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História The Tiny Dancer - Epílogo II


Escrita por: BrightBend

Notas do Autor


Oiê, olha eu aqui de novo! Como estão meus leitores mais lindos? Espero que bem.

Segue a segunda parte do Epílogo, demorou menos que a primeira né? :D
Espero que gostem desse, fiz com muito carinho.

Ps: desculpem o spoiler logo na foto do cap, mas esse é a Gab, é que no Spirit não dá pra botar fotos no meio do texto, uma pena.

Capítulo 51 - Epílogo II


Fanfic / Fanfiction The Tiny Dancer - Epílogo II

Camila

– Camz, você vai mesmo pra ONG agora? – Lauren me olhou na porta do banheiro, com aqueles olhinhos verdes pidões, um bico lindo naqueles lábios rosados e seu barrigão de quase nove meses de gravidez. Eu queria abraça-la e encher de beijos a todo momento, minha mulher estava muito linda!

– Só vou passar lá rapidinho amor, o pessoal precisa da minha assinatura em alguns papéis. – Falei com o coração apertado, eu não queria deixa-las sozinhas, mas era só rabiscar alguns papéis e voltar correndo para casa.

Com a ajuda dos nossos amigos, da Doutora Sônia e alguns médicos amigos dela, a cerca de três meses criamos uma ONG para receber pessoas carentes que vem de outros estados, e até mesmo outros países, fazer tratamento e cirurgia de câncer em New York, o Centro Médico em que ela e Vero trabalham virou referência internacional no tratamento de osteosarcoma, e nós conseguimos um espaço incrível para abrigar as pessoas que precisam enquanto esperam por cirurgia.

Sobrevivemos muito bem nesse tempo, com contribuições generosas minhas, dos nossos amigos, amigos de amigos, familiares, e de doações através do site que criamos para divulgar o trabalho da ONG.

– M-mas e se eu sentir alguma contração, alguma coisa, e você não estiver aqui? – ela aumentou significativamente o bico, e eu quase cedi na mesma hora. – Não quero ter nossa filha sem você por perto. – Eu parei de me maquiar e fui abraça-la.

– Ei, a ONG fica só a cinco quadras, eu vou de carro, assino, e volto correndo, não vai levar nem dez minutos. – tentei convencê-la, mas minha esposa, a cada dia que se aproxima das tão faladas trinta e seis semanas, está mais nervosa e ansiosa.

– Você não pode pedir pro Jorge te trazer os documentos de motocicleta? – Jorge é nosso motoboy, ele roda a cidade arrecadando doações.

– Hoje é domingo, o Jorge está de folga meu bem. E você não está sozinha, tem a Sofi, a Nina dormiu aqui hoje, o Chris já deve estar acordando, e eu volto o mais rápido possível, prometo.

– Eu não quero ninguém, só quero você... – Ela escondeu o rosto no meu pescoço, tão manhosa Deus...

– E você tem, eu vou estar com o celular a postos, qualquer coisa me ligue imediatamente, mesmo que seja só saudade. – Desde que Lo entrou na trigésima terceira semana de gravidez eu não saio mais de perto da minha esposa. Sei que ainda falta um tempinho para nossa filha nascer, mas eu também tenho medo de eu não estar por perto caso algo aconteça.

– Melhor você me ligar quando chegar lá, não quero que você atenda o celular enquanto dirige.

– Eu atendo no Bluetooth do som novo do Gran Torino. – Eu fiz esse pequeno mimo para meu carrinho.

– Não, não, você sabe o quanto eu fico preocupada quando você atende ao volante.

– Eu sei... Não vou ligar dirigindo, prometo. – De um tempo pra cá a Lo tem sentido um medo absurdo de ficar viúva, não há nenhum motivo para isso, meus exames anuais, segundo a Doutora Sônia, foram excelentes, é só o TOC dando sinais de vida mesmo, a Doutora Moore nos alertou que isso poderia acontecer.

– Eu estou um pouco cansada... – Ela suspirou.

– Eu imagino amor, está quase chegando a hora. – A conduzi com cuidado para fora do banheiro, ela está andando tão bonitinha com esse barrigão! Parece uma patinha, minha patinha... – Quer deitar na cama ou prefere a poltrona?

– Queria ir para a varanda, acho que estou com um pouco de falta de ar.

– Falta de ar? Está se sentindo mal? Eu posso ficar então, depois assino esses documentos.

– Não estou me sentindo mal realmente Camz, é só esse peso todo mesmo. – Ela sorriu torcendo aquela boca linda e eu não me segurei, lhe dando um beijo cheio de amor. – Esses documentos são importantes não? – Ela disse mansa depois do nosso beijo.

– Sim, se eu não assinar hoje perdemos uma boa oportunidade de desconto com uns fornecedores. – Pressionei os lábios.

– Ok, eu espero você voltar, mas você vai ter que fazer uma massagem nos meus pés. – Ela deu um sorrisinho tímido e eu quis mais que tudo ficar bem onde estava.

– Eu prometo que você vai ter a melhor massagem de todas! – A enchi de selinhos. – Vou te deixar na varanda, vem meu amorzinho.

– Anjo...

– Oi Dengo.

– Te amo.

– E eu amo você Lo.

(🎵)

– E eu quero vigilância constante sobre a minha mulher, entenderam? – Eu falava para Sofia e Nina enquanto elas me acompanhavam até a porta. – O Chris está lá com ela agora, mas é só uma criança, quero vocês duas perto dela o tempo todo.

– Ok Kaki...

– E se ela sentir qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me liguem na mesma hora! Vou estar com o celular no volume máximo.

– Pode deixar cunhadinha, qualquer coisa ligamos.

– Não deixem de me ligar, eu quero ter certeza de que ela...

– Kaki, vai logo assinar esses papéis, quanto mais rápido você for, mais rápido você volta!

– Eu sei, eu sei, eu já vou então. – Abri a porta, mas olhei de volta para minha irmã. – E vocês duas nada de ficar o tempo todo se agarrando, você prometeu que iria ajudar a Sofi a passar numa faculdade Nina. Estudem, ouviram? Estudem mesmo!

– Estamos estudando Mila, pode deixar.

– É Kaki, a gente nem... Enfim, desde ontem eu estou com a cara enfiada nos livros! – Sofi pareceu meio emburrada.

– Você vai poder enfiar a cara onde quiser, quando passar numa boa faculdade! – Nina ralhou e Sofia ficou vermelha, eu apenas ri e saí de casa.

Peguei o Gran Torino e fui dirigindo com calma pelas ruas, eu estava com pressa, mas não queria me afobar com isso e perder a concentração no trânsito, sempre que faço as coisas às pressas acabo me distraindo e fazendo bobagem, melhor ir com cuidado para não preocupar minha Lo a toa, ela não está num estado em que possa se preocupar. Estacionei e no caminho para a ONG liguei para Lo, ela estava bem, só dengosa mesmo.

