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História The Twilight Saga - On fire


Escrita por: Wonderfulll_P

Notas do Autor


• Oi oi, baldes de glitter;
• Links do capítulo:
- Look da Alice (obs: imaginem com o cabelo curtinho): https://pin.it/7sqQYjW
° Música do capítulo para quem se interessar: Sandy e Junior- Era uma vez: https://youtu.be/LhJCii-k178
° Relógio bomba para os curiosos: https://pin.it/4XlYAF8
• Boa leitura;

Capítulo 36 - On fire


A tarde começou animada e definitivamente melhor do que Triz poderia esperar. Assim que partiram da residência Cullen, as cinco garotas rumaram para Port Angeles e chegaram rapidamente. Bella e Triz fizeram o favor de devorar toda a caixa de bombons de chocolate com recheio de licor e estavam mais alegres do que no normal, sendo assim, Bells não importou-se muito com a velocidade do carro. As cinco passaram em um restaurante chique para que as humanas comessem e essa foi a primeira parada do dia. Já passava das três da tarde, mas isso não importava. Bella e Triz se divertiram tentando cantar o garçom para ganharem um vale presente de 100 dólares para os clientes do dia e, obviamente, não ganharam nada. As duas estavam um tanto quanto animadinhas de mais, mas lúcidas o suficiente para lembrarem disso na manhã seguinte e morrerem de vergonha. Do restaurante, elas partiram para uma loja de fantasias pra lá de antiga, o lugar cheirava a mofo e as peças – a maioria empoeirada – eram com toda a certeza para serem representações do vestuário de outros séculos.

- Eu juro que vou conseguir chorar se tiver que entrar em um lugar desses de novo - disse a fadinha, seu rosto retorcido em uma expressão de horror.

- Quanto tempo faz que a dona não limpa isso aqui? Quem vai querer alugar qualquer coisa nessa podridão?

A resposta para a pergunta de Rose, no entanto, fora respondida quando uma Beatriz visivelmente alterada deu um grito e saiu correndo até os fundos da loja. De uma das araras ela retirou uma saia de tutu rosa e asinhas de fada da mesma cor. A dona da loja – uma senhora idosa e de caráter duvidoso – explanou sua vida inteira para uma Bella incrivelmente interessada. A velhinha contou que seu estabelecimento fora herança de família, deixado por sua avó e que a loja fazia muito sucesso no Halloween. A maioria das peças, por incrível que pareça, estavam em um excelente estado. Havia uma sessão apenas para fantasias de época, outra para o público infantil, outra – perto de onde estava Beatriz – com temática de dia das bruxas e a última, mas não menos importante, para fantasias adultas de histórias infantis. As três vampiras dirigiram-se para lá – onde evidentemente era a área mais limpa da loja – enquanto Bella debatia com a idosa sobre ideias para impulsionar o negócio. Anna precisou reprimir uma gargalhada alta quando a prima deu sua primeira e – muito provavelmente – última opinião:

- Sabe, acho que passar um paninho e dar uma arejada é uma boa ideia.

É claro que a senhora ficou ofendida, pois como ela mesma havia dito segundos depois que as garotas entraram:

- Sejam bem vindas, minha sobrinha acabou de dar uma geral na loja, aproveitem!

Rose não pode deixar de pensar que a tal sobrinha deveria ser uma criança e que ela provavelmente estaria perdida no meio daquela bagunça. Apurou os ouvidos só por precaução, vai que encontrasse a garota soterrada em uma pilha de caixas e vestidos encardidos? Ademais, não ouvia mais nenhum coração além dos das três humanas presentes.

- Na melhor das hipóteses a sobrinha da velha não está mais aqui - Anna murmurou, assim que as duas conseguiram despistar a senhora.

- E na pior está morta e enterrada em baixo dessas porcarias. - a loira resmungou, afastando uma fantasia de bruxa para poder passar.

- Como vocês são desagradáveis, a sobrinha dela não deve ter vindo aqui nunca, deve ter percebido que a tia era uma acumuladora e fugiu quando teve a chance.- Alice falou baixinho, um quê de ironia em sua fala. Elas riram e começaram a soprar o pó das roupas para examiná-las, mas nada ali parecia muito digno de ser usado.

- Achei!- Triz gritou novamente e apareceu carregando varias roupas nos braços. - Vocês vão ficar lindas com essas peças, não é, Alice?

A baixinha dignou-se a assentir, um tanto relutante.

- Ainda não entendi o que estamos fazendo aqui, mas devo admitir que ver a sua prima ofendendo aquela velha está sendo o ponto alto do dia. - Rose falou e pegou a peça que Beatriz depositou em suas mãos.

- Falei que ia se divertir.- Disse a Major, a provocando. Rosalie revirou os olhos e escondeu a peça que Triz havia lhe entregado no fundo de uma caixa sem que a garota visse.

- Vamos lá, Rose. Vai ser legal, isso é só uma paradinha necessária, vão entender tudo logo, logo.- Alice falou, lhe entregando uma coroa de plástico dourada e um manto vermelho de veludo. Ironizando em seguida:

- Você será a rainha, vossa Majestade!

A loira tratou de emburrar a cara, mas não ficou menos bonita. Ela aceitou a fantasia e agradeceu mentalmente para quem estivesse escutando, pois pelo menos não precisaria colocar nenhuma outra peça por cima de sua roupa chique. Anna já estava de vermelho e Triz lhe fez o favor de depositar em suas mãos uma capa de mesma cor, apenas alguns tons mais escuros. Ela seria a chapeuzinho vermelho, ainda que não soubesse para que estava se fantasiando. Alice, como o próprio apelido já diz: foi a fadinha. Triz lhe entregou as asas cor de rosa e com brilhinhos e uma tiara de pérolas. Alice trajava uma camisa sem mangas azul escura por dentro de sua saia cintura alta lilás, com flores de diversos tons de rosa na estampa. Um saltinho de cinco centímetros e na cor cinza encontrava-se em seus pés. Ela conseguiu harmonizar suas novas peças de vestuário em seu look e ficou extremamente fofa.

