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História The Twilight Saga - Sudden decisions


Escrita por: Wonderfulll_P

Notas do Autor


• Oi oi, baldes de glitter;
• O capítulo de hoje está bem good vibes e – pra mim – é um dos mais engraçados até agora.
• Peço desculpas pelo horário que está sendo postado e também para caso haja algum errinho gramatical, tentei corrigir tudo rápido para postar hoje.
• Link dos bichinhos:
- Esquilo: https://pin.it/2W9lFyg
- Urso: https://pin.it/2flTFvr
• Boa leitura;

Capítulo 51 - Sudden decisions


Alice estava no primeiro degrau da varanda, excitada demais para esperar por Bella e Edward lá dentro. Parecia prestes a explodir numa dança de comemoração de tão empolgada com as novidades que a castanha daria.

- Obrigada, Bella! - Cantarolou ela enquanto os noivos saiam da picape.

- Espere aí, Alice - Bells a alertou, erguendo a mão para refrear sua alegria. - Tenho algumas restrições para você.

- Eu sei, eu sei, eu sei. Eu só tenho no máximo até 13 de agosto, você tem poder de veto sobre a lista de convidados e se eu exagerar em alguma coisa, você nunca mais falará comigo.

- Ah, tudo bem. Bom, é isso. Então você conhece as regras.

- Não se preocupe, Bella, será perfeito. Quer ver seu vestido?

Bella teve que respirar fundo algumas vezes. Qualquer coisa que a deixasse feliz, disse a si mesma. Acontece que, após a saída da reserva, quando Edward a encontrou no meio do caminho e o casal foi para a casa dela, Bells decidiu que não havia mais o porquê esperar. Ela queria Edward, havia terminado com Jacob – mesmo que sequer tenham chegado a ter algo – e além de Charlie ainda não saber de coisa alguma, nada mais os impedia de começar os preparativos para o casamento. Foi pensando nisso que, logo pela manhã, enquanto Jasper e Carlisle se aprontavam para a viagem até Vancouver, Alice instruiu ao pai a levar Bree para outra caçada, visto que Bella estava chegando com novidades as quais ela já sabia.

- Claro. - Bella concordou.

O sorriso de Alice era presunçoso.

- Hmmm, Alice - Bells disse, mantendo o tom despreocupado e calmo. - Quando você comprou meu vestido?

Anna riu do terceiro andar, nos braços de Jasper – ficaria sem vê-lo por dois dias inteiros, talvez até mais –, pois sabia que Alice tinha o vestido em seus planos a mais de três meses. Bella, no entanto, achou que seu vestido não devia ser muito espetacular. Sua amizade com a vidente estava a prova ali. Edward apertou sua mão antes que ela saísse correndo. Alice entrou primeiro, indo para a escada.

- Essas coisas tomam tempo, Bella - explicou Alice. Seu tom de voz era... evasivo. - Quero dizer, eu não tinha certeza de que tudo ia tomar esse rumo, mas havia uma possibilidade distinta...

- Quando? - Perguntou novamente.

- Perrine Bruyère tem uma lista de espera, sabia? - Disse ela, agora na defensiva. - Uma obra-prima de tecido não acontece da noite para o dia. Se eu não tivesse pensado de antemão, você usaria alguma coisa de pronta-entrega!

Não parecia que Bella ia conseguir uma resposta direta.

- Per... quem?

- Ele não é um estilista importante, Bella, então não há necessidade de dar um ataque. Mas ele tem futuro, e é especialista no que eu preciso.

- Não estou dando um ataque.

- Não, você não está. - Ela olhou com desconfiança seu rosto calmo. Depois, enquanto entravam em seu quarto, se virou para Edward.

- Você... para fora.

- Por quê? - Perguntou a castanha.

- Bella - ela gemeu. - Você conhece as regras. Ele não deve ver o vestido antes do dia.

Bella respirou fundo outra vez.

- Isso não importa para mim. E você sabe que ele já o viu em sua mente. Mas se é assim que você quer...

Alice empurrou Edward pela porta. Ele nem olhou para ela — seus olhos estavam na noiva, com medo de deixa-la sozinha. Bells assentiu, esperando que sua expressão fosse tranquila o bastante para acalmá-lo. Alice fechou a porta na cara dele.

- Muito bem! - Murmurou ela. - Vamos.

Ela pegou seu pulso e a conduziu ao closet — que era maior do que qualquer quarto na casa das Swan’s — e depois a arrastou para o canto dos fundos, onde um longo saco branco de roupa tinha um suporte só para ele. Ela abriu o saco num movimento impetuoso e o deslizou com cuidado do cabide. Deu um passo para trás, estendendo a mão para o vestido como se fosse uma apresentadora de game show.

- E então? - Perguntou, sem fôlego.

Bella o avaliou por um momento, brincando um pouco com Alice. Sua expressão ficou preocupada.

- Ah - ela disse e sorriu, deixando-a relaxar. - Entendi.

- O que você acha? - Perguntou Alice.

Era a visão de Bella de Anne of Green Gables.

- É claro que é perfeito. Exatamente o certo. Você é um gênio.

Alice sorriu.

- Eu sei.

- Mil novecentos e dezoito? - Conjecturou.

- Mais ou menos - disse ela, assentindo. - Parte dele é de design meu, a cauda, o véu... - Ela tocava o cetim branco ao falar. - A renda é vintage. Gosta?

- É lindo. Posso ver seu vestido? - Indagou.

Alice piscou, inexpressiva.

- Você não encomendou junto o vestido de dama de honra? Eu não ia querer minha dama de honra usando uma coisa qualquer de pronta-entrega. - Bella fingiu estremecer de pavor.

Alice atirou os braços em sua cintura.

- Obrigada, Bella!

- Como é possível que não tenha visto que isso ia acontecer? - Brincou, beijando seu cabelo espigado. - Mas que vidente você é!

Alice dançou para trás e seu rosto brilhava com um novo entusiasmo.

- Tenho tanta coisa para fazer! E, naturalmente, achei que convidaria uma de suas primas para dama de Honra.

Bella negou, com um sorriso no rosto.

- Anna e Triz tem um acordo mútuo desde crianças, onde uma prometeu ser a dama de honra da outra quando casassem. Se a promessa fosse desfeita, qualquer que fosse a entidade iria deixá-las carecas durante a noite.

- Vocês três são impossíveis - Alice brincou, seu sorriso resplandecendo no rosto. - Vá ficar com Edward, logo mais ele e Jasper partirão. Eu tenho de trabalhar, vejo você lá em baixo em dez minutos.

Ela disparou do quarto, gritando "Esme!" enquanto desaparecia. Bella a seguiu em seu próprio ritmo. Edward esperava por ela no corredor, encostado na parede revestida de madeira.