– Bom dia Senhora Cabello-Jauregui! – Daniela, uma de nossas funcionárias me saudou com umas pastas nas mãos logo na recepção.

– Bom dia Daniela, como vai?

– Bem, obrigada. Eu espero que não se importe, eu abri a ONG e sua sala para pegar os documentos pra senhora assinar. – Ela pôs as pastas em cima da bancada e foi as abrindo.

– Claro que não Dani, foi um favor que me fez! – Sorri. – Tem muita coisa?

– Tem algumas, a senhora está com pressa né? – Ela sorria sem graça e ia tirando os papéis pra mim.

– Eu estou, não gosto de deixar Lauren sozinha. – Fui passando uma vista e assinando os documentos.

– Eu imagino como é, ela está entrando na trigésima sexta semana. – Daniela seguia abrindo as pastas e me passando os papéis

– Sim, minha bichinha está uma pilha de nervos, eu faço de tudo para mantê-la confortável e tranquila, mas nem sempre é possível.

– É porque ela tem TOC né? – pressionei os lábios e assenti. – Eu gostei muito da palestra que ela deu aqui na ONG mês passado, me fez pensar melhor sobre o assunto, eu não sabia que podia ser algo tão sério, eu vi em alguns filmes e achava até engraçado, mas percebi que a pessoa que tem TOC sofre um bocado.

– E como, mas Lauren progrediu bastante desde que nos conhecemos, foi um longo caminho. – Suspirei lembrando de como meu bichinho do mato era.

– Ela parece bem tranquila agora, digo, tirando o fato de estar nervosa com a gravidez.

– Ela está, apesar do nervosismo, eu sinto o quanto ela está feliz. – Sorri feito boba e continuei assinando.

– É maravilhoso saber que podemos fazer alguém feliz né? Espero sentir isso um dia.

– É incrível... – Suspirei. – Você vai encontrar alguém, vou torcer por você Dani.

– Deus te ouça! – Ela riu. – Bem, era só isso, acho que a senhora já está liberada. – Ela brincou e nós rimos nos despedindo.

Corri pro carro e chequei meu celular, nenhuma ligação, ao que parece tudo bem. Segui com o Gran Torino pela rua de trás da ONG, iria entrar na garagem da minha casa pela parte de trás, eu prefiro, porque o portão da frente está com algum problema, está muito lento, tenho que mandar ver isso.

Engraçado como é totalmente diferente cuidar de uma casa e de um apartamento, no meu apartamento eu pagava condomínio e não precisava me preocupar muito com a manutenção do prédio, e até mesmo coisas dentro do apartamento, mas em casa a gente tem que estar atenta a tudo, sempre tem uma coisinha pra consertar.

Mas com Lauren eu me sinto bem mais tranquila com relação a isso, ela está sempre em alerta, sempre sabe quando tem algo errado, seja o registro do chuveiro que está vazando, uma porta rangendo, uma janela emperrando, ela sabe de tudo, absolutamente tudo que está acontecendo, é uma dona de casa incrível, eu sou muito sortuda de ter uma mulher assim.

Segui sorrindo e lembrando dela, o sinal estava amarelo e eu acelerei para passar enquanto estivesse assim, mas por uma fração de segundos que olhei para a calçada, eu vi uma moça com as mãos na cintura e negando com a cabeça, num claro sinal de reprovação.

O que me fez lembrar que Lauren sempre briga comigo quando faço isso, ela simplesmente detesta quando eu acelero pra passar no amarelo. Freei e acabei ficando em cima da faixa de pedestres, fazer o quê? E no mesmo instante um carro desgovernado passou muito rápido, a centímetros da frente do Gran Torino, e bateu com tudo no muro de uma casa. Olhei para a calçada lá atrás, a moça tinha sumido.

Eu encostei meu carro e corri para ver se o motorista estava bem, mas nem cheguei a alcança-lo, um carro de polícia parou bem perto dele e abriu a porta para ver como ele estava.

– Ele está bem? – Perguntei a um dos policiais.

– Está desacordado, mas já chamamos uma ambulância. – Ele respondeu e falou algo no walk talk. – Teve sorte senhorita, ele passou muito perto do seu carro.

– Verdade, ele estava bem rápido.

– Noventa, se batesse em você... Nem sei. – Ele se afastou e voltou a falar no aparelho.

Decidi voltar pro carro, mas tive uma certa dificuldade em liga-lo e seguir pra casa, eu estava ofegante e apertava o volante com força, imaginando se aquele carro batesse na lateral do meu carro a noventa por hora, ele veio do lado do motorista, me pegaria em cheio, se não fosse aquela moça me fazer lembrar de Lauren com certeza eu teria, teria...

E um medo descomunal tomou conta de mim. Meu Deus, se eu tivesse morrido num acidente de trânsito, teria deixado minha mulher, meus filhos, tudo para trás! Como Lauren ficaria se algo acontecesse comigo?! Balancei a cabeça e me obriguei parar de pensar nisso, eu provavelmente tive uma nova chance agora e não iria perder tempo pensando em como poderia ter sido ruim.

Voltei pra casa, pro meu filhote, pra minha irmãzinha, minha cunhada, que eu já considero uma irmã, voltei para minha mulher e nossa filha, agradecendo bastante por aquela moça ter aparecido do nada, por eu ter decidido parar e não seguir em frente.

Porque me fez lembrar da Lo, de como ela fica brava e preocupada quando eu passo no sinal amarelo, e analisando melhor minha memória, penso que a mulher da calçada tinha cabelos cacheados, se for o anjo da guarda de Lauren, a tal Maria, está fazendo um ótimo trabalho.

– Dengo... – A vi sentadinha na poltrona da sala assim que entrei em casa, com uma tigela de morangos no colo e assistindo TV, a coisinha mais linda do mundo! Eu não pude me segurar, corri e agachei diante dela, descansando minha cabeça em seu colo e abraçando suas pernas, eu ainda tremia. Ela, Chris, Nina e Sofia me olhavam sem entender.

– Anjo, o que foi? Você está tremendo.

– N-nada, eu só senti saudades.

– Eu conheço você, aconteceu alguma coisa. – Ela afagou meus cabelos me olhando com ternura.

Soltei o ar frustrada, eu não queria preocupa-la, mas se eu não contasse a imaginação dela iria longe. – Eu estava voltando pra casa e ia passar no sinal amarelo, mas uma moça de cabelos cacheados na calçada pareceu claramente desaprovar minha atitude, e eu lembrei do quanto você fica brava quando eu faço isso, então parei em cima da faixa mesmo, e um carro passou em alta velocidade na minha frente e bateu num muro.

– E-ele, ele ia bater em você anjo!

– Nossa... – ouvi a voz pasma de Sofia. – Maria ataca novamente.

– Sim, ele iria, mas não aconteceu nada, porque você me salvou, ou a Maria, não sei. – Sorri nervosa e beijei sua mão, mas a expressão de Lauren continuava agoniada. – Eu estou bem dengo, de verdade, não precisa ficar assim.

