O relógio marcava 5h30 da manhã. (S/N) e Yoongi já se faziam acordados, enquanto Dak-Ho e Rosalie se mantinham imersos em seu sono.
A jovem já havia se arrumado para ir trabalhar, enquanto ajudava seu marido com a gravata. (S/N), recentemente, havia começado a dar aula em uma das melhores escolas de Seul, a Kyung Hee School. Mas não era isso que deixava seu coração inquieto. Aquele seria o primeiro dia de sua filha, Rosalie, na escola. E ela sabia que Rosalie Katherine possuía traços estrangeiros, o que era motivo de piadas aos olhos coreanos.
Ela até chegou a se perguntar se as crianças coreanas não gostariam de tê-la como professora pelo fato dela ser estrangeira, mas não ocorreu. Ela foi muito bem recebida, de modo com que ficasse menos preocupada. Talvez o preconceito esteja acabando, pensou ela.
Desde que chegara na Coréia há anos atrás, ela nunca deixou de ser olhada estranhamente na rua. Nunca deixou de receber comentários desagradáveis ou até mesmo de sofrer assédio verbal na rua, no entanto, ela já era uma mulher e foi capaz de passar por todo aquele caos com a sabedoria de que o mal sempre iria existir em qualquer lugar que fosse, fora que ela tinha Yoongi para protegê-la.
(S/N) se sentia uma borboleta. Uma borboleta que passou por grande fase de metamorfose até enfim conseguir ser o que era.
Ela enfrentou olhares feios nas ruas.
Ela enfrentou bullying na escola.
Ela enfrentou a depressão.
Ela enfrentou o preconceito da sogra.
Ela enfrentou a morte do irmão.
Ela enfrentou a infidelidade de quem mais amava.
E enfrentou a solidão.
Ela estava de pé. Com o coração voando sobre a calmaria de um mar que já tivera águas inquietas.
Já não era mais aquela garotinha insegura que chorava por não ser aceita na escola.
Ela chegava e se mantinha sem medo, sem qualquer hesitação. Os tempos de temor passaram. A mulher que crescera nela era forte como rocha, e ela faria o possível e o impossível para proteger seus filhos.
[...]
— Ah, mamãe! Só mais cinco minutinhos... - pediu manhosa a garotinha, que com preguiça negava a ordem da mãe.
— Rosalie, você vai se atrasar para o seu primeiro dia! - insistiu, mas a garotinha continuava dormindo e já eram 6h15 da manhã.
Elas precisavam sair de casa às 7h. Sem saída, (S/N) resolveu imitar o jeito de sua mãe:
— Garota, é melhor você acordar logo ou eu te puxo pelos pés, está me entendendo? Eu não vou pagar aquela escola atoa! - exclamou, e então fez a filha levantar enquanto caçava os pequenos olhinhos.
— Han vai estar lá, não vai? - perguntou, sorrindo.
— Sim, o Jeonghan vai estar lá - confirmou sua mãe.
— E lá vai ser divertido?
(S/N) suspirou, desejando que fosse. Ela se abaixou para ficar na altura de Rosalie.
— Tomara que sim, filha - e beijou sua testa, recebendo um abraço da menor.
Rosalie foi tomar banho e, após se secar e colocar o uniforme, do banheiro gritou a mãe. Ela queria que seus cachos ficassem iguais aos de (S/N).
— O que foi? - perguntou, aparecendo na porta do banheiro.
— Faz os meus cachos ficarem iguais aos seus? - pediu, vendo que seu cabelo estava completamente frizado.
— Agora não dá tempo, Rose - ela foi até sua filha e penteou seu cabelo para trás, prendendo-o em um rabo de cavalo, mas fazendo cachinhos atrás. — Coloque seu sapato.
A mais nova correu e colocou os sapatos, logo indo em direção a cozinha e encontrando o pai e o irmão.
— Bom dia, papai - a menina abraçou Yoongi, que estava sentado tomando café.
— Bom dia, princesa - ele beijou sua bochecha. — Uau, você está muito linda, minha filha. Não deixe os garotos te olharem hoje!
— Nenhum garoto pode me olhar, papai!
— Bom dia, feiosa - disse Dak-Ho ao vê-la.
— Papai, Dak-Ho me chamou de feiosa! - reclamou ela, emburradinha.
