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História The Way You Look Tonight - A Step You Can't Take Back


Escrita por: dreamsofpanda

Notas do Autor


Desculpa ter sumido por um tempo gente! Eu estava nas minhas provas finais até ontem, e como eu me matei de estudar (ou quase isso), acabei passando em tudo e entrando de férias mais cedo! Logo, vocês terão muito de mim por um booom tempo (ou até as minhas férias acabarem). Enfim, quero muito que vocês gostem desse capítulo e me desculpem!
Ah! To com um projeto novo também, quem quiser conhecer é só falar nos comentários que eu mando o link! É sobre textos, poemas, livros e música! É muito amor, rsrs!
Obrigada, amoras!

Capítulo 9 - A Step You Can't Take Back


Here comes the train upon the track

And there goes the pain, it cuts to black

Are you ready for the last act

To take a step you can't take back?

A Step You Can't Take Back - Keira Knightley

29 de Janeiro de 2017

Encarei meu reflexo no espelho do banheiro e suspirei. Olhei para a pia que a minutos atrás era branca antes de ser suja pela minha maquiagem preta. Fiz um pequeno esforço para que a mesma voltasse a sua cor original e quando finalmente consegui quis bater a minha cabeça com toda a força do universo no espelho em minha frente.

Na minha cabeça veio toda uma cena trágica daqueles filmes de drama aonde a personagem principal bate a cabeça no vidro e o mesmo quebra, o sangue escorreria pela pia e a primeira pessoa que aparecesse e visse aquilo tudo entraria em choque, logo depois correria com medo da maluca.

Saí do meu transe quando ouvi uma música tocar.

Peguei meu celular e percebi que não era ele que tanto tocava e fazia um barulho estridente. Já deveria ter percebido isso pelo toque ser totalmente diferente do meu. Lavei minhas mãos e saí do banheiro.

Olhei para a cafeteria em minha frente e em meu rosto logo surgiu um grande sorriso só de imaginar o café quentinho descendo pela minha garganta.

Entrei no lugar extremamente rústico com iluminação fraca e suspirei de alegria. Fui em direção ao balcão e a mulher loira me olhou sorrindo.

-O que a senhora deseja?

-Um café puro. –Disse e ela se retirou caminhando em direção a maquina.

Peguei meu celular e me senti alegre por lembrar que daqui a poucas horas ele não estaria com o horário brasileiro, mas sim o londrino.

-Aqui senhora.

-Obrigada. –Agradeci pela bebida e ela se virou para atender outra pessoa.

Bebi o meu café com toda a minha alegria e quase tive um ataque por ele estar extremamente quente. Comecei a tossir como se ninguém estivesse me olhando. Quando finalmente consegui me conter, pude ouvir uma risada escandalosa ao meu lado.

-Você tem que colocar o adoçante ou açúcar. –O menino moreno ao meu lado falou apontando para os saquinhos que a garçonete havia deixando em minha frente, atrás do café.

-Não gosto de adoçar o café. –Sorri.

-Se me permite. –Assenti com a cabeça para que ele falasse.

Assim então o menino dos olhos azuis com o cabelo formando um pequeno topete natural virou sua cadeira em minha direção e eu fiz o mesmo. Ajeitou sua gravata e riu.

-Por que você tossiu? –Perguntou com toda a delicadeza e eu só pude sorrir por estar completamente encantada pelo garoto em minha frente.

-O café está muito quente. –Ri fraco e ele assentiu.

-Rose. –Chamou a loira que me atendeu. –Uma garrafa de água, por favor. –Ela assentiu e foi pegar o pedido de outra pessoa. –Meu nome é Thiago. –Estendeu a mão e eu a apertei. 

-Catharina. –Sorri.

-Então Catharina, nunca veio aqui? –Falou me dando o copo de água e eu neguei. –Eu peguei para você, aceite, por favor. –Decidi beber um pouco do líquido e ele sorriu.

-Nessa cafeteria? –Concordou. –Não costumo vir muito ao aeroporto.

-Sorte a sua.

-Azar o meu. –Disse e ele riu.

-Você gostaria de morar aqui?

-Gostaria de fazer muitas viagens. Isso sim. –Riu.

-Viagens eu também gostaria.

-E você vem aqui para...? –Ele me olhou e sorriu. Ele tinha um belo sorriso.

-Preciso pegar alguns voos para viagens a trabalho. –Suspirou.

