Fazem quase meia-hora que estão no Bistrô conversando amenidades, rindo e comendo. Até parece que o que aconteceu no carro, ou quase aconteceu, fora esquecido por alguma delas.
-Sabe, mesmo eu tendo a consciência de que vocês duas são gêmeas, eu não consigo vê vocês como gêmeas.
-Eu sei como é. Sempre fomos assim, bem diferentes em tudo. Arrisco-me até em dizer que somos opostos, como o positivo e o negativo. Só fomos iguais em uma época, quando éramos crianças e nossos pais insistiam em vestir a gente igual. -Sorri nostalgicamente. -E mesmo assim, nossa personalidade nos diferenciava.
-Vocês brigam muito por serem tão diferentes?
-Bem, se eu dissesse que não brigamos nunca, estaria mentindo. Todo mundo que tem um irmão sabe que irmãos brigam por tudo e por nada. Acontecia mais quando éramos adolescentes. Hoje é bem mais calmo.
-Ai, tadinha dela. Ela é tão calminha, quietinha. Você quem puxava briga, aposto!- Elas riem um pouco mais alto.
-Ei, está me julgando? Isso é uma acusação? Tem provas? Eu quero meu advogado, não falo mais nada sem a presença dele.- Normani ergue o nariz e cruza os braços olhando para a loira com os olhos cerrados. Sorriem novamente.
-Não me processe por isso.- Dinah levanta as mãos em rendição.
Uma mulher alta de cabelos ruivos e olhos verdes se aproxima da mesa pelas costas de Normani. Ela parecia estar um pouco alta por causa da bebida. Dinah a observa chegar mais perto da morena cuidadosamente.
-Normani Kordei?- A ruiva pergunta duvidosa. Normani vira-se para ela.
-Sim?- Elas se olham por um tempo e a mulher ruiva abre um sorriso.
-Lembra de mim?- Para do lado de Normani que se levanta educadamente para cumprimentá-la.
-Desculpe... Seu rosto não me é estranho, mas eu estou tentando lembrar de onde te conheço.
-Julliet Grings! Conhecemo-nos na Oktoberfest ano passado.- Deu um grande sorriso desajeitado.
-Ah! Olá... Como vai?- Deram dois beijos no rosto se cumprimentando. Quando Normani foi soltá-la ela abraçou a morena um pouco mais forte segurando-a contra seu corpo. A morena se assusta um pouco com aquela atitude, mas consegue se afastar com um sorriso sem graça no rosto.
Dinah observa a cena e o grau de intimidade que a mulher possui, ou pensa possuir com Normani. Com certeza já foram para a cama! Pensou revirando os olhos.
-O que faz por aqui?- A ruiva tenta puxar papo.
- Trabalho.
-Ah, sei, sei. Vai ficar muito tempo? A gente poderia sair um dia desses... Quem sabe?- Sorriu e desceu os olhos para o corpo da latina. Normani imediatamente pediu socorro com os olhos para Dinah , a loira riu pela cara de desespero de Normani. -Repetir a dose.- Falou um pouco mais baixo perto do ouvido da morena, porém fora alto o suficiente para a loira ouvir.
-Acho melhor não. - Normani se afasta um pouco da mulher, passa a mão na nuca. A ruiva faz biquinho e abre a boca para falar, mas é logo interrompida por Dinah limpando a garganta em um tom um pouco alto. Só então ela percebe que Normani não está sozinha.
-Julliet Grace, não é?- Dinah fala se levantando.
-Grings.- A ruiva corrige com um sorriso sem graça.
-Sou Jane Hansen e eu ...- Normani a interrompe.
-Ela é minha namorada.- A ruiva entende o recado, inventa uma desculpa de que está atrasada olhando para o relógio e sai se despedindo rapidamente das duas. Elas seguram o riso até a mulher estar bem afastada e se sentam novamente. -Jane, é?- Santana pergunta terminando de comer.
-Sim.- Beberica seu suco.
-Foi o primeiro que lhe veio à mente?
- É meu nome. Achou feio?
-Seu nome? Não é feio só estranhei.
-Dinah J. Hansen. Ou seja, Dinah Jane Hansen.
- Porque abrevia?
-Jane Hansen era o nome de minha avó. Maioria das vezes me apresento como Dinah Jane ou só Dinah Hansen. Pra mim meio que tanto faz, gosto das duas formas.
