já estava quase fechando voltou a abrir, Lauren faria algo contra ele novamente, mas Clara a empurrou de volta para o elevador e se jogou com Peter para fora dele.

– Mãe! – Lauren gritou e estendeu os braços para a porta fechada. – Mãe, não! – Ela batia na porta, mas o elevador não voltaria a subir.

– Oh meu Deus! – Camila levou as mãos à cabeça e abraçou sua namorada que chorava desesperadamente.

– Não, volta! – Lauren apertava o botão do andar de Camila várias vezes, mas ele primeiro desceria todos os andares até voltar lá para cima.

– Não adianta Lo, ele não vai voltar. – Camila tentava explicar entre lágrimas.

– M-mas a minha mãe, a-a minha ficou! – Ela chorou num fiozinho de voz e a bailarina a segurou com todo carinho em seus braços.

– Eu sei, mas a Clara é esperta, ela vai fugir dele, vamos acreditar nisso!

Assim que a porta abriu vários policiais as conduziram para fora do prédio, lá fora vários carros de polícia com as luzes ligadas, gente se aglomerando em volta do edifício, tentando entender o que estava acontecendo, mas as duas não ligaram para isso, tudo que queriam era encontrar Sofia e Chris, os dois estavam sentados nuns banquinhos de plástico e agasalhados.

– Kaki! – Sofi chamou e sua irmã correu para abraçar os dois.

– Sofi, Chris, graças a Deus! – Camila chorou e Lauren se juntou ao abraço, os quatro ficaram ali um bom tempo.

No apartamento Clara conseguiu se afastar de Peter e correu até a porta dos fundos, mas antes que pudesse sair ele a segurou por trás e pôs o revólver em sua cabeça. Ela fechou os olhos, pensou que iria morrer ali mesmo, mas não sem tentar se safar.

– A polícia já deve ter chegado, mesmo que você me mate não vai conseguir fugir!

– Eu já sei disso sua drogada de merda! – ele sorriu como louco. – Mas eu não vou ser morto por eles! Você vai ser o meu passaporte pra sair daqui a salvo! Vem! – arrastou Clara até o elevador de serviço e ela se surpreendeu ao não ver Arnold ali, havia apenas uns rastros de sangue. – Chama o elevador!

– Calma aí cara, você não vai ganhar nada com isso!

– Cala a boca e aperta logo essa merda de botão! – pressionou o revólver na têmpora da mulher.

– Ok, ok, você venceu seu doido de pedra! – chamou o elevador e não demorou muito para ele abrir a porta.

Assim que a porta se abriu ele arrastou a mulher para o hall de entrada do prédio, não havia mais ninguém ali e a polícia já estava do lado de fora. Mesmo tendo dado tudo errado Peter gostava dos holofotes, queria virar a situação a seu favor, e se a imprensa estivesse lá, melhor ainda.

– Vem! Para de fazer corpo mole! – Ele apertou o pescoço de Clara.

– Eu já sou velha sabia? – Ela resmungou segurando os braços dele.

– Cala a boca! – Peter olhou para fora e saiu fazendo a mulher de escudo.

Peter Mayer você está cercado, solte a refém e não sofrerá nada! – Um dos policiais anunciou no megafone, todas as armas apontadas para ele, os repórteres e muita gente realmente estavam lá, ele sorriu internamente quando viu Camila e Lauren chorando abraçadas.

– Não! – Chorou fazendo seu teatro. – Eu não vou soltar, vocês vão me matar assim que eu solta-la!

– Lhe damos a nossa palavra Peter, solte a mulher e nós o levaremos para a delegacia, lá terá direito a um telefonema e uma cela especial se tiver curso superior. – o policial negociava.

– Eu não tenho curso superior, só técnicos em música! – Peter chorou mais uma vez, queria demonstrar descontrole, mas sabia exatamente o que estava fazendo.

– Olha aí cara, o polícia tá te dando uma chance! – Clara tentou.

– Cala essa boca! – Ele sussurrou para ela e olhou para cima, para os prédios do outro lado da rua, sabia que a chance de haver atiradores de elite posicionados ali era grande, ele não estava errado, por isso virou o corpo deixando a cabeça de Clara bem na frente da sua, e entrou um pouco mais no hall.

– Nós o deixaremos sozinho numa cela, solte a refém!

– Eu não quero ser preso! – Ele chorou.

– Então diga o que você quer Peter, nós veremos se podemos conseguir!

– Eu só queria minha namorada de volta! Mas ela me trocou por outra! – Camila o olhou indignada, ele estava tentando se passar por um homem apaixonado e desesperado?!

– Eu te entendo cara, mas se ela não te quer mais você tem que aceitar e partir para outra.