-E você deve estar aqui para isso né, viajar a trabalho. –Negou.

-Felizmente não. –Sorriu comemorando. –Vou encontrar minha namorada em Londres.

-Vai pedi-la em casamento? –Perguntei risonha.

-Como você sabe?

-Por que isso é muita cena de filme. –Gargalhou.

-Realmente.

-Você a conheceu em uma viagem de trabalho e acabou se apaixonando? –Assentiu e eu ri. –Viu, é muita cena de filme para um casal só! –Gargalhei e bebi um pouco do café deixando de lado a água.

-E você vai viajar para encontrar o cara que irá te pedir em casamento? –Neguei. –Não estou falando que ele vai te pedir nessa viagem, mas talvez em outra. –Piscou e eu neguei novamente. –Então o que você pretende fazer na sua viagem?

-Vou para Londres, para uma entrevista de emprego.

-Meu deus! Isso é incrível! Você vai amar lá. –Falou e eu assenti lembrando da minha primeira vez lá. Realmente, foi incrível e eu amei. –Você vai tentar emprego para o que?

-Fotografia. –Não falei o fato da One Direction, isso seria demais para um estranho e ele com certeza não acreditaria em mim.

-Então você quer ser fotógrafa? –Neguei. –E por que você quer um emprego nessa área?

-Porque eu amo fotografar e a faculdade de Jornalismo não está dando certo para mim.

-Entendi. No início eu também não gostava. –Paralisei naquela hora. Então ele seria um jornalista? –Sim, eu sou jornalista, se é isso que você ta se perguntando.

-Sua profissão não é tão legal quanto eu pensei. –Dei um último gole no meu café e ele riu.

-Dê uma chance para ela.

-Darei se tudo der errado lá em Londres. –Levantei-me e deixei o dinheiro com a loira, Rose. –Acho que tenho que ir. –Assentiu. –Mas foi ótimo te conhecer.

-Espero te encontrar em Londres ou antes disso. –Concordei.

-Espero te encontrar em Londres de qualquer maneira, e noivo. –Ri e ele gargalhou assentindo.

-Espero te encontrar em Londres com o amor da sua vida. –Neguei com a cabeça. –Nem vem. Aposto que você vai encontra-lo lá, ou já encontrou e não quer me falar.

-Tchau Thiago. –Falei rindo e ele sorriu.

-Tchau Catharina.

Sai da cafeteria com um ótimo sorriso, era um bom café que eu precisava para alegrar meu dia. Afinal, a chuva não ajudava nenhum pouco no meu nervosismo, na verdade, ela estava lá só para piorar a minha situação.

Fui em direção aos meus pais e acenei para que eles me vissem. Meu pai correu até mim e me abraçou depois de pegar a mala de minha mão.

-Você demorou, filha. –Mamãe falou e eu ri fraco.

-Estava um transito enorme da casa da titia até aqui, aí eu também dei uma parada para tomar café. –Disse e ela assentiu.

-Vamos antes que você se atrase.

-Pai, temos muito tempo ainda, o voo é só à noite. –Olhei no relógio de pulso e conferi que realmente faltava um tempo.

Fomos andando até o balcão em que eu poderia despachar a minha mala. Deixei meus pais resolvendo as coisas enquanto fui procurar meu celular que não parava de tocar. Sorri ao ver quem era.

-AMOR DA MINHA VIDA! –Meg berrou do outro lado da linha e eu gargalhei.

-Megara!

-Conheço não. –Falou. –E aí, ansiosa para voltar pra sua terra?

-Minha terra?

-É ue, a terra da rainha!

-Menos, Meg. –Revirei os olhos. Ela, infelizmente, não havia cansado daquela maldita ideia. –Mas sim, estou ansiosa. Para ser mais sincera, espero chegar logo.

-Quer encontrar o partido, não é?!

-Que partido sua maluca?

-O menino da banda lá.

-Meg, vou fazer o favor de te ignorar.

-Não faça isso. -Gargalhou. -Já tomou o remédio pra dormir? Se não, toma logo, imagina se você desmaia com medo do avião cair! -Revirei os olhos. 

-Vou tomar quando for para a sala de embarque. Inclusive tenho que ir daqui a pouco. –Encarei a janela que dava para ver os aviões e a tempestade que caia lá fora. Odeio chuva de verão, me da calafrios.

-Então vou desligar, mas saiba que vou estar te esperando amanhã no aeroporto.