- Foi muita, mas muita gentileza de sua parte - disse ele.

- Ela é minha melhor amiga, não foi uma escolha. Esse lugar estava destinado a ser dela, assim como eu estou destinada a ser sua esposa. - Bells revirou os olhos com a palavra.

- Ainda não se acostumou com isso, não é?

- Não, mas vou me acostumar.

- Não acredito muito nessa história de destino. Está mais para o momento certo na hora errada que culminou em tudo isso.

- Você é tão chato quando é prático - ela brincou, selando seus lábios rapidamente.

- Terá que me aguentar por toda a eternidade - Edward argumentou, puxando-a delicadamente contra si.

- Deus me ajude. Diga-me, qual é a taxa de divórcio entre vampiros mesmo?

Ainda que a interação do casal fosse leve e de pura descontração, Alice gritou desesperada do primeiro andar. Para Bella, soou como um "não ouse cancelar o casamento, eu sou a dama de honra" mas muito provavelmente haviam alguns palavrões e xingamentos entre as palavras. Edward riu gostosamente, selando a ponta do nariz de Bella.

- É bem baixa.



Jasper despediu-se de Anna de um jeito pouco convencional para o casal de coelhos no cio. Com a casa cheia, o máximo que podiam fazer era uma troca de carícias. Anna o livrou da camiseta, pouco ligando se ele já estava pronto e esperando Carlisle chamá-lo. A morena subiu e desceu a mão, brincando com os dedos pela pele da barriga dele. Jasper era a obra de arte mais perfeita que existia. Cada cicatriz, pequena ou grande, o deixava mil vezes mais irresistível. Ela desceu a mão pelo abdômen forte e musculoso na medida certa, tocando o V e o caminho de pelos abaixo o umbigo que a levaria à perdição. No mais, se conteve. Ele soltou uma risadinha leve ao acariciar os cachos dela, sabia perfeitamente o que ela queria e quão desesperada estava para tê-lo só para si. Quando o Doutor ligou, pedindo para que ele e Edward o encontrassem na saída da floresta, Anna suspirou pesado.

- Vou sentir saudade. - Disse ela, fazendo um biquinho.

- De mim ou do meu corpo?

- Ambos, Major.

Ele riu e ficou por cima dela, selando seu pescoço de forma torturante para, por fim, dar-lhe um beijo apaixonado nos lábios.

- É recíproco, Darling. Se comporte enquanto eu estiver fora.

Anna revirou os olhos, o prendendo com as pernas na altura da cintura para que ele não pudesse sair.

- Não prometo nada. - Sussurrou, tomando-o em outro beijo de tirar o folego.

Sair daquele quarto foi a coisa mais difícil que Jasper teve que fazer, atrás apenas de ter que sair da casa, visto que Anna o arrastou de volta para dentro assim que ele pôs os pés na varanda. Edward riu da cena que presenciava e correu em direção a floresta. Após muito custo, Jasper o seguiu rapidamente. Anna, no entanto, bufou irritada.

- Sem sexo por dois dias.... Vou virar uma freira! - Resmungou.

Ignorou a gargalhada de Emmett e atirou-se na cama, folheando o livro de medicina avançada que Carlisle deu-lhe na noite anterior, após voltar da caçada com Bree e Esme. Anna e Jazz estavam no quintal, encharcados pela chuva. Ela deu uma passadinha no escritório assim que ficou devidamente apresentável, isto é, sem transformar a casa em um rio. Carlisle a parabenizou pelo procedimento invasivo realizado em Jacob, principalmente se tratando de alguém que era um parente – ainda que não biológico. Entregou-lhe o livro sem deixar de demonstrar o quão orgulhoso estava. Anna só saiu do quarto quando Triz chegou, quase três horas da tarde. A aula na delegacia havia acabado mais cedo e agora a caçula das Swan’s ouvia atentamente a explicação envergonhada de Bella de como fora feito o pedido de casamento. Entediada como só ela, Anna desceu os degraus e chamou a primeira e única pessoa capaz de dar-lhe as piores e ao mesmo tempo mais incríveis ideias do mundo:

- Grandão - disse, alongando o final da palavra.

- Que foi, baixinha? - Indagou ele.

Emmett estava na sala com Josh e todas as meninas da família. Ele e o irmão estavam sendo bem produtivos com as ideias para o casamento. Enquanto Josh opinava na escolha de renda lilás que Esme gostou, Emm se cobria com um tecido rosa, em uma tentativa de fazer charme para Rosalie que apenas caiu na gargalhada e voltou a folhear sua revista com Beatriz. Anna parou atrás dele e rodeou seus braços pelo pescoço do melhor amigo, apoiou seu queixo no próprio braço, que estava sendo sustentado pelo ombro dele. Ficou com o rosto ao lado do dele e conseguiu ver o tecido ainda em cima de sua camiseta.

- Essa cor ficou linda em você, combina com a sua personalidade brilhante. Só faltam os lacinhos no cabelo e pronto, você vira uma perfeita fada.

- Eu não sei se agradeço o elogio ou se te jogo do terceiro andar pelo sarcasmo.

Ela riu no ouvido dele.

- Agradecer é melhor e, sabe de uma coisa? Essa cor também combina perfeitamente com Edward...

Deixou no ar. Emmett entenderia, é claro que sim. Ele colocou uma almofada no colo e puxou o braço dela para frente. Anna caiu deitada no sofá com a cabeça na almofada e soltou uma gostosa gargalhada ao ver o sorriso diabólico dele.

- O que tem em mente? - Emmett indagou.

- Eu andei pensando.... Agora que Edward é oficialmente da minha família e que eu não o odeio mais tanto assim, talvez ele mereça uma gratificação de boas-vindas.

- Anna... - Bella lançou lhe um olhar acusador, do tipo que dava quando sabia que a prima estava prestes a aprontar.

- Ah, nem vem, eu sei que você está doida para saber o que vamos aprontar.

A castanha tentou conter o sorriso, mas não conseguiu. Esme, por outro lado, riu abertamente.

- E o que vamos aprontar, minha parceira de crime?

Emm acariciou os cachos dela enquanto falava, Anna pensou um pouquinho.

- Eu acho que Edward seria menos ranzinza se tivesse mais rosa na vida dele, então, podemos começar por aí.

- Tem que ser algo com valor sentimental... Tipo o quarto dele. - Ele pontuou.

- Ou o piano - Anna sugeriu.

- Ou a Bella - Alice falou, sorrindo maliciosa para a noivinha. Bells arregalou os olhos, desaprovando a ideia.

- Ou... - Anna disse e sentou-se de repente. Virou na direção de Emmett que pareceu ter a mesma ideia que ela.

- O carro! - Exclamaram juntos.

