1. Spirit Fanfics >
  2. THIRDS - Hell High Water >
  3. Capítulo - 01

História THIRDS - Hell High Water - Capítulo - 01


Escrita por: NatashaEmilly31

Notas do Autor


Hello hello, boa leitura amores bjs❤️❤️❤️

Capítulo 2 - Capítulo - 01


Capítulo - 01

 

FODA-SE. MINHA. VIDA. 

 

Dex fechou os olhos, desejando que isso não fosse nada mais do que um sonho assustadoramente vivo, onde a qualquer momento ele fosse acordar e tudo voltaria a ser como era. Claro que, quando ele abriu os olhos, nada mudou. Jogando mais água em seu rosto, em um esforço para aliviar a tensão, mas não ajudou. Não que ele estivesse esperando por isso. Depois de limpar o excesso de água do seu rosto, ele fez uma pausa para olhar para o homem no espelho. O cara olhando para ele parecia uma merda, pálido com círculos marromavermelhados sob os olhos, que o fez parecer ter chorado ou usado crack. Havia definitivamente um inferno de um monte de noites sem dormir envolvido. Dex não gostou do cara no espelho. Que imbecil.

 

— Eles estão lá fora? — Sua voz saiu áspera, como se despertasse de um sono, 

 

— Eles estão lá fora? — Sua voz saiu áspera, como se despertasse de um sono, profundo ou como fosse, estava fora de seu alcance por algum tempo.

 

Uma mão pousou em seu ombro, oferecendo um aperto simpático. — Sim. Lembra do que falamos? Assim que você já tiver o bastante, você vai embora.

 

Dex soltou um grunhido. Era muito tarde para ir embora. Tinha sido há uns seis meses. Ele se endireitou e pegou uma toalha de papel do dispensador automático. Era como se secar com jornal, os mesmos jornais que tiveram sua imagem gessada em todas as suas páginas. Imagens que tinham sido editadas através de algum filtro idiota de fotoshop para fazê-lo parecer ainda mais imbecil. Ele jogou o papel no lixo e ficou ali, encontrando dificuldades para enfrentar o seu advogado.

 

— Ei, olhe para mim. — Littman se aproximou dele e acariciou sua bochecha. Você fez a coisa certa.

 

Dex olhou para cima, em busca de alguma coisa, qualquer coisa que pudesse ajudar que a dor fosse embora, mesmo por pouco tempo. — Então, por que me sinto como merda? 

 

— Porque ele era seu amigo, Dex. — Exatamente. E eu fodi com ele. Esse tipo de amigo. — Ele voltou a inclinar-se sobre a pia, os dedos segurando a porcelana com tanta força, que os nós dos dedos doeram. — Maldição! — Aquele filho da puta! Que diabos Walsh havia pensado? Obviamente, ele não tinha pensado, ou nenhum dos dois estaria nessa bagunça. Ou pior, talvez Walsh tivesse pensado sobre isso. Talvez ele estivesse tão certo de que Dex cobriria suas costas que ele apenas pensou “foda-se”. 

 

Dex fechou os olhos, tentando arrancar o rosto do homem de sua mente, mas ele ainda podia vê-lo claramente. Aquele rosto iria assombrar seus sonhos por um bom tempo. A mistura de raiva e dor quando o veredicto foi dado - a raiva direcionada a Dex e a dor provocada pelo o que ele fez - tinham estado lá para o mundo ver, especialmente Dex.

 

— Não. — Littman insistiu. — Foi ele fodeu com ele mesmo. Tudo o que você fez foi dizer a verdade. 

 

A verdade. Como poderia fazer a coisa certa e ainda se sentir tão malditamente mal? Realmente tinha sido a coisa certa? Parecia certo na época. Agora ele não tinha tanta certeza. Independentemente disso, ele não poderia se esconder no banheiro toda a sua vida. 

 

— Vamos acabar com isso. — Algumas respirações profundas e ele seguiu Littman para o corredor. No momento em que pôs os pés lá fora, os gafanhotos o cercaram, microfones zumbindo, gravadores e smartphones a postos, flashes saindo, as câmeras rolando, uma litania de perguntas voando para ele de todas as direções. Era como se ele estivesse debaixo d'água, ouvindo todo mundo do lado de fora da piscina gritando e gritando enquanto ele afundava como uma pedra, sem palavras discerníveis, apenas sons abafados. Littman se aproximou mais, com uma mão atrás das costas de Dex como garantia, a outra levantou para a multidão em uma vã tentativa de trazer ordem ao caos. 

