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História The Twilight Saga - Adrenaline


Escrita por: Wonderfulll_P

Notas do Autor


• Oi oi, baldes de glitter;
• É o seguinte, eu falei no capítulo anterior que os lobos iriam aparecer nesse, porém ele ficou MUITO grande, então eu fui obrigada a dividir. Ou seja, eles vão aparecer no próximo ( que já está pronto, só não será postado hoje porque precisa ser corrigido, então não briguem comigooo🤭).
• Se eu conseguir reler e fazer as alterações ainda hoje, ele sai amanhã. Mas não é certo, pq mesmo dividido ainda ficou grande hihihi. Eu me empolgo, desculpem.
• Sem mais delongas, boa leitura;




LEIAM AS NOTAS INICIAIS!!!

Capítulo 19 - Adrenaline


No domingo do dia seguinte, Bella passou o dia com Jacob comprando peças para as motos. Os dois discutiram o caminho inteiro sobre quem era o mais velho dada as experiências que tinham e isso ocupou completamente a mente inebriada da garota. Anna e Triz passaram a tarde inteira jogadas no sofá com baldes de pipoca, refrigerante e muitos doces. Precisavam aproveitar a oportunidade, já que não era todo dia que a Miss Saudável não estava em casa. Assistiram vários filmes, fofocaram sobre tudo e todas as novidades que aconteciam na escola. A Major estava com saudade disso, passar um tempo com a irmã mais nova. A festinha das duas foi interrompida por uma ligação. Era Charlie as avisando para aprontarem-se e irem para a reserva, pois à noite jantariam na casa de Billy. Em poucos minutos as duas já estavam prontas e em meia hora de viagem, chegaram. Mesmo indo de moto o trajeto foi longo, havia chovido a tarde inteira e as ruas estavam completamente encharcadas, então Anna reduziu o máximo que pode e agradeceu aos céus pela chuva ter estiado. Chegando na casa dos Black's, as duas viram o tio e Billy parados perto da picape de Bella. Charlie mantinha uma expressão de surpresa em seu rosto e logo elas entenderam o porquê. Bella e Jacob corriam na direção deles, um segurando-se no outro para não escorregarem e cair na lama. Ambos dando sorrisos como se fossem duas crianças fugindo dos pais ou que fizeram arte.

- Oi pai.- disseram os dois em uníssono, logo se olharam e caíram na gargalhada.

 O Xerife não poderia estar mais surpreso e feliz por ver a filha rindo novamente. Seus olhos se desviaram para baixo e ele viu os dois de mãos dadas. Arregalou os olhos, mas não tocou no assunto.

- Billy nos convidou para jantar - disse ele, num tom distraído.

- Minha super-receita secreta de espaguete. Transmitida ao longo de gerações - Billy se gabou e Jacob bufou, revirando os olhos.

- Não acho que os molhos prontos existam há tanto tempo, pai.- zombou.

A casa ficou abarrotada. Harry Clearwater estava lá também, com sua família – a esposa, Sue, que Bella conhecia vagamente de seus verões em Forks, na infância, mas que suas primas estavam bastante familiarizadas por passarem mais tempo em Forks do que ela – e os dois filhos. Leah cursava o último ano, assim como Triz e Bella, mas era um ano mais velha. Tinha uma beleza exótica – a pele acobreada perfeita, o cabelo preto cintilante, cílios como espanadores de penas  e era pensativa. Ela estava ao telefone de Billy quando entraram e não o largou. Seth tinha 16 anos, quase 17; ele absorvia cada palavra de Jacob com olhos de idolatria. Eram muitas pessoas para a mesa da cozinha, então Charlie e Harry levaram cadeiras para o jardim e todos comeram espaguete com o prato no colo, à luz fraca da porta aberta de Billy. Os homens conversaram sobre o jogo, Harry e Charlie fizeram planos para pescar. Sue implicava com o marido por causa do colesterol e tentou, sem sucesso, obrigá-lo a comer algum alimento verde e folhoso. As duas irmãs não puderam deixar de sorrir com isso e zombaram a prima por ser igualzinha a Sue. 

Jacob conversou mais com Bella,  Seth – que interrompia ansioso sempre que Jake parecia se esquecer dele e principalmente por estar nervoso perto da Swan mais nova –, e Triz, que gargalhava com as bobagens que Jacob dizia para envergonhar o amigo. Charlie observava a filha, tentando disfarçar, com olhos felizes, porém cautelosos. Ficava barulhento e às vezes confuso quando todos falavam juntos, e o riso de uma piada interrompia a outra a ser contada. E por incrível que pareça, Bella não queria ir embora. Estava nítido em seu rosto. Mas ali era Washington e a chuva inevitável por fim interrompeu a festa; a sala de estar de Billy era pequena demais para servir de opção para continuarem com o encontro. Harry tinha dado uma carona a Charlie até ali, então os quatro Swan's voltaram juntos na picape para casa, não antes de Anna fazer uma série de ameaças a Jacob se algo acontecesse com sua moto. Teve de deixá-la porque a carroceria da picape não tinha espaço disponível para acomodar a motocicleta. Charlie lhes perguntou sobre o dia e elas contaram praticamente tudo. Mas ele estava mais interessado no que a filha fizera e ela falou a verdade – que fora com Jacob procurar peças e depois o vira trabalhar na garagem.

- Acha que vai visitá-lo de novo em breve? - perguntou ele, tentando parecer despreocupado.

- Amanhã, depois da aula - admitiu. - Vou levar o dever de casa, não se preocupe.

- Faça isso mesmo – ordenou ele, tentando disfarçar a satisfação que não passou despercebida pelas garotas. 

Era bom vê-las se reerguendo, mas nem a privação de sono, nem todo o dever de casa do mundo e principalmente: nem o tempo passado com Jacob – sendo quase feliz, de uma forma superficial – poderiam afugentar os sonhos da castanha por duas noites seguidas. E no meio da madrugada ela acordou tremendo, seu grito sendo abafado pelo travesseiro. Aos poucos Bella voltava a vida, mas ainda assim, sentia uma parte faltando dentro de si.

[...]

- Ben pegou uma virose gástrica - disse Angela com sua voz calma e baixa. - Por sorte só vai durar umas vinte e quatro horas. Ele ficou muito enjoado ontem à noite.

- O que vocês fizeram no fim de semana? - perguntou Jessica, sem parecer se importar com a resposta. Triz pode apostar que era só uma deixa para ela contar as próprias histórias. Imaginou se ela falaria de Port Angeles com ela e Bella ali, sentadas a duas cadeiras de distância.