Já Triz optou por vestir o tutu por cima das calças e amarrar uma fita lilás no cabelo, ela seria a bailarina e para Bella – que havia acabado de ser arrastada para longe da vendedora antes que a mulher a amaldiçoasse até a próxima encarnação – Triz entregou-lhe uma boina xadrez, um cachecol de mesmo tecido e estampa, um charuto de plástico e uma lupa que não funcionava direito. Afinal, qual melhor fantasia para uma mulher amante de literatura e que, consequentemente, descobriu a existência de seres sobrenaturais na cidade em que mora do que, obviamente, Sherlock Holmes? Rose resmungou por todo o caminho após a saída da loja, não acreditava que realmente estava usando aquilo em público. Ademais, sua beleza ofuscava qualquer possível piadinha que pudessem receber na rua. Passaram boas horas entrando e saindo de lojas e comprando as coisas mais desnecessárias possíveis: fatiadores de frutas e legumes, tampinhas de silicone para conservar o gás das cervejas de Charlie, um despertador em formato de dinamite...

- Só uma pergunta, será que isso explode se a pessoa não desligar? - Bells perguntou para o vendedor que estava divertindo-se um bocado as suas custas.

- Ou será que é feito para que a pessoa acorde no susto, antes dele tocar, já que ela sabe do perigo de morte iminente? - Triz falou, olhando para Bella em seguida. - Bem, acho que isso é um mistério que só a Sherlock Holmes pode desvendar...

Alice, Anna e Rose riam atrás delas.

- Ah... Claro, claro. O pior que pode acontecer é isso explodir né? - Bella parecia incrivelmente interessada nesse assunto.

Quando finalmente voltaram para o carro às sete e meia da noite, Anna achou que já estava na hora de entregar seu presente à irmã. De dentro do porta-luvas incrivelmente grande daquele Jeep, ela retirou uma garrava de vinho branco ainda embrulhado na caixa. Pegou duas taças de uma sacola da primeira de muitas lojinhas de conveniências das quais passaram e entregou-as à Triz.

- Essa você tem permissão de beber e não vai precisar chantagear ninguém para conseguir. Brindem de uma vez que ainda temos mais dois lugares para ir, mas não bebam tudo agora!- apressou-se em dizer, visto que Triz estava tão radiante que poderia entornar a bebida diretamente do bico da garrafa.

Após mais uma rodada de Parabéns pra você e três taças de vinho, Anna dirigiu até um restaurante para as meninas se alimentarem novamente. No caminho para a entrada do estabelecimento, Triz deu um dos seus famosos gritinhos assim que avistou uma cabine fotográfica em frente a uma loja de lembrancinhas. A bailarina arrastou a Sherlock em direção a cabine; a fadinha, a chapeuzinho e a Rainha de lugar nenhum as seguiram. No caminho, Triz passou um braço pelos ombros de Bella e a puxou para maia perto de si. Ambas visivelmente embriagadas, tanto é que, enquanto andavam pela calçada e inclinavam seus corpos de um lado para o outro – como se estivessem dançando juntas uma música que só tocava em suas cabeças – Beatriz começou a cantar em um tom de voz deveras desafinado uma música brasileira que a lembrava da sua infância:

- "Uma história de amor, de aventura e de magia! Só tem a ver, quem já foi criança um diaaaa..."

Ela arrastava as palavras e Bella, que não entendia nada, apenas tentava acompanhar e repetir o que a prima dizia. Atraíram muitos olhares, a maioria divertidos e vez ou outra alguma senhora resmungava, dizendo que o que elas estavam fazendo ser falta de educação. Obviamente, nenhuma das duas ligou para isso. Ambas adentraram a cabine fotográfica e Alice se enfiou entre as duas com grande alegria, afinal, era para isso que serviam as fantasias. Anna entrou depois e Rose ficou do lado de fora, rabugenta como sempre. Contudo, uma Bella embriagada não ligava para o que fazia e esticou o braço para fora da cabine até tocar a mão da loira. Ela estremeceu com o toque repentino e acabou deixando-se ser puxada, pois atrás de Bella estava Anna, tocando em seu braço também e a levando para dentro. Foram muitas as poses, muitas fotos e muitos sorrisos de todas as partes.

Uma foto em especial seria guardada por Anna pelo resto da vida, onde Rosalie e Bella saíram abraçadas e a loira não odiava a garota com o olhar. Estavam ambas sorrindo e aproveitando o momento. O jantar fora mais longo do que o almoço das meninas, pois todas gargalhavam ao observar as fotos recém compradas. Perto das dez horas da noite, Anna dirigiu até a encosta de uma montanha de onde podia se ter uma visão privilegiada de toda a cidade. Estavam no topo de um penhasco alto e completamente deserto dado o horário. Muitas pessoas iam ali para observar a vista. As garotas saíram do carro e Alice ficou cuidando da duas humanas embriagadas, enquanto Anna e Rose foram para a parte de trás do carro e retiraram uma caixa com fogos de artifício e um buquê de dezoito balões cheios de gás hélio. Rose posicionou as três unidades grandes que a amiga havia comprado e Anna levou os balões até Beatriz. A abraçou de lado e lhe entregou o buquê amarrado com apenas uma fitinha para que não se soltassem.

- Está na hora, Triz, pronta para soltar?

A caçula assentiu com a cabeça, pulando de alegria e desfez o lacinho. Esperou a brisa gelada soprar em sua direção e então soltou os dezoito balões no ar.

- Poluindo mais o meio ambiente, que lindo, né? - Bells murmurou, colocando a mão no estômago e se apoiando em Alice para não escorregar na terra molhada.

As garotas deram uma risadinha e em segundos todos os fogos estavam voando em direção ao céu. Estouraram quase simultaneamente, fazendo um grande estrondo, iluminando a noite e o caminho dos balões que a essa altura já haviam se dispersado. As cinco garotas ficaram admirando todo o brilho do fim daquela noite e só após dez longos e incríveis minutos, notaram que não estavam sozinhas.

- Paradas ai, vocês estão invadindo propriedade privada! - berrou um policial baixinho e gorducho, ele estava apontando a lanterna na direção das garotas e seu carro estava estacionado a alguns metros longe do carro de Anna. Ficou evidente que a viatura não conseguiu chegar até ali com tanto barro. O Jeep, contudo, fora feito para isso.

- Privada? Quem privou ela?- Bells indagou, enquanto as garotas se dirigiam até o policial para Anna lhe entregar a carteira de motorista.

- O dono, obviamente. Está alcoolizada, mocinha?

- Olha... Depende de quem pergunta. Se for o meu pai, a resposta é não, senhor - a castanha teve a péssima ideia de bater continência para brincar – não que estivesse com total controle sobre seu próprio corpo – e isso fez com que o embrulho no seu estômago ganhasse vida.

