História The Truth Untold (imagine Yoongi - BTS) - 14 - My little sunshine;

             Um dia depois

*hora do recreio*

Saí da sala junto com Yoongi. Depois daquela noite, ele parecia diferente. Positivamente. O garoto bonitinho da lojinha de balas sorria mais para mim do que antes.
Ele era meu melhor amigo, e eu fui a primeira a dizer "eu te amo".
Eu não o cobraria isso, mas sabia que ele se sentiria cobrado.
Eu o conhecera a meses, mas a sensação que dava era que fomos amigos desde sempre.
Quando ele via alguém fazendo alguma piadinha sobre mim, sempre me defendia.
Quando eu vía que seu sorriso gengival não aparecia, perguntava o que havia acontecido.
Não conseguíamos ficar longe um do outro por muito tempo.
Naquela manhã, entramos na escola abraçados. Eu gostava de andar por aqueles corredores junto com ele.
Jackson nem frequentava mais para a escola, e nossos pais não sabiam.
Eu só andava com Min Yoongi.


— Olha lá, a gorda do cabelo ruim! - Sunhee passou pelo corredor com suas amigas, e todas começaram a rir de mim.

— Vocês não tem o que fazer, não? Que inferno! - mostrei o dedo do meio para elas.

— Acha que temos medo de dedo, querida? - uma delas me olhou fazendo cara de deboche.

— Acho que vocês deviam tomar no cu, isso sim.

— (S/N), ignora. Vamos embora.

— Vocês e toda essa gente só me odeiam porque eu sou diferente. Qual é o problema? Me acha gorda só porque minhas coxas são maiores do que as suas? Que pena, amiga. Não vou mudar minha beleza por causa desse padrão de merda.

Ela se aproximou e me fez a maior cara de nojo, como se eu fosse um rato.

— Vá se foder, estrangeirinha de merda. Devia voltar para o seu país, porque só lá você tem algum valor. Ninguém aqui nunca vai gostar de você, porque ninguém gosta de pessoas feias. Você me enoja, srta. Lama.

— A cor dela se parece com lama, mesmo! - uma delas concordou, e todas riram de forma histérica.

— E esse cabelo? meu Deus, horrível. Olha o que eu faço e você não - outra falara.

Ela inclinou a cabeça e jogou suas madeixas lisas para o lado, fazendo variados movimentos com o cabelo que chegava à cintura.

Prendi as lágrimas. Não queria mais discutir com elas. Eu até poderia chorar, mas se continuasse ali, voaria na cara de uma delas.

— Dá para calarem a boca, vadias? - Yoongi começara.

— Quem é você para falar assim com a gente, garoto? - Sunhee perguntou, puta da vida.

Yoongi chamaria a própria crush de vadia? Como assim? Jimin disse que ele gostava dela.

— Você nem nos conhece! - uma das cadelinhas dela falou.

— Vejo que são preconceituosas, e isso as torna tão desprezíveis quanto vadias. Aliás, nada contra as vadias. Elas não se respeitam, mas respeitam as pessoas. E vocês são piores. Quando perceberem o quanto estão sendo nojentas, peçam desculpas à (S/N).

— Você não é ninguém. Não venha defender a gorda.

— (S/N)? Gorda? - ele riu, ironicamente — o sonho de vocês é ter esse corpo. E, com todo respeito, mas (S/N) é gostosa, não gorda. Vão tomar no olho do cu. Ah, e bom dia.

Corei levemente quando ele me chamou de gostosa. Yoongi achava mesmo isso de mim? Uau.

Ele pegou minha mão e me levou para outro lugar. Fomos para o refeitório, e o sinal da entrada ainda não tinha batido.
Sentamos em uma mesa. Não aguentei. Deixei que minhas lágrimas falassem por mim e abaixei a cabeça, apoiando-a em meus braços cruzados na mesa. Eu odiava chorar na frente de qualquer pessoa, mas fora mais forte do que eu.

Yoongi se sentou do meu lado. Logo, senti seus braços me envolverem por completo e ele me puxou para si.

— Não chora, (S/N). Elas são umas idiotas.

— Y-yoongi, eu nunca vou me encaixar! Eu nunca vou me encaixar! - falava, entre o choro.

— Você não precisa se encaixar! Está me entendendo? Você é muito linda. Esses preconceituosos são fúteis, não valem um centavo. Mas você... Você vale ouro, e não tem que ligar para isso.

 — As pequenas ondas que definem meu cabelo são motivos de risada em todos esses corredores. E a melanina que caracteriza minha pele é incômodo! - exclamei, irritada. Eu ainda chorava. 

—Devia se sentir ainda mais bela por incomodar - falou, Yoongi, simplista. 

—Por que? Não gosto de sofrer bullying por ser diferente! 

—O diferente é belo, (S/N). E você é banhada por um mar inusitado de beleza que não pode banhar nenhuma delas, porque elas não gostam de diferenças; mas o monótono é estressante. 

Eu o abracei mais forte, chorando contra o seu peitoral. Ele não reclamou. Apenas me deixou chorar. Apenas foi o meu porto-seguro.
Eu chorava porque não aguentava mais a dor, mas também chorava emocionada, feliz por tê-lo comigo.


— Yoon...

— Hm?

— Obrigada por tudo.

Dois segundos depois, ele começou a fazer cafuné no meu cabelo. Eu agradecia mentalmente pelo sinal não ter batido ainda.

— Eu te amo - dissemos em uníssono. Olhamos surpresos um para o outro e ficamos com vergonha. Yoongi ficava uma gracinha todo vermelhinho.

— Eu amo mais - ele beijou minha bochecha — você é a melhor pessoa que conheci em anos.

— Eu que amo! - apertei o abraço. — Você é a melhor pessoa que conheci em décadas!

— Décadas? - ele riu — Você só tem quatorze anos, idiota! 

— Eu sei, idiota, mas finge! - ri — Você estragou o momento, não era para me corrigir.

Ele me olhou e sorriu.

— Você não está mais chorando.

— Graças ao meu melhor amigo, você.

Sorrimos. Coloquei a cabeça em seu peitoral novamente e minhas mãos abraçavam seu pescoço, enquanto eu ouvia seu coração bater num rítmo inebriante. 



As aulas se passaram rápido. Tão rápido que estranhei quando o sinal de ida bateu. Mas na verdade, fora apenas uma impressão minha. Eu estava voltando para casa apé. 

— Vou com você. Não é seguro uma garota andar por aí sozinha - Yoongi apareceu.

— Não precisa, Yoo-

— Não perguntei se precisa. Eu vou. Não vou te deixar andar sozinha.

Bufei, embora estivesse adorando toda aquela pose.

— Chato! - o abracei.