— Não comecem já de manhã! - disse (S/N) ao chegar na cozinha. — Não briguem. Vocês são irmãos e precisam cuidar um do outro.
— Mas ele...
— Mas ele nada, Rosalie! Vai tomar o seu café da manhã ou você vai se atrasar e não vai poder entrar na escola.
A pequena fez um semblante triste e pôs-se a comer um dos pães que estava sobre a mesa. Talvez (S/N) estivesse sendo um pouco rígida, mas ela amava seus filhos e queria o melhor para eles.
A mulher pegou uma xícara de café e bebeu. Ao perceber, todos já haviam terminado o café da manhã.
— Vamos? - os olhou.
[...]
— Vocês estão com cinto de segurança aí atrás? - perguntou Yoongi.
— Sim - as duas crianças responderam juntamente.
— Amor - ele chamou a atenção de (S/N), que olhava atentamente para as folhas em seu colo. — Deixo você no trabalho primeiro ou as crianças?
— As crianças. Primeiro Dak-Ho na escola dele e depois Rosalie. Eu vou levá-la na diretoria para assinar alguns papéis da matrícula.
— Ok - respondeu ele e deu partida.
A escola de Dak-Ho não era muito longe. Ele estudava em uma escola pública e não era uma criança trabalhosa, embora na maioria das vezes fosse bem falante e extrovertido.
Ele estava aprendendo a escrever, no pré 1, que contava com crianças de 4 à 5 anos.
(A: para quem não sabe, as escolas públicas da Coréia são BEM MELHORES que as escolas públicas do Brasil)
Já Rose, nunca havia frequentado a escola por proteção e medo de seus pais. Entretanto, aprendeu a ler e a escrever em casa. Só não aprendeu uma coisa: socializar.
Depois de deixar Dak-Ho na escola, Yoongi partiu em direção à escola de sua filha mais velha.
— Chegamos - avisou (S/N), fazendo ele parar o carro. — Vem, filha - ela saiu do carro e abriu a porta de trás — Volto em 5 minutos - avisou ao marido, e então pegou na mão da pequena e andou até lá.
Adentrando o lugar, fizeram todas as crianças ficarem vidradas. Elas chamaram muita atenção. Não por nunca terem sido vistas ali, mas por terem pele escura. Isso não foi terror para (S/N), mas para sua filha, fora motivo de tremores e borboletas no estômago. Rosalie ficou muito tímida com todos aqueles olhares.
— Bom dia, eu estava esperando vocês! - disse o diretor, quando elas entraram em sua sala. — Você é a Rosalie, certo?
A menor fez que sim com a cabeça, receosa.
— E você é a responsável dela, sim? - o idoso olhou para a maior.
— Sim. Sou a mãe dela.
— Assine estes papéis - ele entregou em suas mãos e se levantou. — Já volto - saiu da sala.
— Mamãe - Rosalie chamou a mãe, com lágrimas nos olhos. — E-eu acho que não quero mais ficar aqui...
— Por que, Rose?
— Tem tanta gente...
— Eu sei - ela respondeu. — Mas você conhece o Jeonghan e logo vai fazer amigos novos. Vai ser muito legal, ok? Não fique nervosa - ela abraçou a filha. — Vai ficar tudo bem.
— E se não gostarem de mim?
— Eles vão, sim. Você é uma menina muito especial, Rosalie. Não há como não gostar de você.
O diretor chegou na sala acompanhado de uma mulher de 40 anos aparentes.
— Essa é Chaeji, minha assistente. Ela vai te acompanhar até sua sala, Rosalie - advertiu.
— Então você é a pequena Rosalie? - a mais velha sorriu. — Muito lindinha. É... Diferente. Uma mestiça muito fofa.
— Agradeça - (S/N) mandou, olhando para sua filha, que estava com a cabeça abaixada.
— Obrigada, moça - disse a menina, em um sussurro.
— Terminou de assinar os papéis?
— Sim, diretor. Agora eu preciso ir - disse (S/N), indo até a porta. — Rosalie... Tchau, filha. Fica calma. Vai dar tudo certo - ela abraçou a menor.
— Tá bom, mamãe - ela retribuiu o abraço. — Estou com medo.
— Medo? Não precisa ter medo! A Chaeji aqui vai ser sua amiguinha, agora vamos até as outras crianças?
