Yoongi
Desde que bati minha primeira gloriosa — de muitas, muitas outras — pensando em (S/N), ficar agarradinho com ela no sofá de sua casa era incrível, mas a proximidade de nossos corpos não era saudável à minha sanidade. Bastava pouco para que pensamentos impuros invadissem minha mente.
Quando nós dois estávamos juntos, era como se o mundo ao nosso redor não existisse. Apenas nós; eu e ela. Ela e eu. E a sua presença fazia meu coração queimar, como se fosse a primeira vez que eu visse a garota mais bonita que meus olhos encontraram em meio a tantas outras. Sempre seria como a primeira vez.
Nos despedimos às 21h15. Eu passava o dia inteiro na sua companhia. Adorava.
Ao chegar em casa, me deparei com minha mãe completamente furiosa por eu ter chegado naquele horário.
— Qual é o problema? Quero que diga na minha cara. Qual é o problema? - a perguntei, repetidamente, com os braços cruzados.
— O problema é que você não pode chegar tão tarde em casa! - ela gritou.
— Ah, claro! Claro, né, mãe? - ri, ironicamente. — Já cheguei em casa muito mais tarde do que isso e você nunca abriu a boca pra falar um "a" e reclamar.
— Eu não suporto o fato de você estar longe de casa! Você sabia que andando à noite por essas ruas, você pode ser assaltado?
— Moramos nesse bairro desde que me conheço por gente e nunca houve UM assalto - a olhei, bravo. — Não é que você não suporta o fato de eu estar longe de casa. Você não suporta o fato de eu estar na casa da minha namorada.
— Eu não gosto dela! - exclamou.
— Você não tem motivos válidos para não gostar dela, você mal a conhece! - gritei. — Você estava toda animada antes de ver que era uma garota negra. Qual é o seu problema, mãe? Isso é doentio!
— Não altere o tom comigo, eu ainda sou a sua mãe e mereço respeito. Quer levar um tapa? - ameaçou.
— Mude seus conceitos sobre o que é, de fato, o respeito.
Fui para a cozinha e peguei um copo, direcionei-me à geladeira e o enchi com água.
Minha vó estava quieta, provavelmente estava escutando a conversa. Do lado dela, estava o irmão da minha mãe, tio Kwan, que eu não vía há tempos.
— Tio Kwan! - fizemos um toque de mão. — Quanto tempo.
— É mesmo, garoto! - ele riu. — Você cresceu, Yoongi. Está quase um homem.
— É... Você envelheceu, também.
Rimos.
— Vamos voltar aos velhos tempos? Me conte tudo o que anda acontecendo, me atualize das notícias.
— Ok.
Andamos até o quintal e nos sentamos debaixo de uma árvore. Eu gostava de tio Kwan porque ele sempre me entendia quando eu era apenas um moleque.
— Pode começar - pediu.
— Bom, tenho dois conselhos a pedir. Sabe, comecei a namorar uma garota há quase um ano...
— Você namorando? Você sempre vivia a repetir que garotas eram nojentas! - riu.
— Eu tinha sete anos, velho! - ri. — Então, eu amo essa garota. Muito. Tipo, 'pra' caralho. Mas minha mãe odeia ela, só porque ela é negra. Ela é morena, tem um corpão e cabelo cacheado. Poxa, na escola todo mundo era idiota fazia bullying com ela por ser diferente. Eu achei que minha mãe não era idiota como eles, eu achei que a conhecia.
— Sua mãe é difícil, Yoongi. Você sabe como ela é.
— Ela não é apenas difícil. Ela é preconceituosa. Ela é racista. Eu sinto nojo de gente assim. Estou tão desapontado com ela! - desabafei.
— Tentou conversar com ela?
— Sim, mas nós só brigamos. Ela me mandou terminar o namoro só porque não gostou da aparência de (S/N), o que eu não entendi, porque minha namorada parece uma deusa grega.
— Tem certeza que é racismo?
— Sim. Ela falou na minha cara que não gostava da cor dela. E antes, quando eu apenas falava dela, minha mãe estava super animada para conhecê-la por elas terem gostos em comum.
— Que vacilo... - ele tomou um gole de sua cerveja, que até então eu nem sabia que estava ali. — O que tenho para te dizer é: se você ama ela, aguente até o fim. Não dê ouvidos às bobagens que sua mãe fala. Se você a ama, a proteja. Uma hora sua mãe vai ver o quanto vocês se amam e vai acabar aceitando. Você vai ver.
— Vindo dela, acho impossível.
— Yoongi, você sabe que desde a morte do seu pai ela anda atordoada. Ela também precisa de apoio. Tente entender o lado dela.
— Ela precisa de apoio, mas e eu? Ninguém se importou comigo porque eu sei esconder bem o que sinto. E cara, a morte do meu pai me abalou demais, mas eu me doei de corpo e alma para apoiar minha mãe. Ela sempre vê apenas o lado dela!
— Apenas seja paciente, Yoongi. Acalme-se. Então, qual era o outro conselho que você queria?
— Ah... - abaixei a cabeça, levemente envergonhado por me lembrar do que se tratava. — Preciso de ajuda.
— No que? - indagou.
— Tio Kwan, com quantos anos você perdeu a virgindade...?
— Rapaz, que papo torto é esse? - ele riu. — Foi com 18 anos. Eu namorava a sua tia. E um dia simplesmente rolou. Por que a pergunta?
— Ultimamente, tenho tido desejos sexuais por (S/N), mas não sei como falar isso pra ela. E eu sei que a gente é novo demais pra isso, quer dizer, ela tem 15 anos e eu vou fazer 16.
— Ah, sei. Vocês realmente são novos. Eu te aconselho a esperar um pouco, mas falar para ela no momento certo.
— Eu não aguento mais isso! Eu já me masturbei pensando nela, toda hora me pego imaginando nós dois... no ato, é isso é muito estranho.
— É normal na sua idade. Você está crescendo. Mas vá com calma. Você sabe como ela se sente em relação a isso? - bebericou sua garrafa de cerveja.
— Não sei, um dia nós quase fizemos, mas ela parou.
— Ela provavelmente não está pronta. Espere. Yoongi, o tempo é a resposta para tudo. É o único remédio que pode resolver as dores de cabeça da vida.
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