— O que você e meu pai estavam conversando ontem? - perguntei ao ver Yoongi pela primeira vez no dia.
— Ah... - ele pareceu se lembrar de algo — Seu pai me perguntou sobre nós.
— Sobre nós? Como assim? - não entendi o que ele queria dizer com isso. — Meu pai só se importava com a gente no começo do namoro, para garantir que você não seria um tarado que tiraria minha sanidade, e, você se tornou exatamente isso - ri.
— Ei, não sou um tarado! Quer dizer, eu sou, mas só por você. E seu pai descobriu isso. Parece que sua mãe achou a embalagem da camisinha que a gente usou e contou para ele. Juro que quando ele começou a falar, eu pensei que fosse morrer. Sério, ele chegou e disse "rapaz, posso te perguntar uma coisa"? — ele engrossou a voz para imitar o meu pai, fazendo-me rir bastante — e eu respondi "claro, senhor. O que?" aí ele ficou com cara de cu e perguntou sério "você transou com a minha filha no meu quarto?" e eu falei que sim, e na hora eu pensei que ele fosse me dar uma rasteira, mas ele só continuou, dizendo: "Como você pode ser tão safado ao ponto de levar minha filha para a cama antes do casamento?!"
— Ué, quando minha mãe se casou com ele, ela estava grávida de mim. Que sonso! - ri.
— E tem mais. Ele falou para eu tomar cuidado, falou para nunca esquecer da importância do uso da camisinha e que, caso eu engravidasse você, eu deveria ser homem e assumir. Mas é claro que eu vou, né. Ele pensa que eu sou tão imaturo assim? - ele balançou a cabeça tristemente e olhou para os lados. — Eu não faria isso com você. Eu não fiquei decepcionado, só concordei com tudo o que ele disse.
— Ele só disse isso? - o olhei.
— Não. Falou também que se eu te abandonasse grávida, ele iria me caçar e cortar meu pinto fora.
Ri alto.
— Que sorte. Eu me envolvi com um homem, e não com um moleque - dei um sorrisinho bobo e beijei sua bochecha.
Ele sorriu. Segundos depois, o sorriso se desfez.
— Seu pai não confia em mim? - perguntou.
— Confia. Mas ele quer se fazer de durão. Ele quer que você sinta medo dele e não me machuque.
— Não seria mais óbvio se eu não te machucasse por causa do amor que sinto por você? - ele estava confuso.
— Talvez. Não vamos discutir a lógica do meu pai. Nem ele mesmo entende suas lógicas - dei de ombros. — Vamos comer?
— Vamos.
• • •
Toquei a campainha da casa de Anna. Ela estava muito bonita. Havia me pedido para ir ajudá-la.
— Pode me explicar o que aconteceu? - pedi.
— (S/N), não quero contar ao Jin, mas acho que estou grávida.
Fiquei em choque.
— É sério? - a olhei, surpresa pela notícia.
— Eu não sei... Podemos comprar um teste de gravidez na farmácia?
— Claro, Anna. E não vamos comprar só um. Precisamos ter certeza.
Voltando da farmácia com minha amiga, vi duas crianças de aparentemente cinco e oito anos procurando comida nas lixeiras. Suas vestes estavam completamente sujas e rasgadas. Seus pés estavam descalços e seus cabelos bagunçados.
A dor que se instalou no meu coração no momento em que meus olhos bateram naquelas crianças era interminável. Eu sentia que precisava ajudá-las de alguma forma.
— Anna. Vá para a sua casa. Vá na frente. Eu lembrei que preciso resolver um negócio, mas é bem rápido. Enquanto você faz os testes, eu resolvo. Já estou indo, ok?
— Ok, amiga. Espero você lá.
Entrei na farmácia e comprei quatro pacotes de biscoitos recheados. Dois de chocolate, dois de morango. Não era o melhor alimento a se doar para alguém, mas se tratavam de crianças. Crianças famintas que mal tinham o que vestir ou o que calçar.
Paguei e saí da farmácia com uma sacola.
Caminhei até eles. Ao perceberem, me olharam confusos.
— Oi. Tudo bem? - sorri para eles.
— Quem é você? - a garota maior me perguntou e segurou a mão de seu irmão mais novo, com certo medo.
— Meu nome é (S/N). Sou uma universitária e tenho dezoito anos. Vi que você e seu irmão estavam com fome e comprei isso - tirei os biscoitos da sacola. — Vocês querem?
Eles olharam para os biscoitos como se eles fossem minas de diamante.
— Sim, tia, sim! - o mais novo exclamou, sorrindo para mim.
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