- Não toquem no Vanquish, o poli ontem à noite - Rosalie alertou, com um sorriso bobo nos lábios.

- Sim, senhora! - Anna e Emm bateram continência ao mesmo tempo, afinal, quando a rainha manda os súditos obedecem.

- Qual deles será o sorteado? - Triz perguntou, entrando na onda.

- Eu sugiro uma votação - Alice propôs.

- Eu voto no XC60 - Esme abriu os lances, surpreendendo um total de zero pessoas.

Ela fingia que não, mas adorava as peças que os filhos pregavam uns nos outros e não era de se admirar que tenha sido ela a responsável pela ideia do clube Todos Contra Edward. Esme soltou isso de brincadeira em uma conversa, anos atrás, mas os filhos gostaram tanto da ideia que resolveram pô-la em prática. Fora Emmett quem contou isso a Anna, quando se conheceram. Alice votou com Esme. Rose, Josh e Triz votaram no Volvo C30.

- Certo, Bella, sua vez.

A castanha revirou os olhos com a fala da prima, mas pensou na sua resposta.

- Os dois.

A surpresa nos rostos dos imortais fora verdadeira, Rosalie até abaixou a revista para encarar a humana e ter certeza de que ouvira direito.

- Aí está ela, pessoal, a mente mirabolante por trás das bobagens que as Swan's fizeram no Brasil. - Triz comemorou.

- Votação encerrada! - Alice disse, contente.

- Mas vocês dois não votaram - Bells falou, encarando Emmett e Anna.

- Nós dois pensamos como um só cérebro, e esse cérebro diz que sua ideia é perfeita! - Emmett falou, resplandecendo felicidade.

Ele e Anna saltaram por cima do sofá e saíram correndo até a porta.

- Vamos comprar as tintas! - Avisaram ao mesmo tempo e então seguiram para o carro.

Não demoraram muito para chegar à loja da cidade. E era muito incomum ver um Cullen em um ambiente como aquele. Chamar atenção dos curiosos foi inevitável, mas nenhum dos dois estava com vontade de ser discreto. Ao menos Anna lembrou-se de pôr as lentes. Correram pelos corredores como duas crianças que fugiram dos pais para pegar doces. Emmett guiava um carrinho de compras e Anna jogava tudo o que era coisa dentro dele. A loja era bem grande (a única daquele tamanho na cidade) e tinha um pouco de tudo. A versatilidade era imensa, por conta disso, não era de se admirar que os conhecidos da escola, da delegacia, do hospital e até mesmo os donos de outros estabelecimentos comprassem ali. Passaram pela seção de materiais escolares e morena pegou vários potinhos de glitter. 

Emm jogou alguns pincéis no carrinho, ao lado das várias tintas de tom rosa que compraram. O lado bom de tudo ficar longe é que os carros eram essenciais para os habitantes da cidade e, sendo assim, havia uma sessão inteira de produtos destinado a eles. Também tinham as pequenas ferragens para coisas mais específicas, mas a lojona quebrava um galho. Quando a voz irritante de Lauren Mallory soou em seus ouvidos, ambos reviraram os olhos ao mesmo tempo. Ela estava acompanhada por pelo menos duas pessoas, Jessica – é Claro – e Lucy (uma garota que se mudou para a cidade no início do segundo ano, mas que não foi notícia por muito tempo, visto que era mais tímida que a própria Bella). Nenhuma das três reparou no dois e seguiram para um corredor distante do deles.

- Se o destino for bom, elas nem saberão que estamos aqui. - Anna falou.

- Não vamos dar sorte para o azar. Eu sei que sou lindo, mas não estou com vontade de ser paquerado pela Mallory.

Anna gargalhou e sentou na beirada do carrinho, enquanto Emmett o guiava – como se fosse de brinquedo – até o próximo corredor.

- Acho que pegamos tudo - disse ela, pegando dois rolos de fita crepe de uma prateleira.

- Parece até que vamos fazer um trabalho para a feira de Ciências.

- E não vamos? Edward será o juiz. Se a reação dele for algo pior do que o esperado, vamos tirar a nota máxima!

- Somos ótimos parceiros de crime, sem dúvidas.

Seguiram para o caixa mais afastado que ficava perto da sessão farmacêutica. Anna pegou alguns doces pelo caminho, ciente de que Beatriz os devoraria em segundos. No entanto, a escolha do caixa não foi a melhor, visto que a pessoa a passar as compras era um jovem da escola que havia se formado no mesmo ano que eles. Bonito, para dizer o mínimo, e certamente esse era o motivo principal de tantas adolescentes em um mercado as três e meia da tarde, em uma segunda, no meio do verão. Emm começou a retirar as coisas do carrinho quando a voz insuportável de Lauren voltou a ficar terrivelmente audível. Mesmo se quisessem – e como queriam – não conseguiriam ignorar. Elas ainda estavam longe, alguns caixas de distância, mas já haviam avistado os dois. Anna deu de ombros e focou seu olhar na prateleira a sua frente, onde haviam embalagens de camisinhas de vários tamanhos. Ela sempre levava umas para Triz e para ela, ainda que na atual situação em que se encontrava, não precisasse mais. Contudo, eram muitas opções. Examinou duas embalagens grandes.

- Talvez não seja muito adequado perguntar para Triz qual delas é o tamanho que Seth usa - Anna falou sozinha, mas Emm ouviu e não evitou uma gargalhada.

- Ele tem vergonha de comprar camisinhas, por acaso?

- Sei lá, mas essas são para triz. Ela sempre guarda em vários lugres. Primeira lição que minha mãe deu sobre namorados: tenha sempre uma camisinha com você e, se puder, de pelo menos três tamanhos diferentes, por precaução.

- Eu teria adorado conhecer sua mãe

- Vocês se dariam muito bem juntos, ela era mais maluca do que eu.

- Já sei de quem você puxou a personalidade.

- Realmente. Qual tamanho você usava aos dezoito? - Indagou, sem de fato prestar atenção à quem estava perguntando. Alguém ofegou ao lado dela, mas Anna não retirou os olhos das embalagens para saber quem foi.

- Você quer mesmo saber? - Emmett falou, com a voz maliciosa. Anna percebeu que ele estava louco parar rir. Ela finalmente percebeu o que havia dito. Arregalou os olhos e sufocou uma risada.

- É, então.... Vamos deixar quieto. Certas barreiras só podem ser passadas em casos de extrema necessidade. Algo como suas calças pegando fogo, por exemplo. - Concluiu, brincalhona.

- Aí está uma coisa que realmente pode vir a acontecer – Ironizou. – Mas se você perguntar à Rose tenho certeza de que ela te conta. E não poupará os detalhes. - Ele zombou.

