Yoongi
Na minha casa, minha vó havia feito um jantar especial. Tio Kwan e sua esposa estavam com a gente naquele dia, no entanto, Min Haeyoon, a filha do meu tio e minha prima, também estava. Éramos como irmãos e eu amava Haeyoon, sim, mas como um irmão. Era como se ela fosse a irmã que eu nunca tive na vida. Nunca poderia acontecer nada entre a gente por uma infinidade de coisas, começando por a) eu não gostar dela, b) ela não gostar de mim, c) ela ter um namorado em Daegu, d) meu tio iria me espancar.
Antes de (S/N) chegar na minha casa para pedir suas roupas, minha prima estava me ajudando com alguns conselhos. Geralmente, eu pedia conselhos a meu tio Kwan, mas ele estava bebendo naquela hora e poderia falar coisas absurdas.
*Flashback on*
— Você parece tão tristinho, Min... Vovó, o que aconteceu com ele? - indagou ela, alisando minhas bochechas, enquanto eu estava deitado no sofá completamente desanimado com tudo e todos à minha volta.
— Ele traiu a namorada e tomou no cu. Bem feito, muito bem feito! - respondeu minha avó. Ela andava muito brava comigo ultimamente.
— Sinto saudades da (S/N) - respondi. — Eu não estou conseguindo viver direito. Sei lá, eu preciso dela ao meu lado. Eu devia ter sido mais inteligente. Nunca vou parar de me culpar por isso.
— Uau, Yoongi... Você fez merda, ein! Por que traiu sua namorada?
— Por burrice. Prazer momentâneo.
— Talvez ela ainda goste de você, tente ir atrás dela - falou, mordendo um sanduíche.
— Eu já tentei, Haeyoon. Ela não está disposta a me perdoar. Aish, que droga! - respirei fundo, tentando me acalmar. — Eu sempre faço merda na minha vida.
— Então por que não tenta se aproximar de outra garota?
— Porque eu gosto dela. Eu não quero outra garota - respondi simplista.
— Você é confuso.
A campainha tocou.
— Vai atender - ela pediu.
— Não estou afim de ver ninguém. Vá você.
— Aish, ta bom - Haeyoon foi até a porta e depois de alguns segundos conversando com a pessoa, gritou: — Yoongi-oppa, tem uma garota na porta!
— Mande ela ir embora! - gritei de volta. — Você sabe que nenhuma outra garota me importa! - falei, me referindo à minha ex namorada, (S/N).
— Eu não quero saber se nenhuma outra garota te importa agora, caralho, eu só queria pegar as roupas que eu esqueci enquanto estávamos namorando, mas pelo visto você pode doar minhas roupas e todo o amor que eu te dei para essa nova coitada que você está iludindo! - ouvi aquela doce voz, porém estressada e reconhecível, de longe. Quem estava na porta era (S/N).
— Droga, não acredito nisso - falei baixinho e fui para lá, na intenção de me explicar para ela.
*Flashback off*
Na mesa de jantar, enquanto nós estávamos comendo, discutíamos:
— O que? Ela pensou que somos namorados? - perguntou Haeyoon, espantada. — Por que você não falou a verdade, seu burro? Dessa forma nunca vai conseguir ela de volta.
— Olha aqui, eu estava ocupado demais querendo saber sobre o novo relacionamento dela! - me defendi. — Ela tem outro cara... E ele parece ser muito melhor que eu.
— Qualquer um que fosse fiel seria melhor que você! - disse minha vó, brava.
— Acalme-se, sogra - pediu minha mãe. — Ele já sabe que está errado.
— Isso não basta. Isso foi desonroso. Pensei que conhecia o meu neto, mas ele possui uma falha de caráter.
— Eu não possuo nenhuma falha de caráter - verbalizei. — Só errei com ela uma vez. Aliás, eu já disse que estou arrependido, vó. Que saco. Até quando vai me tratar assim?
— Até você aprender a ser verdadeiro. Eu e sua mãe não estamos criando um moleque, estamos criando um homem. Se o seu pai estivesse aqui, ele estaria muito chateado com você! - respondeu, atingindo-me em cheio.
Eu odiava quando pensava que poderia magoar meu pai, porque sentia muita saudade dele.
E eu magoei (S/N), magoei minha vó e magoei a mim mesmo.
• • •
(S/N)
Dois dias se passaram desde toda aquela confusão por causa das minhas roupas com Yoongi, então resolvi deixar para lá. Vi que no meu celular havia duas chamadas perdidas dele, mas eu fingi-me de cega. Eu queria esquecer aquele beijo. Eu queria esquecer tudo que envolvesse meu ex namorado. Contudo, era impossível. Nem Josh conseguia fazer eu tirá-lo da cabeça. No entanto, eu não poderia fingir que ele não existia para sempre. Ele era o pai do meu bebê e, embora eu não quisesse contar para ele, seria errado omitir esse fato tão importante.
