Há três dias, eu havia feito meu caderno antigo de diário. Não encontrei um real motivo para escrever, eu apenas queria desabafar. Os papéis tinham mais paciência do que as pessoas.
A primeira página fora composta por um texto dedicado à Hellen. Meu coração se apertava com as lembranças, porém eu já havia aprendido a controlar o choro.
As três próximas páginas foram compostas por palavras que denotavam o que meu coração sentia no dia 3 de outubro, o dia que conheci a mãe de Yoongi. A tristeza tomara meu ser por inteiro. Me senti numa chuva de facas mortíferas e as palavras dela cortaram-me completamente. Ela insinuava que minha cor era sujeira, que era uma cor defeituosa. Honestamente, eu não conseguia enxergar defeito nenhum na minha pele. Aliás, eu sabia que a beleza exterior era rasa, posto que o profundo encontrava-se no coração, nas entranhas da alma.
[• • •]
Depois da aula, Min Yoongi veio para minha casa. Apenas minha mãe estava em casa, mas ela dormia tranquilamente, então precisaríamos ser cuidadosos e silenciosos para não acordá-la — acordar minha mãe sempre foi perigoso, o barraco era certo.
Reparei que meu namorado estava mais quieto ultimamente, ele me parecia estranho. Resolvi perguntar, eu não sabia se tinha acontecido alguma coisa ruim com ele.
— Amor, está tudo bem? - chamei sua atenção.
— An? Está sim. Tudo ótimo.
— 'Cê' tá quieto - beijei a bochecha dele. — Aconteceu alguma coisa?
— Não, amor. Só estou pensando um pouco...
— Pensando no que?
— N-nada, ué - ele olhou para os próprios pés.
— Por que você está tão estranho, Yoongi? Por acaso está se encontrando com outra garota? - o olhei brava e coloquei a mão na cintura.
Uma mania horrível que eu puxei da minha mãe era achar que qualquer sinal de estranheza significava traição.
*Flashback on*
"Robson, você quase não fala! Por acaso está se encontrando com outra mulher?"
"Não, amor. Só estou cansado."
"Ah, bom!"
"Robson! Por que está mexendo tanto no celular? Por acaso está conversando com outra mulher?!"
"Eu estou pagando a conta de luz, Marilene."
"Ah, bom!"
"Robson! Quem é essa mulher que acabou de te mandar mensagem? Ela não me é estranha... Por acaso está se encontrando com essa mulher?"
"É a minha irmã, Marilene! E ela veio aqui no natal passado!"
"Ah, bom... "
*Flashback off*
— O que? Claro que não, (S/N)! - negou.
— Então por que está tão estranho?
O olhei. Suas bochechas estavam coradas.
— E por que está com vergonha? Yoongi! Você sabe que pode me contar tudo, não sabe?
— Sei. E juro, não é nada. Eu estou com sono, só isso.
O abracei.
— Tudo bem se quiser ir para a sua casa e dormir, sei que hoje o dia foi muito cansativo - dei um selinho nele.
— Não, não. Quero ficar com você, amor - ele pôs as mãos na minha cintura — Eu amo passar meu tempo livre com você, sabia?
Envolvi meus braços em seu pescoço.
— Eu amo mais ainda - sorri. — Neste momento, nós dois estaríamos numa aula de coreano, onde você era o professor e eu era aluna. Era para a gente estar estudando - soltei uma risadinha.
— Seu coreano já está bom o suficiente, mocinha. Essa é só uma desculpa para passarmos mais tempo juntos - ele sorriu e me beijou.
— Quem sabe, né? - o beijei de novo. — Vamos fazer um bolo?
— Duvido que você saiba fazer bolo. Você é uma pateta, amor.
— É claro que eu sei fazer bolo! Vamos para a cozinha.
Andamos até a cozinha.
Peguei alguns ingredientes para fazer um bolo de massa pronta. Os coloquei em um recipiente e misturando-os até ficarem numa forma homogênea, obtive o resultado esperado.
Yoongi me ajudou a colocar no tabuleiro, depois no forno.
— Vai ficar uma maravilha - sorri.
— Ô se vai.
Enquanto estávamos esperando o bolo ficar pronto, ficamos na sala vendo televisão.
Deitei minha cabeça no peitoral de Yoongi e o abracei. Ele beijou minha cabeça e me envolveu em seus braços, trazendo-me conforto e toda a segurança do mundo.
O sofá era cúmplice de nossas demas carícias e o universo era cúmplice de nosso amor.
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