- Está bancando a espertinha, hum? Desacatando um policial? E pelo visto é menor de idade, o que acha de uma noite na delegacia? - o homenzinho estava ávido para prender alguém, ao que parecia.

- Acho que Charlie não poderia reclamar... - Anna murmurou, Triz bateu palmas, gritando:

- Apoiado, apoiado!

- Estão achando graça, não é? Pois estão presas! Quero todas na viatura agora mesmo e...

Ele foi brutalmente interrompido pelo vômito de Bella caindo nos seus sapatos. É, ela era fraca para bebidas. O homenzinho urrou com nojo na voz e deu um passo para trás, pisando em falso. Bella se apressou para ajudá-lo enquanto tentava inutilmente desculpar-se e pela primeira vez no dia, tropeçou com a bota. O policial gordinho e ela deslizaram pela lama, mas Alice correu para segurar a amiga enquanto Anna, Triz e Rose davam gostosas gargalhadas. Triz foi tentar ajudar o homem a levantar porque, evidentemente, ele não conseguiria sozinho. Ela, no entanto, acabou escorregando também.

- Meu tutu!- choramingou a bailarina cuja saia de tule agora era marrom.

Anna pegou sua carreira de motorista de volta, pois na queda do policial ela fora parar no chão. Segurou e arrastou a irmã até o carro, assim como Alice fazia com Bella. Rose ajudou o homem a levantar e depois correu – em velocidade humana, é claro – de volta para o carro. O homenzinho só teve tempo de dizer um palavrão e ver a Jeep saindo dali as pressas, o deixando para trás. A volta para a casa dos Swan's fora mais divertida do que a ida até Port Angeles. Alice ajudou a castanha a tomar banho e a colocou na cama. Rose e Anna ajudaram Triz, que não conseguia parar de rir e a qualquer momento acordaria Charlie com as suas gargalhadas. O despertador bomba fora colocado no quarto de Anna para que ninguém morresse do coração logo que acordasse pela manhã, pegou sua pasta com exames de sangue e após as vampiras descarregarem o carro com as compras e presentes, partiram novamente para a mansão Cullen.

[...]

- Majestade, devo dizer que está radiante essa noite! - Emmett falou assim que viu Rose entrando pela sala às gargalhadas com as meninas. Ele fez uma referência dramática e beijou a mão dela como um verdadeiro súdito faria por Sua Alteza Real. Esme ria da cena, assim como o restante da família que encontrava-se reunida na sala. Todos eles, sem exceção de ninguém.

- Que sorrisos perversos são esses? Cometeram algum crime?- Josh indagou, divertido. Elas se entreolharam e não conseguiram conter as risadas. Edward leu a mente das irmãs e riu também, porém de um modo mais discreto. Alice sanou as dúvidas dos outros:

- Quase, amor. Bella nos livrou de passar a noite na cadeia por... Como foi que aquele policial falou?

- Invasão de propriedade privada! - Anna e Rose falaram ao mesmo tempo, fazendo caretas ao final da frase.

- Mentira! Como ela fez isso? - Emm questionou, visivelmente interessado.

- Bom... Pode se dizer que um banho de lama tem suas vantagens, mas foi uma nojeira. - Anna comentou e entregou a pasta para Carlisle e sentando ao lado de Emmett no sofá em seguida.

Elas contaram as partes mais engraçadas do dia, o que equivale a todas elas e não pouparam os detalhes. Quando Anna jogou as fotos que haviam tirado sobre a mesa, cada vampiro presente pegou uma e ficou rindo ao vê-la.

- Não vamos esquecer da foto mais rara que já foi tirada - a Major mostrou a foto em que Rose e Bells estavam abraçadas, arrancando suspiros, risadas e ameaças dos membros da rodinha.

- O que a Bella fez para que você chegasse tão perto e amigavelmente? - Josh, um dos mais inteligentes da casa, não conseguia encontrar uma resposta para a sua questão.

- Ela estava sendo... Bem, humana. - disse a loira, calmamente.- Estava aproveitando de verdade e foi... Divertido. Mas que fique claro que nunca mais irão me ouvir falando algo assim novamente!

Mais gargalhadas foram dadas. Eles seguiram conversando noite adentro, até que por volta da meia noite e meia, Alice perdeu-se em sua própria cabeça. Edward ficou tenso também e o restante da família, em alerta. Quando a baixinha voltou a falar, era em Anna que estava a sua atenção:

- Precisamos conversar sobre o que aconteceu em Volterra, a história toda.

Ninguém, de fato, havia contado  a Anna sobre todos os desdobramentos que ocorreram com o Clã Volturi, apenas lhe deram um resumo básico de que Bella havia salvado todo mundo. Ela não fez perguntas sobre como isso aconteceu e só o fato de ter a prima bem e, principalmente, viva, foi tudo que importou para ela. Após a crise que Anna teve no chuveiro, na primeira noite da volta dos vampiros, Alice e Carlisle chegaram a conclusão de que não deveriam revelar todos os detalhes ainda, visto que não queriam sobrecarregar a mais nova recém-criada do Clã Olímpico – porque, mesmo que a Major não fosse mais namorada de Jasper, ela era da família e isso era indiscutível – com outras informações – ainda que importantes – incrivelmente devastadoras. Anna, no entanto, estava incrivelmente tranquila e feliz por ter proporcionado um aniversário incrível para a irmã, não achava que quaisquer que fossem os assuntos a serem abordados iriam perturba-la como da última vez e talvez estivesse enganada.

- Antes de mais nada, Anna, eu quero pedir para que, independente do que você escutar, se mantenha o mais calma que puder, ok?

- Estou calmíssima, mas você pode tirar essas asinhas? Fica difícil te levar a sério com elas...

- Oh, claro. - Alice sorriu brevemente, retirou a fantasia e vagou pelos próprios pensamentos por alguns instantes para, em seguida, voltar a falar:

- Sei que Bella foi muito breve com você sobre o que aconteceu nos dias em que estivemos na Itália e, se não estou enganada, ela deve ter dado os detalhes apenas para Triz porque as informações que lhe darei agora abrangem a sua irmã também. Obviamente, Triz não falou nada pelo mesmo motivo que eu: não queríamos sobrecarregar você com mais uma notícia ruim e quero ressaltar, antes de mais nada, que minhas visões podem mudar, não são sempre corretas e, por isso, não podemos nos basear apenas nelas. Ok?

- Certo, prossiga.