Rosalie assentiu, então sua mãe foi embora dali. Chegando no carro, logo foi bombardeada de perguntas.
— Não - respondeu. — Ela ainda não foi para a sala de aula, Yoongi.
— Tenho medo dos comentários que as outras crianças possam fazer - confessou ele.
— Eu também. Mas ela precisa conviver com as outras crianças.
— É, né.
Ele dirigiu até a escola que (S/N) trabalhava.
— Te vejo mais tarde - disse a mulher, beijando-o. — Tchau.
— Tchau, meu amor.
[...]
Enquanto isso, na escola de Rosalie...
A menina segurava a mão de Chaeji, nervosa. As duas caminhavam pela escola enquanto a mais velha lhe explicava sobre cada canto do lugar.
— Você parece tristinha, Rosalie. Logo no primeiro dia? - perguntou a moça. — Se anime! Você vai fazer novos amiguinhos agora.
— E se ninguém quiser ser meu amigo? - a garotinha olhou para os próprios pés com uma expressão triste. — Eles estão me olhando muito. Eu estou com medo.
— É normal. Não se preocupe. Você é apenas novata e nunca foi vista andando nesses corredores, é claro que vai chamar atenção - explicou Chaeji. — Nossa escola é muito boa. Logo você vai se acostumar. É apenas o primeiro dia de aula.
— Chaeji.
— O que foi? - ela parou de andar, fazendo Rosalie também parar.
— O que significa "exótica"? - Rose demonstrava uma expressão confusa.
— Significa única e radiante. É como o Patinho Feio.
— E-eu sou feia, Chaeji? - a tristeza era nítida nos olhos da pequena Rosalie.
— Não, Rose, não! Não foi isso que eu quis dizer - avisou. — Você não é feia. É apenas diferente. Um diferente bom. Sabe, o Patinho Feio no meio dos outros patinhos era considerado feio, mas ele era um cisne muito bonito, os outros patos que não conseguiam reconhecer isso.
— Que legal! - a mais nova sorriu. — É que a mamãe sempre diz que sou exótica e perfeita.
— Ela está certa - sorriu. — Sua mãe não é da Coréia, né? Ela é morena e tem cachos. Ela é americana?
— Não. Minha mãe é brasileira e meu pai é coreano. Eu sou... Misturada! - concluiu a pequena.
— É, Rosalie - riu. — Na verdade, se fala "mestiça". Você é uma pequena mestiça. Por que não usa os cabelos soltos igual à sua mãe? O seu cabelo é como o dela.
— Não gosto do meu cabelo, Chaeji - confessou a menor. — Eu queria ter o cabelo liso. Como o do papai e do meu irmão, Dak-Ho. Os cachos ficam bonitos na mamãe... Não em mim!
— Por que diz isso?
— Eu queria ter nascido branquinha como o papai. Dak-Ho diz que eu sou torradinha - disse Rosalie, com um semblante de descontentamento.
— A sua cor é bonita - Chaeji elogiou e elas ouviram o sinal bater. — Hora de ir para a salinha. Vamos.
Ela andou de mãos dadas com Rosalie até sua sala de aula. Era um caminho longo. Os alunos já estavam todos lá, fazendo a menina ficar ainda mais tímida.
— Com licença, srta. Kim - Chaeji bateu na porta e uma mulher, provavelmente a professora, abriu.
— Sim, Chaeji? Bom dia - elas se cumprimentaram.
A coordenadora puxou Rosalie.
— Essa é a nova aluna, a Rosalie Katherine - explicou.
— Oi, pequena - disse a professora. — Pode ir, Chaeji. Obrigada. Entre, Rosalie.
A srta. Kim pegou na mão de Rosalie e as duas ficaram de frente para a sala.
— Essa é Rosalie, a nova coleguinha de vocês. Sejam gentis com ela. Agora vamos dar as boas vindas. 3, 2, 1... - ela iniciou uma contagem regressiva.
— Seja bem vinda - os alunos e a professora disseram em uníssono.
— Obrigada - respondeu ela em um sussurro, com a cabeça abaixada.
A menina andou pela sala. As mesas eram arredondadas e separadas por grupinhos de crianças. Ela reparou que não havia espaço para ela e nenhuma das crianças se ofereceu para dar lugar a ela.
Rose sentou-se numa mesa vazia e ficou fitando as paredes por tempo demasiado, sentindo vontade de chorar ao ver todas as crianças rindo entre si.