- Íamos fazer um piquenique no sábado, mas... mudamos de ideia - disse Angela. Havia uma tensão na voz dela que atraiu o interesse da castanha. O de Jessica, nem tanto.

- Que chato. - disse ela, prestes a se lançar em sua história. Mas Bells não era a única que estava prestando atenção.

- O que aconteceu? - perguntou Lauren com curiosidade.

- Bom... - Angela começou, parecendo mais hesitante do que o normal, embora sempre fosse reservada -, nós fomos de carro para o norte, quase até a estação de águas... Tem um lugar bom por ali, a um quilômetro da trilha. Mas quando estávamos na metade do caminho... vimos uma coisa.

- Viram uma coisa? O quê? 

As sobrancelhas claras de Lauren se uniram. Agora até Jess parecia estar ouvindo.

- Não sei - disse Angela. - Achamos que fosse um urso. Era preto, de qualquer forma, mas era... grande demais.

Lauren bufou.

- Ah, não, você também, não! - Havia escárnio nos olhos dela. - Tyler tentou me convencer da mesma coisa na semana passada.

- Você não vai ver nenhum urso tão perto do resort.- disse Jessica, apoiando Lauren.

- É verdade - protestou Angela em voz baixa, olhando para a mesa. - Nós vimos mesmo. 

Lauren deu uma risadinha, falsa. Mike falava com Conner, sem prestar atenção nas meninas.

- Não, ela tem razão - Bella se  intrometeu, impaciente. - Tivemos um montanhista no sábado que também viu o urso, Angela. Ele disse que era imenso e preto, e estava nos arredores da cidade, não foi, Mike?

 Houve um momento de silêncio. Cada par de olhos na mesa se virou para ela, em choque. Uma garota nova, Katie, escancarou a boca como se tivesse acabado de testemunhar uma explosão. Ninguém se mexeu.

- Mike? - murmurou, mortificada.- Você se lembra do cara com a história do urso?

- C-claro - gaguejou ele depois de um segundo. Ela não sabia por que ele a olhava de um jeito tão estranho. Ela falava com ele no trabalho, não falava? Não falava? Assim pensava, pelo menos... Mike se recuperou.- É, teve um cara que disse ter visto um urso-preto enorme na trilha... Maior do que um urso-pardo - confirmou ele.

- Umpf! - Lauren se virou para Jessica, os ombros rígidos, e mudou de assunto.

- Soube alguma coisa da universidade? - perguntou ela. Todos desviaram os olhos também, exceto Mike, Angela e Triz, que comia quieta, segurando-se para não rir da cara de nojo de Lauren. Angela sorriu para Bella, indecisa, e ela se apressou à retribuir o sorriso.

- Então, o que você fez no fim de semana, Bella?- perguntou Mike, curioso, mas estranhamente cauteloso. Todos olharam, exceto Lauren, esperando pela resposta dela. Triz conteve a risada, lembrando-se de Jessica quieta e emburrada por todo o caminho de volta.

- Na sexta à noite, Jessica, Triz eu fomos a um cinema em Port Angeles. E depois passei a tarde de sábado e a maior parte do domingo em La Push, com as meninas.

 Os olhos disparavam de Jessica para elas. Jess parecia irritada. Triz perguntou-se se ela não queria que ninguém soubesse que tinha saído com elas ou se queria contar ela mesma a história.

- Que filme vocês viram? - questionou Mike, começando a abrir um sorriso.

- Terror sem fim... Aquele dos zumbis.- Ela sorriu, estimulando-o. Pensou que talvez  pudesse recuperar parte dos danos que provocara naqueles meses como zumbi.

- Soube que é de dar medo. Você achou? - Mike estava aflito para continuar a conversa.

- Bella teve que sair no final, de tão apavorada que ficou - intrometeu-se Jessica com um sorriso malicioso.

- E você não calou a boca durante o filme inteiro, nem sei como prestou atenção em algo que não fosse o som da sua voz.- Triz rebateu, fazendo a garota se calar imediatamente. 

A caçula da família Swan podia até não estar falando muito durante o almoço, mas se tem algo que ela não faria é levar desaforo para casa. Tinha em mente que um dia, se a vida lhe desse essa oportunidade e a sorte estivesse a seu favor, daria uma surra em Jessica Stanley. Tyler tentou segurar a gargalhada, mas não fora rápido o suficiente para que ninguém percebesse e a Stanley o encarou com sangue nos olhos.

- Foi apavorante mesmo.

Bella assentiu, tentando parecer constrangida e acabando com o assunto anterior, mesmo que tivesse gostado de ver a prima dar nos dedos da garota. Mike não parou de fazer perguntas até que o almoço tivesse acabado. Aos poucos, os outros conseguiram recomeçar as próprias conversas, embora ainda olhassem muito para Bella com curiosidade. Angela conversou principalmente com Mike, Triz  e a castanha, e quando Bella levantou para descartar a bandeja, ela a seguiu.

- Obrigada - disse Angela numa voz baixa quando estavam longe da mesa.

- Pelo quê?

- Por falar, me dando apoio.

- Sem problemas.- Ela olhou para Bells preocupada, mas não daquele jeito ofensivo de talvez-ela-esteja-maluca.

- Você está bem?

Foi por isso que a Swan chamou Jessica e não Angela – embora sempre tenha gostado mais de Angela – para a noite de cinema. Ela era perceptiva demais.

- Não completamente - admitiu. - Mas estou um pouco melhor.

- Fico feliz com isso - disse ela. - Senti sua falta.

Lauren e Jessica foram na direção das garotas. Bella, Ang e Triz, que se aproximava das duas ouviram Lauren cochichar alto:

- Ah, que alegria. A Bella voltou.

- Caso não tenha olhos e não tenha reparado, Lauren, ela nunca foi embora. Diferentemente de você, que se sumisse, ninguém notaria.- Beatriz falou, seca e extremamente rude. 

A loira nojenta, vulgo Lauren, não esperava uma resposta, então ficou com os olhos arregalados sem qualquer outra reação. Angela segurou a risada e piscou para Bella, a encorajando. A castanha suspirou, era como se estivesse começando tudo de novo.

- Que dia é hoje? - perguntou de repente.

- Dezenove de janeiro. Por quê?- Angela falou, seguindo o corredor na direção doa armários com as duas garotas ao seu lado.

- Ontem fez um ano que chegamos aqui.

- Bom, não mudou muita coisa.- murmurou Angela, olhando para Lauren e para Jessica.

- Eu sei - concordou. - Era nisso mesmo que eu estava pensando.- Triz encarou a prima, entendeu as entrelinhas de sua fala e a dor por trás dela. A abraçou de lado, lhe reconfortando e juntas, as três rumaram para a aula de história.