 

— O detetive Daley fará o seu melhor para responder suas perguntas, mas um de cada vez, por favor! 

 

Um homem alto e de cabelos grisalhos, em um terno caro empurrou seus companheiros que estavam aglomerados, ignorando seus grunhidos murmurados de desagrado, e colocou um microfone na frente do Dex. Uma meia dúzia mais de microfones rapidamente se juntou a ele. 

 

— Detetive Daley, o que você diria a todos os seres humanos que acreditam que você traiu sua própria espécie?

 

Pelo menos ele estava preparado para isso. Dex abotoou o paletó, o gesto permitindolhe alguns segundos para acalmar seus nervos e recolher os seus pensamentos. Alisando-o para baixo, ele encontrou o olhar do repórter. — Eu entrei para a Polícia Humana para fazer a diferença, e às vezes isso requer tomar decisões difíceis. Optei por dizer a verdade. Ninguém está acima da lei, e meu trabalho é aplicá-la.

 

Uma mulher loira em um terninho azul marinho adaptado, rapidamente pulou dentro: ― Será que é porque o seu irmão é Therian? Você é um simpatizante Liber Therian? 

 

Não era a primeira vez que ele era acusado de tal coisa. Ter um irmão Therian foi a única razão pela qual a Polícia Humana tinha levado mais tempo do que o necessário para considerá-lo quando ele tinha se candidatado há dez anos. Se seu pai não tivesse sido um detetive respeitado na força, Dex tinha certeza de que nunca teria sido considerado, muito menos contratado. Saber o que eles achavam de seu irmão deveria ter sido suficiente para fazê-lo ir embora, mas foram esses mesmos indivíduos de mente fechada que Dex tinha querido alcançar. Foi por isso que ele se juntou ao HPF, para continuar a fazer a diferença a partir do interior, como o seu pai já fez. Isso acabou por ser muito mais difícil do que ele imaginava, mas que só conseguiu fortalecer sua resolução. 

 

― Meu irmão e eu compartilhamos as mesmas crenças quando se trata de justiça. Nossos pais nos ensinaram a tratar tanto Therians e seres humanos como iguais. Eu posso ser de mente liberal, mas a minha forte crença na justiça para ambas as espécies dificilmente me faz um simpatizante. 

 

Um homem de cabelos castanhos, com um sorriso de merda empurrou seu smartphone no rosto de Dex, quase lhe batendo nos dentes. Sua expressão dizia a Dex que ele não teve muito cuidado nesse gesto. Dex calmamente puxou para trás, seus músculos da mandíbula apertados. ― Detetive Daley, por que você não se juntou a seu pai e irmão no THIRDS? Será que é porque você não se qualificou? 

 

Dex retribuiu o sorriso do idiota. ― Tudo o que você estiver pagando para as suas fontes é demais. Eu nunca me candidatei ao THIRDS. 

 

― Mas você passou pele treinamento deles. 

 

― Foi-me oferecido a oportunidade de fazer o curso de formação de três semanas na esperança de que eu pudesse reconsiderar me tornar um candidato. Obedeci como uma cortesia para minha família, e eu admito, uma parte de mim queria saber se eu estava pronto para o desafio. ― E, caramba, foi um inferno de um desafio! Três semanas de intensos exercícios de treinamento e de capacitação física, rapel, descer rapidamente em cordas, procedimentos de entrada em ambientes, elaboração de buscas, combate corpo a corpo, e treinamento com armas táticas. Dex tinha sido empurrado em seus limites e, quando ele achava que não poderia dar mais, ele foi forçado a chegar ao fundo e dar um adicional de 10 por cento. Foram as mais duras, exigentes e psicologicamente estressantes três semanas de sua vida. Nada do que ele já tinha feito tinha chegado perto do que ele tinha passado durante essas três semanas, nem mesmo a academia de treinamento HPF. 

 

Os THIRDS eram os filhos da puta mais difíceis para se ter ao redor, e Dex queria provar a si mesmo que ele poderia enfrentá-los. Mas se juntar a eles? Isso era algo completamente diferente. 