- É exatamente por isso que eu não tenho curiosidade nenhuma em perguntar. Uma vez você estava concertando o motor do seu carro e eu te juro que ela passou meia hora falando sobre os seus músculos sem pudor algum. Não quero nem pensar no que ela diria sobre isso.

- Faz sentido. Já decidiu?

- Não, vou levar um de cada e ela escolhe o tamanho certo. As que sobrarem nós podemos fazer balões e jogar dentro dos carros. Edward vai amar.

O balcão do caixa estava lotado de compras e o carrinho quase no final quando Anna percebeu a presença dos três indivíduos atrás dela. Lauren estava com os olhos focados em Emmett, que fingia nem dar bola. Parecia que ela esperava por uma resposta e repassando a conversa na cabeça, Anna percebeu ter sido Lauren quem arfou quando ela fez aquela pergunta nada discreta à Emm. Cumprimentou Lucy, que era a única daquele grupinho que valia alguma coisa, e as outras por educação. Emmett apenas fingiu que não as conhecia – o que em partes era verdade, visto que nunca havia falado com nenhuma delas em todos os anos de ensino médio. Lauren era uma exceção à regra por não se fragar e tentar flertar com ele, não que Emm alguma vez tenha respondido os flertes. Rose sempre estava por perto para ser a namorada ciumenta e antipática de sempre. O celular de Anna apitou quando a última lata de tinta foi colocada no balcão.

- Grandão - Anna chamou, ignorando as garotas atrás de si.

Lauren quase arfou novamente, apenas pelo apelido íntimo usado. A Swan entregou seu celular a Emm, onde Rose pedia alguns plásticos grossos para forrar os vidros dos carros e o chão. Anna viu, de relance, Jessica arregalar os olhos ao mirar o pulso de Emmett e depois o seu pescoço, onde o colar com o brasão da família Cullen pendia lindamente.

- Você está usando um medalhão dos Cullen! - Jessica afirmou.

Ser discreta era algo difícil para ela.

- Ah, sim. - Anna respondeu, forçando um sorriso simpático. Não estava com vontade de irritar a garota, tão pouco jogar a verdade na cara dela ou dar-lhe qualquer satisfação. A Stanley provavelmente ficaria com inveja apenas por Anna estar acompanhada de Emmett.

- Deve ser emprestado, aposto. - Lauren sussurrou no ouvido de Lucy, que a ignorou com sucesso.

- Na verdade, foi um presente. Ela faz parte da minha família, nada mais justo do que ser representada como tal. Não que isso seja da sua conta, é claro. - Emmett falou seriamente para Lauren. A garota desviou os olhos, envergonhada.

- É lindo - Lucy disse, quebrando o clima tenso. A Major agradeceu, louca para rir, mas sem de fato fazê-lo. Emmett deu-lhe uma piscadinha e devolveu o celular. Retirou a carteira do bolso e entregou a ela. Beijou sua testa antes de afastar-se e dizer:

- Volto já, princesa. Pode pegar o que quiser.

Com Emmett fora das vistas, Jessica começou com seu questionário de sempre. Anna era super vaga nas respostas e Lucy parecia estar se divertindo com a situação. O homem do caixa – Roy, de acordo com seu crachá – parecia intrigado enquanto passava as compras. Ele olhou de relance para o corredor onde Emm havia desaparecido e corou ao ser pego no flagra pelo olhar da morena.

- Ér... Me desculpe a intromissão, mas você e ele são um casal? - Anna fez cara de nojo com a pergunta repentina, mas não deixou de sorrir ao responder:

- Céus, não! Eu sei que ele é lindo e tudo mais, mas somos apenas amigos. Melhores amigos. Irmãos no grau mais literal da palavra.

- Ela já está se achando uma Cullen! Que patética! - Lauren sussurrou maldosamente para Lucy, que a repreendeu com o olhar. Anna ignorou, fingindo que não ouvira nada.

- Oh, sim... Claro, claro. Me desculpe a intromissão, novamente. - Disse Roy, sem jeito.

- Que isso, não foi nada.

- Seria muito indelicado da minha parte se eu te pedisse para dar meu telefone a ele? Isto é, se já não for comprometido, é claro. - Ele falou baixinho, aproximando o rosto. As humanas fofoqueiras não conseguiram ouvir nada mesmo se quisessem.

- Ah, eu sinto muito. Você parece ser um cara legal, mas ele já é comprometido. - Sussurrou de volta.

Emmett, no exato instante, soltou uma gargalhada no meio da loja. Qualquer um perto dele ou com audição sobrenatural pôde ouvir.

- Claro, claro.... Me desculpe se fui indelicado.

- Imagina!

Anna ficou com dó do garoto, ele realmente parecia ser alguém legal. Lembrou-se de um modelo que fora contratado por Maze para fazer a coleção de moda masculina da Doux Désir. Ele e Anna se deram muito bem e tiveram que posar juntos para algumas fotos. Em determinado momento, após o fim do dia de trabalho, o garoto lhe contou quase que a vida inteira e o quão desesperado estava para encontrar alguém legal. Então, sorrindo feito boba, Anna pegou seu celular e pediu o número de Roy. Ele, curioso e envergonhado, lhe passou rapidamente e de forma discreta.

- Eu enviei seu número para um amigo meu. Ele é modelo e se chama Dan, é um amor de pessoa, juro.

O garoto corou violentamente. Podia ser facilmente comparado a um tomate. Ou, quem sabe, à Bella.

- Vai gostar dele, te garanto. Pedi para ele entrar em contato após as cinco, tudo bem?

- Sim, sim... Claro! Er... obrigado, por isso. Foi muito gentil.

- Ah, não foi nada! Pode me chamar de cupido.

Ele assentiu, ainda envergonhado, e voltou a passar as compras. Lauren continuava a jogar seu veneno no ouvido de Lucy, que fazia um ótimo trabalho ao ler uma revista de fofocas retirada de uma prateleira e ignorá-la veementemente.

- São amigos a muito tempo? Vocês parecem próximos. - Roy perguntou, falando no tom normal de voz. Percebeu que a garota estava tentando ignorar o grupinho que cochichava às suas costas.

- Não muito. Vai fazer dois anos que nos conhecemos, mas foi uma conexão instantânea. Rose, a namorada dele, costuma dizer que somos como uma coisa só.

Roy riu.

- E ela não sente ciúmes? Digo, da proximidade de vocês? Me desculpe se estiver sendo muito curioso.

- Bobagem! - O confortou. - Rose é a minha melhor amiga. Somos um trio de desocupados, na verdade. Pense em crianças fazendo bagunça, esses seriam Emmett e eu. Rose está mais para a séria e responsável que tenta nos controlar e impedir de queimar a casa. Ela não sente ciúmes, nem tem motivos para isso. Namoro com o irmão gêmeo dela.