– Mas ela me traiu! Dá pra acreditar?! – os policiais se entreolharam, pareciam querer entender o desespero do homem.

– Não, não dá pra acreditar! Você não é mais nada meu há muito tempo Peter, eu nunca te traí, mas você sim, então pare com esse teatrinho de uma vez por todas! – a bailarina esbravejou.

– Calma Camz, m-minha mãe ainda está lá. – Lauren alertou.

– Eu sei amor, desculpa, mas esse homem é tão sórdido, meu Deus!

– Eu não traí você com aquela ruiva, acredite em mim Camila, eu ainda te amo!

– Você não ama nem você mesmo seu traste! – Camila falou baixo desta vez, não queria que Clara corresse mais riscos do que já estava correndo.

– Pelo visto ela não te ama mais Peter, então solte a moça e venha conosco, vai dar tudo certo, eu prometo! – o policial tentou mais uma vez.

– Ok, eu vou me entregar, mas antes quero dar um depoimento para a imprensa, eu preciso desabafar! – mas é mesmo um pavão, Camila pensava incrédula.

– Certo Peter, pode falar, todas as câmeras estão voltadas para você!

– Ok, primeiro que quero dizer que sinto muito por ter causado toda essa confusão! – Ele queria pôr a opinião pública a seu favor. – Mas quem está aqui diante de vocês é só um homem apaixonado e desesperado para ter de volta a mulher que ama!

– Eu não estou ouvindo isso! – Camila bufou tentando controlar sua raiva, apenas pela situação em que Clara se encontrava.

– Eu só queria minha Mila de volta, mas ela prefere ficar com essa daí, essa mulher que só está interessada no dinheiro dela!

– I-isso é mentira! – Desta vez foi Lauren que não pôde ficar calada.

– Eu nunca quis nada mais que seu amor Camila! – as pessoas começavam a ficar com pena dele, Camila não podia acreditar no que estava acontecendo, esse maldito vai mesmo conseguir virar as coisas a seu favor?

– Camila, porque você traiu o Peter? – Um repórter perguntou.

– Eu nunca o traí! Meu Deus do céu! Eu não acredito que vocês estão comprando a história dele! Ele é um criminoso, está fazendo uma mulher inocente de refém, acordem! – ela não aguentou mais.

– Está gostando da minha atuação noiada? – Ele sussurrou no ouvido de Clara.

– Cara, você é muito doente mesmo, o que vai ganhar com isso? Inventando essas merdas?

– A dó desses retardados! – ele quase riu. – A sociedade é mesmo muito burra e machista, muitos ainda acham que um homem pode matar uma mulher por amor, por desespero! – fez uma voz trêmula. – Mas a maioria deles, quando premeditam um crime, são como eu. Frios, sem sentimentos, não amam realmente a mulher, o que eles querem, o que todos queremos é ter poder, estar no controle. É capaz de eu nem ser preso quando sairmos daqui.

Clara ouvia a tudo aquilo pasma, nunca conheceu uma pessoa assim, nem mesmo os traficantes mais perigosos com quem já teve que lidar.

– Você vai mesmo me soltar ou tá blefando?

– Vou te soltar por agora, mas não pense que esqueci a surra, você ainda vai ter o que merece. – disse com a voz sombria e ameaçadora.

Peter caminhou para frente lentamente, ele ainda sentia muita raiva da mulher e essa oportunidade era perfeita para se vingar dela, mas talvez não valesse a pena fazer imediatamente. Só que o que ninguém esperava aconteceu. Dois tiros. Clara arregalou os olhos e sentiu o braço de Peter se afrouxar em seu pescoço, ela caiu no chão, parecia tudo em câmera lenta.

Os policiais corriam em sua direção, sua visão estava embaçada e suas pernas não respondiam, sentiu uma ardência forte na cintura e olhou para baixo, o sangue manchava sua blusa branca.

Só então teve o impulso de olhar para trás, Peter ajoelhou no chão lentamente, os olhos arregalados, a expressão incrédula, ele olhou para baixo e viu o sangue sujar a blusa bege que usava, levou as mãos à barriga e elas voltaram ensanguentadas, então tombou de bruços na calçada, Clara olhou assustada as costas do homem se tingirem de vermelho, então olhou mais atrás, um rapaz chorava desesperadamente, sentado no chão e quase derrubando o revólver de sua mão.

Você nunca mais vai fazer mal a ninguém Peter Mayer! – Austin Mahone gritou do hall de entrada pouco antes dos policiais tomarem sua arma e o jogarem no chão, o algemando logo em seguida. – Eu ainda te amo, mas você não merece o meu amor!