 

― Será que você passou? 

 

Dex não podia deixar de mostrar o seu orgulho. ― Número um da classe. 

 

― Você vai se candidatar agora? ― Perguntou outro jornalista. 

 

― Pretendo continuar a oferecer os meus serviços para o HPF. 

 

― E se eles não quiserem você? Você não acha que eles já perderam a confiança em você, sabendo que você ajudou a enviar um homem bom, um de seus próprios irmãos, para a prisão? 

 

E lá vamos nós de novo. 

 

Dex virou a cabeça para sussurrar o nome de Littman. O advogado abriu um largo sorriso e levantou uma mão. ― Obrigado a todos por terem vindo. Temo que o tempo do Detetive Daley acabou. Por favor, respeite-o e à sua família durante este momento difícil.

 

― E quanto ao Detetive Walsh e sua família? Você falou com eles? Como é que a sua família se sente sobre o que você fez? 

 

Dex atravessou a piscina tóxica de jornalistas, recusando-se a pensar sobre as ofensas odiosas de telefone, textos e mensagens da família de Walsh. As pessoas com quem ele já compartilhou churrascos, cujos jogos da liga júnior ele participou. Ele nunca quis lhes trazer tanta dor, por tirar seu filho, marido, pai. Ser alvo de sua ira era o que Dex menos merecia. 

 

― Detetive Daley! Detetive!

 

Ele ignorou o ataque de perguntas, do que seu namorado pensava sobre a coisa toda de sua carreira com o HPF estar oficialmente terminada, e tudo mais. Ele não ia pensar em nada disso agora. Tudo o que ele queria era chegar em casa, para o referido namorado e talvez chorar um pouco. 

 

Dex andou tão rápido, mas com calma, o quanto pôde, com Littman ao seu lado, fazendo um caminho mais curto para a entrada norte da Suprema Corte Criminal. Lá fora, as equipes de notícias tentaram aglomerar ao seu redor e os oficiais fizeram o seu melhor para controlar a multidão crescente. As grades de cada lado da saída só provaram ser um incômodo, encurralando-o enquanto ele tentava empurrar seu caminho. Os passos foram bloqueados, de modo que Dex agarrou o cotovelo de Littman e o apressou a descer a rampa improvisada na calçada. Graças a Deus que tinha um carro esperando por eles. 

 

Dex tentou ser agradável ao afastar os jornalistas e fazê-los recuar para que ele pudesse entrar no banco de trás. 

 

Quando um par de empurrões tentou derrubá-lo, Dex não teve nenhuma escolha. Ele agarrou seus smartphones e jogou-os no meio da multidão atrás deles. 

 

— Você vai pagar por isso! — Um deles gritou enquanto lutava para recuperar seu dispositivo. 

 

— Me mande a conta! — Dex entrou no carro e bateu a porta atrás de si. O carro Town Car 2se afastou do meio-fio, e ele caiu de volta contra o couro cru, deixando escapar um longo suspiro audível. 

 

Finalmente, tudo estava acabado. Por enquanto, de qualquer maneira. 

 

— Tem certeza que não quer ser deixado em casa? — Littman parecia tão abatido como Dex se sentia. 

 

— Não, o estacionamento está bom. Eu preciso pagar o aluguel do estacionamento e do carro de qualquer maneira. 

 

— Você sabe que eu teria ficado feliz em buscá-lo em sua casa e o levado de volta. 

 

— Eu sei. — Dex olhou pela janela enquanto se dirigiam até a Centre Street3, virou à esquerda na White4, e em seguida dirigiu-se para Lafayette. Quando eles viraram à direita na Worth5, a Starbucks na esquina o tinha feito ansiar por alguma bondosa cafeína espumosa. — Eu precisava dirigir por um tempo ao redor antes de ir ao tribunal. Ouvir um pouco de música, tentar relaxar um pouco. — Ele fez questão de alugar um carro com os vidros escuros mais escuros no lote e um sistema de som ruidoso. A música era, provavelmente, a única coisa que lhe impedia de ficar louco por esta provação toda, e com a agenda lotada de seu namorado. Teria sido bom ter Lou lá com ele, mas ele entendia que o homem não poderia largar tudo por ele. Ambos tinham carreiras exigentes e às vezes sacrifícios tinham de ser feitos. Ainda... 