– Só pode ter sido a Maria... Mas amor, eu acho que...

– Está passando mal, droga, eu sabia que não devia ter te contado! – Ajoelhei na frente dela. – Respira amor, respira.

– Mas Camz, eu... – ela estava bastante ofegante.

– Respira fundo, assim...

– Camila...

– Quer seu floral? Eu posso pegar.

– Camila!

– O quê?! – Arregalei os olhos.

– Acho que sua esposa está dando luz Mila. – Nina disse com uma calma invejável, e com apenas essas poucas palavras minha cabeça começou a girar!

– I-isso é sério?! – encarei Lauren.

– A-acho que sim anjo. – Ela sorriu forçado olhando pra mim.

– Meu Deus do céu, m-mas você ainda não chegou nas trinta e seis semanas!

– Não, m-mas eu acho que a Gabz não está sabendo disso. – Ela disse ofegante fazendo uma carinha de dor.

– Ai Jesus Cristo! Calma, calma Camila... – Fechei os olhos respirando fundo. – Gente, ao Plano G! – anunciei e ninguém falou nada, Nina ligou para a Doutora Danai, Sofi correu para buscar a mala de Lauren, que já estava pronta há mais de uma semana, e Chris correu para pegar os chinelos preferidos e a camisola da minha esposa. – Vem meu amor, pro carro.

– O-ok, ai...

– Eu sei, eu sei, vai passar meu amor, vai passar. – Eu a conduzi para o carro com calma, bem devagar, porque Lo estava sentindo contrações pelo caminho, e a careta de dor que ela fazia me partia o coração.

– Ai Camz, isso dói um bocado... – Ela gemeu quando a sentei no banco do carona.

– Dói, mas é normal, lembra o que a Doutora Danai disse, não é?

– Sim, mas não achei que fosse tanto... – Ela tremeu o queixo e eu senti os olhos marejaram.

– Vai passar logo minha linda, eu te prometo, e quando passar nós estaremos com nossa pequena nos braços.

– Ok, eu vou pensar só nela. – Lo sorriu e eu entrei no carro dando partida. Sofi, Nina e Chris já estavam no banco de trás.

(🎵)

– Camila dá pra parar de rebolar essa raba gigante pra lá e pra cá? Eu já estou ficando tonta! – Dinah reclamou. Nina e Sofia ligaram pra todo mundo, e eles já estavam no hospital conosco.

– Eu não consigo DJ, é minha Lo que está lá! E eles estão demorando muito pra me chamar, será que tem alguma coisa errada?!

– Não tem nada errado Camila, você pode entrar agora. – Ouvi a voz de Danai e um alívio enorme relaxou todo meu corpo.

– Vai lá Mila, vai dar tudo certo. – Mani incentivou.

– Diz a Laur que tá todo mundo aqui, torcendo por vocês. – Vero falou, e eu a percebi um tanto emocionada.

– Pode deixar, eu vou dizer sim gente! – Fui andando com Danai, e me virei para eles uma última vez antes de entrar na sala para pôr a roupa especial. – Minha filha vai nascer! – Dei um gritinho histérico e todos riram.

– Olha só quem chegou... – Danai falou abrindo a porta da sala de parto.

– Camz, porque você demorou tanto? – Lo fez bico e eu me apressei para ficar ao lado dela segurando sua mão.

– Eu quis vir antes meu amor, estava uma pilha de nervos ali no corredor. Mas só pude entrar quando me chamaram. – afaguei seus cabelos os colocando melhor dentro da touca.

– Nós tínhamos que preparar você antes Lauren, mas aqui está sua esposa, já pode parar de choramingar. – Danai sorriu com ternura.

– Eu não estava choramingando... – como se fosse possível, o biquinho dela ficou ainda mais lindo e eu aproveitei para lhe roubar um selinho. – Ai, Camz... – Ela fez careta, mais uma contração, e meu coração ficando apertado.

– Isso, estamos indo muito bem mamães! – Danai sorriu. – Cinco minutos de intervalo! – Ela se posicionou entre as pernas da Laur e examinou.

– Tudo bem ai Danai? – Perguntei incerta.

– Sim, ela está com uma ótima dilatação! Estamos no caminho certo.

Nesse momento três enfermeiras entraram na sala e tomaram seus lugares, monitorando Lo o tempo todo. Minha esposa fez questão de ter tudo muito bem equipado e esterilizado, Danai perguntou se ela não preferia dar a luz na água, numa banheira no quarto, muita gente está fazendo isso, mas Lauren não quis conversa, não queria que nossa filha corresse o menor risco de infecção, mesmo que a médica garantisse que é um método seguro.

Ela chorou um bocado, sentiu muita dor, suou bastante, e a cada choro dela meu coração ficava pequenininho, mas nós quisemos isso, Lauren mais que ninguém queria carregar nossa filha em seu ventre e trazê-la ao mundo, e eu lhe dei todo o apoio que consegui, palavras de incentivo e de carinho, que conseguiam fazer minha mulher sorrir, mesmo em meio às lágrimas.

E depois de quase duas horas de trabalho nossa pequena finalmente veio ao mundo, ela não chorou forte, para falar a verdade sequer se mexeu, e Danai correu com ela para a incubadora, voltou minutos depois, minutos esses que foram torturantes para Lo e eu, e a médica nos garantiu que a Gabz estava bem, o que aconteceu foi que ela não pôs o líquido para fora dos pulmões e nasceu “dormindo”, mas agora estavam bem, apenas se recuperando do pequeno susto.

As enfermeiras e eu ajudamos Lo a se limpar e se vestir, e a levamos para o quarto, eu queria dizer ao pessoal que estava tudo bem, que foi só um susto, então mandei mais uma mensagem no nosso grupo os atualizando das coisas, e segui com minha esposa para o quarto, para esperar nossa pequena.

– Ei, olha só quem está chegando. – uma enfermeira entrou no quarto com Gabriela nos braços e meu coração disparou. – Desculpa assustar vocês mamães, mas eu já estou bem. – Ela fez uma voz infantil nos fazendo rir.

– Ei meu amor... – Falei olhando seu rostinho tão pequenino, era coisinha mais linda que eu já vi na minha vida! E nossa, quanto cabelo ela tem! A enfermeira a pôs nos braços de Laur.

– Ela é tão linda Camz... – Lo chorou e sorriu ao mesmo tempo.

– É sim, é o bebê mais lindo do mundo! Olha só esse cabelinho! – sorri passando a mão na cabecinha dela com extrema delicadeza.

– Castanhos, como os seus. – Lo se esticou e eu beijei seus lábios.

– Olha, ela está acordando! – me empolguei e logo em seguida me desmanchei inteirinha por dentro, os olhinhos dela são verdes... Talvez mudem de cor, fiquem mais escuros quando ela for crescendo, mas algo me dizia que eles continuariam assim.