-É mais que sua obrigação.

-Na verdade não, obrigação era do seu namorado fazer isso, isso inclui você ficar na casa dele, não na minha. –Revirei os olhos.

-Ele não é meu namorado e você sabe que ele me ofereceu ficar na casa dele.

-Não sei o que passou na sua cabeça para recusar.

-Ele é muito meu amigo, mas a gente só se viu uma vez.

-E você me viu quantas? –Perguntou e eu percebi que o que eu havia falado não tinha feito sentido algum. –Desiste, Cath. –Falou, desligou a chamada e eu revirei os olhos.

Peguei meu livro na bolsa e fiquei observando a chuva que caia. Meu pai sentou do meu lado e botou a mão no meu ombro.

-Fica tranquila, a chuva vai passar. Você mesma disse que ainda falta para seu voo. –Falou e no mesmo momento pude ver o raio rasgando o céu.

Tentei me concentrar no livro em minha frente, mas nada parecia adiantar. Minha mãe tentava puxar assunto comigo sobre “Cartas de Amor aos Mortos” e eu só sabia suspirar respondendo algumas perguntas. Laurel, a principal do livro não conseguia me trazer interesse em suas cartas, interesse que eu já havia tido quando li o livro pela primeira vez. Meu medo era muito maior.

Quando mamãe saiu de meu lado para atender o celular eu quase comemorei, naquele momento não queria ficar respondendo perguntas.

Ela voltou com um olhar preocupado e meu pai se levantou.

-Aconteceu alguma coisa?

-Minha irmã está no hospital.

-Aconteceu alguma coisa com meu primo? –Perguntei assustada. Havia saído mais cedo de casa para me despedir do mesmo, tudo parecia bem com ele.

-Ele foi pular o muro escondido para pegar a bola que caiu no vizinho e acabou caindo. –Mamãe falou e eu arregalei os olhos. –Mas ta tudo bem, ela só pediu para a gente encontrar eles lá no hospital assim que você embarcar.

-NÃO! –Berrei. –Vocês podem ir, vocês devem que ir! –Meus pais me olharam com um olhar de preocupação e eu revirei os olhos. –É sério, eu já sou grande o suficiente e eu já posso até ir para a sala de embarque. Eles precisam de vocês agora, e eu preciso de noticias mais concretas. –Disse. Só conseguia imaginar o pior do meu primo naquele momento.

Meus pais então decidiram fazer o que eu pedi e acabaram indo embora depois de algumas lágrimas e boas despedidas. Meu pai que não largou o lado religioso, que mal aparecia, começou a fazer uma oração e pediu para que Deus estivesse comigo. Apesar da minha não ligação com qualquer uma fé, agradeci ao mesmo e eles foram embora com um pé atrás.

Guardei meu exemplar de “Cartas de Amor aos Mortos” na minha bolsa e fui em direção a sala de embarque que se encontrava bastante cheia. Eram pessoas de terno, de vestido, com crianças, de todos os estilos correndo de um lado para o outro.

-Isso está bem cheio para um Domingo. –Comentei comigo mesma quando me sentei na cadeira que assim como a última dava para uma janela enorme.

-Concordo com você. Pessoas não costumam viajar no domingo, mas sim chegar de viagem. –Olhei para meu lado e percebi que era Thiago.

-Nem vi que sentei do seu lado. –Ri fraco e ele sorriu.

-Deu para ver. –Olhei para o homem de terno ao meu lado e sorri. –Mas voltando ao assunto. Estamos em Janeiro, Catharina. Pessoas viajam bastante. 

-Queria ser como essas pessoas. Viajar sempre!

-Aposto que muitas estão fazendo sua primeira viagem.

-Imagina aquelas crianças. –Apontei para dois meninos de uns 7 anos. –Devem estar indo para a Disney. –Falei e Thiago gargalhou. –O que foi?

-Por que todo mundo acha que se uma criança está fazendo uma viagem internacional ela está indo para Orlando?

-Porque é mais óbvio do que Dubai, por exemplo. 

-Com 8 anos, fiz minha primeira viagem internacional, fui para Boston.

-Boston? –Revirei os olhos. –Que péssimo lugar para se levar uma criança de oito anos. –Falei e ele riu.

-Realmente, mas assim como eu, meu pai fazia muitas viagens de negócio. Então quando ele decidiu me levar em alguma eu fiquei bem empolgado, não me importei no fato de ser em Boston e não na Disney.