 

— Entendo. Você deve se manter longe dos holofotes por um tempo até que isso passe. Há rumores de que a herdeira - aquela que está tendo um caso não tão secreto com seu personal trainer Therian, está grávida, e o papai dela não está levando isso bem. Isso deve manter os abutres ocupados por um tempo. Eu sugiro que você tire algum tempo de férias, talvez surpreender Lou com uma pequena suíte penthouse 6agradável nas Bahamas ou algo assim. 

 

Em algum momento, o carro parou no meio-fio em frente à uma mercearia ao lado do parque de estacionamento e Dex forçou um sorriso, oferecendo sua mão para o velho amigo de seu pai. — Obrigado. Eu aprecio tudo que você fez por mim. 

 

— Você sabe que eu estou sempre aqui se precisar de mim. — Littman pegou sua mão e deu-lhe um tapinha. — Dex? 

 

— Sim? 

 

— Ele teria ficado orgulhoso de você. 

 

O pensamento trouxe um nó na garganta. — Você acha? 

 

Littman assentiu, a convicção em suas palavras atravessou um longo caminho para convencer Dex. — Eu conheci seu pai há muito tempo. Acredite em mim. Ele teria ficado orgulhoso. E assim é Tony. Ele me deixou cerca de dez mensagens perguntando sobre como você estava. Seu irmão provavelmente se preocupa também.

 

Dex puxou sua mão para remover o smartphone do bolso e riu diante das quinze chamadas não atendidas de sua família. Ele ergueu-a. — Você acha? 

 

— Chame sua família, antes de Tony caçá-lo. 

 

— Vou chamá-los tão logo eu entre. Obrigado. — Depois de dizer adeus a Littman, Dex mais uma vez agradeceu por ajudá-lo a manter sua sanidade mental ao longo de tudo isso e ainda pelo que estava por vir. 

 

Dex se dirigiu para o carro na garagem. Ele não era estúpido o suficiente para conduzir o seu bebê precioso para o tribunal. Era difícil despistar a mídia em um Dodge Challenger laranja pérola. Se eles não estivessem na cidade, ele os teria deixado comer sua poeira, mas como ele estava na cidade, isso faria dele um alvo fácil. 

 

Assim que ele deu a volta para o lado do motorista do carro de aluguel, ele ficou duplamente grato por não ter trazido o carro dele, mas ele não estava menos chateado. Alguém tinha cortado seu pneu traseiro. 

 

— Você tem que estar brincando comigo. 

 

Ele chutou o pneu, como se isso pudesse magicamente repará-lo. Porra, ele deveria ter deixado Littman levá-lo para casa. Tudo o que ele queria era ficar dentro de casa, comer alguma coisa, e vegetar no sofá. Graças a Deus pelos clubes de automóveis. Ele enfiou a mão no bolso para o seu telefone quando alguém do outro lado do estacionamento o chamou. 

 

— Detetive Daley! 

 

Instintivamente, ele olhou para cima. Uma fração de segundo depois, o ar saiu correndo de seus pulmões quando algo sólido o atingiu entre as omoplatas. Ele tropeçou para frente, um golpe na coxa forçando-o em suas mãos e joelhos, com um grunhido doloroso. Em torno dele, três grandes seres humanos em luvas pretas e máscaras de esqui pretas o cercaram. Droga, de onde teriam vindo? Dex se moveu, com a intenção de levantar-se, quando alguém chutou seu estômago, deixando-o mais uma vez sem fôlego. Ele desembarcou aproximadamente ao seu lado, segurando em suas costelas machucadas e estômago, com os dentes cerrados enquanto ele respirava pesadamente pelo nariz. 

 

— Seu fodido, Daley. Você não deveria ter testemunhado contra seu parceiro. 

 

— Vai se foder. — Dex cuspiu. Outro chute confirmou que falar besteira não era apreciado. Eles, obviamente, não o conheciam. Com um gemido, ele se inclinou um pouco para apreciar a vista de seus trajes puros.

 

Talvez eles o conhecessem. — Quem te mandou? — Ele não precisa saber. Além do mais, ele não se importava. Tudo o que ele precisava era tempo suficiente para descobrir o que ele estava enfrentando. 