Logo depois da nossa filha mamar a enfermeira a levou para o berçário, Lo e eu já estávamos com saudades dela, mas era o procedimento. Nossos amigos e familiares passaram no quarto para nos dar os parabéns, e logo depois fizeram a maior bagunça no vidro do berçário, levaram várias broncas das enfermeiras, mas eles não tem vergonha na cara e continuaram as brincadeiras, principalmente Dinah.

As duas tiveram alta logo, no dia seguinte, pois o parto foi normal e não apresentaram mais nenhuma complicação, e eu me senti a mulher mais feliz do mundo levando minhas garotas para casa! O pessoal veio junto, e logo depois de dar um bom banho na minha esposa, nós tivemos ajuda da Elizabeth para dar o primeiro banho da nossa filha. Nada como ter uma enfermeira na família.

Lo lhe deu de mamar, e eu fiquei babando feito uma idiota apaixonada olhando as duas, e logo em seguida deitou na nossa cama para descansar, o pessoal ainda passou bem rápido no quarto para olhar a Gabz e a Lo, então eu pus minhas meninas para dormir, e finalmente tomei meu banho. Desci as escadas em direção à sala de estar arrastando meus chinelos pelo caminho, exausta, mas extremamente feliz.

– Mila, a gente já tá indo, vocês estão precisando de alguma coisa? Se precisar a gente fica um pouco mais. – Ally ofereceu.

– Não, tudo bem Ally. – falei quando percebi Bebel dormindo em seus braços, a pequena devia estar bem cansada.

– Mesmo? A gente fica, sem problemas. – Demi sorriu.

– Tudo bem garotas, muito obrigada pela oferta, mas vocês devem estar cansadas também, de ontem pra hoje foi um correria só.

– Foi mesmo.

– Além disso minha sogra e Elizabeth vão dormir aqui hoje, vai ficar tudo bem.

– Ok, se cuida, e cuida delas. – Ally me abraçou.

– Com toda certeza Ally.

Ainda me despedi dos meninos, Harry e Louis estavam de viagem marcada, mas resolveram adiar por causa do nascimento da minha filha, agradeci muito a eles por isso. Depois me despedi de Mani, Dinah, Vero, Lu, e as crianças, que prometeram voltar em breve para nos ajudar, eu agradeci por isso também, toda ajuda era bem vinda para nós, afinal seria nossa primeira vez cuidando de um bebezinho.

Fui até a cozinha para comer alguma coisa, e encontrei Nina e Sofia trocando uns beijinhos, sorri e pigarreei discretamente.

– O-oi, Mila, todo mundo já foi? – Nina me olhou com um sorrisinho.

– Sim, digo, Elizabeth e Clara estão na varanda com o Chris, elas vão dormir aqui hoje para nos ajudar. A Lo e a Gabz estão dormindo.

– Ah, o pai da Lauren ligou, ele disse que chega amanhã com a família dela. – Sofi informou.

– Ótimo, a Lo já perguntou um milhão de vezes por eles! – Sorri.

Comi uma macarronada que minha irmãzinha querida e maravilhosa fez, pensei que depois de tudo eu ainda teria que cozinhar, e fui até a varanda ficar um pouquinho com o Chris, desde ontem meu gordinho não teve muita atenção minha ou de Lauren, meu bichinho deve estar carente.

– Ué, onde está o Chris? – Perguntei a Clara e Elizabeth, as duas também trocavam uns beijinhos deitadas na rede.

– Ele foi te procurar. – Clara sorriu e mordeu o pescoço da namorada a fazendo rir.

– Ok. – saí pela casa procurando meu filhote, olhei o quintal, a cozinha, o banheiro social, e finalmente subi para o primeiro andar, no caminho ainda atendi uma ligação dos meus pais dizendo que chegariam amanhã a tarde.

Achei que ele estivesse no quarto dele, mas parei no corredor, quando o vi na porta do meu quarto e de Lauren. Sua mãozinha receosa empurrava a porta com cuidado.

– Mama, você está aí? – ele sussurrou com sua vozinha e eu me derreti.

– Estou aqui meu amor. – falei baixo e ele me olhou sorrindo, correndo pra mim logo em seguida, eu peguei no colo e abracei com força, não imaginei que estivesse com tantas saudades do abraço dele. – Estava me procurando, está carente da mama não é?

– Sim, eu estou com saudades de vocês...

– Desculpa meu lindo. – Enchi seu rostinho de beijos.

– Eu queria te perguntar uma coisa mama...

– O quê? – Sorri com seu jeitinho.

– Eu posso ver a Gabz? Desde que ela chegou eu ainda não consegui ver minha irmãzinha direito.

– Own modeuso, é claro que pode vê-la meu amor! – Caminhei com ele pelo corredor. – Vamos entrar no quarto, mas tem que ficar bem quietinho, porque a Lo e a Gabizinha estão dormindo, ok?

– Ok!

Entramos e eu pus o Chris no chão, andamos bem devagar até o bercinho da nossa pequena, ela dormia serena e ele ficou nas pontinhas dos pés até poder vê-la através das grades.

– Quer chegar mais perto? – Sussurrei e ele assentiu, então o peguei no colo e o pus bem pertinho da irmã. Christopher estava encantado.

– Ela parece uma boneca mama. – Ele deu um sorrisinho.

– É mesmo, ela é muito bonita não é?

– Igual ao irmão dela! – Ele sorriu convencido e eu segurei o riso.

– Exatamente, igual ao irmão dela!

De repente ela começou a se mexer e fazer careta, estava acordando. – Camz, o que houve? Ela acordou?! – Lo me olhava assustada sentando na cama.

– Sim, acho que já está na hora dela comer de novo. – Pus o Chris no chão e ele foi até Lauren.

– Como você está mommy? – Ele é tão carinhoso e preocupado conosco.

– Estou bem, filhote. Obrigada por perguntar. – Lo beijou a testinha dele e eu ajeitei os travesseiros na cabeceira cama para ela encostar e ficar mais confortável. A Gabz já começava a chorar.

– Olha, acho bom nós a alimentarmos logo, ela está bem bravinha! – Sorri pegando nossa filha no colo e a pondo nos braços de Laur para mamar.

Sentei de um lado de Lauren e Chris do outro, ficamos os três olhando que nem bobos enquanto a pequena mamava com vontade. Lo produziu bastante leite, e não teve tanta dificuldade em alimentar nossa filha, no início doeu um pouco, ela disse, mas graças a Deus passou logo. Observei minha família linda e inflei o peito, era tanta felicidade, eu estava no paraíso! E isso era só o começo de um vida inteira ao lado deles.

(🎵)

Lauren

Quatro anos já se passaram desde que nossa pequena e linda Gabriela veio ao mundo, e tantas coisas aconteceram, que eu até me perco tentando enumerar tudo na minha cabeça confusa, vamos ver... Por onde eu começo...?