Minha barriga estava ficando maior e no dia anterior eu fui fazer um exame de ultrassonografia. Meu bebê estava saudável. O ginecologista me deu algumas instruções alimentares para que o bebê continuasse crescendo saudavelmente. E ele disse que eu não podia me estressar ou tomar muitos sustos, porque coisas assim podiam gerar um aborto espontâneo. Engoli em seco, morrendo de medo, já que naqueles últimos dias eu andava bastante estressada, desgastada e triste.
Eu buscava melhorar pela criança que se desenvolvia em meu ventre. Eu era uma grávida muito jovem e mãe de primeira viagem, pouco experiente.
Resolvi ir na casa de Anna e Jin. Além de eu querer ver o pequeno Jeonghan que nascera havia pouco tempo, eu sentia saudade deles e queria pedir alguns conselhos.
— Oi, amiga - me cumprimentou a Anna, sorrindo. — Entra!
Entrei, sorrindo para ela.
— Senti saudades. Como vocês estão?
— Você andou sumida! - comentou. — Ah, estamos bem. Jeonghan está cada vez mais gordinho - riu.
— Own, que legal. Quero ver ele! - disse eu e fomos até o quarto do bebê Jeonhan.
Chegando no quarto pintado de azul e decorado por toda a sua extensão com brinquedos de menino, sorri ao ver o pequeno serzinho deitado no berço. Jeonghan era uma mistura perfeito de Seokjin e Anna. Ele era muito bonitinho.
— Que fofo - sorri, falando baixinho para não acordá-lo. — Ele se parece tanto com vocês.
— Também acho - concordou, entre sorrisos. — Vamos para a cozinha. Você não me contou as novas notícias - puxou-me, levando-me até a cozinha de sua casa. — Você e o Yoongi terminaram de vez?
— Sim, Anna. Não consigo mais olhar na cara dele - confirmei. — Isso está me doendo muito.
— Jin me contou sobre vocês - explicou. — Ele disse que Yoongi estava muito triste e desanimado quando contou isso para ele. Assim, vocês dois andam tão para baixo. Por que você não dá uma segunda chance a ele, (S/N)?
— Tenho medo, Anna. E se ele voltar a me trair? Poxa, amiga, quando eu descobri que ele me traiu com uma qualquer da empresa dele, eu me senti um nada. Ele só pensa nele quando me pede para voltar!
— Mas você ainda o ama? - indagou, olhando em meus olhos.
— Anna, eu estou... eu estou ficando com um cara chamado Josh e ele é muito legal, nós...
— (S/N), você ainda ama o Yoongi? - repetiu sua pergunta.
Desviei o olhar.
— Sim - abaixei a cabeça. — Não é fácil esquecer ele, sabe, ficamos juntos por muito tempo. Eu o amei por muito tempo, não há como mudar da água para o vinho tão repentinamente.
— Se você o ama, não hesite. Dê uma chance para ele - me aconselhou. — Sabe, (S/N), não somos eternos. Você não sabe o dia de amanhã, então não se prenda tanto.
— Anna - respirei fundo. — Estou esperando um filho dele. Eu descobri recentemente.
— Sério? - ela sorriu, toda contente. — Você vai ser mãe, que legal! O Yoongi já sabe?
— Não. Eu não contei.
— Quando vocês se viram pela última vez?
— Ontem. Ontem foi um dia horrível. Fui na casa do Yoongi pegar as roupas que eu tinha esquecido lá e outra garota atendeu. Ela era tão bonita, deve ser a nova namorada dele - disse eu, um pouco triste. — Ele já seguiu a vida, Anna. Ele já me esqueceu.
— E o que aconteceu depois disso?
— Bom, eu fiquei puta e saí de lá. Aí ele veio atrás de mim e falou que ainda me amava - comecei. — Mas eu acho que ele nunca me amou de verdade, para ser sincera. Quem ama, não trai.
— Ele errou, sim, em trair você. Mas pode ser que ele realmente esteja arrependido. E, espere, voltando a falar da garota... Como ela era?
— Coreana. Alta e magra com os cabelos tingidos de loiro.
— Você sabe o nome dela? - me olhou curiosa.
— Ahn... Haeyoon, eu acho. É, ela se apresentou.
Anna começou a rir.
— Do que você está rindo, Anna? - perguntei.
— (S/N), você é muito bobinha.
— Por que? - a olhei sem entender.
— Eu e Jin fomos na casa de Yoongi pela manhã para fazer uma visita, já que ele estava tão sumido quanto você - disse ela. — E essa garota estava lá com a família toda dele. Haeyoon é prima de Yoongi, (S/N).
Fiquei boquiaberta. Logo depois, envergonhada.