-Só não leva seu filho pra lá com oito anos. 

-Pode deixar. –Riu. –Se um dia tiver um filho, não pretendo continuar com essa minha vida. –Assenti.

-Se um dia você tiver filho? Não quer ter?

-Na verdade quero, mas o processo de adoção teria que contribuir. Minha namorada, futura esposa. –Ri com seu comentário. –Ela não pode ter filhos. –O olhei e ele sorriu fraco. –Não é tão ruim assim, isso não vai fazer com que eu não a queira para ser mãe dos meus filhos.

-Adoção é um ótimo caminho e eu super concordo com a ideia. –Dei o meu melhor sorriso a ele. Naquele momento ele não precisava de um olhar de tristeza ou pena, na verdade, esse tipo de olhar tinha que estar bem longe, ele só prejudica.

-E você Catharina?

-Até aonde eu sei, eu posso ter filhos. –Falei rindo e ele gargalhou.

-Mas você quer ter?

-Não é exatamente algo que eu queira. Mas se acabar acontecendo, não vou pensar duas vezes em aceitar.

-Você daria uma boa mãe. –Falou.

-Você me conhece a tão pouco tempo, nem vem. –Gargalhei. –E eu só tenho 18 anos.

-Jura? –Arregalou os olhos e eu assenti.

-Fazer o que né.

Depois daquela troca de palavras, peguei meu livro e voltei a ler. Parei novamente quando olhei para a janela e percebi que a chuva só aumentava e a hora de entrar no avião só se aproximava.

-Senhores passageiros do voo 516, em direção a Londres, Inglaterra. Queríamos pedir desculpas e avisar que o voo vai ser atrasado por alguns minutos devido ao mal tempo e a tempestade que estamos enfrentando nos impedindo de decolar. Mais informações serão dadas em breve.

Olhei para Thiago ao meu lado com o olho arregalado e ele gargalhou.

-Calma Catharina, isso já aconteceu várias vezes comigo.

-O voo vai ser atrasado. –Disse quase em um sussurro.

-Eu sei. –Revirou os olhos. –Mas é melhor assim do que enfrentar aquele tempo. –Apontou para a janela e eu olhei a forte chuva que caia e batia no chão e nos aviões parados do lado de fora.

-Realmente.

-São só por alguns minutos. Nada vai mudar. –Ele disse e eu assenti.

[...]

Aqueles minutos acabaram virando longas horas. Thiago me fez assisti aos dois últimos filmes do 007 que ele tinha no seu computador e quanto mais o tempo passava mais a chuva piorava.

-Não sabia que tinha como chover mais do que isso. –Revirei os olhos enquanto tirava o fone. Aos poucos via a sala de embarque aumentando sua quantidade de gente.

-Nem eu. –Suspirou. –Vou procurar saber o que está acontecendo, o voo atrasou 5 horas já. –Concordei e disse que ficaria ali esperando o mesmo voltar.

Decidi pegar meu celular e ele já marcava como dia 30 de Janeiro. Logo embaixo tinha uma nota falando sobre a reunião que acontecia no dia seguinte. Tentei ficar calma e liguei para meu pai..

-Ainda não conseguiu decolar, filha?

-Não pai. –Choraminguei. Não estava mais aguentando. –Tudo por causa dessa chuva.

-Vamos pensar positivo. –Revirei os olhos. –Pelo bem de todos, é melhor esse avião não decolar até essa tempestade passar. É apenas chuva de verão, meu amor.

-Não é chuva de verão, pai! Se fosse já teria passado.

-Cath, não sei por que a preocupação. A reunião é só amanhã, ainda da tempo de chegar.

-Vai dar tempo. –Suspirei e tentei repetir a frase mais uma vez para tentar ganhar confiança. –NÃO VAI DAR TEMPO, PAI!

-CATHARINA! –Ele berrou. –Eu se fosse você relaxava, não adianta ficar assim.

Concordei com o que ele havia falado e depois de me acalmar desliguei a ligação. Peguei meu remédio na bolsa e tomei de uma só vez, foi quando vi Thiago se aproximando de mim novamente.

-Ela disse para nós esperarmos só mais 10 minutos que eles já vão avisar o que será feito. Pediu desculpas e calma. –Sorriu e sentou ao meu lado. –Ela avisou que estão fazendo o melhor para a nossa segurança. E eu concordo com o que eles estão fazendo.

