Durante as duas semanas que se passaram, aqueles momentos se tornaram mais rotineiros. Durante a noite, Harry e Morte conversavam sobre um pouco de tudo. Naqueles dias, Potter adquiriu um bom conhecimento de feitiço e runas bem diverso.
Aprendeu sobre rituais, principalmente aos que os dois supunham que o homem tenha sido submetido quando criança. Mas havia apenas um feitiço no qual ele estava realmente interessado no momento: Animagus.
Ele devorou todos os livros de Animagia da biblioteca Black. Era muitos, mas ele leu cada um deles. Encantou-se pelo assunto. Era bem complexo e exigia muita habilidade e controle mágico. Com a ajuda da anciã, o moreno estava cada vez mais seguro e preparado para o ritual.
Potter realmente achava que, ainda demorariam meses para que ele finalmente completasse toda a sua preparação e ritual. Ele não sabia porém que sua animagia natural o ajudaria e apenas com seu controle mágico ele já seria completamente incapaz de se tornar um animago. Ele surpreendeu-se ainda mais quando percebeu que poderia se tornar diversos animais, algo mais do que raro no mundo bruxo.
Em uma tarde após muito treinar sua magia para lhe obedecer e para escondê-la, ele desejou firmemente que conseguisse logo a habilidade de se transformar em animais. Imagine sua surpresa quando seu corpo mudou e ele se transformou num grande lobo de olhos verdes. O choque que passou por seu corpo o fez travar por instantes antes dele começar a pular e correr, sentindo-se incrível.
Após vários minutos de euforia, Potter obrigou-se a parar um pouco pois sua transformação já começava a dar alguns sinais de falha. Se perguntou o motivo de ter se tornado um lobo e não um cervo, como seu pai, um cachorro, como Sirius ou alguma espécie de cobra, por sua linhagem. Sentiu-se um pouco estranho por ser diferente deles e logo, sem perceber, era um cervo, como James. Sua força de vontade e magia agindo por conta própria.
Mais uma onde de choque passou por si. Ele nunca havia lido sobre qualquer coisa assim. Controlou sua euforia e usando toda a sua concentração, se transformou em um cachorro, como seu padrinho. Uivou alto pela felicidade sentida. Aquilo sem nenhuma dúvida o ajudaria, e muito.
Infelizmente aquelas transformações sugavam energia demais de si. Harry já estava extremamente cansado e sua magia instável pelo esforço feito naquelas 3 horas, nas quais ficou ali fora, testando sua nova habilidade.
Desceu do terraço, onde treinava para a cozinha, onde Monstro estava, provavelmente, preparando algo para o jantar.
Aquela parte da rotina também era recorrente, treinar no terraço até a exaustão, descer à cozinha, jantar e juntar-se à morte por alguns minutos, seja para ceifar almas ou adquirir algum conhecimento. Logo após isso, ele apenas tomava um banho e caia na cama, pedindo para cair direto nos braços de morfeu. Nunca acontecia, porém. Na primeira semana, suas memórias que haviam sido modificadas, apagadas ou de outras vidas, ficavam repassando por sua mente, o impedindo de dormir até que ele estivesse além do esgotamento.
Nesta semana, no entanto, ele parecia ter travado num memória única e repetitiva: Um par de olhos azuis-acinzentados o olhando. Eram claramente infantis e Harry os reconheceria em qualquer lugar. Além daqueles olhos hipnotizantes, ele ouviu uma gargalhada daquelas bem gostosas de uma criança. O garoto apenas o olhava e ria de algo que alguém fazia. Mas ele não podia ver quem era ou ouvir. Seu sonho se resumia a uma gargalhada infantil, olhos azuis-acinzentados como o céu nublado e aquela cabeleira loira.
Harry ficava lá sem nenhuma vontade de sair. Mesmo sabendo quem era, ele não conseguia, aquela lembrança trazia paz. Uma paz que ele não sentia há tanto tempo. Então ele só ficava lá, preso naquela memória a noite toda. Questionando hora ou outra sua sanidade. Adormecendo completamente quando era impossível lidar com a exaustão.