Já sei! Pelo musical, não estamos mais com Rocket Man em cartaz, mas isso não é triste, de jeito nenhum, nós emprestamos os direitos autorais para artistas espanhóis, e o espetáculo está a todo vapor em Barcelona, estamos combinando de ir ver, mas não agora, agora não dá de jeito nenhum!

Também estamos com um novo projeto, um roteiro original da Ally, já temos vários patrocinadores interessados, e eu estou compondo como nunca! Jamais senti minha criatividade vindo tão fácil, talvez seja porque eu estou mais feliz que nunca! Porque eu tenho filhos lindos, e uma esposa maravilhosa que eu amo mais que tudo.

A Demi e a Ally finalmente se casaram, foi há uma semana e saiu em todos os jornais, elas estão em Paris agora, vão ficar cerca de duas semanas lá. Troy ficou tomando conta da Bebel, ele finalmente criou juízo e está dando a atenção que sua filha merece, ela o Jake e o Chris estão crescendo tão lindos e fortes, Jacob está com onze, e o Chris e a Bel com dez, e ainda são os melhores amigos no mundo. Meu filho já não é mais tão gordinho como quando tinha cinco anos, e às vezes sinto saudades de apertar suas gordurinhas.

Harry e Lou terminaram e voltaram umas três ou quatro vezes, eles andavam brigando por causa da rotina extremamente cansativa do cantor, porque sua carreira deu uma bela alavanca nos últimos dois anos, e o Louis queria realizar o sonho dos dois, de adotar uma menininha, mas o Harry não teria tempo para ela, e não queria ser um pai relapso. Felizmente eles voltaram e entraram num consenso, agora estão tentando adotar sua filhinha.

Vero e Lucy estão mais felizes que nunca, pois o casal está esperando seu primeiro filho, todo mundo pensou que seria a Lu a ficar grávida, porque não achavam que a Verônica tinha bem o perfil, puro preconceito, minha amiga/irmã está linda com seu barrigão de cinco meses de gravidez! Ela usou seus próprios óvulos e escolheu um doador que era quase irmão gêmeo da Lucy, segundo ela.

O processo que os pais de Verônica estão movendo contra Robert Mahone, ou Richard Kempler, ainda está correndo, acho que isso se deve ao fato dele ser podre de rico, mas não o ajudou quanto ao Austin, que continua preso pelo que fez ao Peter, nunca mais tivemos notícias dele, e nem quero, tudo que sei é o pai dele, Antony Mayer, quer o Austin atrás das grades por muito tempo, e está conseguindo.

Mani e DJ disseram que têm uma surpresa pra nós, vou fingir que não sei de nada, porque não quero estragar a animação das duas, mas a Camz ouviu sem querer e me contou que a inseminação da Mani deu certo, e ela está grávida, está com quase três semanas. E eu nem acredito que Nate e Dave já vão fazer cinco anos! Eles estão tão bonitos, parece que foi ontem que estávamos no meio da rua enquanto Vero fazia o parto da DJ no carro.

Vamos ver... Ah, o pessoal do espetáculo! Estão quase todos conosco novamente, Sally e Amber estão namorando, Roger foi morar com um Italiano em Roma, mas disse que não vai nos deixar na mão e participar do novo projeto, Rafa e Robbie estão noivos, mas eu tenho a ligeira impressão de que esse noivado vai durar alguns anos, pois eles levaram séculos para assumir que estavam juntos. Ano passado o Tommy casou com a Mariele, fomos todos convidados, foi muito bonito.

Minha mãe e Elizabeth estão morando juntas, Clara finalmente se mudou para o apartamento da namorada, e o quitinete em que ela vivia, quem diria, ficou para a Luca, porque? Vocês me perguntam, é que há dois anos a Mia, filha da minha madrasta, conseguiu ser transferida para a Faculdade de New York, e com quem ela foi morar? Com a Luca, obviamente. No início elas insistiram que eram só amigas que moravam juntas e dividiam as contas, essa história não durou muito.

Meu pai, Taylor, que está uma linda e rebelde adolescente de quatorze anos, a vovó e a Susan estão sempre vindo a New York nos visitar, eu iria mais a Miami, mas agora não podemos fazer uma viagem tão longa, de modo algum, está fora de cogitação.

Os pais de Camila decidiram tirar um “ano sabático”, como eles dizem, deram um tempo com a empresa, as reuniões, e foram viajar pelo mundo, conhecer lugares que sempre tiveram vontade e nunca puderam por falta de tempo, mas prometeram voltar esse mês, obviamente eles não ficariam longe logo agora.

Sofi e Nina estão querendo morar juntas, agora que a mais velha terminou sua residência e conseguiu um bom emprego no Hospital Santa Bárbara, isso mesmo, agora a Nina é médica, cardiologista, e a Sofia está indo bem na faculdade de veterinária, até conseguiu um emprego num Starbucks. Mas Camila está relutante quanto a isso, não quer as duas longe. Eu a entendo, e as meninas também, por isso decidiram esperar mais um pouco, porque minha esposa está muito sensível ultimamente.

– Lolo, você não vem dormir? – Ouvi sua voz manhosa e me virei no banco do piano. – Já são quase duas da manhã e ainda está compondo...

– Oh meu anjo, você desceu essa escada enorme sozinha. – Levantei e fui em direção a ela, a pondo sentada na poltrona.

– Eu estou com fome... Quero banana amassada... – Camz fez bico e cruzou os braços em cima do seu lindo e redondo barrigão.

– Porque não me mandou uma mensagem? Eu faria e levaria pra você.

– Eu não aguento mais ficar enfurnada naquele quarto! – Ela disse brava e eu me desmanchando por ela. Meu Deus, eu imaginei que minha esposa ficaria linda grávida, mas ela superou todas as expectativas! Dá vontade de morder essas bochechas rosadas!

– Mas eu te levei pra dar uma volta no Central Park hoje meu anjo. – falei carinhosa e a ajudei a levantar, a guiando para a cozinha.

– Mas eu queria sorvete e você não comprou! – eu já disse que o bico dela é lindo? Ele é...

– Sua glicose está um pouco alta, Danai falou que você tinha que maneirar no açúcar, esqueceu?

– Eu sei... Não me leve a mal, eu estou curtindo muito minha gravidez. – Ela sentou numa cadeira. – Mas eu quero que eles nasçam logo, não aguento mais. – Camz concluiu cansada. Pois é, Camila está grávida de gêmeos, dois óvulos foram fecundados, fazer o quê?

– Eu sei bem como se sente Camz, entendo perfeitamente. – agachei diante dela e beijei sua barriga. – E vocês peguem leve com a mama, ela está cansadinha. – levantei e lhe dei um selinho. – Vou fazer sua banana amassada.

– Com mel. – ela deu um sorrisinho sapeca.

– Anjo...

