Escrita por: _nanette
As pernas de S/N fraquejaram e, não aguentando mais jogou-se no chão choramingando. Ten mais uma vez bufou, murmurando um "garota chata!" e curvando-se para ela.
– O que foi dessa vez? - A olhou impaciente.
Estavam há uns trinta minutos caminhando pela floresta, ele podia muito bem transforma-se em logo, levando-a e fazendo com que chegassem mais rápido. Mas, ele não ia com a cara dela e preferia provoca-la, fazendo-a andar mais do que devia, só para vê-la implorando-lhe uma "carona".
– Ten, lobinho, por favor... - O olhou em súplica, com a famosa cara de cachorro abandonado arrancando do logo uma risada nasalada.
– Estamos quase lá, você aguenta! - Falou simples e voltou a caminhar.
Não tendo outra saída, a menina levantou-se com certa dificuldade e o seguiu xingando e praguejando.
Novamente parou no meio do caminho, as pernas fraquejaram e doeram ainda mais.
– Droga, odeio essa vida! - Disse fazendo com que Ten virasse para ela.
A olhou de cima abaixo com desdém, particularmente não ligava nem um pouco para ela. Se não fosse por Xiaojun, jamais estaria levando-a consigo para sabe-se lá onde. Era insuportável ao seu ver, mimada e forçada, na primeira oportunidade com certeza a faria de prato principal.
– Eu não mandei você fugir do palácio por puro capricho! - cruzou os braços e levantou uma sobrancelha. S/N o olhou indignada.
Capricho? Estava tentando ser livre! Foi o que pensou, suspirando e negando com a cabeça.
– Sabe, querida S/N... - Dessa vez sorriu, ato que causou a menina estranheza. Ten abaixou-se ao lado dela e delicadamente tocou seu rosto, pondo uma mecha desgrenhada de cabelo atrás de sua orelha. – Eu não me importaria de mudar o caminho e te deixar no seu reino em segurança... Na verdade, seria um prazer me livrar de você! - Sorriu e por isso, recebeu um tapa no rosto.
Ten rosnou, pôs a mão no local que estava vermelho por ardência e fechou os olhos por alguns segundos, tentando se controlar.
– Sinto muito, lobinho. Mas como tratamos, você irá me levar até o povoado e eu devo chegar lá sem nenhum arranhão, certo? Afinal, não quer que Xiaojun fique bravo com você, não é mesmo? - Sorriu cínica.
Sentia ódio de Ten, tão poucos dias de convivência e tinha-o como um dos homens mais chatos do mundo.
– Desgraçada! - murmurou baixo e ignorando tudo saiu caminhando e quebrando alguns galhos que estavam pelo caminho.
Ou ele aturava, ou surtava.
(...)
Separaram-se perto de árvores grande e pedras. S/N estava na beira da lagoa, esperando Ten que fora caçar e fazer suas necessidades de lobo. Aproveitando a água cristalina, banhou e ajeitou os cabelos molhados. Agora, encontrava-se sentada em uma pedra com seu arco e flecha em mãos, a espera de Ten.
Este que não tardou muito em chegar, jogando um enorme cervo morto a frente da garota.
Não se assustou, levantou uma sobrancelha e engoliu em seco ao focar no homem nú a sua frente. Havia esquecido-se de que, ao se transformar ele sempre voltava sem roupa, por isso, ela carregava um embornal com algumas peças para ele.
Não que, aprecia-lo fosse algo ruim, mas antes do corpo escultural vinha um homem de personalidade ranzinza e insuportável.
De quê adiantava ser tão lindo, se era uma mula? - pensou ela, pegando a adaga e começando a recortar a carne do grande animal.
– Não precisava olhar tanto, mas como presente quando chegarmos, pedirei a algum pintor da região para fazer um quadro. Assim, você pode guardar de recordação! - Sorriu de lado, fora impossível não vê-la o admirando.
Chegou até a ficar boquiaberta, mas ele entendia.
– Idiota! - Murmurou jogando um pedaço molhado de sangue em seu rosto. Parecia o fígado e Ten quase surtou com o cheiro insuportável.
– Vamos parar com isso! - Disse entre dentes, resmungando algumas coisas e pegou a pequena faca das mãos dela, começando a cortar a carne mais rapidamente. – Se quer sobreviver até chegarmos lá, é melhor saber manter a convivência. - começou a tirar os ossos do animal. – Então vá e agenda o fogo. - disse sem olha-la mantendo sua atenção na carne.
S/N bufou e se levantou, procurando pedras que pudessem ajudá-la. Odiava dar o braço a torcer, mas se o próprio Ten estava a falar aquilo, era porque a boa união parecia ser necessária entre ambos.
– Você prefere mais assado, ou mal passado? - Virou-se para ele assim que acendeu o fogo.
– Eu como cru, asse somente para você. - Respondeu de forma rápida pegando um pedaço levando até a boca.
S/N sentiu ânsia, mas não o julgaria. Ele era lobo e estava acostumado. Porém, nossa, aquilo era tão nojento!
– Certo... - Assentiu e começou a por a carne no fogo. Pensou um pouco e deu-se conta de que, puxar assunto não era uma má ideia. Talvez, ajudasse na convivência. Fazia assim quando tinha viagens com outras princesas, as vezes funcionava.
Então, por que não tentar?
– Você gosta de frutas, Ten? - O olhou curiosa e pegou uma maçã de dentro do embornal estendendo-a para o mesmo.
– Eu odeio frutas. - A olhou. – E por favor, não tente ser forçada! Coma e durma, boa noite! - Dito isso, virou-se de costas, terminou de devorar a carne e deitou-se fechando os olhos.
(...)
A noite costumava estar mais fria do que o normal. encolhida entre os panos, S/N tentava aquecer-se de alguma forma ficando paralisada.
Ten não dormia, preferia ficar apreciando os vagalumes em volta da lagoa. A fogueira parecia não adiantar nada e ao olhar para o lado sentiu pena.
Mesmo que não pudesse fazer muito, tinha sua temperatura mais elevada que o normal por ser um ser diferente. Não sabia se ela dormia ou não, mas a tremedeira era perceptível.
Poderia deixá-la morrer de frio, era uma grande opção.
Mas, tadinha. O coraçãozinho se apertou e então, ele se aproximou com a pele do lobo selvagem que matou mais cedo e delicadamente, puxou-a para mais perto.
– O que é isso? - Peguntou assustada despertando-se.
– Estou tentando colaborar com seu frio, juro não te devorar! - a olhou sincero.
Se ela estivesse despertada por completo, pensaria bem na proposta e em mil e uma formas arquitetadas por ele para que ela fosse o almoço de amanhã. Mas, o frio nem conseguia deixá-la raciocinar direito, por isso apenas assentiu.
Ainda sonolenta, sentiu o coração acelerar quando os braços dele envolveram seu corpo. O rosto se afundou no peitoral dele e a pele fora jogada por cima de ambos.
– Obrigada. - Disse de olhos fechados travando o maxilar na tentativa de não bater tanto o queixo.
– Não agradeça, não é de graça e futuramente irei cobrar caro! - Foi simples na resposta, fechando os olhos encostando a cabeça no tronco da árvore.
Ela não disse mais nada, aquilo era o mínimo que podia se esperar de um selvagem interesseiro como ele.
Ten não estava a fazer favores de graça, mas mesmo assim, sentiu-se confortável e acolhida. Então, não teria arrependimento em paga-lo no futuro.
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