Mas hoje, foi diferente. Ele ainda via o mesmo garoto, mas ele parecia mais velho, era quase imperceptível. Muito provavelmente apenas alguns meses depois da costumeira recordação
ㅡ Ary.
Na memória, braços pequeninos o cercavam e ele não soube o que pensar. Dessa vez ele não ficou até o final. Algo lhe dizia que não seria bom para sua saúde mental. Acordado e sem vontade alguma de voltar a dormir, remexeu-se pelo resto da madrugada, rolando pela cama. Fazendo algo que já estava acostumado: pensando.
Aquela voz não se parecia com a que se lembrava. Não estava cheia de sarcasmo, menos ainda vazia, era uma voz alegre e calorosa. Aquela voz infantil acalentou seus demônios e Potter não conseguia entender de onde vinham aquelas memórias. Se ele parasse para pensar realmente naquilo, não era impossível que já conhecesse o garoto.
Horas depois, um Harry muito cansado tomava seu café da manhã, lamuriando-se pelo tempo de sono perdido. Malditas sejam as madrugadas mal dormidas e as memórias acumuladas. Lamentou-se, tentando não adormecer ali mesmo na mesa. Virou o resto de seu café se assustou ao ver uma coruja entrar por sua porta.
Desde o fim da guerra o feitiço fidelius feito por Dumbledore caiu e foi reerguido por Potter, que não se importou em adicionar ninguém além de sua suposta família. Contudo, ele se lembra muito bem do momento em que os removeu das barreiras, pois, apenas três dias depois, alguém tentou ultrapassá-las. Ele sabia que, os com sangue Black correndo em suas veias poderia entrar se quisessem, já havia ouvido sobre isso antes. O próprio Sirius havia lhe contado.
A ave lhe tirou de seus devaneios, piando alto pela demora para o apanhamento da carta. Saindo forçadamente de seus pensamentos, o moreno esticou sua mão, tomando o pergaminho nelas, vendo a de penas negras levantar voo. Lançou feitiços reveladores na carta, checando se ela estava limpa. Após se certificar que sim, estava livre de quaisquer coisa nociva, abriu-a, reconhecendo rapidamente a caligrafia perfeita. A carta dizia:
Hades,
Esta coruja é nova e não rastreável, eu me certifiquei disso, não se preocupe.
Como tens estado, meu menino? Sei que não vai me enviar respostas tão cedo, então realmente espero que esteja bem e te envio todas as minhas boas energias. Tenho tentado lhe contactar mas você está de fato escondido. Mantenha-se assim. A poeira vai baixar em algum momento.
As coisas por aqui ainda são as mesmas, e estamos morrendo de saudades de você.
Lhe prometi que o manteria informado e tomaria conta de tudo. Pois bem, tenho tentado. Dumbledore está irredutível. Caçando você como se fossem uma presa e um caçador. Kingsley segue ele como um cachorrinho e os Weasley’s parecem indiferentes - o que tem me deixado inconformada.
Interrogaram até mesmo Bear, como se ele fosse te entregar apenas por um pedaço de bolo de chocolate. Ele já perguntou de você diversas vezes, mas entende quando eu digo que está ocupado. Ele sabe ser paciente.
Não faça nenhuma besteira, por favor.
Estarei sempre aqui por você Hazz, nunca se esqueça disso. Sei que não sou Lily, Molly ou qualquer outra boa referência materna que você tenha mas, estou aqui por você. Sinta-se abraçado meu bem. Bear e eu sempre lhe amaremos de todo nosso coração.
Fique bem onde quer que esteja e cuide-se.
Com amor, carinho e saudades,
Andy.
Uma lágrima solitária escorreu em sua bochecha. Como sentia falta de seu menino. Teddy era, sem dúvidas, sua maior saudade. Os cabelos azuis, olhos amendoados, bochechas gordinhas… Era o bebê perfeito em sua visão.