Jasper examinava Anna com atenção, ainda que o olhar dela estivesse completamente voltado para Alice, como se apenas as duas estivessem presentes na sala. Contudo, ela continuava incrivelmente calma, mesmo que seus sentimentos oscilassem para que a habitual raiva voltasse a domina-los; ele não pode negar que, para uma recém-criada – a mais incrível e diferente que ele já conhecera em sua longa vida – ela sabia exatamente como barrar seus próprios instintos e dominar a si mesma.

- Assim que Bella e eu chegamos em Volterra para impedir o "suicídio" de Edward - Anna fez esforço para não revirar os olhos e para impedir o impulso de rir ao imagina-lo morto. Sim, às vezes ela era um pouco sádica e extrema demais. - Eu tive uma visão de Beatriz e devo acrescentar que ela foi fundamental para que tanto nós quanto Bella, estejamos vivos hoje.

- O que era essa visão? - indagou preocupada, mas fez o possível para manter a voz neutra.

- Já vou chegar lá, espere um minuto. 

 A vidente respirou fundo, mesmo que não precisasse e perdeu-se em seus próprios pensamentos novamente para, enfim, voltar a falar:

- Estamos indo por um caminho bom, certo... Onde eu estava? Ah, sim! Tive a visão assim que passamos pela entrada da cidade e me separei de Bella para que ela impedisse Edward, fiquei contornando a multidão até conseguir estacionar e chegar na torre onde os dois estavam. Assim que entrei, fomos levados para ver Aro pois ele queria conhecer Bella pessoalmente. Afinal, ela tinha impedido Ed de se expor. Jane nos levou até eles e fomos escoltados por ela e outros vampiros da Guarda. O que precisa entender, Anna, é que eu não conseguia ver muitos caminhos para que saíssemos de lá.

A Major estremeceu por um momento e tratou de afastar logo os pensamentos horríveis que surgiram em sua cabeça. Se Bella tivesse morrido por culpa de Edward, ela certamente teria feito alguma loucura. Alice voltou a falar rapidamente para que Anna não pensasse em tudo que poderia ter acontecido.

- Dentre todos os presentes, Aro era o único que estava radiante em nos ver. Ele tem um dom parecido com o de Edward, a diferença é que ele necessita do toque para ver os pensamentos das pessoas e ele abrange muito mais do o presente. Aro pode ver toda a vida de alguém apenas tocando em sua pele. Ele ficou fascinado com o dom de Edward e por isso não o matou imediatamente, por isso ficou satisfeito que Bella o tivesse salvado. Contudo, no desenrolar da história, Aro quis testar seu dom em Bella, visto que Ed não consegue ler a mente dela...

- E o que aconteceu? Ele viu alguma coisa? - Anna deixou a curiosidade aflorar e parecia que a perspectiva de quase morte da prima não passava disso: uma perspectiva.

- Não viu, e mesmo que não parecesse, ficou incrivelmente desapontado com isso.

- Imagino. Que aconteceu depois?

- Jane, a vampira mais nova da Guarda Volturi e provavelmente uma das, se não a mais poderosa entre eles, interveio. O dom dela é causar dor. A dor da transformação, mais precisamente. É tudo psicológico, claro, ela não consegue ferir fisicamente com ele. Enfim, Aro deu a ideia dela testar isso em Bella para ver se ela era imune a todos os dons deles, mas Edward avançou neles e recebeu toda a carga.

Bem feito, pensou Anna, mas não deixou sua excitação transparecer e ninguém ali, além de Jasper, poderia saber como ela ficou feliz ao ouvir que o Cullen mais velho sofreu no lugar da prima.

- Aconteceu uma briga, Bella o salvou novamente e deixou que Jane testasse seu dom nela. Mas nada aconteceu - Alice apressou-se em dizer ao ver o medo no rosto de Anna, que suspirou aliviada. - Houve outra briga depois, pois Aro estava em um impasse. Não poderia nos deixar voltar para casa com Bella porque ela sabia de nosso segredo e Edward não tinha a pretensão de transformá-la, não daria para mentir para Aro, ele viu os pensamentos dele e descobriu que Bella não era a única que sabia.

Anna trancou a respiração, tensa com o desenrolar que a conversa teria.

- O único jeito de sairmos de lá e de manter vocês em segurança foi revelando meu dom à Aro. Ele é um colecionador, por assim dizer.

- Como assim?

- Nos quer como troféus. Quer que façamos parte do Clã deles, que nos juntemos para aumentar sua força. Aro busca os vampiros com dons poderosos para englobar em seu exército. - Edward falou e ainda que sua explicação fosse perfeita, Anna irritou-se com o som de sua voz e a interrupção na resposta que Alice lhe daria.

- Quem deixou as crianças falarem?- perguntou ela, retoricamente. O ouviu bufar e Emmett deu uma risadinha. Ela se prendeu ao humor do seu grandão para manter a sanidade. Alice continuou:

- É, bem... Exatamente isso. Caius, o outro líder Volturi e o mais vingativo deles: ouso dizer que o mau humor diário de Rose não é nada comparado ao dele; ele não estava satisfeito em apenas nos deixar ir com uma promessa de que a transformaríamos. Precisavam de provas e eu as dei. Já havia visto que Bella seria uma de nós um ano atrás, quando Edward se revelou à ela. Ademais, eu não havia visto a mesma coisa no seu futuro e no da sua irmã, naquele tempo.

- O que você viu, Alice?- ela voltou a perguntar calmamente, tinha uma breve certeza de qual seria a resposta.

- Você já estava passando pela transformação quando Bella e eu fomos para a Itália, e quando Aro tocou em minha mão ele viu que você iria se transformar porque eu sabia que isso já estava acontecendo. Mas você estava na reserva, cercada dos lobos e não pude prever seu futuro, somente tinha a certeza de que viraria uma de nós e isso bastou para ele. Aro viu a visão que eu tive de Bella também e isso foi o bastante para que a deixasse partir conosco – não sem antes nos oferecer uma vaga no Clã dele – e por fim, sobrou a Triz. Viriam atrás dela e a matariam se eu não tivesse visto ela como uma de nós, assim que entramos em Volterra.

Anna não falou nada, apenas ficou parada e estática no lugar. O silêncio na sala era ensurdecedor.

- Você está bem, querida? - Esme quebrou a atmosfera que se formou, trazendo a garota de volta ao presente.

- Estou só... Digerindo.

