História The War - 65

Kai – Eu ainda acho isso errado – disse perto do meu ouvido. Estamos todos abaixados perto de um arbusto que fica em frente à minha escola. Estamos apenas esperando o melhor momento para entrar em ação.

Chen – Fique quieto – ouvi o som de um tapa ser dado e logo em seguida Kai começou a resmungar – Se quiser ficar aqui fora, fique.

Kai – Você falando desse jeito com certeza vai me fazer mudar de ideia – ele voltou a suspirar.

Helena – Eles são sempre assim? – perguntou baixinho. Um sorriso surgiu em meus lábios.

S/N – Sempre.

“E você não os viu em 9” pensei.

Chen – Ok, S/N, Kai virem-se – seu tom era como o de um ditador. Eu e Kai nos entreolhamos franzindo o cenho. – Nos levem para dentro.

Helena – É confiável? – ela perguntou entortando a boca. A olhei incrédula. Mas que falta de confiança é essa? – O que foi? Kai me contou que você foi parar dentro do quarto de um dos guerreiros enquanto treinava.

S/N –E quando vocês dois conversaram? – fiquei boquiaberta.

Helena – Ah, isso não importa – ela riu enquanto abanava sua mão próximo a meu rosto. Olhei para Kai.

Kai – Ela é sua amiga. Deveria saber.

Chen – Não percam o foco – ele estralou os dedos chamando nossa atenção. – Depois vocês discutem sobre o quão lenta S/N é.

S/N – Ei.

Helena – Se vocês dois vão nos levar para dentro da escola, por que não fizeram isso enquanto estávamos no seu quarto? – suspirou – Andamos mais de um quilômetro.

Chen – Porque esses dois não pensam – ele apontou para mim e Kai – Disseram que seria bem melhor não arriscar cometer erros.

Kai – Pare de ser cruel – comentou lentamente – Só fizemos isso porque eu não conhecia o lugar e eu não poderia entrar num lugar que não conheço.

Chen – Você sabe que pode.

Helena – Você pode? - olhou para Kai

Kai – Será?

S/N – Calem a boca – quase gritei enquanto batia minha mão na terra – Agora são vocês quem estão se perdendo do assunto. Tudo isso não importa agora. Vamos, deem as mãos. – agarrei a mão de Kai e Helena. Os 3 me olharam com as sobrancelhas arqueadas – Chen.

Chen – Mas que estressada – murmurou. Ignorei e quando ele finalmente segurou as mãos de Kai e Helena eu fechei meus olhos e tentei me conectar com o dominador do teletransporte.

Helena – Que o Deus de Exoplanet nos proteja – ouvi seu resmungo mas antes que eu colasse sua boca com gelo senti um ar quente bater sobre minha pele e um cheiro um tanto familiar.

Kai – Conseguimos – disse animado. Ele soltou minha mão e olhou a nossa volta. Helena apenas deu se ombros. Eu e ela vimos isso por anos. – Então é aqui que vocês treinam?

S/N – Estudamos – corrigi – Lemos livros, fazemos exercícios e provas.

Kai – É a mesma coisa – abanou as mãos parando diante de um bebedouro – Que coisa é essa?

Chen – S/N já me mostrou um – ele se aproximou do irmão. – É mágico. Se você apertar aqui, sai água. – os olhos de ambos brilharam.

Helena – Nunca pensei que alguém gostaria de ver um bebedouro.

Chen – Helena, vem aqui – ela a chamou com o dedo.

Observei ela se mover para perto deles e aproveitei para olhar em volta. A mesma bagunça de sempre. Os corredores continuam com o cheiro desconhecido e a sala do diretor ainda possui uma linha vermelha indicando perigo. Caminhei para perto de uma das salas e coloquei minha cabeça em sua janelinha. Analisei as cadeiras organizadas e a lousa limpa. O que meu professor de história acharia da MINHA história?

- S/N, S/N – ouvi minha voz ser chamada em dois tons.

Me virei e vi Chen e Kai correrem em minha direção com salgadinhos nas mãos. Me inclinei um pouco para o lado e olhei para Helena que estava sorridente. Com seus braços cruzados, ela parecia observar duas crianças.