[...]

Uma semana se passou, Bella e Jake estavam mais grudados do que o normal. Não era difícil a castanha ver os olhares maliciosos das primas e dos amigos de Jacob para cima dos dois. No sábado seguinte, Bells ajudou as primas a limpar a casa – esperando que Jacob telefonasse e tentando se livrar do último pesadelo. O cenário tinha mudado. Na noite anterior, ela vagava num amplo mar de samambaias intercaladas com cicutas enormes. Não havia mais nada lá e ela estava perdida, vagando sem rumo e sozinha, procurando por nada em especial. Queria bater em si mesma pela viagem idiota da semana anterior. Quando ela e Jake resolveram fazer uma trilha, afim de encontrar o campo que Edward a levou uma vez (não que o quileute soubesse disso). Bells expulsou o sonho de seu pensamento na esperança de que ele ficasse preso em algum lugar e não escapasse de novo. Charlie estava lá fora lavando a viatura da polícia, então, quando o telefone tocou, a castanha largou a escovinha de banheiro e desceu correndo para atender.

- Alô? - perguntou, sem fôlego.

- Bella - disse Jacob com um estranho tom formal.

- Oi, Jake.

- Acho que... temos um encontro.- falou ele, a voz cheia de implicações. Ela precisou de um segundo para entender.

- Estão prontas? Não acredito!

Que senso de oportunidade perfeito. Ela precisava de algo para distrair-se  dos pesadelos e do nada dentro de si.

- É, andam e tudo.

- Jacob, você é absolutamente, sem dúvida alguma, a pessoa mais talentosa e maravilhosa que eu conheço. Ganhou dez anos com essa.

- Que legal! Agora sou um homem de meia-idade.- ela riu.

- Estou indo para aí!- atirou o material de limpeza debaixo da bancada do banheiro e pegou seu casaco.

- Cuidado quando for dirigir e obedeça as instruções de Jake. Ai de você se aparecer aqui toda quebrada, Bella.- Anna falou, aparecendo na porta do quarto da prima, com a irmã atrás.

- Está bem, não se preocupe. - a castanha concordou.

- Posso ir junto? Ou você prefere ficar a sós com o Jake?- Triz provocou, fazendo a irmã gargalhar e Bella ficar vermelha.

- Não seja boba, Tris. Nós somos amigos...

- Da sua parte, você quer dizer, né?- Anna foi sarcástica.

- Bom... É. Enfim, claro que pode ir Triz. Vá se arrumar.

- Estou prontíssima, Bells. Mais linda que eu, só duas de mim. Vamos logo.- a caçula deu um beijo na da irmã e rumou com a prima para o andar de baixo.

- Vão ver Jake? - Charlie falou, quando as viu passar correndo por ele. Não era de fato uma pergunta.

- É. - Bella respondeu ao pular para dentro da picape.

- Estarei na delegacia mais tarde, Anna irá comigo. Se precisarem de qualquer coisa, liguem para lá.

- Tudo bem!-  gritou para ele, ligando a ignição. 

Charlie disse mais alguma coisa, mas elas não puderam ouvi-lo com clareza por causa do ronco do motor. Pareceu algo como: "Onde é o incêndio?" Alguns minutos de piadinhas da Triz depois, a castanha estacionou o carro ao lado da casa dos Black, perto das árvores, para que ficasse mais fácil retirar escondido as motos. Quando saíram da picape, uma mancha de cor chamou a atenção de ambas – duas motos reluzentes, uma vermelha, outra preta, estavam escondidas sob um abeto, invisíveis da casa. Jacob estava preparado. Havia uma fita azul formando um lacinho em volta de cada punho.

- Nossa, como o Jake é criativo.- a caçula brincou. As duas estavam rindo disso quando Jacob saiu da casa.

- Prontas? - perguntou ele em voz baixa ao ver as duas, os olhos brilhando, mesmo que ele preferisse ficar sozinho com Bella. A castanha olhou por sobre o ombro dele e não havia sinal de Billy.

- Com certeza. - disse, mas não sentia-se tão animada quanto antes; estava tentando se imaginar realmente em cima da moto. Com facilidade, Jacob levou as motos para a caçamba da picape, deitando-as de lado com cuidado para que não aparecessem.

- Vamos.- disse ele, a voz mais alta do que o normal, de tão empolgado.  - Conheço um lugar perfeito... Ninguém vai nos ver lá.

Os três foram para o sul, saindo da cidade. A estrada de terra entrava e saía sinuosa do bosque. Às vezes não havia nada além de árvores e depois, de repente, tinham um vislumbre emocionante do Oceano Pacífico, estendendo-se no horizonte, cinza-escuro sob as nuvens. Estavam acima da costa, no alto do penhasco que cercava a praia, e a vista parecia se estender para sempre. Bella dirigia devagar, assim podia de vez em quando olhar o mar com segurança, quando a estrada se aproximava mais dos penhascos. Jacob e Triz estavam em uma conversa animada, ele contava como havia aprontado as motos, mas suas descrições estavam ficando técnicas e Bella não prestava muita atenção. A castanha admirava o horizonte e foi quando percebeu quatro figuras paradas numa saliência rochosa, perto demais do precipício. De longe não sabia que idade tinham, mas imaginou que fossem homens, da idade ou poucos anos mais velhos que Anna. Apesar do frio no ar, eles pareciam estar somente de short. Enquanto ela olhava, o mais alto se aproximou da beira. Bells automaticamente reduziu, seu pé hesitando no pedal do freio. Depois ele se atirou.

- Não! - gritou, pisando firme no freio.

- Que foi? - gritou Jacob, alarmado e Triz levou um susto.

- Aquele cara... Ele acaba de pular do penhasco! Por que não o impediram? Temos que chamar uma ambulância!

A porta do motorista foi aberta num rompante e ela começou a sair, o que não fazia sentido algum. O caminho mais rápido até um telefone era voltar para a casa de Billy. Mas Bella não acreditava no que acabara de ver. Talvez, em seu inconsciente, ela esperasse ver alguma coisa diferente sem o vidro do para-brisa no meio. Jacob riu, fazendo-a se virar para encará-lo, desvairada. Afinal, como ele podia ser tão insensível, ter sangue-frio?

- Eles só estão mergulhando do penhasco, Bella. Por diversão. La Push não tem shopping, sabia? - Ele zombava dela, mas havia uma estranha irritação em sua voz.

- Mergulhando? - repetiu, tonta. 