- Que incrível. Muitas pessoas não se dão bem com os parentes e irmãos do namorado.

- Ah, eu sei bem disso. Não é o nosso caso, é claro. Temos tanta intimidade que é impossível não nos darmos bem.

- Isso é muito legal... - ele esperou-a completar com seu nome.

- Anna.

- Anna. Bonito nome.

- Obrigada, Roy.

Emmett não demorou muito mais e enquanto aproximava-se do caixa, a Major já estava abrindo sua carreira para pagar as compras. Pegou o primeiro cartão que achou. Digitou a senha que sabia de cor e salteado – o aniversário de Rose, é óbvio – e pediu para que Roy adicionasse o restante dos objetos que Emmett trazia. Lauren calou a boca imediatamente ao vê-lo por perto.

- O que é tudo isso, Emm? Rose só pediu uns sacos a mais.

Ele riu.

- Ah, eu sei. Mas como Jazz não está aqui, é minha vez de mimar você.

Ele lhe entregou um esquilo de pelúcia segurando uma noz. Na outra mão havia um ursinho.

- Eu amei, Grandão!

- Eu vi ele quando passei pelos brinquedos e só consegui lembrar da sua obsessão por esquilos. Está sempre fazendo uma piadinha com os pobrezinhos.

Ela revirou os olhos, sorrindo bobamente e lhe deu um abraço apertado. Roy esboçou um sorriso enquanto passava os objetos adicionais. Emmett, como o bom vampiro que era, havia escutado todas as baixarias e comentários desnecessários que Anna fez questão de ignorar. Eles não podiam chamar muita atenção e estavam a mais tempo do que pretendiam no mercado, mas jamais deixaria que falassem mal dela por pura inveja. Lauren não disse mais nada enquanto Anna despedia-se de Roy. Emmett, ao invés de pôr todas as compras no carrinho e levá-las até o carro, pegou-as com apenas uma mão. Ninguém suspeitaria de sua força sobre-humana com tantos músculos como os que tinha. Anna levou apenas o seu esquilinho pressionado contra o peito e o ursinho que, mesmo sem precisar perguntar, sabia ser de Rose. Com a mão livre, Emm passou o braço pelos ombros dela, que fez a mesma coisa em suas coatas. A última coisa que ouviram ao dar as costas para aquele grupinho fora a voz de Lucy dizendo:

- Lauren, o seu veneno está escorrendo.

Já no carro, se permitiram rir de toda aquela situação. Emm dirigiu o caminho de volta dessa vez, enquanto Anna pôs os pés no painel e acariciava seu presente.

- Rose faz a mesma coisa, sabia? Fica toda boba quando eu lhe dou algo de surpresa, sem ser em uma data comemorativa ou algo assim.

- Ela é incrível. Vocês dois são. E obrigada por ter me defendido daquelas duas insuportáveis.

- Só falei a verdade. Você é da família, para sempre. É minha irmã, independente de sangue e eu sempre irei protegê-la, mesmo que você seja muito mais durona que eu.

- Amo você, grandão.

- Aposto que eu amo mais.

[...]

Como era de se esperar, Rosalie ficou toda apaixonada e babona com o ursinho de pelúcia. Era algo tão pequeno, tão singelo... e que, ainda assim, aqueceu o coração congelado da vampira. Deu boas gargalhadas quando viu o esquilinho que Anna apertava com força contra o peito e que se recusava a soltar até mesmo para deixar Alice ver. Josh até deu a ideia de fazer dois cobertores para os bichinhos com as amostras de tecido que tinham em mãos, coisa que Alice rapidamente providenciou. Os carros já estavam estacionados no meio da rua. Essa era a melhor parte de ter a mansão localizada em uma propriedade privada. Os vizinhos mais próximos – a quilômetros de distância – não utilizavam essa estrada por conta do acesso pela floresta. 

Emmett serviu de macaco e levantou os dois carros para que a Major e Josh esticassem os plásticos de maneira que a tinta não pegasse na estrada. Esme e Alice permaneceram dentro de casa, aproveitando-se do entretenimento que o restante da família proporcionava sem ter que, de fato, pôr as mãos na massa. Rosalie guardou os dois ursinhos em sua cama, onde logo mais Alice colocaria os cobertores que preparava. Triz e Bella – que por ser a cabeça por trás da votação que fizeram, não pode se abster de ajudar – forraram os vidros e rodas de ambos os carros. Rose espalhou todos os materiais que foram comprados nas escadas da varanda, deixando um espaço livre para que Bella e Triz pudessem entrar e sair da casa se necessário.

- Todos prontos para começar? - Indagou Anna, animada.

Cada um dos presentes ali empunhava um pincel e uma lata de tinta rosa própria para automóveis.

- Sim! - O coro gritou.

Esme e Alice também confirmaram da sala.

- Bella, de o sinal! - Emmett pediu, pulando no lugar como uma criança serelepe.

- Atacar! - A castanha gritou, sem um pingo de vergonha.

Edward não ficaria bravo com se soubesse que ela não só participou, como também deu a ideia de quais carros usar. Os plásticos abaixo dos carros vieram bem a calhar, visto que ia mais tinta para o chão do que para o local devido. Levaram apenas quarenta minutos para deixar os carros cor de rosa e utilizaram mais vinte para fazer desenhos com os potes de glitter enquanto a tinta ainda estava fresca. Anna desenhou um unicórnio gigante no capô do XC60; Emmett uma bailarina; Alice uma fada; e Triz uma girafa. O motivo? Jamais saberemos. No outro carro, Rosalie fora bem criativa. Desenhou um morcego com as unhas pintadas; Josh fez questão de representar o irmão da melhor forma que sabia: desenhando Charles Xavier, um mutante de HQ cujo poder principal é ler mentes; Bella, ainda que não fosse uma exímia desenhista, fez um bom trabalho ao fazer o símbolo do infinito com as suas iniciais e as de Edward no meio.

- Que romântica - Emm provocou, fazendo-a enrubescer.

Nem mesmo Esme ficou de fora. Ela não pretendia ir para as vias de fato, mas assim que Bella entrou na mansão e tocou em seus dedos frios com as mãos cheias de brilho, a matrona da família não pode recusar participar. Desenhou uma borboleta lindamente, e depois todos os membros de sua família representados por algum animalzinho. Destaque para Carlisle que fora representado por uma coruja, Emmett por um macaco, Rose por um urso e Josh por um elefante. Esme era, sem dúvidas, a melhor desenhista. Anna estava extremamente concentrada em seu trabalho quando foi atingida por respingos de tinta. Seu olhar parou imediatamente em Emmett, mas ele estava atrás do carro. Contudo, Bella não se livrou do pincel a tempo, sendo assim pega no flagra. A Major respingou tinta em sua direção, mas graças ao tombo que a castanha levou ao tropeçar em Josh para tentar fugir, Beatriz que recebeu a tinta no rosto. Não se sabe exatamente quem fora o indivíduo que gritou:

- É guerra!