-Entendo. Obrigada por me ajudar com a louca de cabelos vermelhos.
-Você faz suas loucuras e depois tem que pedir ajuda para se livra delas?- Ri.
-Eu nem lembro quem é essa mulher!- Ri alto. -Você acredita? Ok, vai que aconteceu realmente alguma coisa na Oktoberfest, mas caramba! É a Oktoberfest eu devia estar muito bêbada. Não me lembro dela!- Elas riem mais uma vez. -Não que eu me orgulhe disso.
-Você deve ter marcado muito a vida dela, hum? Para ela vir até aqui e se oferecer desse jeito. -Disse ironicamente. Normani sorri olhando para Dinah. A loira se remexe um pouco na cadeira, parecendo desconfortável.
-Algo errado?- A morena franze o cenho.
-Não... Eu só queria...- Limpa a garganta.
-Queria...?
-Posso te fazer uma pergunta bem pessoal?- Normani sorri e acena com a cabeça já sabendo o que estar por vir. -Bem... Você é... É...- Espera a morena completar, mas Normani só abre mais os olhos tentando, ou melhor, fingindo que está tentando entender. -É gay mesmo, não é? Ou é só curtição sua?- Normani sorri.
-Sabia que essa pergunta viria logo. Dinah faz expressão de preocupada e a morena se adianta. -Mas calma! Eu não estou reclamando, não precisa ficar nervosa, não tenho problemas em falar sobre isso.- Dinah sorri para ela. - Eu sou gay sim, de verdade. Não é brincadeira minha. Porque pensou que era mentira?
-Não sei. Eu nem conheço você e você já fala comigo desse jeito sobre isso. Entende?
-Não... Como assim? De que jeito?
-Abertamente.
-E o que é que tem isso?- Beberica sua bebida.
-Nada não. Só que, sei lá. Deixa para lá.- Normani ri com o nervosismo da loira. -Acho bonito isso em você. É bem determinada no que diz e no que faz.
-Obrigada. Você também me parece ser bem determinada. Até porque é "A Chefa".) Disse com um ar triunfante e a loira solta uma pequena gargalhada da brincadeira.
-Grande coisa!) Disse entre risos. -Sou chefe de sua irmã e não sua. Mesmo assim eu não sou o diabo como muita gente pensa de mim. - Normani sorri com a careta de Dinah.
A morena tinha esperado pacientemente para tocar no assunto de novo. Acreditando que esse seria o momento perfeito ela falou:
-Ainda bem que não é a minha chefe... Eu não aguentaria ter uma chefe assim tão... Humm...-Dinah a interrompe.
-Olha aí, até você acha que eu sou maléfica!- Faz biquinho.
-...gostosa.- A morena termina a frase que tinha começado antes. Dinah desmancha o biquinho e logo seu rosto toma uma coloração diferente por conta de sua vergonha. Ela tira os olhos de Normani, olha o relógio e muda de assunto.
-Podemos ir?- Fala ainda sem encarar a morena. Não tem resposta e a olha perguntando de novo. - Podemos ir embora agora? Está ficando tarde.- Normani diz que sim com a cabeça. -Com licença moça, a conta, por favor.- Fala com a garçonete que observa o que foi consumido por elas e anotou o número da mesa. Recolheu tudo e colocou na sua bandeja.
-Vou pegara a nota e já volto. Com licença.- A garçonete sai e vai em direção ao caixa.
-Eu não estou querendo fazer pressão não... Mas ainda estou à espera de que você pare de fazer-se de difícil para mim.- Passou o pé na perna de Dinah subindo para suas coxas, que se assustou com o toque e arrumou-se na cadeira. -Eu quero você, e você sabe.
-Não faz isso aqui.- Fala um pouco mais nervosa olhando para os lados.
- "Não aqui"?- Normani pergunta sorrindo. Encosta os cotovelos na mesa e se apóia para frente. -Então em outro lugar pode?- Morde o lábio. Dinah cobre os olhos com a mão direita balançando a cabeça de um lado para o outro sorrindo. Ela não estava acreditando que a morena estava flertando tão descaradamente com ela daquele modo. -O que foi? Ficou envergonhada?