As palavras saíram da boca dela sem que percebesse. Anna fechou os olhos tal como a vidente fizera minutos antes e respirou fundo para se acalmar. Apenas Alice sabia o que aconteceria se ela perdesse o controle e a Major não queria descobrir o que seria. Assim que considerou-se estável o suficiente, voltou a encarar a vidente, manejando com a cabeça para que ela continuasse. Alice respirou aliviada.

- Ele nos deixou partir com a certeza de que as três deixariam de ser humanas. Sei que ele esta curioso para vê-las transformadas e saber quais serão seus dons, porque está certo de que as três terão um. Mas isso não vem ao caso, não agora.

- Suas visões podem mudar - Anna afirmou calmamente, falando mais com consigo mesma do que com os outros. - E o que você viu sobre a Triz pode não acontecer, certo? - Alice assentiu.

Anna grudou as costas no encosto do sofá e cruzou os braços abaixo dos seios, pensativa. Ficou assim por longos minutos, pensando, repensando e expulsando Edward de sua cabeça. Como fazia isso? Ela ainda não tinha ideia.

- Pode, por favor, nos dizer o que está pensando? Não consigo ler seus pensamentos. - Anna o mirou, abriu um sorriso extremamente falso e despreocupado. Deu de ombros quando disse, sem olhar nos olhos dele:

- Não achei que fosse conseguir.

Ela voltou-se para Carlisle.

- Há alguma chance de que os Volturi esqueçam isso? Ou não liguem o suficiente para vir checar se elas foram transformadas ou não?

- Receio que não, querida. O lema deles é: não dar segundas chances. No tempo em que vivi na Guarda, foram poucos os que realmente foram perdoados por quaisquer crimes que fossem e nós descumprimos a regra mais sagrada deles. Seria impossível que eles esquecessem disso, visto que nossa família - ele gesticulou para todos ali. - É o maior Clã de vampiros que existe depois do deles. E nós não estamos ligados por medo ou por poder. Aro nunca entendeu isso, nunca gostou da minha dieta restrita a animais. Além de nós, é claro, o próximo é o Clã Denali, com cinco membros. São os únicos que se alimentam de animais assim como nós. Você já deve saber que o restante da nossa raça vive em grupos de no máximo três pessoas, mas geralmente vagam por ai em duplas ou sozinhos. Aro descobriu os dons de Edward e Alice, e consequentemente, descobriu sobre vocês também. Ele irá quere-las em sua coleção e não vai deixar essa oportunidade passar.

Anna assentiu, desnorteada. Não havia o que ser feito para barrar os vampiros da realeza de chegarem em sua família, porém, ela nunca foi de desistir.

- Certo... deixe que venham então - ela falou como Emmett, no dia em que James, Laurent e Victoria apareceram no campo de baseball, e tinha plena consciência disso. Seu grandão reprimiu um sorriso, sabia que não se podia brincar com os Volturi. Edward deixou escapar o som de sua indignação:

- Não vai chegar a tanto... Isso não vai acontecer. Há outros meios de enganar os Volturi. Sei que há. Essas visões não vão se realizar, não podem, Alice!

- Como se precisasse das visões de Alice para destacar o óbvio...- Anna murmurou e ele calou-se de repente.

- Como? - indagou, não conseguindo ler os pensamentos dela. Ele odiava ficar no escuro.

- Você é burro, ou só se faz? Bella não será um problema porque ela já está decidida desde o momento em que pôs os olhos em você. Não adianta negar o óbvio.- falou pedagogimente, como se estivesse ensinando uma criança a escrever seu próprio nome. Ele a encarou inconformado, como se ela tivesse acabado de sugerir uma chacina em massa.

- Não vai acontecer...- repetiu ele, mais para si mesmo do que para o resto dos vampiros. Anna revirou os olhos, sem de fato ligar se veriam ou não.

- Pelo visto você não aprende com os erros, não é?

- Que quer dizer com isso?

- Não é óbvio?- riu sem humor.- Quase sete meses atrás você tomou todas as decisões que não cabiam à você e as consequências delas foram as piores possíveis. Não acha que já está na hora de parar de decidir pelos outros e começar a escutá-los em vez disso?

Edward arregalou os olhos para com a indiferença dela ao dizer tais coisas e viu-se sem fala, não sabia o que responder porque, no todo, a culpa era realmente sua.

- Isso... não...

- O que? Não é verdade? Vai me dizer que você não escolheu ir embora para manter Bella "segura"?- ela fez aspas com os dedos.- Que não tomou a decisão de não transformá-la quando era isso que ela queria? Que não está se remoendo por dentro e que, desde que ela lhe contou sobre Jacob, você está tentando encontrar maneiras para convencê-la de que o melhor amigo dela é perigoso por ser um lobo?

O semblante de Edward não mudou em nada e, por um momento, achou que ela poderia ler sua mente.

- Viu? Não precisa ser muito inteligente para ler você.

- Ele é perigoso, todos eles são! Mas eu não a impedi de nada, ela está afastada de mim e de castigo, como você bem sabe.

- Ainda que não estivesse, se ela quisesse ir hoje até a reserva e não lhe desse satisfação de para onde está indo... Se Alice visse a decisão dela, vai me dizer que você não tentaria impedir de deixá-la ir?

Edward abriu a boca para responder, mas nada disse.

- Foi o que pensei. Você liga tanto para a segurança dela que não se preocupa em ouvir o que ela quer. E é por isso que ela te deu o fora. Bella não é sua propriedade, muito menos um brinquedo para você controlar. Não ligo  para o quão triste você fique para com as escolhas dela, Edward, mas não posso decidir pelas pessoas, assim como você também não pode. Enfia isso na sua cabeça, já que você gosta tanto de saber o que os outros estão pensando.

- Mas isso é suicídio! Ela não pode querer isso, não pode querer deixar a vida dela de lado para ser uma de nós!

- Ela pode querer o que quiser.- disse ela, com desdém. Edward teria ficado vermelho de raiva se ainda fosse humano.

- O mesmo vale para Beatriz, suponho?

Anna sentia-se fervendo com a audácia dele, mas não deixou transparecer. Foi como dissera a Rose dias atrás: ninguém poderia impedi-la de bater em Edward se ele começasse a briga. Alice provavelmente previra isso, porque a todo momento dizia para que eles ficassem calmos e estava, evidentemente, sendo ignorada por ambos. A Major, no entanto, continuou impassível com seu ar de despreocupada quando disse:

- Valeo mesmo vale para Beatriz.

Ele ficou atônito e não se mexeu por um tempo. Quando voltou a falar, não reconheceu a própria voz:

- Você faria isso? A condenaria à essa vida?