Olhou incrédula enquanto uma segunda figura se aproximava da beira, parava e depois, muito graciosamente, saltava no espaço. Ele caiu pelo que pareceu uma eternidade para ela, entrando com suavidade nas ondas cinza-escuras lá embaixo.

- Caramba. É tão alto.- Voltou para o banco, ainda fitando de olhos arregalados os outros dois mergulhadores.

- Deve ter uns trinta metros.- Triz falou, inclinando-se sob a prima para ver melhor sem precisar sair do carro.

- Bom, é, a maioria de nós pula de lugares mais baixos, daquela pedra que se destaca na metade do penhasco. - Ele apontou pela janela. O lugar que indicou parecia muito mais razoável. - Esses caras são malucos. Devem estar se exibindo, mostrando que são durões. Quer dizer, hoje está congelando. A água não deve estar boa. 

Ele fez uma cara de desgosto, como se a proeza o ofendesse pessoalmente. Isso a surpreendeu um pouco. Bella achava que era quase impossível algo ou alguém irritar Jacob.

- Você pula do penhasco? -  Ela não tinha deixado passar aquele "nós".

- Claro, claro. - Ele deu de ombros e sorriu. - É divertido. Meio assustador, um tipo de adrenalina.- a castanha olhou para os penhascos, onde a terceira figura avançava para a beira. Nunca tinha testemunhado nada tão imprudente em toda a sua vida. Seus olhos se arregalaram e ela sorriu.

- Jake, você precisa me levar para mergulhar do penhasco.- Ele franziu a cara, exprimindo reprovação.

- Você bateu a cabeça, Isabella? Qual a dificuldade de ficar com os dois pés bem firmes no chão?- era verdade que Beatriz sempre foi uma cagona quando a o assunto era altura. Ela sempre teve medo... Pavor, na verdade. Não entendia a necessidade que certas pessoas sentiam de pular quando se está a beira de um lugar alto, mesmo que por diversão ou esporte.

- Bella, você agora mesmo queria chamar uma ambulância para Jared.- Jake lembrou-a e a garota não ficou surpresa que ele soubesse quem era daquela distância.

- Quero tentar - insistiu, começando a sair do carro de novo. Jacob pegou seu punho.

- Hoje não, está bem? Será que podemos pelo menos esperar por um dia mais quente?

- Tudo bem, tá legal - concordou. Com a porta aberta, a brisa glacial dava arrepios em seu braço. - Mas quero ir logo.

- Logo. - Ele revirou os olhos. - Às vezes você é meio estranha, Bella. Sabia disso?- ela suspirou.

- Só às vezes? - a caçula zombou e Bella revirou os olhos, respondendo a Jacob em seguida:

- Sabia.

- E não vamos pular do topo. - ele acrescentou rapidamente, enquanto ela olhava, fascinada, o terceiro cara que correu e se atirou no ar vazio mais longe do que os outros dois. Ele girou e deu um mortal enquanto caía, como se estivesse praticando skydiving. Parecia absolutamente livre, sem pensar e um total irresponsável.

- Ótimo - concordou. - Não na primeira vez, pelo menos.

- Vocês dois são suicidas, é isso. Não tem outra palavra que os defina. Pular de um penhasco... Vê se pode.- murmurou a mais nova, em reprovação. - Vamos testar as motos hoje ainda ou não?- perguntou, cortando os planos da prima e de Jacob.

- Tudo bem, tudo bem - a castanha  disse, tirando os olhos da última pessoa que aguardava no penhasco. Recolocou o cinto de segurança e fechou a porta. O motor ainda estava ligado, rugindo em ponto morto. Recomeçaram a descer a estrada.

- Então, quem eram aqueles caras... Os malucos? - perguntou Bells. Saiu um rosnado de revolta do fundo da garganta do quileute.

- A gangue de La Push.

- Vocês têm uma gangue? Cara, esse lugar só fica melhor.- Triz estava impressionada e Jake riu da sua reação.

- Não assim. Juro, eles são como inspetores de colégio enlouquecidos. Não começam as brigas, mantêm a paz. - Ele bufou. - Havia um sujeito lá de cima, perto da reserva Makah, um grandalhão também, de aparência apavorante. Bom, dizem por aí que ele estava vendendo metanfetamina a crianças, e Sam Uley e seus discípulos expulsaram-no de nossas terras. Todos eles só querem saber de nossas terras, e de orgulho tribal... Está ficando ridículo. O pior é que o conselho os leva a sério. Embry disse que o conselho se reúne com Sam. - Ele sacudiu a cabeça, a face cheia de ressentimento. - Embry também soube por Leah Clearwater que eles se chamam os protetores ou algo assim.

As mãos de Jacob se fecharam, como se ele estivesse com vontade de bater em alguma coisa. Elas nunca viram aquele lado dele, nem mesmo Triz que convivia com ele a muito mais tempo. Bella ficou surpresa ao ouvir o nome de Sam Uley. Soube pelo pai e pelas primas que foi ele quem a achou na floresta, mas ela não queria ter de volta as imagens de seu pesadelo, então fez uma observação rápida para se distrair.

- Você não gosta muito deles.

- Parece mesmo? - perguntou ele com sarcasmo.

- Bom... Não parece que estejam fazendo algo ruim. - Tentou acalmá-lo, deixá-lo animado de novo. - Só uma espécie de gangue de santinhos irritantes.

- E gostosos. Não esqueça que são gostosos. Você não viu eles sem blusa, mas garota...- a caçula deu um olhar sugestivo para prima e se abanou, fingindo estar com calor. Bella não deixou de rir e Jacob apenas revirou os olhos.

- É. Irritante é uma boa palavra. Eles estão sempre se exibindo... Como a história do penhasco. Eles agem como se... como se, sei lá. Como uns brutamontes. Uma vez, no semestre passado, eu estava com Embry e Quil na loja e Sam apareceu com os seguidores dele, Jared e Paul. Quil disse alguma coisa, você sabe que ele tem a língua muito grande, e aquilo irritou Paul. Os olhos dele escureceram  e ele pareceu sorrir... Não, ele arreganhou os dentes, mas não sorriu... E foi como se estivesse tão irritado que chegava a tremer ou coisa assim. Mas Sam pôs a mão no peito de Paul e sacudiu a cabeça. Paul olhou para ele por um minuto e se acalmou. Sinceramente, foi como se Sam o estivesse contendo... Como se Paul fosse nos dilacerar caso Sam não o impedisse. - Ele gemeu. - Parece um faroeste vagabundo. Sabe, o Sam é um sujeito grandalhão, tem uns 21 anos. Mas Paul só tem 19, acho. Qualquer um de nós podia dar conta dele.