– Mãe! – Lauren ajoelhou no chão abraçando a mulher de repente. Clara sentiu o abdômen arder um pouco, mas não se importou com isso no momento, só queria receber esse abraço tão bem vindo e esperado. – V-você está bem?!

– Eu acho que sim... – Clara levou a mão à cintura e Laur arregalou os olhos ao ver o sangue, Camila chegou logo em seguida e também viu.

– Ela está ferida! Ajudem aqui! – a bailarina gritou e quase na mesma hora alguns paramédicos se aproximaram fazendo Clara deitar no chão.

– Ei cara eu tô legal, não é nada demais! – a mulher protestou, mas o médico a fez deitar assim mesmo. Camila e Lauren se abraçaram e viram o momento em que os médicos atendiam Peter.

– É o que vamos ver. – o homem levantou sua blusa branca e depois de examinar por um tempo sorriu. – Não varou e aparentemente pegou apenas os músculos. – as duas namoradas sorriram aliviadas.

– Viu? Eu disse que tava tudo bem! – Ela tentou levantar.

– A senhora fique bem quietinha aí, vai pro hospital. – Clara torceu a boca. – E não adianta fazer cara feia.

– Ok, você ganhou... Isso tá doendo pra porra. – Clara suspirou. – Só me leva pro Hospital Saint Francis, a comida de lá é boa. – Camila, Lauren e o médico sorriram, ela estava bem, graças a Deus.

– Certo moça, Hospital Saint Francis. – O médico ajudou a pô-la na maca.

– N-nós vamos com ela certo? – Laur fitou Camila com os olhos preocupados.

– Claro meu amor. – A bailarina afagou seus cabelos e lhe deu um beijo reconfortante, ela diria algo mais, mas ouviu um choro de criança e reconheceu como sendo a voz de Chris. Elas olharam Sofia com ele no colo enquanto acompanhavam uma maca onde um homem enorme estava deitado, elas reconheceram Arnold e correram até eles.

– Por favor Arnold, não morre! – Chris chorou. O homem não respondeu, estava desacordado.

– Ele vai ficar bem Chris, ele é forte. – Sofi consolou o menino.

– Não é justo, o Arnold não pode morrer, ele é meu amigo!

– E-ele vai ficar bem Chris. – Laur olhava entre o menino e o gigante que agora era posto dentro de uma ambulância.

– Loli...Mama... – As duas seguraram menino, e Camila fazia uma força enorme para não chorar na frente dele, mesmo extremamente preocupada com Arnold. – Eu não quero que ele vire estrelinha Loli, eu não quero!

– Ele não vai meu amor. – a latina afagou suas costas. – O Arnold é forte como um touro, ele vai voltar pra nós.

– Jura mama? – Seus olhinhos vermelhos e marejados eram a coisa mais triste.

– Juro. – ela não sabia se podia jurar isso, mas não queria seu pequeno chorando, queria manter a esperança de todos.

– Eu amo meu amigo Arnold, ele é muito forte e vai voltar pra gente... – Chris fungava tentando se convencer disso. – Não é Loli?

– É sim meu amor.

– Ele vai para qual hospital? – Sofia perguntou enxugando as lágrimas.

– Hospital Saint Francis, ele pediu pouco antes de desmaiar. – um dos médicos respondeu pouco antes de fechar a porta.

– Mila! – Eles ouviram a voz de Ally e olharam para ela, a baixinha vinha correndo na direção dos quatro. – Eu vi na TV o que estava acontecendo! Vocês estão bem?!

– Estamos sim Ally, obrigada. – Camila falou enquanto Ally examinava cada um para ter certeza de que estavam bem mesmo.

– Estão precisando de alguma coisa?

– Na verdade sim, ele tentou tocar fogo no meu apartamento. – Ally pôs as mãos na boca pasma. – E a polícia deve estar lá agora olhando tudo, deve estar uma tremenda bagunça lá em cima.

– Provavelmente. – Ally torceu os lábios sentindo muito por elas.

– Nós temos que ir ao hospital para ver como a mãe da Lauren e o Arnold estão, só que estamos de pijamas...

– Hospital?! Eles se feriram sério?

– A Clara está bem, mas o Arnold... Inspira cuidados.

– Entendi. Vamos todos para minha casa, vocês tomam um bom banho quente e eu arranjo as roupas para irem ao hospital.

– Obrigada Ally.


Notas Finais


Entonces, quase enfartaram? Não, magina autora! Mas entre mortos e feridos salvaram-se todos!

Quem diria que o Austin nos daria esse tombo né?

Agora nossos bolinhos estão livres para sempre do Peter. Até o próximo! 😘


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