 

— A raça humana. — Um deles rosnou. 

 

Dex soltou uma risada. Que burro. Não levou muito tempo para juntar as coisas, depois de perceber as calças pretas da gangue e sapatos pretos brilhantes. Com uma maldição, ele rolou para frente para pressionar sua testa contra o asfalto. A única parte surpreendente de todo esse encontro foi o fato de não ter vindo mais cedo. Pelo menos eles não iam matálo, apenas fazê-lo sangrar um pouco. — Bem, eu recebi a mensagem, de modo que tudo o que vocês podem fazer é irem para casa agora. Vocês cumpriram com o seu dever — Ele recebeu um golpe no braço com o bastão de aço brilhante, provavelmente o mesmo objeto que eles tinham usado para bater nas costas dele. Oh, homem, ele estaria dolorido amanhã. 

 

Arrastaram-no para ficar de pé, segurando em cada um de seus braços enquanto o terceiro ficou diante dele. Dex fechou os olhos e se preparou, sua mente o castigando por ser tão covarde. O soco pousou em toda a mandíbula, quebrando a cabeça para um lado e dividindo o lábio. Foooda, isso dói. Ele passou a língua sobre os dentes para ter certeza que nada estava solto. Não, nada lá, apenas o sabor picante de seu próprio sangue. 

 

— Ei! HPF! Mãos onde eu possa vê-las! 

 

Os seres humanos fugiram e os joelhos de Dex se dobraram. Mãos fortes o seguraram, ajudando-o a ficar em pé. Suas costas ardiam, seu braço, coxa e rosto latejavam pelos golpes, e seu estômago cambaleou no conhecimento que ele não tinha feito nada. 

 

— Daley, você está bem? 

 

Dex reconheceu aquela voz. Ele olhou para cima, confuso por encontrar o companheiro detetive de homicídios, Isaac Pearce, segurando-o, a preocupação em seu rosto. 

 

— Pearce?

 

Pearce o ajudou até o carro e apoiou-o contra ele, fazendo uma avaliação rápida. Parecendo confiante de que Dex agüentaria firme, ele examinou o estacionamento, mas os autores estavam muito longe. Sua atenção desembarcou de volta em Dex. — Você está bem? 

 

— Sim. Gostaria de poder dizer o mesmo sobre a minha roupa. — Dex endireitou-se, estremecendo com a dor aguda que atravessou seu corpo. — O que você está fazendo aqui? 

 

— A convocação de costume, mas a minha fonte não apareceu. Era um bom dia, então eu decidi caminhar por aí. Ainda bem que eu o fiz. 

 

— Sim, eu também acho. — Dex soltou uma pequena risada depois estremeceu com a dor aguda que trouxe ao lábio. Tony iria enlouquecer por causa disso. 

 

— Qualquer ideia de quem eles eram? — Perguntou Pearce preocupado. 

 

Sim. — Não. — Dex balançou a cabeça, enxugando as mãos em suas calças. Apenas alguns humanos chateados. 

 

Ele tinha o suficiente em suas mãos sem trazer um novo nível de porcaria em si mesmo. — Para ser honesto, eu só quero ir para casa agora. 

 

— Não culpo você. — Pearce apontou para o pneu cortado. — Precisa de uma carona? 

 

Se ele chamasse o clube de auto agora, Dex teria que esperar por alguém chegar, porque ele com certeza não tinha a força ou a vontade de trocar o próprio pneu, e então, dirigir o carro de volta para o lote. Ou, ele poderia aceitar a oferta de Pearce e se preocupar com o aluguel mais tarde. 

 

— Uma carona seria muito apreciada. 

 

— Grande. — Pearce sorriu para ele. — Estou estacionado ao virar da esquina. Com um murmúrio de "obrigado", Dex acompanhou Pearce para o seu carro, um Lexus prata que era mais condizente com um detetive de homicídios. Pelo menos é o que o seu antigo parceiro Walsh teria pensado. O cara nunca aprovou os gostos de Dex. Pensando sobre isso, Walsh estava sempre fazendo comentários sarcásticos sobre que "floco de neve especial" Dex era. Ele nunca tinha prestado muita atenção aos comentários, mas à luz dos acontecimentos recentes, era possível que Walsh sempre tivesse esse julgamento. Teria Dex simplesmente fechado os olhos para tudo isso? E se Dex o tivesse pressionado antes sobre isso? Poderiam ambos terem sido poupados de tudo isso? 