- Eu adoraria ter essa oportunidade, mas acho que o Paul se interessou pela Anna. - o duplo sentido de Triz foi entendido com sucesso.

- Sério? Desde quando? Achei que não se conheciam.- Jake estava surpreso, não sabia que Anna e Paul eram próximos.

- E não se conhecem. Bom, não formalmente. Só se viram no dia em que Bella se perdeu na floresta. Mas não vamos falar de coisas ruins, o que importa é que eu vi o jeito que ele olhou para a minha irmã, enquanto ela acabava com o pobre saco de areia.

- Como assim, a olhou?- Jacob parecia perdido. A pesar de parecer mais velho,  Triz tinha um ano a mais que ele. Mesmo assim, era de se imaginar que um adolescente entenderia perfeitamente o que a garota estava dizendo.

- Ah, Jake. Não se faça de inocente. Nós dois sabemos bem qual era o jeito que Paul olhava para Anna.- ela apontou a prima com a cabeça, falando silenciosamente para ele que seu jeito de olhar para Bella era exatamente igual. Jacob corou sob a pele avermelhada, mudando de assunto.

- O que importa é que eles são uns brutamontes.

- Brutamontes - Bella concordou, ignorando a conversa anterior. 

Ela podia visualizar a gangue de La Push enquanto Jake os descrevia, e isso lhe trouxe uma lembrança... Um trio de morenos altos, juntos e imóveis, a sua volta. A imagem era torta, porque sua cabeça estava encostada no peito do pai, enquanto Triz ou Anna se curvaram sobre ela, lhe dando um beijo na testa... Seria essa gangue de Sam? Anna havia lhe dito que uns garotos da reserva ajudaram nas buscas, mas só lembrou do nome do mais velho. Agora, com Triz falando sobre Paul, ela percebeu que sim. Eram eles . Logo Bella falou de novo, para distrair-se das memórias sombrias.

- Sam não é o meio velho demais para esse tipo de coisa?

- É. Ele devia ir para universidade, mas ficou. E ninguém deu a mínima para isso. Todo o conselho quase teve uma síncope quando minha irmã recusou a bolsa parcial e se casou. Mas, ah, não, Sam Uley não faz nada de errado.- Seu rosto tinha linhas desconhecidas de ultraje. Ultraje e outra coisa que de início ela não reconheceu.

- Tudo isso é bem irritante e... estranho. Mas não entendo por que leva essa história para o lado pessoal. - Espiou seu rosto, na esperança de que não o tivesse ofendido. Ele de repente ficou calmo, olhando pela janela.

- Você perdeu a entrada - disse numa voz monótona. 

Bella manobrou o carro num U largo, quase batendo numa árvore quando sua volta tirou metade da picape da estrada. Triz resolveu ficar quieta, notando o clima pesado que se instaurou no carro. Ela não queria bancar a curiosa, mas era inevitável. Por dentro torcia secretamente para que Bells continuasse com sua interminável lista de perguntas.

- Obrigada por ter me avisado - murmurou a castanha e entrou na via secundária.- Desculpe, eu não estava prestando atenção.

- Tudo bem. Pode parar em qualquer lugar por aqui.

E assim, os três desceram da picape. Jake posicionou as motos uma ao lado da outra, com certa distância entre elas. A moto de repente pareceu a intimidar e assustar a garota, quando percebeu que logo estaria montada nela. Jake notou sua hesitação.

- Vamos começar devagar, Bella. - prometeu.

- Jake...

- Sim?

- O que realmente está incomodando você? Sobre a história do Sam, quer dizer? Tem mais alguma coisa? 

Ele fez uma careta, mas não parecia estar com raiva. Triz continuou caladinha, mesmo estando bem a vista dos dois, enquanto Jake olhou a terra e chutou o pneu da frente da moto repetidas vezes, como se marcasse um compasso. Ele suspirou.

- É só... o modo como eles me tratam. Me dá arrepios. - as palavras começavam a jorrar.- Sabe, o conselho deve ser composto de iguais, mas se houvesse um líder, seria meu pai. Nunca pude entender por que as pessoas o tratam desse jeito. Por que a opinião dele é a que mais conta. Tem alguma coisa a ver com o pai dele, e o pai do pai dele. Meu bisavô, Ephraim Black, foi algo como o último chefe que tivemos, e eles ainda ouvem o Billy talvez por causa disso. Mas eu sou como todo mundo. Ninguém me trata de um jeito especial... Até agora.- Isso pegou-a de surpresa.

- Sam trata você de um jeito especial?

- É.- concordou ele, fitando as duas com os olhos perturbados. - Ele me olha como se esperasse alguma coisa... Como se um dia eu fosse me juntar à gangue idiota dele. Ele presta mais atenção em mim do que em qualquer dos outros caras. Detesto isso.

- Não tem que se juntar a nada. 

A voz de Bells soou colérica. Aquilo estava mesmo aborrecendo Jacob, o que a enfurecia. Afinal, quem aqueles protetores pensavam que eram?

- É. 

O pé dele continuava batendo ritmadamente no pneu. A revolta da castanha surpreendeu a caçula. Era raro ver Bella brava, nem mesmo com o término ela ficou assim. Talvez fosse a convivência com Anna.

- Que foi? - Triz perguntou. Pode ver que havia mais. Ele franziu o cenho, as sobrancelhas unindo-se de uma forma que demonstrava tristeza e preocupação, em vez de raiva.

- É o Embry. Ele anda me evitando nos últimos dias.- Os pensamentos não pareciam relacionados, mas Bella se perguntou se era a culpada pelos problemas com o amigo dele.

- Você anda saindo muito comigo - Bells lembrou a ele, sentindo-se egoísta. Ela o estava monopolizando.

- Não, não é isso. Não é só comigo... É com o Quil também, e com todo mundo. Embry faltou uma semana à escola, mas nunca estava em casa quando tentamos vê-lo. E quando voltou, parecia... parecia nervoso. Apavorado. Quil e eu tentamos fazer com que ele nos contasse o que havia de errado, mas ele não falou com nenhum de nós.

 A castanha olhou para a prima, mordendo os lábios de ansiedade. Jake estava mesmo assustado. Ele ficou olhando o pé que batia no pneu como se pertencesse a outra pessoa. O ritmo se intensificou.

- E nesta semana, do nada, Embry estava andando com Sam e os outros. Ele estava lá nos penhascos hoje. - Sua voz era baixa e tensa. - Meninas, eles incomodavam mais o Embry do que a mim. Embry não queria ter nada a ver com eles. E agora está seguindo Sam como se tivesse entrado para um culto. E foi assim que aconteceu com Paul. Exatamente do mesmo jeito. Ele não tinha nenhuma amizade com Sam. Depois parou de ir à escola por algumas semanas e, quando voltou, de repente Sam era dono dele. Não sei o que isso significa. Não consigo imaginar o que é, e sinto que tenho que descobrir, porque Embry é meu amigo e... Sam olha para mim de um jeito estranho... e... - Ele parou.