— Já volto, preciso pegar uma pasta. Se comportem! - a professora avisou e saiu da sala.
Segundos depois, Rosalie foi atingida por uma bolinha de papel na cabeça.
— Ai! - ela reclamou.
— Feia! - um menino zombou dela. — Você parece um palhaço!
Todos começaram a rir, fazendo a criança abaixar a cabeça.
— Sua mãe te jogou na lama quando você nasceu? Você é tão... Marronzinha! - comentou uma garotinha, fazendo a sala inteira rir novamente.
A porta foi aberta, fazendo as crianças pararem de rir. Rosalie levou os olhinhos cheios de água até a porta e então viu um porto seguro, seu melhor amigo, Jeonghan.
— Desculpa, gente, cheguei atrasado! - se explicou para seus amigos, um dos grupinhos dali, aparentemente os "descolados" da sala.
— Han! - Rosalie sorriu animada, limpando uma lágrima.
— Jeonghan, você ficou sabendo da novidade? - perguntou uma menina.
— Não, que novidade? - respondeu o menino,
todo inocente.
— Colocaram uma menina marrom na nossa sala! - ela exclamou.
— A minha mamãe falou que os mais escuros que nós são pobres, então não sei o que ela está fazendo aqui - disse um dos amigos dele, com uma expressão confusa.
— Mas vocês viram a mãe dela no pátio? Eu nunca vi nada parecido! Só vi gente assim nos filmes lá dos Estados Unidos - comentou outro.
— É, acho que ela veio de uma família de negros. Ouvi dizer que negros são bandidos e usam coisas proibidas para crianças, o meu tio que disse - comentou uma garotinha. — Não acho que na Coréia deviam ter negros!
Jeonghan ficou triste ao ouvir falarem de Rosalie daquela forma, no entanto, ele não podia deixar sua popularidade de lado. Defender uma novata que carecia de qualquer amizade ou moral? Isso acabaria completamente com suas amizades da escola.
— Han... - Rosalie o olhou nos olhos. Seu olhar exalava tristeza e clamava por socorro.
— Por que ela está chamando você de Han? Vocês se conhecem? - um dos amigos dele indagou.
— É claro que não, seu bobo! - Jeonghan negou na hora, balançando a cabeça negativamente. — Essa menina é louca, eu nem conheço ela!
Rosalie sentiu seu coraçãozinho ficar apertado naquele momento e escondeu o rosto com as mãos, virando-se novamente e pondo-se a chorar. Jeonghan queria falar com ela e pedir desculpas. Mas ele hesitou. Infelizmente, hesitou.
Ela não conseguiu se controlar e chorou.
Não porque tivera seus desejos negados ou tivesse caído e ralado o joelho, motivos pelos quais normalmente as crianças choram.
Rosalie chorou naquele instante. Porque foi ali que sua percepção apontara; ela não tinha nenhum amigo.
— Bebê chorona! Bebê chorona! - as crianças começaram a debochar dela.
Srta. Kim abriu a porta da sala e se deparou com uma gritaria. Todos contra aquela minoria. Rosalie era a minoria.
— O que está acontecendo aqui?! - perguntou em um grito, fazendo as crianças ficarem em silêncio e lhe darem atenção. — Por que a Rosalie está chorando?
— Por que ela é uma bebê chorona! Bebezinha! - respondeu um garoto, fazendo seu grupinho rir.
— Isso é muito feio. Parem já com isso! - ordenou a professora, andando até a pequena. — Venha comigo, Rosalie - ela lhe estendeu a mão e a garotinha, com os olhos marejados e avermelhados, pegou.
As duas saíram da sala e a professora a guiou até o corredor e lhe deu um copo de água. A menina bebeu, soluçando de tanto chorar.
— O que aconteceu?
— E-eles estão me chamando de... de bebê chorona! - gaguejou.
— Mas, por que está chorando? - srta. Kim a olhou com preocupação e a garotinha abaixou a cabeça, se negando a dizer o motivo. — Você pode confiar em mim, Rosalie. Vamos, me diga o que está acontecendo.
Após segundos de silêncio, Rosalie levantou a cabeça. Ela ainda chorava, mas estava pronta a dedurar seus colegas de classe.
— Pode falar, anjinho.