 

― Você está bem? ― Perguntou Pearce novamente assim que Dex se sentou no banco do passageiro ao lado dele. 

 

― Sim, desculpe. Eu ainda estou tentando envolver minha cabeça em torno de tudo isso. 

 

― Por que não coloca um pouco de música? Relaxe um pouco. Eu mesmo vou deixálo escolher a estação. 

 

Dex deu um assobio baixo quando ele escorregou em seu cinto de segurança. ― Você vai se arrepender de me dar esse tipo de poder. ― Ele ligou o rádio e navegou através da tela touchscreen na estação de clássicos antigos. Dex sorriu largamente para Pearce, meneando suas sobrancelhas quando "Get Outta My Dreams, Get Into My Car8" veio aos berros de Billy Ocean através dos alto-falantes. Pearce olhou para ele como se ele tivesse perdido a cabeça e Dex riu. 

 

― Eu disse a você, você iria se arrepender. 

 

Com uma risada, Pearce saiu da garagem. ― Para onde? 

 

― West Village, Barrow Street. 

 

Apesar de Bobby McFerrin 9aconselhar Dex poucos minutos depois no rádio, para não se preocupar e ser feliz, Dex estava achando difícil. Se fosse tão fácil, Bobby. Se fosse tão fácil. 

 

A viagem pela Sixth Avenue foi tranquila, cheia principalmente com baladas e eletro pop da era do spandex néon, mullets, ombreiras e com uma envergadura para rivalizar com a de um Boeing 707. Dex era grato por Pearce deixá-lo em paz em vez de tentar uma conversa ociosa. Era estranho estar no carro de Pearce com ele. Eles nunca tinham oferecido mais do que as habituais saudações de escritório, apesar de ambos trabalharem no Sexto Distrito de homicídio do HPF. Então, novamente, Pearce tinha recuado para dentro de si, depois de perder seu irmão há mais de um ano atrás, e ninguém no departamento poderia culpá-lo. Tendo ele mesmo um irmão mais novo, Dex poderia imaginar o quão difícil deve ter sido para o pobre rapaz.

 

O tráfego não estava tão ruim a essa hora do dia, estava diminuindo, principalmente perto de Tribeca Park e alguns bolsões abaixo da Sixth Avenue. Menos de dez minutos depois, eles estavam dirigindo na agitada Bleecker Street. 

 

Talvez ele pudesse convencer Lou a comprar para ele um hambúrguer e batatas fritas no Five Guys da esquina. Era perigoso, estando aquele lugar tão perto de sua casa. Eles pararam em frente ao prédio de Dex, e Pearce se virou para ele com um sorriso. ― Bem, aqui estamos nós. 

 

― Obrigado por não me chutar para fora de seu carro. ― Disse Dex, desligando o rádio.

 

― Admito que chegou perto quando Jefferson Starship veio, mas então eu vi você tocando com a mão ao ritmo da música, e você tinha esse sorriso sentimental em seu rosto... Eu tenho coração. ― Dex bufou e recostou-se na cadeira, sorrindo quando Pearce começou a rir. ― Você é um cara estranho. 

 

O sorriso de Pearce desapareceu, e de repente ele parecia um pouco envergonhado. 

 

― Quer tomar um café algum dia? 

 

― Claro. ― Dex tentou não deixar a surpresa aparecer em sua voz. 

 

― Eu sei que nós nunca dissemos mais do que algumas palavras um para o outro, mas você é um cara legal, Daley. ― Suas sobrancelhas se uniram em preocupação, fazendoo parecer mais velho do que era. Dex não era mais do que algum par de anos mais jovem que Pearce, mas o seu trabalho não exatamente permitia envelhecer graciosamente. ― Seja cuidadoso. Eu odiaria... ― A voz de Pearce quebrou e ele limpou a garganta. ― Eu odiaria que você se machucasse mais com tudo isso. Meu irmão, Gabe, acreditava no que ele estava fazendo e olha onde ele parou.