- Já conversou com Billy sobre isso? - Triz perguntou. O pavor dele estava passando para elas, que sentiam arrepios correndo pela nuca. Agora havia raiva em seu rosto.

- Já.-  ele bufou. - Foi de muita ajuda.

- O que ele disse?- a expressão de Jacob era sarcástica e, quando ele falou, sua voz imitava o tom grave do pai.

- "Não há nada com que se preocupar agora, Jacob. Daqui a alguns anos, se você não... Bom, vou explicar mais tarde." - E depois retomou a própria voz. - O que eu devia concluir disso? Será que ele está tentando dizer que é uma coisa idiota da puberdade, que vem com a idade? Tem coisa aí. Alguma coisa errada.-

 Ele mordia o lábio inferior e cerrava as mãos. Parecia estar a ponto de chorar. Sem pensar, Bella jogou os braços em torno dele, por instinto, envolvendo sua cintura e apertando o rosto contra seu peito. Ele era tão grande que ela sentia-se uma criança abraçando um adulto.

- Ah, Jake, vai ficar tudo bem! - prometeu.

- Se piorar, você pode morar conosco e com Charlie. Não fique com medo, vamos pensar em alguma solução!- Triz falou, dando apoio. Ele ficou paralisado por um segundo, alternando o olhar entre Triz que esboçava um sorriso fino e Bella, que enterrou o rosto em seu peito. Depois de segundos seus braços longos a envolveram, hesitantes.

- Obrigado, Bella. E obrigado, Triz. Vocês são incríveis. 

A voz dele soava mais rouca que o normal. Ficaram os três parados ali por um momento, e isso não os incomodou, principalmente Bella que, na verdade, sentiu-se reconfortada pelo contato com ele. Não era nada parecido com a última vez que alguém a abraçara assim. Era amizade. E Jacob era muito quente. Foi estranho para ela ficar tão perto – emocional, não fisicamente, embora o físico também lhe fosse desconhecido – de outro ser humano. Não era seu estilo habitual e sim o de suas primas, que não se importavam em abraçar as pessoas o tempo inteiro, sem qualquer pretexto para tal. Mas Bella não se relacionava com as pessoas com tanta facilidade, num nível tão profundo. Não com seres humanos.

- Se é assim que você vai reagir, vou ficar nervoso com mais frequência. 

Jacob zombou, falando para Bella, mas olhando para Triz que fazia um coração com as mãos ás costas da prima. Ele estava tranquilo, normal de novo, e seu riso trovejou no ouvido da castanha. Delicadamente, os dedos de Jake tocaram seu cabelo, indecisos. Bom, para ela era amizade. Afastou-se depressa, rindo com ele, mas decidida a colocar de novo as coisas em seus lugares.

- É difícil acreditar que sou dois anos mais velha do que você.- ela disse, destacando as palavras mais velha. Triz negou com a cabeça, batendo a palma da mão na testa. Sua vontade era de estapear a prima e perguntar qual era o problema dela. Estava nítido que Jacob queria mais do que apenas amizade e a garota o colocava na friend zone. - Você faz com que eu me sinta uma anã. - Parada ali tão perto dele, ela tinha mesmo de esticar o pescoço para ver seu rosto.

- Está se esquecendo de que tenho 40 anos, é claro.

- Ah, é verdade.- Ele afagou sua  cabeça.

- Você parece uma bonequinha - debochou ele. - Uma boneca de porcelana.- a garota revirou os olhos, recuando outro passo.

- Não vamos começar com piadinhas.

- É sério, Bella, tem certeza de que não é? - Ele esticou o braço avermelhado para perto dela. A diferença não era lisonjeira. - Nunca vi ninguém mais branco do que você... Bom, a não ser por... - Ele se interrompeu quando viu Beatriz sibilando um "Não" sem som, Bella ainda estava de costas para a prima, mas desviou os olhos de Jake, tentando não entender o que ele estivera prestes a dizer. - Então, vamos andar de moto ou não?- Triz chamou, mudando de assunto.

- Vamos nessa!- Bella concordou, com mais entusiasmo do que teria um minuto antes. A frase inacabada dele a  lembrou do motivo de estar ali.

[...]

- Embreagem?- Jake perguntou.

- Aqui.- Bella respondeu, entusiasmada.

- Acelerador?

- Aqui.

- Capacete e kit de primeiros socorros?- Triz brincou, ouvindo a gargalhada do quileute. Bella revirou os olhos e fez um gesto para Jake continuar.

- Ok. Agora, devagar, vai soltando a embreagem. - ela assentiu e enquanto começava a afrouxar a embreagem, ficou chocada ao ser interrompida por uma voz que não pertencia ao garoto parado ao seu lado.

"Isso é imprudente, infantil e idiota, Bella", fuzilou a voz aveludada.

- Ah! - arfou e sua mão soltou a embreagem. A moto deu um pinote embaixo da castanha, jogando-a para a frente, e depois a roda traseira desabou no chão; O motor engasgou e parou.

- Você está bem? - os dois observadores perguntaram em uníssono.

- Estou.

Mais do que bem. A voz em sua cabeça tinha voltado. Ainda soava em seus ouvidos. Ecos macios de veludo. A mente dela disparou depressa pelas possibilidades. Não havia familiaridade ali – numa estrada que ela nunca vira, fazendo algo que nunca fizera na vida – nenhum déjà vu. Chegou a conclusão de que as alucinações deviam ser disparadas por outro motivo... Ela sentia a adrenalina correndo por suas veias de novo e descobriu ter a resposta. Era tudo uma questão da combinação de adrenalina e perigo, ou talvez só estupidez.

- Vou tentar de novo.

- Tem certeza?- A caçula questionou.

- Absoluta.

Foram várias tentativas boas, a maioria ruins, até que o motor pegasse e rugisse sob o corpo da castanha. Lembrando-se de segurar a granada – que foi como Jacob carinhosamente apelidou a embreagem –, Bella experimentou girar o acelerador um pouco. Ele rosnou ao mais leve toque. Agora seu sorriso espelhava o de Jacob e o de Triz, por mais que o da mais nova fosse de tanto rir das tentativas falhas da prima. O dia realmente estava sendo divertido.

- Solte a embreagem - Triz lembrou a ela.

