Yoongi
Fazia exatamente quarenta e oito horas que eu beijei (S/N) e senti sua boca na minha. Por mais que ela tenha me dado um tapa tão forte que deixou a marca em meu rosto, de algum modo, eu estava me sentindo feliz, apenas por ter matado a saudade que me induzira a beijá-la. Nos primeiros segundos de nosso ósculo, pude perceber que a saudade era mútua, porque ambos fazíamos uma falta imensa um para o outro. Tal fato fazia minha cabeça criar perguntas e paranóias, porque aparentemente ela estava namorando com um outro cara, que por sinal era muito mais bonito do que eu, de maneira com que eu me sentisse um pouco insuficiente para (S/N) — não apenas pela beleza exterior, mas também por muitas das vezes ter sido um completo babaca com quem me amava, neste caso, ela.
Eu ainda me culpava por ter deixado o amor da minha vida escapar tão rapidamente. Eu olhava para trás, para o nosso passado e só conseguia pensar no quanto havia sido um idiota com a garota que realmente amei. Eu mentiria se dissesse que não senti prazer com o sexo oral que Yerim fizera em mim, porque somos seres humanos e estranho seria se eu não sentisse prazer sexual. No entanto, o prazer instantâneo que meu corpo sentia fora inválido e sujo. Não havia nem chances de comparação com o prazer que era quando o meu corpo se juntava ao corpo de (S/N), porque nenhuma seria capaz de me proporcionar tanto prazer quanto ela. E eu não falo apenas de prazer sexual, isso qualquer vadia é capaz de dar. A minha garota era intensa e complexa, nada era demais para ela. Os momentos sorridentes com ela me davam prazer, apenas por ter a sorte de tê-la abrindo um sorriso lindo ao meu lado. Os momentos tristes com ela, consideravelmente, também me davam prazer, apenas ter a ciência de que tínhamos um ao outro até mesmo nos momentos mais terríveis e aterrorizantes.
Eu não conseguia lidar com o fato de tudo ter acabado tão repentinamente, apenas por um ato errado de minha parte — um ato fodidamente errado —. Eu e (S/N) havíamos superado tudo e todos com o tempo, porque nosso amor era maior que qualquer barreira que tentasse impedir-nos do que nossos corações mais desejavam; amar.
Nós superamos a desaprovação da minha mãe. Nós superamos a xenofobia, o preconceito e os olhares terríveis que caíam sobre nós, apenas por eu ser um coreano que tinha uma namorada estrangeira de pele negra e cabelos encaracolados — ah, os cachinhos que eu tanto sentia falta... — porque conseguia ser maior que nosso desejo de ter um ao outro, nem mesmo o preconceito.
Eu a admirava por sua beleza estonteantemente incomum, por sua linda pele banhada em melanina e suas madeixas diferentes de todas as que eu estava acostumado a ver.
Eu a admirava por sua intensidade, por seu modo de viver e sua força de enfrentar seus problemas, independente do tamanho deles.
Eu a admirava por ter me ensinado a amar com veracidade, como um adulto pega nas pequenas mãozinhas de um bebê e o guia, afim de que o pequeno aprenda gradativamente e logo já esteja andando.
Ela havia juntado nossas mãos e me guiado num caminho subitamente imprevisível de amor intenso. Um caminho que, exageradas vezes, carecia de luz. Contudo, o sorriso dela era capaz de iluminar qualquer resquício de treva escura.
Ela era o meu sol, e eu estava preso nos meus dias mais chuvosos por um erro que eu mesmo havia cometido. Ninguém mais podia ter culpa, eu era o único culpado por ter feito o calor do sol se apartar de mim. Se ao menos eu tivesse mais uma chance para prová-la o quanto a amava, eu me sentiria realizado. Entretanto, eu não tirava a sua razão de não querer me ver, pois o meu erro fora grave e eu não medira as suas consequências antes de cometê-lo. Meu eu dera espaço para a burrice naquele momento.
Sim, eu ainda a amava e não hesitava. Eu não escondia tal fato e não iria desistir dela facilmente. Mesmo que ela já tivesse outro. Mesmo que ela estivesse fervendo em ódio só por lembrar da minha existência.
Eu carecia dela, sim. Tudo sem ela me parecia sem graça, sem cor, sem vida. Era uma necessidade tão enorme que eu possuía dela.
Jin e Anna vieram para minha casa com o bebê recém-nascido, que por sua vez roubou toda a atenção da minha mãe e minha avó. Ele era mesmo muito bonitinho, a cara do Jin — coisa que obviamente não falei para ele, pois ele ia começar a se gabar irritantemente — e possuía alguns traços da Anna.
— O bebê tem te dado muito trabalho, querida? - perguntou minha vó à Anna, que estava amamentando o Jeonghan. — Você parece ser bem novinha e mãe de primeira viagem.
— É, eu sou. Está sendo um pouco difícil, porque bom, é novo para mim - confessou ela, rindo. — Mas está sendo maravilhoso, eu estou adorando.
— Está gostando de ser pai, Jin? - o perguntei, sorrindo.
— Sim. Um sonho realizado, eu diria. Eu e Anna sempre quisemos ter um bebê - ele respondeu, abrindo um sorriso.
— As vezes me pergunto como seria se eu e (S/N) tivéssemos um bebê. Sabe, ela ama crianças. E eu queria formar uma família com ela - falei, sorrindo brevemente com as lembranças vagas dela falando do orfanato.
Um silêncio se fez na sala. Não consegui entender o motivo. Me perguntei mentalmente se havia dito alguma coisa absurda.
— Você não teve responsabilidade para manter um relacionamento, acha que teria responsabilidade para ser pai? - minha vó me olhou com raiva.
— É claro que teria. Eu nunca mais faria algo como aquilo. Eu já fiz e está no passado, eu não cometeria algo assim novamente.
— Yoongi, eu preciso te contar uma coisa - minha mãe respondeu, olhando para Anna e Jin, que fizeram um sim com a cabeça, me deixando todo confuso.
— Diga, então - comecei a olhar para todos eles.
— (S/N) está grávida de você - revelou.
— C-como é? - paralizei. — Como assim? Ela não me contou nada!
— Você traiu a menina grávida?! - minha vó começou a gritar comigo. — Eu não acredito nisso!
— Nem eu, eu não sabia que ela estava grávida, vó! - me defendi, tentando raciocinar. — vou na casa dela agora e ela vai ter que me explicar, não importa se ela está com aquele idiota!
Peguei meu casaco e saí de casa aflito.
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