– Ai Lo, eu estou grávida e você é minha esposa, tem que fazer minhas vontades!

– Se fazer suas vontades significa pôr sua saúde em risco, então não. – Peguei as bananas na fruteira.

– Você é chata, vou fugir de casa pra comer Banana Split! – acabei gargalhando.

– Não acho que você vá muito longe com essa barriga amor.

– Eu vou de carro!

– Mas você não está cabendo no banco do motorista do Gran Torino.

– Eu tinha esquecido disso. – Ela torceu os lábios chateada. – Vou chamar um táxi!

– Ei. – Peguei um prato no armário. – Eu vou botar mel, mas um pouquinho de nada, só pra você não passar vontade. – O sorriso de Camila se iluminou e eu sorri junto, não tinha como não o fazer vendo aqueles olhos castanhos brilhantes e aqueles dentes brancos perfeitos.

O bom de ter superado, não completamente, mas em grande parte o meu TOC, é que já consigo fazer algumas pequenas concessões, mas nada que ponha em risco a saúde da minha esposa, Danai me falou a quantidade segura de açúcar que ela pode ingerir, e eu anoto tudo que ela come ao longo do dia, para não ultrapassar a meta. Ainda sobrava um espacinho pro mel.

Mama? Mommy? – ouvimos a vozinha sonolenta da nossa filha e olhamos para ela um tanto surpresas, afinal devia estar dormindo, mas sempre nos derretemos por ela ser tão linda. Gabriela tem um tom de pele parecido com o de Camila, cabelos lisos e castanhos, lábios rosados muito parecidos com as da minha esposa, e os olhinhos verdes brilhantes.

– O que está fazendo acordada Bibi? – Camz perguntou aconchegando nossa filha em seus braços, quando esta se escorou nela de lado.

– Eu acordei...– Ela coçou os olhinhos. – E o Chris está roncando de novo. – e bocejou.

– Sabe que isso não é culpa dele, não é? – Camz ajeitou sua franja beijando sua testa.

– Eu sei, é que eu fico com muito medo que ele pare de respirar e... Eu fui chamar a mommy pra olhar ele. Mas vocês não tavam no quarto... – e bocejou novamente.

– Eu vou dar uma olhada nele, se isso te faz se sentir melhor, está bem? – Falei e ela assentiu com um sorriso lindo, que lembra muito o de Camila.

Fui até o quarto do Chris, o quarto da Gabz é ao lado do dele, mesmo assim, não sei como, ela consegue ouvir quando ele ronca, acho que ela fica atenta, desde que o Chris começou a roncar é sempre ela que nos avisa.

Acontece que o meu mais velho desenvolveu uma rinite alérgica, e por causa disso uma carnosidade no septo nasal, o que atrapalha sua respiração, principalmente na hora de dormir, mas já iniciamos um novo tratamento, infelizmente o tratamento natural não deu muito certo, e a Vero passou alguns corticoides. Ele já melhorou muito desde então, mas às vezes ainda ronca.

Entrei no quarto e ele estava realmente roncando, mas bem baixinho, o mudei de lado e ele resmungou algo que não entendi, sorri lhe dando um beijo carinhoso na cabeça e voltei para a cozinha, para fazer o lanchinho do meu anjo. Quando cheguei as duas riam de alguma coisa.

– Pronto filhota, o Chris já parou de roncar.

– Que bom mommy! – Ela abraçou minhas pernas e eu a pus no colo.

– Do que estavam rindo? – Olhei entre ela e Camila, minha filha deu uma risadinha sapeca.

– Segredo meu e da mama!

– Sério isso? – Olhei pra Camila.

– Sim. – Ela ergueu o queixo presunçosa e eu pus a Gabz no chão, indo em direção à minha esposa, lhe dando alguns beijinhos no pescoço e a fazendo gargalhar.

– Achei! – Peguei o pãozinho de mel embalado que ela escondeu entre os seios. Gabz correu para junto de Camila e as duas me olhavam com as carinhas culpadas mais lindas do mundo! – Bonito não é, Camz? Iniciando nossa filha no mundo do crime. – Pus as mãos na cintura.

– Eu não ia comer agora amor, juro! Eu ia guardar pra amanhã! – Ela fez uma expressão triste que quase me fez ceder.

– É mommy, a mama ia guardar pra amanhã. – Gabz a defendeu, estava sempre fazendo isso.

– Eu não devia mais fazer sua banana amassada, como castigo por ter pego o pão de mel escondido.

– Desculpa dengo, mas é difícil pra mim ficar sem comer doce, você sabe que eu sempre amei doces! – Camz fez um beicinho de dar dó.

– Desculpa ela mommy, por favor, por favorzinho! – Gabriela juntou as mãozinhas em súplica, eu não tinha como negar nada a elas.

– Ok... – suspirei e as duas comemoraram.

– Ainda vai fazer minha bananinha?

– Claro que vou anjo. – lhe dei um selinho e Gabz sorriu envergonhada. – Eu só que eu fico preocupada com a sua alimentação, só isso.

– Eu sei. – ela se esticou e eu lhe dei outro beijo.

– Você quer banana amassada também filha?

– Quero, com aquelas bolinhas de cereal! – Ela riu e correu para sentar à mesa numa cadeira ao lado de Camila.

– De chocolate?

– Não, das normais mesmo.

– Ok então. – amassei as bananas e pus um pouquinho de mel na de Camila, e as bolinhas de cereal na da Gabz, também coloquei um pouco de banana pra mim, mas só com um pouco de leite em pó, e sentei ao lado da nossa pequena. Começamos a comer e eu notei algo peculiar, mas que estava acontecendo com cada vez mais frequência. Camila também notou.

– Porque está separando as bolinhas de cereal da banana, fofinha? – minha esposa perguntou.

– Eu não gosto de misturar, fica... Bagunçado. – ela sorriu franzindo o narizinho e continuou separando a comida, também acontece com o purê de batata e as ervilhas, o arroz e o feijão...

– E então... Você lembra da tia Demi? – Perguntei.

– Tia Demi da tia Ally? – Gabz olhou pra mim.

– Não amor, a tia Demi Moore, aquela moça bem simpática que a gente encontrou semana passada no shopping.

– Ah... Lembro, lembro sim mommy. – Ela sorriu e pôs uma bolinha na boca. – Ela é muito engraçada e legal!

– É... – eu não sabia bem como começar, e olhei para Camila.

– Então amorzinho. – Camz falou. – Ela é uma médica, sabia disso?

– Não mama.

– É sim, e... Às vezes, quando as pessoas estão muito tristes ou nervosas, ou com medo, ela ajuda a pessoa a melhorar, conversando.

– Ela é mesmo legal então. – Ela sorriu e comeu um pouquinho de banana.

– Sim, ela é. Sabia que ela me ajudou muito quando eu ficava nervosa? – Perguntei à nossa filha.

– Mesmo mommy?