Chen – Helena colocou uma nota dentro de uma máquina e isso saiu – ele colocou um saco de doritos bem rente ao meu rosto. Tive que dar um passo para trás.

Kai – Ela pegou um para cada – também me mostrou seu salgadinho – Por que você demorou tanto para nos apresentar Helena?

S/N – Ow.. – sorri de lado – Me desculpem se eu estava presa em Exoplanet e não tive tempo de mostrar a brilhante Helena.

Helena – Você está com ciúmes? – ela se aproximou risonha.

S/N – Não estou.

Kai – Eu acho que está – ele riu e cutucou o cotovelo de Helena.

S/N – Não.

Chen – Eu acho que você está sim – ele bateu seu dedo em meu nariz e piscou.

S/N – Não estou com ciúmes – bati meu pé no chão e um pequeno estrondo surgiu. Bom, talvez eu tenha batido forte demais já que um rachado apareceu no chão. Levantei meus olhos para os três e todos estavam rindo – Vocês são uns idiotas – me virei para ir em direção a minha sala – Pensei que tivéssemos vindo aqui buscar meu livro. Temos que ir até minha sala.

Chen – Acho que vou seguir Helena – novamente ouvi suas risadas.

Senti meus ombros pesarem. Eu já disse que amo eles? Bem, eu estava mentindo. Odeio cada um desses 3. Me virei lentamente para trás e quando nossos olhos se encontraram eles deram um passo para trás. Franzi meu cenho e olhei para a janelinha da porta. Sorri satisfeita ao ver que meus olhos brilhavam feito fogo. Pois bem, não irritem a escolhida da árvore da vida, vai acabar se queimado.

(..)

Assim que chegamos na minha sala, eu peguei a maçaneta e tentei abrir a porta. Estava trancada. Suspirei. O senhor Castro realmente acha que alguém iria assaltar uma escola?

Mordi minha boca. Eu estou aqui fazendo isso não estou?

Voltei aos meus sentidos e então derreti um pedaço da porta que dava total passagem a minha mão para abri-la pelo lado de dentro.

Helena – Senhor Castro vai achar isso super normal amanhã.

Soltei uma risadinha enquanto ouvia Helena explicar quem era senhor Castro para Chen e Kai. Assim que abri a porta fiz um sinal para que entrassem. O lugar está normal. Cadeiras em seus devidos lugares nenhum material fora do comum. Dei alguns passos para perto de onde eu costumava ou costumo.. sentar e toquei a mesa. Soltei um largo suspiro parecendo uma pessoa adulta de 40 anos relembrando os momentos vividos nessa sala.

Helena – Aqui – sua voz chamou minha atenção me fazendo virar e rapidamente levantar minhas mãos para pegar a chave que ela jogou – É a chave para abri o armário – ela apontou para o fim da sala.

Agradeci baixinho e comecei a ir em direção ao tão ignorado armário. É impressionante que mesmo depois de 3 anos, ninguém nunca ligou para ele. Nem mesmo os professores colocam coisas ali dentro. É como se tivesse algo podre e que ninguém quisesse colocar a mão. Bom, eu fui obrigada, de certa forma, a colocar minha mão no indesejável. Era isso ou ficar se meu livro.

Parei diante dele e respirei fundo. Ah, por que estou tão nervosa? Remexi meus ombros e coloquei a chave na portinha. Assim que ouvi o som dela se abrir eu contei até 3 e a puxei. Minhas sobrancelhas, automaticamente, se juntaram. Haviam algumas outras coisas ali. Peguei a sacola preta que estava em cima de um caderno e a abri. Como não consegui enxergar eu coloquei minha mão dentro dela e a iluminei. Meus olhos se arregalaram no mesmo instante quando eu notei algo vermelho me encarando.

Gritei assustada e joguei ela para longe fazendo com que ela se congelasse em seguida. O que foi isso?

Chen – O que foi? – perguntou aparecendo ao meu lado.

S/N – Tinha algo dentro da sacola – respirei com dificuldade – Tinhas olhos vermelhos igual.. igual os monstros as sombra eu..

Kai – Fique calma – ele tocou meu braço – Não tem como eles virem para seu universo. – assenti lentamente voltando para o armário. Eu sei o que vi.