-É o melhor mesmo, pode evitar acidentes. –Assentiu.

-Isso aí, Catharina! Otimismo! –Foi quando eu percebi que ele era a única pessoa que me chamava de Catharina e eu ainda não havia chiado. Ri com meu pensamento e peguei meu fone.

-Tem mais algum filme aí?

-O Casamento do Meu Melhor Amigo. Quer ver? –Sorri só de lembrar o que aquele filme me trazia. Além da minha última apresentação, agora aquele longa tinha a música que me lembrava uma pessoa incrível que está mudando toda a minha vida com apenas uma proposta de emprego.

-Seria ótimo.

Tentei puxar toda a minha atenção para o filme mas acabei esquecendo de tudo quando voltaram a avisar sobre o voo.

-Senhores passageiros do voo 516, em direção a Londres, Inglaterra. Queríamos pedir desculpas e avisar que o voo vai ser atrasado até à noite do dia de hoje, 30 de Janeiro de 2016. Para segurança de todos, o piloto e a companhia área decidiram não subir voo nestas condições. Para evitar qualquer desconforto, estamos disponibilizando quartos no hotel do aeroporto que se encontra no final do corredor da ala L9. O avião pousará em Londres no dia 31 de Janeiro de 2016. Para mais informações, estamos a sua disponibilização no balcão. Obrigada.

Quando o aviso foi terminado, eu não me mexia. Eu não respirava. Eu me sentia como uma planta fazendo fotossíntese. Eu perdi todo o meu rumo e comecei a delirar, a verdade era que eu não sabia o que estava fazendo.

A mão de Thiago pousou na minha e eu o olhei. Minha visão estava 100% turva devido as lágrimas que se formavam em meus olhos. O mesmo me abraçou e eu não me importei em corresponder. Afundei-me em meus ombros e deixei que as lágrimas molhassem seu terno.

-Quer ir para o hotel? –Perguntou e eu neguei.

-Eu vou para casa. –Falei limpando as lágrimas e vi Thiago suspirando.

-Não faça isso, Catharina. –O olhei e peguei meu celular.

Meg, não precisa me esperar no aeroporto. Depois eu te explico melhor. Obrigada por tudo.

Digitei uma mensagem rápida para Meg e peguei minhas coisas.

-Thiago, eu preciso ir para casa. –O olhei e ele assentiu.

-Você tem até de noite para não desistir, e eu espero que você não desista.

-Não tem por que eu ir. Vai ser um gasto enorme para algo que nunca vai acontecer.

-Por que não vai? –Perguntou e eu suspirei enquanto voltava a limpar o molhado de meu rosto.

-Porque eu não vou chegar a tempo da reunião! –Falei e ele suspirou finalmente entendendo. –Eu preciso da minha cama.

Botei minha bolsa em meu ombro e me despedi de Thiago. Ele voltou a repetir para que eu não desista, mas mesmo assim fui em direção ao balcão e perguntei como faria para pegar a minha mala.

-Todas as malas estão naquele salão ali. –Apontou. –Você vai desistir do voo? –Decidi mentir para a moça em minha frente, evitaria mais perguntas.

-Não, eu só moro aqui perto e aí eu pretendo dormir lá em casa. –Tentei dar o meu melhor sorriso no meio daquelas lágrimas e ela assentiu.

-Só esteja aqui até no máximo oito horas para poder despachar a mala novamente. –Falou. –Tem certeza que não quer ficar no hotel? Vai evitar transtornos, como despachar a mala novamente.  

-Tenho sim.

-Então só me passa seu nome completo e o número de sua identidade para evitar confusão amanhã na hora que você for despachar a mala. –Assenti e deixei tudo que ela pediu.

Quando finalmente me vi fora do aeroporto, o ar gelado invadiu todas as partes do meu corpo. A chuva que havia diminuído me deixou um pouco mais esperançosa, todavia me lembrei que não poderia viajar.  

Fui em direção ao táxi parado em minha frente e não disse nada mais além do meu endereço. Botei meus fones e coloquei no aleatório de uma das minhas pastas favoritas de música. Encostei minha cabeça na janela e fiquei olhando os pingos de chuva apostarem corrida com minhas lágrimas enquanto ouvia Amianto do Supercombo.

“Moça, sai da sacada

Você é muito nova pra brincar de morrer

Me diz o que há, o quê que a vida aprontou dessa vez?”

[...]