— Eles me acham esquisita - confessou. — Eles odeiam a minha cor marrom.
Ao ver a menina falar aquilo com tanta certeza, a professora viu-se preocupada com o racismo que sua nova aluna estava sofrendo. Como crianças tão novas poderiam ofender cruelmente outras crianças tão novas?
Após conversarem alguns minutos, voltaram para a sala. Rosalie manteve-se excluída até que batesse o sinal do recreio. Ela desenhava em seu caderninho e pintava. Não com os lápis de cor da escola, mas com os seus próprios. Esse fora o seu presente de aniversário, pois a garotinha adorava colorir.
E ela coloriu sozinha. Jeonghan não foi falar com ela e sequer se desculpou. Ele apenas fingiu que ela não existia.
Bateu o sinal do recreio e todas as crianças saíram correndo, eufóricas. Rosalie não saiu da sala e continuou com seus desenhos. Jeonghan estava pegando seu lanche, sendo o último a continuar lá.
— Você... Não vai sair para o recreio? - perguntou, chamando a atenção dela.
Ela negou com a cabeça e voltou a centrar-se em seus desenhos. Ele saiu da sala, correndo para acompanhar seus amigos.
[...]
Bateu o sinal que indicava a hora de ir embora. As crianças correram até o grande portão, cada uma indo de encontro ao seu responsável. Yoongi estava lá. Ele dedilhava o celular enquanto esperava Rosalie.
— Kate! - ele exclamou ao vê-la. — Vem!
Ela foi correndo até seu pai, feliz por finalmente se sentir segura com alguém ali.
— Papai! - ela o abraçou. — Vamos para casa?
Ele beijou a testa da filha.
— Vamos. Primeiro temos que passar no trabalho da sua mãe e na escola de Dak-Ho para buscá-los. Venha.
A garotinha correu até o carro.
— Como foi o seu primeiro dia? - ele perguntou.
— Legal, papai - respondeu ela, sorrindo de modo falso.
— Ótimo - ele sorriu também.
• • •
Eram 21h da noite. Rosalie e Dak-Ho estavam na sala vendo televisão.
— Ei, ei. Hora de dormir! - (S/N) chegou na sala, já pegando o controle da TV e desligando o aparelho. — Precisam dormir cedo para amanhã irem estudar.
— Eu já estava com sono, mesmo - disse Dak-Ho. — Boa noite, mamãe - ele a abraçou e foi dormir.
A menina continuou sentada no sofá.
— Mamãe, não posso voltar - disse ela.
— Por que não? Não gostou do seu primeiro dia? - (S/N) perguntou, já confirmado suas teorias.
— Não! Eu gostei, sim... Mas acho que estou doente, mamãe - ela forçou uma tosse.
— Rosalie! Você não está doente! - ela colocou a mão sobre a testa de sua filha, não percebendo sinal algum de febre. — Até agora você e Dak-Ho estavam brincando juntos! Me conte a verdade.
A pequena suspirou e olhou nos olhos de sua mãe. (S/N) sabia que tinha alguma coisa errada.
— Eles foram maus com você, Rosalie?
A pequena confirmou com a cabeça, abraçando a cintura de (S/N) e chorando.
— Por que não me contou, meu amor? Você precisa me contar tudo, está bem? - ela pegou o queixo da filha com cuidado. — O que eles disseram para você?
— Eles disseram coisas feias, mamãe... - ela colocou a mão no rosto e continuou chorando. Entre soluços, continuou: — Eles disseram que você me jogou na lama quando eu nasci! E disseram que eu sou pobre por ser escura, e que os negros são bandidos. Eles nos ofenderam, mamãe!
— E Jeonghan? Você não caiu na sala dele?
— Ele fingiu que não éramos amigos e também riu de mim, ele me chamou de bebê chorona junto com os outros!
(S/N) ficou surpresa e muito decepcionada com o que ouvira. Ela estava muito triste por sua filha estar sofrendo as mesmas coisas que ela sofrera no passado.
— Não fique assim, Rosalie. Não ligue para os comentários idiotas. Você é muito linda. Você é exótica, única, meu amor.
— Por que eu não consigo achar isso, mamãe?
E então (S/N) encerrou sua noite da pior forma possível, tendo em seus braços sua filha emocionalmente machucada. Uma criança tão nova machucada por outras crianças tão novas.
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