– Sim, eu ficava muito, muito nervosa, com medo, e não conseguia me acalmar de jeito nenhum, mas a Doutora Moore conversava comigo, e conversava, e conversava, e eu acabava ficando melhor, e ainda converso com ela. – ela torceu a boquinha pensativa.

– Eu também tenho medo às vezes.

– Medo de quê amor? – Camz afagou seus cabelos.

– Medo que... O Chris não acorde mais, por causa do ronco... Medo que uma de vocês não acorde ou não volte pra casa... E tenho medo do porão, é assustador!

– Você nunca me disse que tinha medo por nós. – Camz me olhou um tantinho aflita.

– Eu não queria deixar vocês tristes. – Ela deu de ombros e separou mais uma bolinha. – Dói quando vocês ficam tristes. – Camila e eu nos olhamos. E isso era bem verdade, lembro do ano passado, quando o Chris torceu o pulso jogando futebol, Gabz chorou mais que ele e eu. Camila ficou louca com três crianças chorando dentro de casa.

– E tem mais alguma coisa que te deixa triste, nervosa, ou chateada amor? – perguntei.

– Hum... – ela olhou pra cima pensando. – Quando o tapete do banheiro está torto, é muito, muito chato! E quando a toalha pra enxugar o rosto e minha toalha são de cores diferentes, é chato. – Ela comeu mais um pouquinho de banana. Camila mordeu o lábio inferior me olhando e eu segurei sua mão a acalmando.

– Quando isso acontecer você pode falar comigo ou com a mama, estamos sempre aqui pra você Gab, não vamos brigar com você por causa disso.

– Não? – Nossa filha olhava entre nós duas.

– Claro que não, meu amorzinho. – Camila estava sensível e já ameaçava chorar, mas em vez disso abraçou nossa pequena. – Olha, o que você acha da gente ir visitar a Doutora Moore? Pra você conversar com ela um pouquinho, contar essas coisas que te incomodam, ela vai ajudar você a se sentir melhor.

– Ela te ajudou a sentir menos medo, né mommy? – Gabz me olhou.

– Sim, bastante, ela é muito, muito legal. – falei sorrindo.

– Tá, então eu acho que vou falar com ela também. – Camila e eu suspiramos aliviadas, tínhamos medo que nossa filha se sentisse intimidada em falar com uma estranha e não quisesse ir, mas nesse encontro casual que tivemos com a Doutora Moore no shopping, Camz e eu falamos de algumas coisas que percebemos em Gabriela, e ela sugeriu que a levássemos para uma avaliação.

A Gab gostou da minha médica, a Doutora Moore tem bastante jeito com crianças, pois ela também atende pacientes da idade da nossa pequena, ainda bem, porque eu não sei se confiaria a saúde mental da minha filha a qualquer outra pessoa.

Depois que terminamos de comer, Gabriela ficou muito sonolenta, então a levei para escovar os dentes e a pus para dormir, então Camz e eu também escovamos e fomos deitar, mas algo martelava na minha cabeça, e minha esposa percebeu.

– O que há cariño? Está sem sono? – Ela acariciou minha bochecha.

– Só pensando Camz... – A aconcheguei melhor em mim e pus um braço embaixo da cabeça, olhando o teto branco.

– Está com medo por nossa Gabz?

– Bem, não posso dizer que não tenho uma pontinha de insegurança, mas ela tem todo nosso apoio, nosso suporte incondicional, mesmo que ela seja... Como eu. – sorri sem jeito. – Ela tem uma família carinhosa e atenta cuidando dela. – e se ela for como eu, é uma coincidência realmente incrível, porque, biologicamente falando, ela não carrega meus genes. Talvez tenha aprendido algo comigo, pois Camz sempre diz que ela é minha pequena sombra, está até aprendendo a tocar piano, só porque eu toco.

– Hum... – Camz franziu o cenho, e de repente disse algo eu me fez pensar que ela está adquirindo a habilidade de ler meus pensamentos. – Não adianta ficar pensando no que seria se você tivesse tido uma família como a que nossa filha tem, amor.

– Eu sei, mas... Teria sido tão mais fácil pra mim.

– Seria, com certeza, o ideal seria que ninguém precisasse passar por tanto sofrimento, mas agora já acabou, o importante é que você conseguiu passar por tudo, e estamos construindo nossas vidas da melhor forma possível, construindo um ambiente saudável para nossos filhos, todos eles. – Camila pegou minha mão e levou até sua barriga.

Eu sorri toda besta. – Você tem razão, não adianta ficar remoendo o passado. – acariciei sua barriga e senti um dos nossos filhos se mexer. Olhei para Camila sorrindo.

– Foi bem forte! – ela riu.

– Ei, qual dos dois chutou a mama? Foi você Daniel? – esperei um pouco. – Ou foi você Alice? – mais um chutinho. – Rimos.

– Ou isso foi uma coincidência incrível, ou eles já sabem os nomes deles! – minha esposa me deu um selinho, o sorriso em seu rosto era enorme e lindo.

– Eu acho que te amo mais ainda agora, se é que isso é possível. – beijei seus lábios delicadamente.

– Eu te amo mais que ontem, e menos que amanhã. – trocamos mais alguns beijos e dormimos abraçadas, digo, Camila me amassando embaixo dela, só consegue dormir assim.

(🎵)

Caos, eu era a imagem do completo e verdadeiro caos quando acordei de manhã com Camila gritando de dor. Estava na hora. E por mais que eu tivesse ensaiado um milhão de vezes como seria esse momento, eu sabia que quando fosse a hora de verdade, eu ficaria com os nervos a flor da pele. Mais até do que minha esposa.

Estava tudo combinado, acordei Nina e Sofi, liguei para Harry e Louis, que eram quase nossos vizinhos agora, e também para Mani e DJ, também liguei para a mãe de Camila, e ela e Alejandro, que estavam num hotel pertinho, vieram correndo para nossa casa.

Harry e Louis ficaram com as crianças, Nina e Sofi nos levaram para o hospital, e os pais da Camz nos seguindo de carro, no caminho avisei à Doutora Danai e também a Vero e Lu. Mandei uma mensagem para Ally e Demi, mesmo que estivessem em Lua de mel em Paris, achei que ficariam felizes em saber que Daniel e Alice estavam chegando. Também avisei a Doutora Sônia, Doutora Moore, o pessoal do espetáculo, todo mundo precisava saber que nossos filhos estavam a caminho.

Ao chegar no hospital eles levaram Camila sabe-se lá pra onde, e a mãe dela foi um anjo em me acalmar quando eu mais precisava, minutos depois Danai me chamou para pôr uma roupa especial.

– Tem certeza de que essa roupa está totalmente esterilizada Doutora? – perguntei pegando no tecido verde.

– Completamente Lauren, pode confiar. – Ela sorriu.

– Ok... – pus a roupa, mas passei mais álcool gel nas mãos, não queria que minha esposa e meus filhos pegassem uma infeção por minha causa.