Mas fontes confiáveis garantem ter sido Emmett, é claro. Com isso, de repente, os plásticos no chão serviam apenas para enfeites. A rua, em apenas trinta segundos, já estava completamente cheia de respingos e brilho por todo o lado. Os vampiros conseguiam fugir com mais facilidade do que as duas humanas, que eram em sua maioria os principais alvos. Alice fora a única – obviamente – que conseguiu escapar ilesa. Ela entrou e saiu em instantes de dentro da casa, portando uma câmera – de Josh, muito provavelmente – e a posicionou num tripé nas escadas.

- Quero todos juntos na frente dos carros! - Ela gritou, mesmo que não houvesse tal necessidade.

Os empurrões se seguiram enquanto ela organizava a todos para a foto. Emmett ficou no fundo, entre os dois carros completamente irreconhecíveis. Triz e Rose, por serem as mais altas, ficaram ao lado de Emmett. Esme puxou Bella e Anna para um abraço, cada uma em um lado seu. A baixinha voou para o colo de Josh, que ficou ao lado de Triz.

- Ao meu sinal, todos sorrindo - informou a vidente.

No entanto, quando o sinal veio, não foram só sorrisos que preencheram o filme da câmera. Acontece – e a fadinha sabia – que Josh e Emmett estavam escondendo três latas de tinta completamente cheias. Josh com uma, Emm com as duas, uma em cada mão. E quando o sorriam foi dito, Emm virou uma das latas em cima de Rose e Triz e a outra na cabeça de Esme, pegando em Anna e Bella também. Josh fez a mesma coisa em Alice, que deixou-se ser suja para compor a foto perfeita. Os dois garotos foram capturados pelo flash dando gargalhadas. Esme sorria também, com o rosto completamente rosa. Anna estava com a boca aberta em um perfeito Ó de indignação, assim como Rose e Triz, que escorregou com o susto e pendurou-se no pescoço da loira para não cair. Bella abraçou Esme com força quando sentiu o líquido gelado tocar sua pele e soltou um grito de olhos fechados, que fora capturado pela câmera de forma hilariante. Alice encolheu no corpo do marido – que segurava a lata acima de sua cabeça – sorrindo também, com os dentes cor de rosa. Os dois carros no fundo com seus desenhos brilhantes e chamativos fecharam a foto com chave de ouro.

- Agora quero que todos assinem seus desenhos, a cara do Ed será impagável! - Alice bateu palminhas após selar os lábios do marido, deixando-os rosa como seus cabelos.

Cada um assinou seu nome em seus respectivos desenhos. Bella assinou o dela com um coração no final, tudo para que Edward soubesse que ela estava no meio da confusão e ativamente. Beatriz havia escolhido o tamanho correto do pacote de camisinhas que ficaria para si e ficou a cargo dela e Bella fazer balões com os pacotes que sobraram. Parte porque Emmett estava divertindo-se muito com a situação, parte porque elas eram as mais delicadas para o serviço. Cada embalagem continha dez pacotes de camisinha e, sendo assim, Triz fez duas flores com cinco balões cada para grudar em cima dos carros assim que a tinta secasse. O restante dos balões de preservativos foram jogados dentro do armário de Edward – ideia de Josh.

Após a brincadeira, um por um, foram tomar seus banhos e retirar toda a tinta e brilho de seus corpos antes que tudo aquilo secasse. Quando limpos e reconhecíveis novamente, voltaram a arranjar o que fazer. Emm e Rose saíram para um passeio romântico. Esme, Triz, Bella e Alice davam suas opiniões sobre os toques finais do vestido. A nossa protagonista, é claro, focou-se em encarar o teto da sala e divagar sobre tudo que acontecera nas últimas 48 horas. Por algum motivo – além da sede e da ardência que começava a se fazer presente em sua garganta – o líquido vermelho não saia de sua cabeça.

Sangue, pensou, matutando a palavra várias vezes. Pensou no sangue de Bella, no de Triz, na cena desencadeada no campo. Pensou em si mesma, em Lotte e Jasper e na facilidade que ela tinha para conter suas sedes. Foi então que uma vozinha no fundo da sua mente fez a pergunta que poderia dar-lhe a resposta que a tanto tempo Carlisle e ela buscavam: e se...?

- Josh - o nome dele ausentou-se de seus lábios frios, mais rápido do que pudera pensar em dizê-lo.

O loiro levantou o olhar, seguindo o som que o chamava e fechou seu livro, colocando-o em seguida na prateleira ao lado do sofá.

- Sim?

- Jasper me disse que você é o mais inteligente - falou, incerta de como começar a explicar o raciocínio que lhe afligiu segundos antes.

- E ele está corretíssimo, diga-se de passagem.

- Imaginei que sim. Pode me ajudar com algo, se não estiver ocupado?

Em instantes Josh já estava ao lado dela, sorrindo alegremente. Feliz por livrar-se da monotonia e do tédio da pós-batalha. Ofereceu o braço, dobrado na altura da cintura, para que Anna o acompanhasse em um passeio. Realmente o cavalheirismo não havia morrido com o decorrer dos anos, apenas seus cavalheiros. Ela aceitou o convite, grata pelo amigo e irmão – de certa forma – não questiona-la. Escutaria tudo no seu devido tempo. A paciência de Josh era realmente uma dádiva e algo admirável.

- Alice, nós vamos sair. Trago ele de volta mais tarde.

- Divirtam-se! - Exclamou ela.

O casal de amigos caminhava pela floresta em velocidade humana, aproveitando o silêncio acolhedor que a floresta proporcionava. Passaram minutos assim, caminhando sem rumo, observando as flores murchando e desabrochando, os insetos e animais andando pelas árvores e folhas. Os sons da casa não chegavam mais aos seus ouvidos potentes, ainda que o que Anna queria falar não fosse segredo. Para falar a verdade, sua teoria até que fazia sentido. Sentido até demais. A resposta poderia ser aquela, é claro, e se fosse, estava na sua frente o tempo todo.

- O que acha de uma escalada? - Josh indagou, ao avistar uma árvore alta e bem robusta.

