História Then, I Found You - We'll be alright

Jimin on

    - Já disse, tive um probleminha com a família... Só isso.
    Ela não me olhou durante a conversa, apenas ficou com a cabeça baixa enquanto falava.
    - Olha Yunaria, quero que confie em mim, sou seu melhor amigo, okay?
    Ela concordou com a cabeça e foi se sentar. Algo a mais tinha acontecido e era óbvio, talvez ela só precisasse de tempo para pensar e deixar a situação ruim para trás. Eu não ia ficar em cima dela quanto a isso, quando quisesse, talvez, viesse falar comigo. 
Mas ela não veio. Em compensação, parecia mais feliz, o que era bom. Talvez não tivesse sido nada grave, só um probleminha, como tinha dito. Parei de me preocupar com isso, afinal, ela dizia estar bem quando eu perguntava. 
    - Vamos, Jimin - Hoseok me tirou dos pensamentos enquanto cutucava meu braço.
    - Pra onde mesmo?
    - Eita, doido, pra casa ué. As aulas já acabaram e você tá aí parado no meio do pátio que nem uma moita. Pensando em que?
    - Nada não, vamos? 
    Ele concordou com a cabeça e fomos andando pela calçada. 
    - A Hyejeong não costuma ir com você? Vocês são vizinhos, certo?
    - Ah, ela disse que me encontrava no caminho. Pelo que entendi, ela precisava conversar com a Jimin...
    Concordei e continuamos nosso caminho até chegarmos em minha casa. Era uns cinco quarteirões antes da de Hoseok, então ele continuaria sozinho. 
    - Até! - ele acenou e eu fiz o mesmo, então entrei em casa.

Hoseok on
     Andei mais um pouco e parei na esquina antes de casa, uma garota desceu de um carro e eu logo a reconheci. Hyejeong acenou e o carro saiu, ela se virou e, quando me viu, sorriu e saiu correndo.
    Seus cabelos compridos se esvoaçaram, por conta da brisa leve da tarde. Ela corria como uma criança brincando de pega-pega, a felicidade e a inocência transpareciam em seu rosto. Estava  começando a sentir seu perfume doce no ar, uma mistura de pêssego com morango.
    Então o clima mudou de repente: tudo se tornou um caos. Um som extremamente alto gerou aquilo. A mulher desceu do carro e logo pegou o celular para ligar para alguém. Me aproximei com cuidado, temendo o pior. A moça chorava muito, mas entendi que chamava uma ambulância. Cada vez mais, a quantidade de pessoas ali, aumentava. Me aproximei ainda mais do corpo caído na rua e o choque me atingiu. Seu sorriso se tornara pânico, sua felicidade não existia mais, a cor desaparecera das bochechas que antes eram levemente rosadas, e por fim, seu perfume agora era o cheiro forte de sangue. Comecei a entrar em desespero e as lágrimas rolaram pelo meu rosto.
    Me ajoelhei no chão e comecei a gritar. As pessoas ali estavam tão assustadas quanto eu, mas elas não viram o que vi. Fui agarrado por alguém, que me levou embora daquela cena, ouvi o barulho das sirenes. Era alto e alarmante, levaram-na para dentro do veículo. Ela ficaria bem, eu não podia nem pensar no que era a pior possibilidade. 
    A pessoa que me puxara pela rua me olhava assustada. Era uma senhora que parecia ter a idade da minha mãe. 
    - Você está bem? 
    As lágrimas escorriam freneticamente pelo meu rosto, meus olhos já estavam inchados e mal conseguia pensar. Balancei a cabeça em concordância apenas para não deixá-la mais preocupada. 
    - Onde fica sua casa? Se quiser posso te levar até lá...
    Ela estava tentando se manter calma, e falava com toda a gentileza possível. Eu não conseguia parar de pensar naquela visão. Hyejeong  estava tão feliz em um momento e, de repente, sua feição mudou de um jeito assustador. 
    A mãe dela havia morrido em um acidente de carro e esse não podia ser o destino dela. Eu não ia deixar que fosse, estava determinado a não perdê-la agora.
    Quando me acalmei um pouco, pedi desculpas e agradeci a senhora pela ajuda. Liguei para Namjoon e contei tudo, ainda chorando.
    - Não se preocupe, vá até o hospital onde ela está. Vou avisar os outros. 
    Fiz o que ele disse. Peguei um táxi e cheguei ao hospital, onde a ambulância estava parada, o que indicava que ela já tinha chegado. 
     Corri até a bancada de atendimento, a mulher sentada na cadeira parecia bem ocupada com uns documentos, mas mesmo assim perguntei:
    - Com licença, em que quarto está Shin Hyejeong?
    A secretária me perguntou algumas informações pessoais para identificação e disse que eu podia entrar. Ela me deu um mapinha do hospital e indicou um quarto naquele mesmo andar. Não ficava muito longe, bastava atravessar alguns corredores e ela estaria bem ali, e estaria bem.
    Fui caminhando devagar até chegar na porta branca, a qual abri com cuidado. Havia apenas um enfermeiro lá, mas se retirou quando me viu.
    - Vou deixar vocês a sós, se algo acontecer, não hesite em chamar  - disse, ao passar por mim.
    Hyejeong estava inconsciente, a bolsa de soro encontrava-se conectado ao braço direito. Em uma tela, podia ver seus batimentos: quase parados, mas um fio ainda permanecia, como uma representação de esperança. 
    Ela continuava linda mesmo com os olhos fechados, mesmo com os arranhões e hematomas no rosto. Seu joelho esquerdo estava ralado, sua mão esquerda fora engessada. Mas ela continuava linda. 
    Nossa relação era bem forte. Depois que sua mãe faleceu, eu a visitava todos os dias, conversava com ela e tentava fazê-la se sentir bem novamente. 
    - Oi... Eu sei que você não pode me escutar agora... Mas vai ficar tudo bem, okay? Eu prometo.
    Segurei sua mão com cuidado. Todas as vezes que ela chorou em meus ombros vieram em meu pensamento, todas as lágrimas que escorriam, doíam em meu coração. Agora quem chorava era eu, mas ela não poderia me consolar. Mas ainda estava viva, e isso, no momento, bastava.
    - Eu te amo...
    Abaixei a cabeça e não reparei por quanto tempo fiquei assim. Nada mais parecia existir, apenas eu e Hyejeong. Apenas nós.