-Normani,para!- Dinah fala sorrindo com a maior fofura que ela acumulou dento de si e olha para ela com o rosto corado. A morena fixa seus olhos nos lábios finos da loira. Ela sente uma excitação correr seu corpo e parando em sua virilha o que lhe faz esquecer completamente daquela tal fofura e charme que ela estava fazendo para Normani. A morena observa as mãos de Dinah sob a mesa e põe sua mão sobre uma delas, puxando para mais perto dela. Seus olhos alternam da boca da loira para seus belos olhos castanhos. -Não me olhe assim.- Dinah tem a voz falha.
-Porque não?- Leva a mão de Dinah à sua boca e, sem perder o contato de seus olhos, dá um beijo em seus dedos, roçando sutilmente sua língua no dedo do meio da loira. Dinah se arrepia observando aquela cena. -Hum? "Não aqui"?- Beija a parte de cima da mão branca de Dinah. -Onde então?
-Porque está fazendo isso?- Fala com uma voz um pouco mais rouca.
-Isso o que?- Faz carinho na mão dela com seus dois polegares.
-Me provocando desse jeito.
-Eu estou te provocando?- Sorri somente com um lado de sua boca e levanta a sobrancelha.
-Sabe que está. Desde o primeiro dia quando ficou me encarando no retrovisor do meu carro.
-Você se incomodou?- Dá outro beijo na mão da loira. -Não gosta de ser provocada Dinah?
-Geralmente não. Depende muito da provocação.
-Da minha você gosta que eu sei. Deixa de tentar fazer charminho.- Deslizou sua outra mão pela mesa e pegou o braço de Dinah puxando-a para mais perto. -Na verdade não. Não deixa de fazer charme, de parecer durona e séria como tem que ser o dia todo. Adoro essa sua expressão natural de Chefe, mas eu gosto de estar no controle.- Sussurrou essas palavras bem perto de Dinah quando a garçonete se aproximou. Normani a viu pelo canto dos olhos, soltou Dinah, pegou a notinha e abriu a bolsa. A loira percebeu a garçonete ali e abriu sua bolsa também. -Não, não... Eu pago. Eu te convidei, então a conta é minha.
-Normani, não... Nós dividiremos sem problemas.- Normani ignorou as palavras da loira e deu o dinheiro para a garçonete já se levantando. Dinah bufou, balançou a cabeça negativamente e guardou sua carteira.
-O troco é sua gorjeta.- Sorriu amigavelmente para a garçonete.
-Obrigada Senhoras. Voltem sempre e tenham uma boa noite.
-Obrigada, para você também. Até mais.-Disse Dinah levantando-se sorrindo.
-Tchau, tchau.- Normani acenou para a garçonete.
Elas descem as escadas, pois estavam na parte do primeiro andar do Bistrô.
-Eu quero beijar você.- Normani diz e Dinah olha para ela com os olhos um pouco arregalados de surpresa. Ela não imaginava que as palavras fluiriam tão normalmente de Normani. -Você não?
-Eu não disse que não queria. Você ainda tem dúvidas do que eu quero?- Sorri maliciosamente. Normani se arrepia ao ver aquele sorriso. Dinah nunca havia dado um sorriso safado daquele para ela.
-Adorei esse seu sorriso. Não o conhecia ainda.
-Há muito de mim que você ainda não sabe. Assim como eu tenho certeza de você ainda irá me surpreender diversas vezes.
-É... Com certeza. Ainda não nos conhecemos o suficiente. Ainda...
Elas seguiram para o carro de Dinah do outro lado da rua. A loira destrava o carro e elas entram com pressa. Normani joga a sua bolsa no banco de trás do carro e Dinah faz o mesmo. Ela coloca a chave na ignição e a mão da latina impede de girar a chave.
-Não liga agora, não.- Coloca-se para frente chegando mais perto da loira. -Vem cá, vem.- A loira se aproxima e Normani passa a mão por baixo dos cabelos, parando na nuca de Dinah e a puxa para um beijo.
Seus lábios estão entreabertos e logo se encontram. Se fosse possível, sairia faíscas dali. Dinah abre mais um pouco sua boca e Normani faz o mesmo. Os lábios da morena eram macios, ágeis e carinhosos. Suas línguas se encontram e Dinah respira mais forte. A loira passa as mãos pelos braços de Normani e segura seu rosto separando suas bocas. Ela olha para a morena e a beija novamente. A morena se impõe e Dinah limita os movimentos de sua língua acolhendo a língua de Normani dentro de sua boca. A fricção das línguas e dos lábios estava levando Dinah à loucura.
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