Andrômeda ou Andy, como preferia ser chamada, enviava cartas a ele de quinze em quinze dias - que podiam atrasar as vezes, como era provavelmente o caso dessa - mas já havia lhe dito para não retorná-las ou visitá-los. Para sua própria segurança, assim como ela dizia. Mas ele decidiu ignorar este conselho hoje. Não via seu sobrinho há mais de 6 meses, não aguentava mais. Além da saudade, sentia que enlouqueceria se não conversasse com alguém além da rotineira companhia de Morte.
De banho e café tomado, transformou-se em uma borboleta e dirigiu-se à casa de tijolinhos.
Em casa, um pouco longe dali, Andrômeda pedia silenciosamente a todas as entidades existentes que Potter não escolhesse hoje para os visitar. A última visita foi há meses e mesmo que ela e seu neto estivessem com saudades, era perigoso. Essencialmente hoje. Mais um dos dias em que Albus havia resolvido lhe visitar mais uma vez.
Ele insistia que a mulher sabia sobre o paradeiro do mesmo. Independente das suas negações, ele ainda cria que estava mentindo para proteger o garoto. Claro que ele não estava totalmente errado. Ela de fato não sabia onde Harry estava, mas sabia que estava bem, vivo, já que a coruja que enviara há alguns dias já havia retornado sem sua carta.
Albus era insistente com um comportamento irredutível, muito parecido com Sirius na adolescência. O que, em seu ponto de vista, o mandava de um dos bruxos mais poderosos de seu mundo para alguém medíocre e patético. Fazendo Tonks se segurar para não revirar os olhos a cada vez que sutilmente o mais velho dizia que Harry era perigoso. Ela não entendia. O gryffindor não morreu e isso deveria ser motivo de comemoração e não de perseguição. Essa ideia a perseguia desde o dia em que aurores bateram à sua porta, reviraram sua casa e saíram avisando que Harry era fugitivo e perigoso.
Como ele passou de herói do mundo bruxo para procurado do ministério da magia? Era o que ela estava cansando-se de se questionar
Algumas coisas não encaixavam. As informações deixavam lacunas que nunca eram preenchidas e não era de hoje que ela percebia isso. Havia sido orgulhosa demais para ouvir Sirius quando ele lhe procurou depois que fugiu e agora se arrependia, talvez ele pudesse ter preenchido algumas dessas lacunas. Enquanto divagava, nem percebeu que Albus a encarava intensamente, sabendo exatamente que ela não estava dando a mínima para si.
Uma falha quase imperceptível nas barreiras tirou a mulher de seus pensamentos e alertou o homem à sua frente, porém o velho manteve-se inexpressivo como se não houvesse sentido. Ela voltou a ouvir o que o homem à sua frente falava, já que ele aparentemente, para ela, não percebeu a movimentação nas barreiras da casa.
Poucas pessoas podiam entrar em sua casa sempre que queriam. Recentemente apenas duas, seu sobrinho e Harry. Pela primeira vez ela implorou internamente que Draco batesse em sua porta. Mas não aconteceu. Contudo, para seu alívio e tormento, o moreno também não se fez presente. Onde ele estava então?
Do lado de fora, Potter amaldiçoou essa maldita impulsividade. Depois de tanto, ele ainda não pensava no que fazia. Ainda em forma animaga ele pousou na janela. Imperceptível para quem não soubesse o que procurar. Viu Dumbledore e Andy conversando. Conhecia a mulher, ela era sensível à magia e com certeza o sentiu passar pelas proteções da casa.
Ele estava olhando tudo com atenção. Tonks parecia tensa e o velho ainda mais acabado que da última vez que o viu. Não tinha nem sinal de seu afilhado e sua aura mágica estava calma, o que o fez pensar que ele estava dormindo. O homem divagava por diversos assuntos e parecia estar desatento com as coisas a seu redor, mas Harry sabia melhor. Ele estava extremamente atento, correndo o lugar com os olhos. Ele também o sentiu. Porra! Era tudo o que vinha à mente do moreno. Ele poderia colocar a mais velha em maus lençóis se fosse pego ali. Resolveu se acalmar, e controlar sua magia, como lhe foi ensinado. Deixá-la mais estável e calma. Voltando sua atenção para a conversa decidiu que ouvir ali quieto era o melhor a se fazer.
