Depois que Min Yoongi e eu quase ultrapassamos o limite, eu só conseguia manter meus pensamentos no que ocorrera naquela tarde. Eu não conseguia pensar em absolutamente mais nada durante a noite.
Ponderei. Nós éramos novos demais. Nós éramos novos demais e quase tínhamos feito sexo na minha cama. Eu me considerava nova. Quer dizer, eu não queria fazer isso aos 14 anos.
Fora que, se meus pais nos pegassem no flagra, daria uma confusão muito grande. E quando falo isso, quero dizer que meu pai bateria em Yoongi e nunca mais me deixaria vê-lo.
As vezes eu me perguntava o que estava fazendo da minha vida. Meu aniversário de 15 anos estava próximo e eu nem sabia o que faria.
Um jantar, talvez? Ou uma grande festa? Uma viagem?
Eu não fazia ideia, mas sabia que os 15 anos de uma garota eram essencialmente especiais e eu não podia deixar de lado.
O tempo corria.
Eu nem acreditava que estava crescendo tão rapidamente.
Jackson: venha aqui na cozinha.
Estranhei.
Por que Jackson, às 2h da manhã, me mandaria ir para a cozinha?
Nossos pais estavam dormindo.
Eu me perguntava o que ele estava querendo comigo aquela hora da madrugada.
Andei em passos lentos até a cozinha. Eu poderia estar dormindo naquele momento, mas a insônia me roubara o sono.
— O que você quer? - o perguntei.
— Dinheiro.
— E você acha que eu tenho cara de banco, garoto? - ele me deixou brava.
— Eu sei que você quase transou com seu namorado hoje. Nossos pais amariam saber, né?
Congelei.
— Como você...
— Eu ouvi tudo. Você não sabia que eu estava em casa? - ele riu. — Eu quero dinheiro. Ou nossos pais vão saber o quão puta é você.
Comecei a rir. Jackson queria me ameaçar.
— Você acha que tem alguma moral, meu querido? Pode contar, ué. Eles também vão amar saber que você fuma maconha escondido todos os dias ao invés de estudar.
— Você não vai contar.
— Não vou, é? Quem vai me impedir? - o olhei — Você? - ri. — Jackson, faça o que quiser. Eu não tenho medo de você.
— Pois tenha. O assassino da sua querida amiga é o meu melhor amigo.
Senti um frio na espinha.
— Do que está falando? - engoli em seco.
— Tony matou Hellen. E eu posso pedir para matar você e seu namorado, também.
Eu sentia o cheiro de álcool vindo da sua boca.
Eu sentia o odor da maconha.
Este não era o Jackson Wang que eu havia conhecido há anos atrás.
— Você... Tá bêbado! Jackson, por que está falando essas coisas?
— Eu nem bebi! - ele realmente estava alcoolizado — Quero dinheiro. Me dê $100 até amanhã ou você e aquele garoto nunca mais verão a luz do dia.
Saí de perto dele antes que lhe desse um forte tapa na cara. Aquelas palavras do meu irmão me machucaram de maneira intensa.
Me deitei novamente e, de tanto chorar, adormeci.
• • •
Ele me olhou incrédulo.
— Seu irmão falou isso mesmo?!
— Falou, Yoon. Acha que eu mentiria uma coisa dessas?
— Eu não acredito que ele teve coragem de te ameaçar... Ah, ele vai se ver comigo! - ele começou a andar à procura de Jackson, tomado de raiva.
— Amor, calma! Ele ameaçou nós dois.
— Não tenho medo desse palhaço. Aliás, quem ele pensa que é? O Papa? E daí que a gente quase transou na sua casa? Ele tem que parar de ser intrometido, isso sim!
Yoongi realmente ficou muito bravo, mas eu não queria arranjar problemas.
Quando ele citou o acontecimento, corei ao me lembrar do que quase fizemos.
— Yoongi, olha pra mim - puxei seu rosto e fiz ele me olhar. — Eu já entreguei os $100. Hoje de manhã.
— Da onde tirou esse dinheiro? E por que caralhos você entregou? Assim ele vai te explorar sempre!
— Eu tenho algumas economias. Bom, estou juntando para a faculdade. E hoje foi a primeira e última vez que eu entreguei, porque ele sabe que eu posso contar para os meus pais que ele mata aula para fumar maconha.
— Continue juntando para a faculdade e não dê para o idiota do seu irmão. Ele vai se ver comigo se continuar te ameaçando!
— Não se meta com Jackson. Ele é imprevisível. Quer dizer, eu sei que ele não é assim. Ele nunca foi. Algumas pessoas estão mudando a cabeça dele.