Anna não o respondeu, apenas correu na sua frente e começou a escalar. Aprendera muitas coisas ao longo dos anos, mas Jasper também a ensinou várias. A primeira era que, depois de Edward e Emmett, Josh era o mais rápido da família. A segunda? Todos amavam uma competição, e ela sempre existiria em cada mínimo detalhe ou fala. Uma sugestão podia ser apenas uma sugestão, é claro, mas quando feita por um dos quatro monstrinhos (onde todos os irmãos Cullen se enquadravam) era claramente um sinal de desafio. E então, a terceira regra que Jasper teve a bondade de ensinar era que: quando o assunto é ganhar de seus irmãos, não pense, aja. Roubar e trapacear também poderia ser incluso no pacote, dependendo da ocasião. Josh sorriu com ao vê-la avançar na sua frente e pôs-se a correr também. 

Suas mãos e pés moviam-se tão rapidamente que mal pareciam tocar a casca da árvore. Anna resmungou ao vê-lo aproximar-se. Estavam lado a lado agora e quase no topo. Ela podia ganhar, mas Josh também sabia trapacear. Ele se impulsionou para cima e saltou, ficando um metro a frente e, consequentemente, ganhando o desafio implícito. Com um salto, Anna pousou ao seu lado em um galho grosso. Balançou as pernas como se estivesse a apenas centímetros do chão, sem preocupar-se em se segurar. Pousou as mãos no colo, ainda rindo com Josh da brincadeira idiota que fizeram. Ele também não parecia ligar para o quão alto estavam, dobrou uma de suas pernas em cima do galho e a outra ficou pendurada no ar, como as de Anna. Mais de dez metros os separavam do chão. Muito mais.

- Eu admito, você é bom. - Deu-se por vencida.

- Agora conte uma novidade - gabou-se.

- Olha só, não sou a única com o ego lá nas alturas. O seu acabou de ultrapassar o topo dessa árvore.

- Adoro suas respostas rápidas.

- Claro que adora, você é o único que consegue respondê-las tão rapidamente e com o mesmo nível de sarcasmo.

- Errada você não está.

Josh olhou para o céu ficando claro. O sol estava se pondo. Viu um brilho além dele que chamou sua atenção como sempre acontecia.

- Está vendo aquela estrela?

Anna olhou para a mesma direção que ele, concordando em seguida.

- É a estrela D'Alva. Também chamada de estrela vespertina ou estrela da manhã.

- Vênus. Fica entre o sol e a terra, por isso atinge seu brilho máximo durante o amanhecer ou ao entardecer. - Ela completou.

- Exato.

- O que tem ela?

- Fez parte da minha vida humana, de certa forma.

- Sério?

- Sim. Nasci em Lancashire, em 1918. Faltava cerca de nove meses para a Primeira Guerra chagar ao fim. Não lembro muito sobre esse período, mas eu cresci ouvindo sobre as sequelas que ela deixou. Minha família nunca foi muito amorosa, meu pai trabalhava na manutenção da Torre de Blackpool e em uma noite não voltou para casa. Descobrimos na manhã seguinte que ele havia andado pelo píer a noite e acabou caindo de lá. A maré estava cheia, nunca encontraram seu corpo.

- Sinto muito, Josh. Você tinha quantos anos na época?

- Treze. Acho que foi melhor assim, ele era uma pessoa terrível de qualquer forma. As coisas ficaram mais leves em casa depois da morte dele, minha mãe começou a trabalhar como costureira e eu, por ser o mais velho de três irmãos, comecei a trabalhar também. Uma mulher viúva com três filhos não era bem vista na sociedade e ela ainda estava nova quando casou novamente. Não tinha nem trinta anos. Mas deu sorte, acho, o cara era gente boa. Muito melhor do que o meu pai e certamente um dos poucos que ainda sabia ser um ser humano descente. Ele contava histórias para os meus irmãos, falava sobre o espaço e as estrelas e sobre o quão pequenos somos em comparação com o universo. A estrela D’Alva sempre foi a nossa favorita. Costumávamos passear pela praia durante a madrugada e vê-la brilhar ao nascer do sol.

- Que lindo.

- E era. Nosso passado fica mais escuro quando nos transformamos, como se um filtro cobrisse todas as memorias de nossa vida, mas eu sempre vou me lembrar daquele amanhecer com pureza de detalhes. O laranja, rosa e amarelo no céu, o branco brilhante que era vênus em seu máximo... é algo que nunca deixarei sumir, não importa quão longa seja minha vida.

- Esse é o preço da imortalidade, não? Esquecer.

- De fato. Um preço muito alto se você teve uma vida boa. Do contrário, pode ser considerado uma dádiva. Quer saber como me transformei? Acho que Alice não contou, não é?

Anna negou. Cruzou as pernas no tronco da arvore e apoiou os cotovelos nos joelhos, enquanto as mãos apoiavam seu queixo. Josh riu ao vê-la se ajeitar para ouvir sua história.

- Foi durante a Segunda Guerra. Eu tinha 21 anos, mas todos que me conheciam me achavam mais novo. Não queria deixar meus irmãos para trás e me alistar como todos os meus amigos, Ethan, o do meio, tinha apenas 15 anos e o caçula, John, 13. Minha mãe estava doente, pneumonia, e meu padrasto se alistou no meu lugar. Onde morávamos era extremamente malvisto uma família com 4 homens não doar nenhum pelo seu pais. Ele disse que eu tinha muito o que viver ainda, por isso me impediu de ir no seu lugar. Seu nome era Bronson. Ele continuou com seu cargo de aviador, era a segunda vez que participava de uma guerra. No fundo, sempre soube que o lugar dele era o mais próximo possível das estrelas. Durante um bombardeio no mar da Irlanda seu avião foi abatido. Meus dois pais tiveram o mesmo destino final, ambos caíram no mar e nunca foram achados. Fiz questão de adicionar o nome do meu padrasto ao meu sobrenome, como uma forma de honrá-lo de alguma maneira.

Anna permaneceu quietinha, escutando tudo atentamente.

- Quando a força Aérea polonesa se instalou na cidade, fomos evacuados de lá. Meus irmãos finalmente estavam seguros com uma tia nossa, ela já era idosa e havia acabado de perder os dois filhos para a guerra. Ficou muito feliz em cuidar deles. Eu precisei voltar para casa e retirar nossos pertences de lá, caso fosse invadida. Foi quando aconteceu. A cidade estava toda escura para evitar bombardeiros, eu estava chegando em casa quando um estranho me agarrou e senti a pior dor da minha vida. Alguns soldados de prontidão me escutaram gritando e começaram a se movimentar, foi só por isso que o vampiro não sugou todo meu sangue. Precisou me soltar, mais isso fez com que o veneno se espalhasse mais rápido. Eu não tinha mais utilidade para ele quando fui jogado em um terreno baldio e muito distante de onde estava.

Josh suspirou.