 

Dex franziu a testa, tentando angariar do que ele se lembrava do incidente. Lembrouse de que tinha sido especialmente duro com Pearce não ter acesso ao caso. Mas desde que Gabe era um agente THIRDS, o HPF não tinha jurisdição. ― Eu pensei que o cara envolvido havia sido um informante humano? 

 

Pearce balançou a cabeça. ― Ele era um informante HPF, mas ele não era humano. Ele era um Therian. Um garoto. 

 

Merda. O irmão de Pearce tinha sido morto por um informante Therian e ali estava ele, resgatando um cara que tinha testemunhado contra seu parceiro humano em favor de um jovem punk Therian. ― Então, porque você não está furioso comigo também? 

 

Uma carranca profunda veio no rosto de Pearce. ― Se o seu parceiro foi estúpido o suficiente para deixar seu preconceito pessoal afetar seu julgamento, ele merece o que recebeu. A verdade é que eu o admiro. Nem todo mundo teria tido a coragem de fazer o que você fez. O que aconteceu com Gabe... foi diferente. ― Ele suspirou, sua expressão perturbada. ― Eu só estou dizendo para cuidar de sua retaguarda. Há um monte de fanáticos por aí à procura de qualquer desculpa para levar a cabo a sua própria justiça e as coisas foram piorando desde que um segundo Humani Therian foi encontrado morto há alguns meses. Alguns desses seres humanos estão em busca de sangue. 

 

Pearce não estava errado sobre isso. Dois ativistas Humani Therian tinham sido assassinados nos últimos seis meses e as provas apontavam para um perpetrador Therian, o que significava que a jurisdição caiu para os THIRDS. Embora a organização estivesse fazendo o seu melhor para tranquilizar o público, uma tempestade estava se formando entre os humanos e os Therians, especialmente se eles não pegassen quem estava por trás disso em breve. O testemunho de Dex contra o seu parceiro não poderia ter vindo em pior hora. 

 

― Obrigado pelo aviso, Pearce. ― Dex saiu do carro e fechou a porta atrás de si, dando um passo para o lado para acenar para Pearce enquanto ele partia. Assim que o rapaz partiu, Dex deixou escapar um suspiro de alívio. Ele amava sua pacata rua arborizada. Com um sorriso, ele dolorosamente subiu os degraus até a porta da frente. Finalmente, ele estava em casa. Ele enfiou a chave na fechadura, girou-a e abriu a porta, perplexo quando ela bateu em algo no meio do caminho. Cristo, e agora? Algo pesado estava preso contra ela. Com um grunhido frustrado, ele forçou-a e cuidadosamente colocou sua cabeça para dentro, franzindo a testa quando viu uma grande caixa de papelão aberta cheia de DVDs, CDs e uma série de outras coisas que deveriam estar em sua sala de estar. Seu pensamento inicial foi o de um ladrão, só que ele nunca iria se preocupar em embalar cuidadosamente sua mercadoria roubada. 

 

― Lou? 

 

Dex trancou a porta atrás dele e entrou na sala de estar, sua mandíbula quase batendo no chão pelo estado quase vazio dela, juntamente com as muitas caixas de papelão espalhadas em vários estágios de embalar. Algo bateu contra o chão lá em cima e Dex subiu as escadas de dois em dois. 

 

― Bebê? ― Dex encontrou seu namorado, um relacionamento de quatro anos, no andar de cima no quarto deles jogando o quarto em caixas vazias. ― O que está acontecendo? 

 

― Vou sair de casa. 

 

As palavras bateram em Dex como um soco no estômago, uma sensação com a qual estava cada vez mais familiarizado nestes dias. ― O quê? ― Ele manobrou rapidamente entre a pista de obstáculos de caixas e malas espalhadas para tomar posse dos braços de seu namorado, girando-o para encará-lo. ― Querido, pare por um segundo. Por favor, fale comigo. ― Ele foi para agarrar a bochecha de Lou, só para ter Lou movendo o rosto. Ouch. Duplo soco. Ignorando a dor da rejeição para mais tarde, ele se concentrou em chegar ao fundo disto. ― Lou, por favor. 

 

― Os telefonemas que nunca param, os repórteres que batem na porta, as notícias na TV chamando-lhe de uma desgraça para a sua espécie. Eu não aguento mais, Dex. 