ㅡ Andrômeda, não vi seu neto por aqui hoje. Ele está? ㅡ Deu seu melhor sorriso gentil.
ㅡ Teddy está dormindo. ㅡ Ela estava extremamente tensa. Mas escondia por trás de sua voz calma e controlada. ㅡ Essas visitas regulares do ministério para nos interrogar tem estressado ele. Ainda mais por que ele tem sentido muito a falta de Harry ㅡ Disse, alfinetando da maneira mais sutil que pôde.
ㅡ Posso entender. Ambos eram bem unidos. O menino Potter se culpava muito pela morte precoce de Remus. ㅡ Suspirou. Para quem não o conhecesse acharia que ele estava cansado e velho demais, mas o raio de ódio que cruzava seu olhar cada vez que citava o moreno era perceptível aos atentos ㅡ Eu, de fato, sinto muito por tudo isso. Mas acho que você entende por que o procuramos, e quando crescer, o pequeno Lupin entenderá também.
ㅡ Na verdade Albus, eu não entendo. Convivi um tempo considerável com Harry e o conheci bem. Não consigo entender de onde vem todo esse medo de vocês. Ele era um menino tão bom… Acho que nunca vou entender os motivos de vocês ㅡ Tentou extrair algo daquela conversa, talvez ajudasse nos furos que esta história apresentava.
Albus suspirou alto, para a mulher, pareceu cansaço, mas na verdade era desgosto: ㅡ Harry cresceu em circunstâncias… difíceis ㅡ Harry conteve seu descontrole mágico e sua grande vontade de matar o velho ali mesmo. ㅡ Assim como Tom, e isso poderia gerar um sentimento de revolta e ódio também. Da primeira vez, nós conseguimos controlá-lo, mas não sei se conseguiremos por muito tempo. Queremos apenas nos proteger e protegê-lo
ㅡ Acho que… posso entender. Bem não completamente mas- ㅡ Um choro alto se fez presente, o coração de Harry inchou de carinho, sentiu falta até mesmo desse ‘escândalo’.
Assistiu Andrômeda pedir licença para ir ver a criança, e Dumbledore se levantando alegando que precisava ir, pois já era tarde. Após acompanhar o bruxo até a porta e uma rápida despedida, Tonks subiu para checar o neto, Potter sabia que deveria esperar um pouco antes de se fazer presente para os moradores da casa. Mas ao findar esse pensamento sentiu alguém próximo demais e saiu voando. Tentou fazê-lo da maneira mais natural possível, como se realmente fosse uma pequena e frágil borboleta.
Após um tempo voando, desviando o máximo que pôde dos feitiços não verbais lançados contra si, cansou-se e decidiu pousar entre as flores do jardim, seria difícil achar ele ali. Após minutos tensos, ouviu finalmente o barulho de aparatação e sentiu as barreiras vacilarem. O homem havia ido embora.
Respirou aliviado. E pediu a Merlin, Salazar, Godric, Rowena, Helga, Morgana ou qualquer outra grande figura mágica que pudesse protegê-lo para que ele não voltasse tão cedo. Precisava muito ver seu afilhado e não abriria mão.
Ainda como uma borboleta voou até o quarto de seu afilhado, observando-o e sentindo-se ainda mais cheio de algo que ele não sabia identificar muito bem. Os cabelos que geralmente são azuis estavam vermelhos por sua irritação, ele ainda chorava no colo da avó que parecia aliviada pela ida do bruxo mais velho. Ali, em sua forma animaga, na janela do quarto de Edward, Potter sentiu paz, assim como sentia naquelas memórias malucas, sentiu verdadeira paz e calmaria. Sentia-se em casa.