- Sim!- Anna brandou.

As feições de Edward paralisaram em choque.

- Sim, eu a condenaria à essa vida. Se for a escolha dela. - seu rosto estava impassível, ainda que a voz tivesse diminuído uns dois tons.

- Você... Eu... Não acredito nisso!

- O que tem que entender, Edward - falou ela, calmamente. - É que não há nada... N-a-d-a, nesse mundo, que eu não faça pela minha irmã. Se ela me disser que que virar a droga da Rainha da Inglaterra, então ela irá virar a droga da Rainha da Inglaterra!

Alice ainda pedia calma. Emmett, diferente dos outros, era o único que estava alheio ao que ambos diziam e torcia para ver a briga do século bem em cima da mezinha da sala. Anna voltou a falar e ele forçou-se a prestar atenção.

- Já nos tiraram muita coisa, me tiraram muita coisa... E acredite quando falo que nem eu, nem você, nem a porcaria do Clã Volturi inteiro irá tirar a escolha dela. Delas, é claro, por que estou incluindo Bella nisso. Existe uma parte de mim que quer ser egoísta e que torce para que as duas escolham isso. Viver para sempre ao lado delas é tudo que eu poderia querer. Mas eu realmente espero que as ambas tenham a vida que desejarem, que tenham filhos se quiserem, quando e com quem quiserem. Você deve saber qual é essa sensação, não? Afinal, não foi para isso que a abandonou? - referiu-se a prima.- Para que ela tivesse uma vida plena e feliz longe de você?

Anna não ponderou nas palavras e sabia que estava sendo extremamente malvada. Essa é, sem dúvidas, uma parte de sua personalidade que ela sempre deixou escondida da família vampírica; era a parte que usava apenas quando queria machucar alguém verdadeiramente e, pela expressão no rosto de mármore de Edward, ela conseguiu. Pois ele, nada disse.

- Não pode me julgar quando penso igual à você, não é? Agora, a decisão cabe à elas e eu vou apoiá-las independentemente do que escolherem. Se quiserem se transformar, ótimo. Se não quiserem, ótimo também.

- Você ficou maluca?!- Ele pôs-se de pé, gritando com ela.

Mesmo morrendo de vontade de arrancar a cabeça de Edward para que ele parasse de falar, Anna se controlou. Ao invés de cometer um homicídio doloso de imediato, resolveu dar apenas um aviso. Ela correu até o garoto que outrora fora importante na sua vida e lhe prendeu contra a parede, o imobimobilizando com o antebraço em seu pescoço. Esme deu um grito, mas ninguém se mexeu, Alice não permitiu.

- Eu espero que você escute o que vou falar com atenção, porque esse é o último aviso que eu vou dar.- sua voz saiu fria, impassível. - A minha paciência para aturar você já está no limite, Edward, e eu juro que estou me controlando para não perder a cabeça. Então, pare de tentar decidir pelos outros! Se você abrir a boca para falar merda novamente, te garanto que ninguém aqui vai conseguir me segurar. Se ainda não te matei é por respeito aos seus pais, irmãos e a Bella, mas não pense que isso vai me impedir se você continuar com essa linha de raciocínio estúpida!

- Eu não quero que ela vire um monstro como nós!

- E é ai que está o problema, não? Você pode não concordar com as escolhas de Bella, mas querer impor seu desejo sob o dela e me chamar de maluca, foi a gota d'água! Você a fadou a essa vida a partir do momento em que voltou porque, por mais que eu não saiba o que ela viu em você, é uma questão de tempo até ela aceitá-lo de volta. Assuma as consequências do que você fez! Ela não está nem ai em ter que beber sangue para matar a fome porque ela quer você! - Anna brandou, a raiva tomando conta dela.

Só a ideia de ver a prima voltando para aquele energúmeno a deixava irritada. Edward, porém, suavizou o rosto. Anna só parou de segurá-lo quando Alice soltou um grito estridente. A Major não sabia o porquê, não tinha matado nem arrancado membro nenhum do vampiro a sua frente até o momento. Mas então, todos levantaram do sofá e poltronas, apavorados. Seus olhos estavam na mão direita de Anna, a qual encontrava-se ao lado de seu corpo, enquanto o outro braço ainda mantinha Edward preso contra a parede. Jasper saiu do cômodo e correu em busca de algo como se sua vida dependesse disso; foi só quando Anna seguiu os olhares dos outros que percebeu: sua mão estava em chamas. Ela soltou Edward, no susto, e elevou a mão incandescente até a frente do rosto. Examinou-a minuciosamente: era para sua pele estar queimando, mas ela nada sentiu. 

Tão rápido quanto apareceu, as chamas se apagaram. Bem a tempo de Jasper entrar no cômodo novamente com um extintor. Notando que não precisaria ser usado, largou-o em cima da mesa e tomou a mão de Anna para si, a olhando com cuidado em busca de qualquer sinal de que fora machucada. Ela não retirou a mão, estava em choque; olhava para ele como se nada tivesse acontecido e por um minuto perdeu-se completamente em seus olhos. Jasper evitou o impulso de abraçá-la e não soltar mais, ficara com tanto medo de perdê-la que esqueceu que ela o odiava. Talvez cinco segundos tenham passado, talvez dez... Quando Anna voltou ao seu estado normal, puxou sua mão de volta e voltou para a frente do sofá onde estava anteriormente – sem sentar-se – como se nada tivesse acontecido.

- Só para encerrar o assunto anterior: falarei com Triz amanhã e a menos que ela me diga que quer ser transformada, isso não vai acontecer. A decisão de Bella já está tomada, é uma questão de tempo até ela vir até aqui e obrigá-los a fazer uma votação... E... - ela olhou para a mão novamente, sem nenhum sinal de fogo. - Sobre os Volturi, caso a decisão dela seja permanecer humana...

- Bem, acho que só terão duas opções, não?- Emmett se meteu, vendo que Anna não conseguiria raciocinar um final para sua frase.

- Quais? - indagou Josh, mesmo já percebendo qual seria a resposta.

- Acho que é... Óbvio.- Rose murmurou, apontando discretamente para Anna.

- Ou eles aceitam ou vão... queimar?