Toquei-me de que estava em casa quando acordei com o taxista me cutucando. Paguei o mesmo e fui correndo em direção ao hall de entrada com minha mala. Sorri para o porteiro e ele me desejou “Boa Noite.”.

Quando cheguei no meu andar, apertei a campainha e minutos depois minha mãe abriu a porta com a cara toda amassada. Ela olhou meu estado e me abraçou. Enterrei-me em seus braços e desmoronei ali.

-Eu sei que não era o meu sonho de vida, mas era minha maior vontade no momento. –Falei me atrapalhando pelas lágrimas e ela limpou as mesmas.

-Fica calma, meu amor. Se Deus quis assim, é porque algo melhor está te esperando. –Disse sorrindo e eu revirei os olhos.

-Deus, claro! Foi Deus! –Exaltei-me e entrei em casa. –Vou para meu quarto. Tinha tomado o remédio para dormir e agora estou morrendo de sono. Amanhã a gente conversa. –Ela assentiu e me deu um beijo.

Deixei minhas coisas na sala e subi apenas com meu celular. Joguei-me na cama e fiquei observando o teto azul com bolinhas brancas, aqueles pontinhos que eu considerava como estrelas me faziam mais leve.

Meg não havia me respondido, não tinha visto nem a mensagem. Imaginei-a dormindo em Londres e suspirei me imaginando na terra da rainha. Realmente, a vida está aí para colocar paredes em sua frente.

-Só espero que tenha um motivo, vida. –Falei para mim mesma e quando percebi já estava pegando no sono.

[...]

Acordei com a luz do sol no meu olho. Dei um tapa na minha testa por me ver com a mesma roupa molhada do dia anterior. Levantei-me já tirando a roupa e colocando meu pijama.

Desci as escadas e percebi que meus pais já almoçavam.

-Acordou tarde hein. –Meu pai tentou fazer graça.

-Bom dia. –Falei.

-Boa tarde. –Minha mãe concertou a minha fala e eu olhei para o relógio da cozinha.

-Já são duas horas? –Arregalei os olhos. –Meu deus.

-Catharina. –Olhei para minha mãe. –Você pode explicar o que aconteceu?

-Eles adiaram o voo para hoje a noite, por causa da chuva de ontem. –Meus pais suspiraram de alegria e eu os encarei confusa.

-Achei que você tivesse desistido. –Meu pai falou. 

-Eu desisti. –Disse e eles me encararam surpresos. –Não quero falar sobre isso. –Assentiram.

-Já falou com a Meg? -Mamãe perguntou. -Você tem que agradecer a ela por ter oferecido a casa dela apesar de você não ir mais.

-Mandei uma mensagem, mas vou ligar para ela agora. –Eles concordaram e eu voltei para meu quarto.

Peguei meu celular e me surpreendi com a quantidade de ligações e mensagens que ali tinha. Não queria falar com Meg naquele momento, ela me irritaria profundamente quando eu contasse que eu não iria mais para Londres. Decidi então responder as mensagens da segunda pessoa que tanto tentava falar comigo.

Não vou mais, H.

Não precisei de mais do que dois minutos para ter que pegar o celular novamente e ler a mensagem de Harry.

ATENDE A MINHA LIGAÇÃO.

No momento em que eu pretendia responder, meu celular tocou e eu suspirei enquanto atendia e botava o telefone em meu ouvido.

-OLHA AQUI! NÃO TO GASTANDO MEU DINHEIRO EM LIGAÇÃO INTERNACIONAL PARA VOCÊ FALAR QUE DESISTIU! NÃO VIREI O MUNDO DE CABEÇA PRA BAIXO PRA OUVIR VOCÊ FALANDO QUE NÃO VEM MAIS! OLHA AQUI, CATHARINA!

-OLHA AQUI, HARRY! PARA DE BERRAR!

-Desculpa. –Falou e eu pude ouvir ele bufando do outro lado da linha. –Eu só não to acreditando.

-Saiba que eu não desisti porque não quero ir.

-Então por que você não vem?

-Eu estava ontem no aeroporto, mas tava caindo uma tempestade. Acabou que eles adiaram o voo para hoje à noite. –Expliquei toda a história e ele pareceu entender, bom, pelo menos pareceu. –Não tem porque ir, Hazza. –Disse no meio das minhas lágrimas que já voltavam a aparecer. –Eu vou perder a reunião.