Escolheu, ainda sim, chegar pela porta da frente, por isso, voou novamente até a porta da frente, pousando frente a ela. Bateu na porta, e em poucos minutos a mesma era aberta, revelando Andrômeda e Teddy.
ㅡ Olá Andy.
ㅡ Harry ㅡ Disse como se não acreditasse, em um sussurro. Ela parecia assustada, mas suas feições se transformaram em raiva rapidamente ㅡ O que você faz aqui? Eu lhe disse para ficar onde estivesse. Ele poderia ter pego você garoto! ㅡ Seu tom aumentava rapidamente, enquanto Teddy os observava. Apesar da bronca ela tinha um sorriso mal escondido em seu rosto.
ㅡ Calma Andrômeda, eu estou bem. Ele não me pegou. ㅡ “Por pouco” sua mente completou. Mas ela não precisava saber.
ㅡ Mas poderia. Imagina o perigo- ㅡ Sua voz subia as oitavas.
ㅡ Eu sei, Andy ㅡ Usou o apelido para apaziguar a situação ㅡ Mas eu precisava sair, ver vocês… ㅡ Suspirou dramaticamente, ganhando uma revirada de olhos ㅡ Me deixa pegar Teddy?
ㅡ Aqui ㅡ Entregou-lhe a criança, que tinha os braços esticados, após colocar o de olhos verdes para dentro ㅡ Ele sente sua falta ㅡ Revelou, sorrindo para eles.
Enquanto Tonks fazia um café, Potter queria saber da vida deles, evitando propositalmente a sua. Soube que Ginny havia desaparecido do mapa e que os Weasleys estavam apreensivos. Isso deixou o moreno confuso, mas algo nele sabia que a resposta viria logo. Teddy estava começando a ler e estava falando como gente grande. Foi uma tarde muito divertida e logo o garotinho de cabelos azuis estava dormindo profundamente. Quando a mais velha voltou do quarto do pequeno, Potter sabia que não escaparia até dizer toda a verdade, ou pelo menos grande parte dela.
ㅡ Vamos Hazz, diga-me o que aconteceu e o que te perturba tanto. Você está diferente, menos parecido com James, se não fossem seus olhos, eu diria que você é um Black legítimo. É um animago agora e sua magia está mais forte. Fazem só uns sete meses que nós nos vimos, como você mudou tanto?
ㅡ Certo Andrômeda. Acho que… possa te explicar o que aconteceu… Mas antes… ㅡ Ele suspirou. Confiava em Tonks, é claro que sim, mas precisava se manter seguro ㅡ Você terá de fazer um voto, já que o fidelius não é viável aqui.
ㅡ Um voto? Você não confia em mim? O que em nome de Morgana pode ter acontecido de tão grave? ㅡ Ela parecia assustada e magoada.
ㅡ Eu sinto muito. Eu confio em você. Mas não é nada simples, menos ainda fácil de acreditar e guardar. Por favor, faça?
ㅡ Precisamos de uma terceira pessoa.
\Morte\ Harry chamou-a em pensamento \Há algum modo de fazer um voto perpétuo, apenas nós dois?\
\Não\ Veio a resposta ainda mentalmente \Talvez, eu possa fazer por vocês, se ela não se incomodar\
ㅡ Eu acho que, já consegui resolver este problema ㅡ Disse chamando novamente a anciã através de seus pensamentos, a mesma logo se fez presente, sua enorme e negra figura assustando a mulher que logo foi acalmada por Harry. Que por sua vez, entregava a varinha a aquela figura.
ㅡ Você, Andrômeda, guardará meus segredos, de tudo e todos?
ㅡ Guardarei ㅡ Uma fina linha de luz - muito parecida com fogo-vivo - saiu da varinha e envolveu as mãos como um arame em brasa.
ㅡ E mesmo que a história for absurda, você não me denunciará para o ministério?
ㅡ Não o farei ㅡ Uma segunda linha de fogo saiu da varinha e se entrelaçou com a primeira, formando uma fina corrente luminosa.