"Então você quer mesmo se matar? É disso que se trata?", falou a outra voz de novo, o tom severo. 

A Swan deu um sorriso duro – ainda estava funcionando – e ignorou as perguntas. Triz não ia deixar que nada de grave acontecesse com ela, Jacob muito menos. 

"Vá para a casa de Charlie", ordenou a voz. Sua mera beleza a maravilhou. Ela não podia deixar que sua lembrança se perdesse, qualquer que fosse o preço.

- Solte devagar. - encorajou Jacob.

- Vou soltar.- ela disse, ficando um pouco incomodada ao perceber que respondia aos dois. 

A voz em sua cabeça rosnou acima do rugido do motor da moto. Dessa vez, tentando se concentrar para não deixar que a voz de Edward a assustasse de novo, relaxou a mão aos poucos. De repente, o câmbio engrenou e ela foi lançada para a frente. Estava voando. Havia um vento que não estava ali antes, soprando na pele de seu crânio e fazendo seu cabelo voar para trás com tanta força que parecia estar sendo puxado por alguém. Agora a ideia do capacete não era tão ruim. O  estômago dela tinha ficado lá atrás, onde deu a partida; a adrenalina percorria seu corpo, formigando em suas veias. Finalmente entendia Anna e o porquê dela gostar tanto de andar sobre duas rodas. Era uma sensação libertadora que a fazia sentir-se livre. As árvores passavam por ela misturando-se em uma muralha verde. Mas aquela era só a primeira marcha. Seu pé avançou mais um pouco no câmbio enquanto ela girava para ter mais aceleração.

"Não, Bella", a voz colérica e doce como mel ordenou. "Cuidado com o que está fazendo!"

Isso a distraiu da velocidade o suficiente para perceber que a estrada começava a fazer uma curva lenta para a esquerda e ela ainda estava em linha reta. Jacob não havia a ensinado a virar.

- Freios, freios.- murmurou consigo mesma e instintivamente desceu o pé direito, como se estivesse na picape. 

A moto de repente ficou instável, tremendo primeiro para um lado e depois para outro. Estava a arrastando para a muralha verde, e ia rápido demais. A garota tentou virar o guidom para outra direção, e o súbito deslocamento de peso derrubou a moto no chão, ainda rumo às árvores. A motocicleta caiu em cima dela, rugindo alto, empurrando-a pela areia molhada até que bateu em algum objeto parado. Bella não conseguia enxergar. Seu rosto estava esmagado contra o limo. Tentou levantar a cabeça, mas havia algo no caminho. Ela estava tonta e confusa. Parecia que havia três diferentes grunhidos – a moto em cima de seu corpo, a voz em sua cabeça e outra coisa mais...

- Bella! - gritou Triz. 

A moto não a prendia mais ao chão, provando que a prima estava realmente perto, dado a altura de sua voz. Jacob aproximou-se também, desesperado e tirou a moto de cima da garota; Bells rolou para respirar e todo o rugido cessou.

- Caramba - resmungou. 

Ela estava agitada. Tinha de ser essa a receita para a alucinação: adrenalina mais perigo mais estupidez. Alguma combinação parecida com essa, de qualquer modo.

- Bella! - Jacob se abaixou sobre ela, angustiado. - Bella, você está viva?

- Estou ótima! - disse, entusiasmada, flexionando os braços e as pernas. Tudo parecia perfeito. - Vamos fazer de novo.

- Está tentando se matar? Chega de moto.- Jacob ainda estava preocupado. - Acho melhor levar você ao hospital primeiro.

- Eu estou bem.

- Você está sangrando, vai precisar de pontos. - Triz apontou. Involuntariamente a mão da prima foi até sua têmpora, onde sentiu uma pressão. Jacob retirou a camiseta e a colocou na testa da garota, para estancar o sangue.

- Me desculpe.- Bells falou, envergonhada.

- Está se desculpando por estar sangrando?- ele riu, desacreditado e concentrou-se em limpar o sangue.

- Jake... - falou ela, após um curto período de tempo. Bells não pode deixar de admirar o abdômen definido do garoto a sua frente. Seu porte atlético com certeza lhe dava uns anos a mais. - Você até que é bonitinho.- ele parou de limpar seu corte e Triz gargalhou alto.

- Você bateu a cabeça com muita força?- zombou.

- É, acho que sim.

- Muito bem, vamos colocar você no carro.

- Sinceramente, estou bem.- garantiu quando ele a ajudou a entrar na picape. - Não fique tão agitado. É só um pouco de sangue.

- Só muito sangue.- ironizou. Ele a deixou ali e pegou uma das motos, enquanto Triz pegava a outra. Ás colocaram de volta na parte traseira da caminhonete.

- Vamos pensar nisso por um segundo - começou a falar quando eles entraram no carro. - Se você me levar para a emergência desse jeito, Charlie certamente vai saber.

- Não vou deixá-la sangrando até a morte.

- Quanto drama, Jacob.- A caçula falou, vendo Bella revirar os olhos.- Vamos levar as motos de volta primeiro, depois paramos na nossa casa para Bella se livrar das provas antes de irmos ao hospital.

- E Charlie? E Anna? Ela certamente vai me matar.

- Estão na delegacia. E não esquenta com isso, esse corte na testa não é nada, Bella já sofreu tombos piores.

- Tem certeza mesmo?

- Sim, Jake. Eu sangro com facilidade. Não é nem de longe tão terrível quanto parece.

Jacob não ficou satisfeito – sua boca se virou inteira para baixo numa careta estranha – mas ele não queria mete-las em problemas, então seguiu o plano da caçula. Na delegacia, Anna teve um pressentimento ruim. Nada tão alarmante quanto ao que sentiu no dia do acidente com a vã de Tyler, mas ainda assim, era um pressentimento ruim. O alerta em sua cabeça foi tão repentino que os papéis dos relatórios que Charlie havia pedido caíram de suas mãos, espalhando-se pelo chão.

- Anna, está tudo bem?- Verônica, a secretária da delegacia, tocou em seu ombro, a tirando do transe.

- Estou, eu... - negou com a cabeça, afastando todos os possíveis pensamentos horríveis que poderiam aparecer. - Estou bem. Só tive um pressentimento ruim.

- Como assim? - a mulher de meia idade recolheu todos os papéis do chão, ficando em pé em seguida.

- Senti um tontura, não deve ser nada.- mentiu para evitar mais perguntas.

- Acho melhor você ir para a casa, eu ajudo Charlie com o resto da papelada. Está bem para dirigir?- questionou, preocupada.

- Estou sim. Obrigada, Verônica. Fico te devendo essa. - ela deu um beijo na bochecha da mulher que sorriu, gentil como sempre.