– Está pronta?

– S-sim. – não, eu não estava. Ver Camila sofrer jamais seria algo para o qual eu estivesse pronta, mas nossas escolhas, minha e dela, nos trouxeram até aqui, então eu tinha que ser forte para o meu anjo, a todo custo.

Cariño... – Ela sorria quando eu entrei na sala.

– Estou aqui meu anjo, estou totalmente aqui pra você. – assegurei colocando sua mão entre as minhas.

Camila foi forte, ela chorou sim, mas não tanto quanto eu quando dei a luz à Gabriela, o parto demorou bem mais que o meu, afinal são gêmeos, mas minha mulher aguentou até o fim, só para poder ver os rostinhos dos nossos pequenos. Eu estava sentindo um orgulho enorme dela.

– Ei... – falei quando as enfermeiras se aproximaram com os dois. Eles nasceram com apenas um minuto de diferença. – Olha só quem está aqui Camz... – ela sorriu sonolenta olhando nossos bebês.

– Oi meus filhos... – Camila esticou os braços e a enfermeira entregou um deles a ela e o outro para mim. – Eles são tão lindos cariño! – sorrimos entre lágrimas.

Descobri que eu estava segurando a Alice, ela, assim como o Daniel, é muito, mas muito branquinha, cabelos bem pretinhos, e quando eles abriram os olhos Camila e eu rimos feito bobas, são castanhos, lindos e brilhantes olhos castanhos...

Depois disso eles mamaram um pouco e as enfermeiras os levaram para o berçário, eu fiquei ajudando a cuidar da higiene da minha mulher, sei que as enfermeiras são treinadas e tudo, mas eu queria me certificar de que elas não se distraíssem em algum momento e pusesse a saúde de Camila em risco.

A deixei dormindo num quarto com uma enfermeira a olhando, e fui em direção ao berçário, babar mais um pouquinho pelos meus caçulas.

– Ei, e aí mamãe?! – Vero me abraçou apertado.

– Parabéns Laur! – Mani e Lu me abraçaram, DJ veio junto, e Nina e Sofia também.

– Obrigada, obrigada gente... – olhei pelo vidro, meus filhos são lindos demais!

– Como está a Mila? – Lucy perguntou.

– Graças a Deus está bem, está dormindo agora.

– Olha só esses olhinhos castanhos Alejandro. – Dona Sinu se derretia pelos gêmeos.

– São lindos, incrivelmente lembram os da Kaki quando bebê.

– O que mais me surpreendeu foi a Gab, ela é a cara da Mila, mas também lembra um pouco você Laur! Sério, vocês fizeram alguma macumba pra essa garota ser tão parecida com as duas! – Dinah disse e todos gargalharam.

– Quando a gente vai poder ver a Kaki? – Sofi perguntou.

– Eu acho que seria bom esperar ela acordar. – falei.

– É amor, melhor deixar sua irmã descansar. – Nina sorriu e eu assenti.

Camila acordou, eles a viram rapidamente e a deixaram descansar, eu fiquei me revezando entre olha-la e olhar nossos bebês, fiz uma chamada de vídeo com Harry, Lou, Chris e Gabz, e depois com meu pai, minha irmã, Susan e a Vovó, também com minha mãe e Elizabeth, elas estavam chegando de viagem, mas prometeram que iriam nos ver quando chegássemos em casa.

No dia seguinte levei meus amores para casa, nossos filhos mais velhos nos receberam com a costumeira alegria, e fizeram um milhão de perguntas, como sempre, e ficaram olhando enquanto Camila e eu dávamos o primeiro banho de Alice e Daniel. Depois de todas as visitas, abraços e congratulações, ficamos apenas Camz, Chris, Gabz, os gêmeos e eu no nosso quarto. Todos na cama King Size.

– Ei, olha os pés deles, parecem pãezinhos crus! – Chris riu, acabamos rindo junto.

– Chris, seus irmãos mal chegaram, já está tirando sarro dos dois! – Camila falou.

– Não estou mama, de verdade, são pãezinhos bonitinhos!

– São pezinhos de pão cru, como os da mommy! – Gabz riu e eu cerrei os olhos para ela, lhe fazendo cócegas.

– Pior que é verdade amor! – Camila ria, mas fez uma careta de dor.

– Ei, vai com calma, não pode rir tanto. – me aproximei dela preocupada.

– Tudo bem mama? – Chris a olhou.

– Sim, estou bem amor, só preciso descansar.

– Ok seus pestinhas, todos pra fora, a mama precisa dormir um pouco. – Falei e eles desceram da cama, mas Camila nos interrompeu.

– Espera, primeiro vocês têm que me botar pra dormir. – ela fez bico.

– Está bem, manhosa. – Sorri e ajeitei os travesseiros de Camila, Chris ajeitou seu edredom e Gabz foi pegar um bichinho de pelúcia para ela. Cantamos uma canção de ninar e minha esposa dormiu feito um neném, estava cansada, tadinha.

Levei os bebês para o bercinho, eles já dormiam profundamente, Chris e Gabz foram brincar no quintal e eu fiquei os olhando da varanda, tomando o suco de laranja que eu fiz, resolvi, depois de algum tempo, ir ver se Camila tinha acordado, para lhe dar um pouco de suco também, deixei nossa funcionária os vigiando, e quando entrei no quarto os gêmeos já começavam a chorar. Deixei o copo de suco no criado mudo.

Camila ia levantar, mas eu não deixei. – Eu pego os dois, fica deitadinha Camz. – Beijei sua testa.

– Que bom amor, mas eu vou levantar mesmo assim, quero ir no banheiro! – ela disse apressada me fazendo rir. Sentei com Alice e Daniel na cama, os ninando enquanto minha esposa não voltava. Depois de um tempo em que ela não apareceu eu olhei para trás, ela estava encostada na porta do banheiro com um olhar derretido.

– Já te disseram que você é a mãe mais linda do mundo? – Camila perguntou se aproximando devagar.

– Eu acho que essa é você anjo. – nos beijamos quando ela sentou.

– Somos nós duas... Nós duas para sempre...


Notas Finais


E então? Gostaram de verdade? Eu amei escrever cada linha.

E eu quero agradecer muito vocês que me acompanharam nessa jornada, foi incrível ler cada comentário, cada reação de vocês, nos emocionamos um bocado né?

Eu espero poder contar com vocês num possível novo projeto, mas antes quero tirar umas férias bem longas de escrever, pra rabastecer e amadurecer algumas ideias.

Amo demais escrever, e escrever pra leitores tão carinhosos e que sabem incentivar como vocês, tem sido uma honra pra mim!

Mil beijos! Até a próxima!

Ps.: Não se sintam totalmente órfãos de Tiny Dancer, talvez, se eu tiver mais alguma ideia incrível, que não possa ser deixada de lado, eu faça bônus. :)

Por isso não vou marcar o concluído ainda no status da história.


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