A fala de Emm soou mais como uma pergunta, a qual aparentemente ninguém tinha resposta. A Major assentiu com a cabeça, sem de fato entender com o que estava concordando. Foi só quando a ardência se fez presente em sua garganta que ela percebeu não ter ido caçar na noite anterior. Ficou tão feliz com o presente que Rose e Emm lhe deram e tão enrolada em planejar o aniversário da irmã no decorrer da noite que acabou não alimentando-se. Ela perguntou para Carlisle se ele poderia fazer as perguntas e os exames, que provavelmente estava pensando, depois que ela voltasse e com um aceno de cabeça, ele concordou. Anna saiu da casa em direção a floresta, ainda atordoada, mas tentou deixar tudo que acabara de acontecer de lado: a discussão sobre os Volturi, a briga com Edward, sua mão pegando fogo e, por último, mas não menos importante, os poucos segundos em que nada parecia ter mudado entre ela e Jasper. Contudo, a ardência se fez presente e ela partiu em busca de sangue.

[...]

Três horas depois, por volta das duas e meia da madrugada, ela estava de volta à mansão. O lugar encontrava-se mais silencioso do que antes e ela tinha certeza de que Edward fora ver Bella depois do ocorrido.

Que vá, pensou ela. E que leve outro fora!

Ela ainda usava a roupa que passou o dia, as botas altas – agora com um pouco de terra e barro –, o vestido vermelho que por algum milagre não estava rasgado e a capa de sua fantasia saiu voando em algum momento da corrida até a floresta. Ela não perdera tempo brigando com a refeição da noite e também não se dispôs a escolher muito. Dois veados e uma corça adultos foram o suficiente. Assim que entrou na casa, percebeu que Rose e Emm conversavam no quarto sobre motores; Josh estava lendo no primeiro andar, enquanto Alice provavelmente estaria em sua cama tentando descansar a cabeça de suas visões. Carlisle no escritório e Esme encontrava-se limpando o piano, fazendo companhia à Josh. Anna lembrou-se de como ela gostava de ouvir o instrumento, mas o único na família que tocava era, sem dúvidas, Edward. Anna retirou as botas na entrada para não sujar a casa de barro e rumou para o terceiro andar, entrou no quarto de visitas onde, naquela manhã, havia passado boas horas escolhendo modelitos com Rose e onde agora encontravam-se suas roupas. Separou uma legging e uma blusa de moletom, assim como suas peças intimas e as meias felpudas que havia afanado do closet de Emmett. Contudo, não haviam toalhas naquele quarto por ser desocupado.

Ela encaminhou-se até o de Alice, duas portas depois do quarto de Jasper e a curiosidade lhe deu olá. Era evidente que o vampiro estava no banho, mas a porta estava entreaberta e ela queria, desesperadamente, retirar da cabeça as imagens daquele quarto vazio que tanto assombrava seus pensamentos. Encaminhou-se para dentro sorrateiramente e observou tudo: a janela estava aberta, havia uma cama nova, estantes com pilhas de livros nas paredes e alguns equipamentos eletrônicos. Haviam novas luminárias também, visto que a última fora ela quem quebrou e ambos estavam bem no meio da tran... Enfim, eram novas. Contudo, o ambiente parecia o mesmo. Quase intocado, somente pequenas alterações aqui e ali. Ela seguiu até a janela e inspirou o cheiro da rua, logo mais voltaria a chover e ventar. Típico de Forks. Ela não percebeu o tempo passar, tão pouco ouviu Jasper fechando o registro da água e se encaminhando para o quarto. Ademais, a realidade bateu à porta e Anna sentiu, por um mísero momento, que nada havia mudado.

Ela não devia estar ali, não devia se deixar levar pelas suas vontades mais internas e suplicantes. Mas estava, e Jasper não pareceu se importar com a invasão de seu quarto, pois quando ela virou-se para sair, lá estava ele. Era como se tivessem voltado no tempo; vê-lo entrando, secando os cachos que agora estavam mais compridos e que, sem sombra de dúvidas, o deixava incrivelmente mais irresistível, foi como um soco de realidade. Ela o queria com todas as suas forças, mas seu ego jamais a deixaria admitir e por isso mentia para si mesma. Sem pudor algum, Anna examinou o corpo de Jasper. Não percebeu quando sua respiração ficou acelerada, ou quanto tempo ficou com os olhos fixados em cada cicatriz, cada músculo e cada gota de água que escorria pelo peito e abdômen dele. Aparentemente, Jasper também não se importava.

Não a chamou em nenhum momento e muito menos mandou-a sair. Ele aproximou-se lentamente, os olhos grudados no rosto dela e transbordando de felicidade ao perceber que ela o queria. Ele sentiu. Cada parte do corpo de Anna, cada célula ainda presente em seu sangue implorava por ele, implorava para tocá-lo e então ela o fez. Jasper era o ser mais lindo que ela já havia tido o prazer de ver. Cada mordida presente em seu corpo, suas marcas de Guerras, faziam-na ficar cada minuto mais entregue. Não estremeceu quando sentiu a temperatura dele e percebeu ser a mesma que a sua, tão pouco barrou suas ações quando viu suas próprias mãos passando pelo peito e ombros dele.

Subiu seus olhos pelo pescoço grosso e a mandíbula marcada que, com toda a certeza, era sua perdição. Os lábios rosados e extremamente convidativos de Jasper encontravam-se com seu habitual sorriso ladino e, como um imã a atraindo, Anna tocou-o com o dedo. Seus olhos correram pelo rosto dele, gravando cada detalhe em sua mente e quando encontrou com a imensidão dourada que tanto povoava seus pensamentos, desabou. Estava entregue, completamente entregue e sem nenhuma noção do que estava fazendo. Jasper aproximou o rosto, ainda mantendo um fio de espaço estre sua boca e a dela. Ele era um cavalheiro, um homem de outro tempo e jamais a forçaria a fazer algo que não quisesse, mesmo que a vontade de beijá-la tomasse conta de seu ser.

- Darling...- ele sussurrou, a voz carregada de seu sotaque sulista. Foi o que bastou para que Anna perdesse a compostura e, ao mesmo tempo, lutasse consigo mesma para não sucumbir a ele.

- Não...

Foi tudo que disse, assim que percebeu o que estava prestes a fazer. Sua fala saiu com um sussurro. Ela afastou-se dele, afastando-o para longe dela com a mão e ficaram com um braço de distância um do outro. Anna desviou o olhar e seguiu em direção à porta, antes, porém, foi impedida de continuar. Seu braço fora segurado e ela virada novamente para ele.

- Algum dia, acha... Acha que poderá me perdoar?