- Não esquenta, querida. E se cuide.

A Major assentiu, saindo da delícia rapidamente. Ao chegar em casa, o pressentimento ruim veio a tona novamente. A picape de Bella estava parada na rua e Anna respirou aliviada. Pelo menos as garotas estavam em casa.

- Bella? Triz? Onde vocês estão?- Anna gritou, passando pela porta. Viu Jacob parado ao pé da escada, de olhos arregalados.

- O que aconteceu, Jake?- ele abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Um barulho de algo caindo no chão ecoou do andar de cima e a Major subiu correndo, pulando os degraus da escada.

- Bella?- chamou novamente, dessa vez mais baixo e seguiu até o banheiro, onde a luz ligada chamou sua atenção.- O que diabos aconteceu com você? Eu sabia que havia algo errado!- ela aproximou-se da prima, a examinando. A castanha estava horrível. O sangue secava em manchas espessas na bochecha e no pescoço, colando-se no seu cabelo enlameado.

- Eu caí da moto. Não consegui fazer uma curva e a minha inimiga, vulgo gravidade me fez beijar o chão.

- Meu Deus, Isabella! Você está sentindo alguma tontura? Enjoo? Acha que vai desmaiar?- Anna lhe bombardeou de perguntas.

- Eu estou bem, por enquanto. Estou respirando pela boca para não sentir o cheiro do sangue. Só preciso trocar de roupas e ir ao hospital antes que o Charlie chegue.

- Certo. Onde está a Triz? Ela está bem?

- Está, a coisa é comigo mesmo. Eu realmente sou bem azarada. Ela foi buscar uma roupa para mim.

Ao terminar a fala, Beatriz apareceu, atirando as peças de roupa na direção da prima, que vestiu-se rapidamente e escondeu as peças de roupa sujas de lama no fundo do cesto, onde ninguém veria até que ela voltasse.

- Jacob está desesperado, tadinho.- a caçula falou.

- Depressa.- chamou o quileute, com medo de que Charlie aparecesse. Anna ajudou a prima a limpar qualquer coisa incriminadora que tivesse ficado para trás e as três desceram a escada rapidamente.

- Como estou?- Bella perguntou a Jacob.

- Melhor.

- Mas parece que tropecei em sua garagem e bati a cabeça em um martelo?- Anna permitiu-se sorrir, isso era mesmo uma coisa que poderia acontecer com Bella.

- Claro, acho que sim.- ele concordou.

- Então vamos. - era um exagero, mas os quatro rumaram para o carro. Anna pôs-se a dirigir o mais rápido que dava.

- Eu odeio essa banheira velha.- murmurou baixinho e apenas Jacob conseguiu ouvir. Ele estava sentado no meio, ainda sem blusa e Bella o observava atentamente, sentindo-se um tanto quanto culpada.

- Devíamos ter pego um casaco para você.- a castanha falou.

- Isso teria nos entregado. - brincou ele.

- E a visão é muito boa viu, diga-se de passagem. Aproveita, Isabella.- Triz falou na cara dura, de propósito. A castanha corou e Jake soltou uma risadinha debochada.

- Além disso, não está frio, Bella.- é verdade que ambas as garotas estavam com pouca roupa, mas isso era relativamente normal.

- Está brincando? Essas duas doidas eu até entendo, inclusive já estou acostumada, mas você não está com frio?- ele negou, sorrindo enquanto ela tremia e estendia a mão para ligar o aquecedor. 

No hospital, Bella teve de levar sete pontos para fechar o corte na testa. Depois da picada do anestésico local, ela não sentiu dor no procedimento. Jacob segurava sua mão enquanto o Dr. Snow costurava, e Anna tentou não pensar no quão irônica era a situação. Conseguiram chegar em casa antes de Charlie, Bella fez questão de deixar Jacob na reserva e Anna preparou o jantar no seu lugar, enquanto Triz se livrava das provas do crime, jogando as roupas da prima na máquina de lavar. Família unida, não é mesmo?

- Você não anda mais de moto sem a minha supervisão.- a Major falou, assim que Bells pôs os pés em casa.

- Está bem. Já aceitei que sou um desastre com qualquer coisa que envolva equilíbrio.- a castanha riu da própria desgraça  - Como sabia que eu estava machucada? Você chegou no tempo exato.

- Não sei. Foi um pressentimento. Acho que pode-se chamar de sexto sentido.

Charlie não engoliu muito a história da garagem, mas também não questionou. Na quarta-feira, Jacob, Bella e Triz resolveram fazer uma trilha. A castanha queria ouvir a voz de Edward novamente, mesmo que isso a machucasse cada vez mais, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Já era a segunda vez que tentava encontrar o campo para onde foi levada pelo vampiro, quando o viu na luz do sol pela primeira vez, mas não lembrava-se do caminho. O que fez com que os três andassem pela floresta a tarde inteira, sem encontrar  nada. De novo.

- Espero ver o urso amanhã. Fiquei meio decepcionado com isso.- Jacob falou enquanto caminhavam até a picape.

- É, eu também - Triz concordou com um tom de sarcasmo. - Talvez amanhã tenhamos sorte e alguma coisa nos devore!- Bella não conseguiu segurar a gargalhada.

- Os ursos não comem gente. Não temos um gosto tão bom. - Ele sorriu para caçula . - É claro que vocês podem ser uma exceção. Aposto que tem um gosto bom.- sua frase, mesmo que inocente, teve um duplo sentido na cabeça de Beatriz e ela acabou afogando-se com a água que tomava, rindo em seguida.

- Muito obrigada - Bella disse, não notando a mesma malícia que a prima e desviando os olhos. Ele não era a primeira pessoa a lhe dizer isso.


Notas Finais


• Espero que tenham gostadooo, sei que esse capítulo foi mais focado na Bella e tal, mas isso é só detalhe hahaha. Vai fazer sentido no próximo, principalmente as referências que ela e Jake usaram. Enfim, espero que tenham lido as notas iniciais e não me matem pelos lobos n terem aparecido ainda. Juro juradinho q o próximo capítulo ( a continuação desse, no caso, como eu expliquei lá em cima) já está pronto, só precisa ser corrigido e vou tentar fazer isso amanhã e postar o mais rápido possível pra vcs.
• Tem muita coisa boa vindooo, tô ansiosaa hahaha. Vou tentar responder todos os comentários hj, mas se eu não conseguir, amanhã eu termino, Ok?
• Bju bjuuu, me digam o que estão achando e não esqueçam de COMENTAR E FAVORITAAAR!!!
• 😘😘


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