- Quando acordei em minha nova vida eu não tinha ideia do que estava acontecendo. Alice e Jasper já haviam rompido seu relacionamento a algum tempo. Ela sabia que isso aconteceria, é claro. Já tinha visto séculos de nossos anos juntos, mas tinha visto Jasper também. Ela seria a responsável por guiá-lo e ajudá-lo a superar sua depressão, mostrar a ele que sua vida podia ser diferente. E foi isso que fez. Ele precisava dela, do seu amor e seu cuidado. Jasper me disse que percebeu quando os sentimentos dela mudaram em relação a ele, continuaram fortes, é claro, mas não era mais um amor apaixonado. 

Josh sorriu bobamente ao continuar:

- Ela veio para mim quando eu precisei, assim como suas visões mostraram que iria acontecer. Foi o primeiro rosto que vi depois de transformado. Ela estava sorrindo para mim, aquela baixinha serelepe. Me explicou tudo que eu precisava saber, me ajudou a deixar uma última lembrança a meus irmãos antes de partir de suas vidas. Eu tive alguns deslizes no começo, matei algumas pessoas que estavam no lugar errado... Jasper aceitou bem a minha presença na família após sentir as emoções de Alice por mim. Eu já estava me apaixonando, é claro, seria impossível não o fazer.

- Realmente. Acho que eu não sobreviveria mais do que dois dias sem ela por perto para facilitar minha vida. - Anna brincou, recebendo uma gargalhada em concordância.

- Jasper me ajudou muito no início, devo meu controle com o sangue humano a ele. Mas mesmo sendo o mais novo na família, é claro que depois de você, é ele quem realmente tem a maior dificuldade. Bom, até você entrar na vida dele, pelo menos.

- Até ele sentir o cheiro de meu sangue - Anna murmurou, fitando o vazio.

Conseguiu organizar seus pensamentos rapidamente e fora por esse motivo que chamou Josh para conversar. Precisava de uma segunda opinião.

- Eu estive pensando, será que é isso? O motivo de eu ser tão controlada. Será que estava na nossa cara o tempo todo? Carlisle fez vários testes, mas nenhum teve um bom resultado. E mesmo que eu tenha dito no campo que esse era meu dom, sabemos que é mentira.

- Você acha que o seu sangue é o responsável pelo seu autocontrole?

- É, acho. Pense comigo: Lotte se acalma com ele, Jasper também... é claro que não funciona com todos, mas e se funcionou comigo?

Josh a fitou por poucos segundos antes de assentir com a cabeça.

- Isso responderia muitas perguntas, explicaria muita coisa. Faz sentido, Anna, mas só saberemos de fato quando seus olhos ficarem dourados. E, se você estiver correta...

- A recém-criada em mim pode finalmente vir à tona. - Ela completou. - Posso nunca mais conseguir controlar a sede dele, ou a minha ou a de qualquer outro. E se eu nunca mais conseguir chegar perto da minha família sem tentar machuca-los?

Anna arregalou os olhos, o desespero tomando conta de si. Josh chegou mais perto e segurou seus ombros, fazendo-a focar o olhar nele.

- Não vou mentir para você, há essa possibilidade. Mas eu já a vi caçando, Anna, e me parece que você vem se preparando a meses para isso. Vem testando seus próprios limites, tentando saber quanto tempo consegue se abster de sangue. A chances da sua teoria estar correta, ao meu ver, são muito altas, e acho que você sempre soube disso. Por isso tem feito tudo o que fez até agora.

- E se foi tudo em vão? E se não funcionar?

- Não acho que será em vão. Você teve mais sorte do que todos nós, é verdade, e ainda convive com a sua família mesmo sendo a mais nova. Carlisle sempre diz que temos de exercitar o controle e você faz isso todos os dias, mesmo que não perceba. Seu sangue pode tê-la ajudado na pior parte, mas é a sua determinação em ficar por perto daqueles que ama que é o importante. Você preferiria passar pela transformação de novo do que deixá-los e isso, Anna, tenho certeza que fará a diferença.

- Realmente o mais inteligente da família - ela resmungou, rindo com o peito apertado. Sua vontade era de chorar, mas uma cara fechada era o máximo que ela conseguiria fazer.

- Só penso mais logicamente que os outros. - Deu de ombros.

- Sabe o que é mais ridículo? - Perguntou retoricamente. - Eu fiz um acordo com Jane para proteger Bree, mas no final, se você estiver errado, posso acabar sendo a responsável por dizimar Forks inteira no lugar dela.

Ela riu desgostosa.

- Pode falar, sou imprudente e impulsiva.

- Você é imprudente e impulsiva - repetiu, sorrindo também. - Mas foi o seu teatrinho e essa impulsividade toda que salvou a segunda vida daquela garota. Não há o que temer, falo sério. Eu raramente erro. - Gabou-se novamente.

Anna revirou os olhos e o empurrou para trás, em uma tentativa falha de o derrubar da árvore.

- Sabe o que mais? - Perguntou o loiro, zombeteiro. Havia se encostado no tronco onde estava anteriormente, um sorriso brilhante no rosto. - Salvar aquela garota pode ter sido uma das melhores coisas que você já fez. Talvez tenhamos paz por algum tempo, viu o jeito que Rose olhou para ela enquanto contava sua história?

- Sim. É como eu olho para Triz. Como Esme olha para todos nós.

- Exato. Talvez nem mesmo Rose saiba o que está acontecendo ou o que está fazendo, talvez ela só perceba quando algum momento crucial chegar, mas esse olhar está lá, Anna, e pode apostar, ele diz muita coisa.

- Como o que?

- Que as coisas irão mudar por aqui, para melhor.

- Veja só, achei que a vidente fosse a sua mulher.

Ele riu e empurrou ela da árvore, saltando em seguida com maestria. A garota aproveitou a vantagem e correu na sua frente e assim, outra aposta teve início.


Notas Finais


• É issoooo!!!
• Depois de toda a tensão do capítulo anterior, resolvi escrever algo mais relax, uma descontraçãozinha antes de tudo que tem pra acontecer em Vancouver. Não vou dizer que o próximo capítulo será muito tenso, mas garanto que tem muuuuita coisa pra acontecer até o casamento da Bella e vocês nem imaginam o que meu cérebro mirabolante planejou hahahahahha.
• Não deixem de COMENTAAAAAR, quero saber o que acharam do capítulo e a opinião de vocês sobre a história!!! FAVORITEM TBMMM, se não for pedir demais hehe 🤭
• Mais uma vez, desculpem e horário que estou postando e qualquer errinho que o capítulo possa ter. Foi revisado, mas as vezes algo acaba escapando.
• No próximo teremos a fotinho com o resultado da obra de arte nos carros do Edward e muito provavelmente a reação dele com tudo isso.
• Bjus bjus e até o próximo;
• 😘😘


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