Ele a fitava como se ali estivesse tudo que precisava para sobreviver, como se sua própria vida estivesse em suas mãos e, de fato, estava. Anna não conseguiu encará-lo, já sofrera demais e não queria ficar com mais sofrimento – dessa vez o dele – em sua memória, apenas negou com a cabeça, incapaz de pronunciar as palavras.

- Eu sinto muito, por tudo... Pelo que aconteceu com você, sei que jamais quis isso. Fui o responsável por sua morte, sei que fui.- sussurrou, aproximando-se novamente.

- Eu não quero a sua culpa, Jasper.

- E o que você quer?

Ela finalmente olhou em seus olhos e manteve-se firme quando tudo que mais queria estava bem ali, na sua frente. Engoliu a vontade de se render, não podia ceder.

- Isso... Não importa mais. - foi tudo que respondeu, num sopro de voz.

- Importa, você importa...

- Para! Não quero escutar isso de você, não quero escutar nada de você!

- Amor...

- Não me chame assim! - falou furiosa.

Ela não devia ter entrado no quarto, não devia ter quase cedido e o beijado, não devia estar tão perto e ele, com toda a certeza, ele não devia estar sem blusa. Isso só a fez ficar mais irritada e uma vozinha em sua mente – a voz de Alice – repetia para que ela mantivesse a calma. Havia um padrão nas demonstrações do dom de Anna, o fogo só aparecia quando ela estava incrivelmente irritada e o que não queria no momento era incendiar a casa. Tentou se controlar e manter a calma, tentou frear sua língua antes que as palavras saíssem, mas quando percebeu, já havia falado:

- Eu tive medo, sabia? O tempo inteiro! Medo de não voltar para casa todos os dias, medo de conseguir voltar e encontrar todos que eu amo mortos pelas mãos da Victoria! - ela não estava mais em si e agora, jogava tudo que estava entalado em sua garganta em cima dele. - Fui torturada por ela, vi o melhor amigo do meu pai ser morto sem que eu pudesse fazer nada e, como se não bastasse, fui morta também. Eu implorei para que ela parasse, Jasper, e você não estava aqui! Você não estava ao meu lado!- brandou furiosa.

Fora apenas necessário as palavras saírem de sua boca para Anna perceber o que havia dito. Ela arregalou os olhos, viu o choque nas feições perfeitas do vampiro à sua frente e levou as mãos rapidamente aos lábios, não acreditando no que acabara de falar. O rosto de Jasper murchou, fora tomado por uma absoluta tristeza, agora, se era a dela ou a dele, isso era difícil dizer.

- Me desculpe, eu...eu... não quis dizer isso.

- Quis, no fundo você sabe que é verdade. Nós dois sabemos, a culpa é minha...- respondeu amargurado.

- Não, não é. A única culpada nessa história toda é a Victoria e somente ela. - falou mais rápido do que poderia se quer imaginar, Anna o odiava e isso era certo, mas não atribuiria uma culpa a mais para cima dele. Sempre tentou ser justa e pensar racionalmente, não o culparia por algo que não fora ele quem fez.

- Não negue, amo... Anna, sei que você me odeia e sinceramente, mereço isso.

Ela respirou fundo, percebendo que havia trancado a respiração quando ele quase a chamou de amor.

- Tem razão, eu odeio.

Jasper assentiu, como se essa fosse a primeira verdade que era dita durante toda a conversa. Anna continuou:

- Mas te odeio por outras razões. Eu jamais vou culpar qualquer um de vocês pelo que aconteceu comigo, já passou e não há nada que se possa fazer a respeito. Além, é claro, de matar a ruiva. Isso eu garanto que vou fazer.

A linha de um sorriso brotou nos lábios dele, mas foi rapidamente contida. Não importaria o quanto ele dissesse que a ama, isso só faria com que ela se irritasse mais.

- Contudo, espero que não nutra esperanças de que irei esquecer o que você fez e agir como se nada tivesse acontecido. Falei sério quando disse que guardava rancor e você, Jasper, acabou comigo de um jeito que não sei nem como expressar em palavras. Eu não sou a Bella para perdoar tão facilmente, mas ainda consigo agir como uma pessoa normal na presença de seres desagradáveis - referiu-se a ele e ao irmão, é claro. - E que fique claro, o que eu disse a Edward vale para você também: só não te matei por respeito a sua família, mas isso não quer dizer que não o farei sofrer. Eu não gostaria de estar na sua pele a parir de agora, tão pouco na do seu irmão.

Agora, no entanto, Jasper não conteve o sorriso. Isso era muito mais do que poderia esperar e estava disposto a sofrer todas as vinganças que ela quisesse lhe infligir para tê-la de volta. Ele sempre gostou do lado selvagem dela, ainda que não o visse sempre.

- Uma ameaça, Anna?- seu tom foi de diversão, o que sabia: iria irrita-la. Anna deu um passo à frente, olhando firmemente nos seus olhos. Quando falou, sua voz saiu seca e rude:

- Entenda como quiser, Major.

Em seguida, deu-lhe as costas a ele e partiu para o quarto de Alice. Nem falou com ela, apenas pegou a toalha e voltou para o quarto de hóspedes para apanhar suas roupas, e depois partiu para o banheiro. Bater a porta não estava nos planos, mas ajudou a mostrar que ela não estava para brincadeiras. Jasper, no entanto, nunca esteve mais feliz desde a sua volta. O fato de ela dizer que o faria sofrer significava que a garota teria que ficar por perto para tal. Isso foi como música para seus ouvidos e, não pode negar, seria divertido vê-la por um novo ângulo. Estava acostumado à garota doce e amável com altos índices de agressividade, mas agora, apenas a agressividade estaria aflorada. Anna despiu-se rapidamente e ainda mentalizava a conversa que teve. Teria de arranjar um jeito de bater nos dois o mais rápido possível, nem que fosse apenas para desestressar. Tudo que ouviu antes de ligar o chuveiro e voltar a pensar no fogo que saiu de sua mão foi a voz de Emmett falando com uma animação digna dele:

- Finalmente teremos uma diversão por aqui, isso vai ser interessante, ursinha.


Notas Finais


• É issooo, espero que tenham gostado e a partir de agora o fogo no parquinho vai começar hihihi. E por falar em fogo, o que estão achando dessas pequenas demonstrações do dom da Anna? O que acham que é? Será que fica só por isso? Google pesquisar...
• Obrigada pelos 390 favs e COMENTEEEEM, VAMOS INTERAGIR MEU POVOO 🤭🤣.
• Bju bju e até o próximo;
• 😘😘


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