— Nossa... Eu não sabia disso.
— É, e por isso ficou com ciúmes! - riu. — Você ainda gosta dele, amiga, tenta dar um voto de confiança para ele. Por vocês e pelo filho de vocês. Aliás, já estou amando esse bebê - ela passou a mão pela minha barriga, sorrindo.
— Obrigada pelas palavras, Anna - sorri. — Vou ver o que farei. Obrigada mesmo. Bom... - olhei a hora. — Está ficando tarde. Já são quase 18h da tarde e eu preciso fazer a janta. Morar sozinha não é muito bom - falei, rindo.
— Ok então, amiga, tchau - ela me abraçou. — Se cuida, ta bom? Me liga quando chegar.
— Pode deixar.
Fui embora dali, me sentindo muito besta por ter ficado com ciúmes da prima de Yoongi. De qualquer forma, eu nunca fui nenhuma vidente, não é mesmo?
Peguei meu celular e vi que tinha uma chamada perdida de Josh. Resolvi retornar.
— Josh, oi - falei quando ele atendeu. — Por que me ligou mais cedo?
— Queria saber se você quer tomar um sorvete comigo, eu estou com saudades - respondeu. — O que você estava fazendo?
— Eu estava na casa de uma amiga. Mas então, se você quiser, a gente pode ir mais tarde. Umas oito da noite.
— Claro - aceitou. — Passo na sua casa depois.
— Beleza - respondi, desligando o celular.
Nunca gostei de caminhar. Muito menos de caminhar sozinha. Estava começando a escurecer e tudo o que eu odiava mais do que andar e andar sozinha era andar sozinha na escuridão. Minha casa não era tão perto dali.
Eu sempre fui uma menina muito medrosa e custava a encarar meus medos. Mas o que eu faria? Já não tinha meu pai morando perto para pedí-lo que me buscasse e já não namorava mais Yoongi para pedí-lo uma carona.
Eu precisava encarar aquilo sozinha.
Naquele momento, a rua em que eu passava era deserta. Meus pés estavam doendo e tudo o que eu mais queria era chegar em casa rapidamente. A escuridão dominava aquele lugar e minha insegurança pairava sobre o local, principalmente quando passei em frente a um ponto de ônibus. Ali, estavam cinco homens bêbados. Todos estavam drogados e fediam a maconha.
Não havia outra escolha, então eu passei por ali.
— Gostosa! - exclamou um deles, se aproximando de mim, enquanto os outros riam.
Ignorei aquilo, fingindo não ser comigo. Continuei andando, até que senti meu corpo ser virado bruscamente para trás. Meus batimentos cardíacos ficaram acelerados.
— Perdeu a língua, foi, gatinha? - aquele homem de vinte anos aparentes sorriu malicioso para mim.
Não respondi e relutei, tentando andar para longe, mas ele me segurou, impedindo que eu saísse dali.
— A menina está sendo malcriada, caras, parece que vou precisar de ajuda aqui! - falou rindo aos seus companheiros.
— Vai dividir o prêmio? - um deles sorriu sacana. — Isso é que é amigo, vamos lá, segurem ela.
Dois deles seguraram meus braços.
— Me soltem! - comecei a gritar — Por favor, alguém me ajuda!
— Cala a boca, vadia! - recebi um tapa na cara. — Você vai ficar quietinha, ta bom? Se gritar, vai ser pior para você.
Eles me amarraram e me levaram a força para um terreno baldio e começaram a cochichar entre si enquanto eu estava ali, jogada no chão e me debatendo, sentindo meu corpo se sujar todo.
Eu não sabia o que eles queriam comigo, todavia, eu morria de medo do que podiam fazer.
Eles pararam e começaram a vir até mim, um deles me desamarrou e outro colocou um pano na minha boca.
— Você é muito gostosa - o homem que me puxara inicialmente me deu um tapa forte na coxa. Logo, ele abaixou o zíper da sua calça.
Não, não pode ser, pensei.
Ele tirou a sua calça e logo depois sua cueca, fazendo-me ter uma visão horrível de seu pênis ereto. Comecei a chorar e gritar de desespero, tendo minha voz abafada pelo pano.
O homem abaixou meu short e minha calcinha, dando estocadas brutas e fortes, arrancando-me um choro gritante.
Depois de toda aquela tortura, ele pegou uma arma e puxou o gatilho, atirando na minha perna.
— Isso é para você não poder andar e nos entregar, vadia! - gritou no meu ouvido, dando-me mais tapas no rosto. — E isso... - ele pegou um pedaço de madeira — É para você se manter com a boca fechada.
Sem ter tempo de pensar, minha cabeça foi atingida e eu senti uma dor descomunal. Subitamente, a paisagem foi desaparecendo de meus olhos e tudo ficou escuro.
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