— Eu devia era arrancar a cabeça dele. Por qual motivo ele te chamou de "puta"? Puta vai ser o soco que eu vou dar na boca dele!
— Amor... Violência não vai resolver nada - falei.
— Você diz isso agora, mas se lembra daquele dia no mês passado que fomos naquela festa com o pessoal e quase fomos expulsos porque você bateu na garota que estava me olhando? - ele me olhou, rindo.
*Flashback on*
— Posso saber por que você não para de comer meu namorado com os olhos? - perguntei, já não aguentando mais ver aquela garota olhando para Yoongi.
— Eu tenho olho para olhar, né, amiga! - ela exclamou.
— Olha aqui, vagabunda, você me respeita, porque eu não me lembro de ser sua amiga. E juro, eu me lembraria se fosse amiga de uma piranha.
— Amor, vamos embora - Yoongi sussurrava, enquanto tentava me puxar.
— Você é tão bonitinho, por que não me dá seu número? - ela se aproximou dele e sorriu.
— PUTA DESGRAÇADA! - voei na garota e comecei a bater nela.
*Flashback off*
— Olha aqui, ela não estava SÓ olhando! Ela deu em cima de você e você não fez nada! - disse, brava.
— Eu não tive nem tempo de responder alguma coisa, quando me dei conta você já estava batendo nela e minha única opção foi te segurar! - riu. — Sabe o que isso prova?
— O que?
— Que você é muito ciumenta.
— Ahah, nem sou.
• • •
O relógio marcava 19h.
Eu estava lendo um livro enquanto trocava mensagens com Yoongi e as meninas.
Minha concentração fugia da leitura. Mais ainda quando ouvi uma melodia vindo do quarto do meu irmão adotivo.
Ele tocava seu violão. O violão que nosso pai lhe dera de presente no seu aniversário de 10 anos.
Fui até seu quarto e abri a porta.
Ele levantou o olhar do violão à mim.
— O quê? - perguntou.
Ele não estava bêbado. Isso me deixou um pouco aliviada.
— Por que você escolheu esse caminho?
— Ah, pronto. Se veio falar sobre isso, pode ir embora - respondeu, de forma ríspida.
— Jackson. Me escuta, por favor. Por que começou a fumar maconha? Poxa, por que se afastou de mim? Por que você ameaçou me matar? Eu... Eu sempre fui a sua irmãzinha.
Ele parou e pensou por alguns segundos.
— Por que eu devia te contar?
— Porque eu te amo. Eu quero o melhor para você.
Ele suspirou e olhou para a parede.
— O irmão do meu pai biológico, meu tio, me achou pela internet. Ele me chamou e eu respondi. Então ele... - Jackson olhou para os pés e respirou fundo — Ele comecou a falar que vocês não me amavam de verdade. Ele começou a falar que eu nunca seria da família de vocês, e que ele sim me amava e queria meu melhor.
— E você acreditou no que ele disse, Jackson?
— Sim...
— Como você pode? Nós sempre fomos a sua família desde que seus pais morreram! Meus pais te deram abrigo, comida, amor e voc...
— Eu sei. Eu sinto muito. Então, depois ele começou a me falar da vida dele. Ele me falou que fuma maconha e eu pensei que seria legal experimentar. Aí, quando eu estava saindo da escola, vi uns garotos fumando e... me aproximei. Me desculpa.
— Esse foi o pior erro que você já cometeu.
— Eu sei. Me desculpa.
— Você sabe que é errado, não sabe? - o olhei nos olhos.
— Sei - me respondeu.
— E pretende parar?
— Sim. Mas, não agora. Há drogas que matam menos.
— Mas a maconha te deixa agressivo, Jackson! Você tem que parar.
— Eu não consigo, (S/N)! - ele me olhou, frustrado.
— Você ao menos tentou?
Ele ficou quieto.
— Não.
— Pois então, Wang. Tenta! Por favor... Não fume mais. Por favor. Eu amo você. Isso está te matando - pedi, sem nem perceber que estava com lágrimas nos olhos — Eu quero o meu irmão de volta!
— Eu vou tentar. Prometo que vou. Me desculpe pelas coisas que falei ontem, eu... Não estava muito bem. Aliás, eu não sou amigo do Tony. Só andamos juntos.
— Você devia parar de andar com ele - fui sincera.
— Farei. Por você. E pelos nossos pais. Me desculpe.
Através da conversa que tive com Jackson, percebi que ele era muito vulnerável. Eu sentia sua dor. Eu sabia que ele se sentia mal pelos pais e pelo seu passado, mas ele havia escolhido o pior caminho possível para se aliviar disso.
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