-Mas você não vai perder meu aniversário. Venha por mim, Cath! A sua passagem já está comprada, você vai ter gastado dinheiro sem motivo algum! –Falou.

-Não parei para pensar nesse lado.

-Exatamente, Catharina! Você sai fazendo as coisas sem pensar duas vezes! –Suspirei. Harry tinha razão. –Você nem imagina como eu estava empolgado para te encontrar, aí você simplesmente some.

-Você não ia para o aeroporto mesmo. –Falei manhosa.

-Eu sei! E você saber que era por causa de uma reunião da banda. -Suspirou. -Eu quero te ver, C. Venha só para você me contar sobre como você virou fotografa do casamento da minha mãe. Lembra do nosso acordo? –Sorri. Harry conseguia mudar meu humor muito mais rápido do que eu conseguia imaginar. –Saudades das nossas conversas, pessoalmente! E eu posso até conversar com o Simon sobre a reunião ser adiada.

-Não, Harry! Isso não! E as outras pessoas que vão conseguir estar aí?! Não é para ser assim. Seria errado. E eu não quero conseguir essa vaga porque você influenciou, eu quero conseguir porque me acharam boa naquilo que faço. –Disse e ele bufou.

-Tudo bem, Cath. Eu só peço para que você não desista disso tudo.

-Eu não vou, H. –Falei.

-Isso quer dizer que você vem? –Perguntou e eu consegui sentir a esperança na sua fala.

-Espero que você me busque as 3 a.m no aeroporto amanhã. –Ri e escutei sua comemoração de fundo. Desliguei o telefone do mesmo jeito que ele fazia comigo, sem falar “Tchau”. Era quase um acordo nosso, como se nós pudéssemos repetir a primeira vez que nos conhecemos.

[...]

Enquanto subia a meia calça preta pela minha perna, comecei a lembrar de toda a loucura que havia passado durante os dois dias. Amarrei meu coturno preto e me olhei no espelho. Coloquei minha bolsa no ombro e dei um beijo em minha mãe.

Meu pai havia saído para trabalhar e repetimos a mesma despedida do dia anterior.

-Obrigada por me aturar e fazer o melhor chocolate quente do mundo, mãe! –Falei e seus olhos se encheram de lágrimas. –Eu te amo.

-Eu também te amo, minha Cath! –Nos abraçamos e quando finalmente conseguimos nos distanciar, desci pela escada com toda a força do mundo levando a mala nas costas e, quando tive a vista do táxi me esperando do lado de fora meu sorriso só aumentou.

-Hoje nada vai conseguir me parar! –Falei entrando no carro e tentei continuar com essa confiança durante todo o caminho.

Paguei ao taxista que inclusive me ajudou a levar a mala até o lugar em que eu despacharia. O agradeci com toda a alegria que conseguia tirar de mim. Deixei minha mala e fui comprar uma barra de chocolate.

Quando entrei na sala de embarque olhei para a janela, a mesma que eu encarava no dia anterior. Sorri por ver o céu azul escuro e suspirei de felicidade ao encontrar Thiago na fila no embarque.

Andei em direção ao topete desmanchado e cutuquei o ombro do menino de terno. Mandei meu melhor sorrido quando ele me olhou e ele se jogou em cima de mim. Retribui o abraço e quando nos encaramos ele gargalhou.

-Você não desistiu, Catharina.

-Eu precisaria de mais para desistir.

-Aposto que alguém te ajudou a chegar nessa conclusão. –Concordei.

Naquele momento, eu estava indo em direção a um novo futuro e, em direção a pessoa que não me fez acabar com tudo sem ao menos tentar. A pessoa que eu mais considero.

-Obrigada, H. -Sussurrei para mim mesma enquanto ia em direção ao avião. Balancei minha pulseira da sorte e apertei o amuleto de charuto de Sherlock que eu havia comprado em seu museu na Inglaterra. –Londres, aí vai eu.  


Notas Finais


Vocês não sabem como eu demorei para escrever esse capítulo. Eu apaguei umas duas ou três vezes e fiquei escrevendo ele em partes de tão sem criatividade que eu tava, mas está aí! Espero que vocês aproveitem! Obrigada por tudo, principalmente pelos comentários. Lembrando que eles me incentivam muito e críticas construtivas são sempre bem-vindas! Um beijo, um queijo e um abraço da tia Jessy!

Playlist da fanfic: https://open.spotify.com/user/jessicaoner/playlist/2NBvHjmkKVdAPZXitvCCQw


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