ㅡ Se necessário for, irá mentir a qualquer ser que seja sobre todos os fatos aqui narrados?
ㅡ Mentirei ㅡ Jurou ela.
Logo, o clarão da terceira linha de fogo se fez presente, unindo-se às outras duas já feitas, formando então algo parecido como uma corda grossa de fogo, finalizando seu pacto. Não tinha mais volta.
\Obrigado por isso morte\ Agradeceu Potter, suspirando um pouco mais aliviado por aquilo. Virou-se para a mais velha que a encarava levemente assustada e temerosa. Aquilo iria demorar.
Ele começou a explicar aos poucos, de forma muito hesitante. Quase três horas e meia depois, estava entardecendo e ele já havia explicado um pouco sobre luz e escuridão, Tom x Dumbledore e um resumo do que aconteceu na noite de 31 de outubro - Tonks pareceu escandalizada e queria interrompê-lo, mas ele não permitiu, continuando -, seus senhorios, suas heranças - inclusive explicando que, Morte havia realizado o breve ritual para eles -, memórias devolvidas - não entrando muito no assunto, evitando lembrar-se daqueles olhos azuis-acinzentados - e citado os bloqueios, perdendo um tempo considerável para acalmar Andrômeda depois desse tópico. Agora era uma parte consideravelmente difícil, já que pelo que Potter se lembra Andy e Narcisa não conviviam de forma pacífica há alguns anos.
ㅡ Desde que eu tirei esses bloqueios e outras coisas, como eu já tinha falado, eu tenho visto algumas memórias involuntariamente durante a noite… ㅡ Ele hesitou de novo, mas ela sorriu tranquilizante para ele, que tomou fôlego e continuou ㅡ Nessas memórias, as… suas irmãs foram citadas… ㅡ Andrômeda sentiu seu coração falhar, Harry e ela nunca falavam sobre as outras irmãs Black, era um assunto dolorido ㅡ Elas, inclusive Bella, pareciam pessoas muito boas. As memórias que tenho delas são um pouco embaçadas porque eu era novo demais, mas naquele dia elas foram citadas e minha mãe nem mesmo se importou, como se fossem boas e grandes amigas. Eu acho, Andy, que… muita coisa aconteceu para resultar na sua exclusão da árvore da família e, longe de mim querer me meter em seus assuntos e família, mas eu acho que você deveria tentar se entender com Narcisa. Deve ser difícil, nem mesmo posso imaginar, mas depois de tudo o que descobri, depois do que comecei a perceber, acho que ambas deveriam fazer o mesmo que eu, ir a Gringotes, fazer um teste e tentar recomeçar, de um jeito melhor dessa vez.
ㅡ Harry é difícil demais para mim… Bella matou minha filha, ela era minha irmã mas matou minha pequena Dora, Narcisa me excluiu exatamente como o resto da família… eu não sei se consigo… ㅡ Tonks parecia cansada e devastada por tudo o que ouviu, sua mente girava e Potter podia ver como ela estava tensa, tentando processar tudo.
Dessa vez que sorriu confortante foi ele: ㅡ Eu posso entender. Eu lhe disse coisas demais por um dia, agora deixarei você descansar e pensar em tudo. Lembre-se Andy, eu não mentiria sobre nada disso e você não é obrigada a me apoiar ou ir falar com a senhora Malfoy. Apenas por favor vá a Gringotts como eu e leve Teddy, não sei como ele faz isso ou porque, mas quero vocês seguros, são a minha família. Vou brincar um pouco com o bebê.
Então saiu, despedindo-se um tempo depois com muitos beijinhos de seu afilhado e com a promessa que voltaria se ele prometesse que não diria a ninguém que o viu e com um abraço apertado de Tonks. Voltando à seus livros, até o jantar para se entregar logo após um bom banho aos braços de Morfeu e a aquela confortante memória que lhe assombrava. Pela primeira vez em dias, dormiu muito bem. Não foi uma má ideia no final.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.