Agarrei o caderno e bufei ao ler o nome de um dos professores.  Provavelmente não há nada de interessante por aqui. O joguei no chão e então, finalmente, o encontrei. Senti que meus olhos brilharam ao reconhecer a capa brilhante e os 3 guerreiros desenhados nela.

Com as mãos um pouco trêmulas, eu o peguei com delicadeza e me surpreendi por, de repente, um vento sair de dentro do armário. Não um simples vento. Tive que me afastar para não ser derrubada. Abracei o livro contra meu peito e antes que eu fizesse qualquer outra coisa, a portinha do armário se fechou.

Ainda atordoada, me virei para meus amigos. O que eu não esperava era ver algo atrás deles.

S/N – Helena – a chamei num sussurro. Ela era a mais próxima da coisa – Saia daí agora – os olhos dela se arregalaram. Quando vi o monstro se mover para mais perto gritei – SE ABAIXEM AGORA.

O som das paredes se destruindo foi brutal. Foi automático a lembrança de quando a sombra atacou os meninos em Exoplanet. Abanei a fumaça que atrapalhava minha visão e procurei por Helena.Não sei como esse monstro veio parar aqui. Kai disse que seria impossível ele parar aqui então como..

Meus olhos se arregalaram com a conclusão. É claro, o livro sabe onde é o portal. A sombra sabia que eu viria atrás dele.

Coloquei o livro dentro da minha bolsa e me levantei. Olhei a minha volta e respirei aliviada ao encontrar Helena junto de Chen. Procurei por Kai mas fui interrompida por um forte choque contra minhas costas. Fui jogada para longe caindo sobre as mesas. DOEU.

- S/N – ouvi alguém gritar mas não consegui identificar. Acho que estou zonza. Pisquei lentamente e vi algo enorme e preto na minha frente. É o monstro? Hum, eu ainda estou zonza.

De repente, algo branco entrou em meu campo de visão. Seriam seus dentes? Desde quando sombra tem dente? Assustador. Pisquei mais uma vez. Ele está ficando muito próximo, não está?

- S/N – mais uma vez me chamaram. Virei minha cabeça e senti um vento agradável. Será que...

Meus sentidos voltaram. O monstro agarrou minhas pernas mas antes que fizesse qualquer outra loucura eu mirei bem em sua cabeça e lhe acertei com um feixe de luz. Ele começou a gritar enquanto caia para trás até se desfigurar e virar pó.

Me levantei com dificuldade e senti minhas costas gritarem de dor. Estou me machucando muito ultimamente. Lay deveria me ensinar como me curar mais rápido.

Helena – S/N – senti seus braços me rodearem de surpresa – Você está bem? Está machucada? O que foi isso?

S/N – Muitas perguntas – ergui meu dedo. Por que me sinto ainda tão tonta?

Chen – Não consegui lhe ajudar – parecia ofegante – Uma barreira ficou a sua volta eu não consegui entrar.

S/N – Isso é estranho. Onde está Kai?

Kai – Aqui – ele apareceu correndo pelo corredor. Bom, agora quem quer que estude na minha sala poderá ver o corredor facilmente. O que vou fazer com essas paredes?

Chen – O que estava fazendo?

Kai – Eu acabei me teletransportando com o susto – ele apoiou as mãos nos joelhos – Fui parar nos arbustos. Sinto muito, eu tenho que controlar isso.

S/N – Está tudo bem, eu estou bem, um pouco zonza porém bem. – mordi minha boca me lembrando de sentir o vento – Acho que tive a ajuda de alguém.

Kai – Quem?

S/N – Sehun – respondi com medo de suas reações. Ambos se entreolharam confusos. Respirei fundo enquanto buscava pelo livro em minha bolsa. Minhas sobrancelhas se arquearam quando notei que a capa brilhava mais do que o normal. Na verdade, um dos guerreiros brilhava. Sehun brilha – Eu sabia – meus pelos se arrepiaram. Senti meus olhos marejarem. Virei a capa para eles – É um sinal, não é? – meus lábios ficaram trêmulos – Sehun está nos dando um sinal.