 

A culpa caiu sobre ele, e ele soltou Lou. Quanto mais vítimas haveria como resultado do seu fazer “a coisa certa”? ― Dê algum tempo. Isso tudo vai passar. E se a gente fosse para algum lugar longe disso, só nós dois, então? 

 

Lou balançou a cabeça e continuou a embalar suas coisas. ― Eu tenho uma vida para pensar. Eu já perdi uma meia dúzia de clientes. Eu não posso me dar ao luxo de perder mais. 

 

― Isto é Nova York, Lou. Uma coisa que você não vai ficar é sem festas para organizar. É quase setembro, a próxima coisa que você vai perceber é que será o Dia das Bruxas e você vai ficar atolado em fantasmas de chocolate branco e esculturas de lápide de gelo, dizendo a seus clientes como dar uma festa em um cemitério real é uma má ideia.

 

Quando sua abordagem alegre falhou, Dex sabia que isso era sério. Claro que, para a maioria das pessoas, as caixas embaladas teria sido uma indicação clara, mas Dex não era a maioria das pessoas. Ele se recusou a acreditar que Lou iria abandoná-lo quando ele mais precisava dele. ― Quanto a mim? Não sou eu uma parte da sua vida? ― Dex foi pego de surpresa quando Lou se virou para ele, a raiva piscando em seus olhos castanhos. 

 

― Você enviou o seu parceiro para a prisão, Dex! 

 

Inacreditável. Não era ruim o suficiente que ele estivesse recebendo essa acusação de todos os outros, agora ele estava recebendo em casa também? Dex estava ficando completamente cansado de ser tratado como um criminoso. ― Eu não o mandei para a prisão. As provas contra ele fizeram isso. Ele atirou em um garoto desarmado e em suas costas e matou ele, pelo amor de Deus! Como eu sou o idiota nisso? ― Ele procurou nos olhos de Lou por todos os sinais de que o homem iria acordá-lo no meio da noite, simplesmente para lhe dizer quão feliz ele era por estar lá com ele. 

 

― Você não poderia ter trazido a criança de volta. Sem mencionar que ele era um delinquente e um Therian! 

 

A raiva de Dex se transformou em choque. ― Whoa, que diabos, Lou? Assim isso o torna justificável? E sobre Cael? Ele é um Therian. Você nunca teve um problema com ele. ― Pelo menos Lou teve a decência de parecer envergonhado. 

 

― Ele é a sua família. Eu não tive escolha. 

 

Isso tudo foi novidade para ele. Dex amava Cael. Ele nunca iria renunciar ao seu irmão por qualquer um. Ele tinha sido franco sobre seu irmão Therian quando ele e Lou tinham começado a namorar. Se o seu namorado não podia aceitar Cael, ele não podia aceitar Dex. ― De onde tudo isso está vindo? Desde quando você tem um problema com Therians? 

 

― Desde que o primeiro arruinou a porra da minha vida! ― Lou atirou um par de tênis em uma das caixas com tal força que a caixa tombou. 

 

― A sua vida? ― Essa conversa tornava-se mais surpreendente a cada minuto. Dex apontou o dedo para si mesmo. ― Você já viu o meu rosto? Eu fui espancado na garagem, obrigado por perceber. Se um colega detetive não tivesse aparecido, eu provavelmente estaria no hospital agora. E você sabe qual é a parte mais fodida disso? Eles não eram os bandidos de rua. Eles eram da fodida polícia! ― Dex tinha descoberto no momento em que tinha visto seus trajes e os sinais indicadores de um coldre de tornozelo em um deles. Os bastardos provavelmente tinham estado no julgamento. 

 

Lou jogou os braços para cima em frustração. ― Seus próprios amigos policiais não querem ter nada a ver com você, e você espera que eu finja que nada aconteceu? Para ignorar todo mundo olhando para mim, dizendo: “Oh, lá vai o namorado daquele idiota. Ele provavelmente também é um simpatizante Liber Therian”. Eu não quero essa merda em cima de mim, Dex. 

 

― Oh meu Deus, sério? ― Os seres humanos amavam jogar palavras como Humani Therian e Liber Therian ao redor como se fossem insultos. Sua forte crença de que os Therians e humanos mereciam ser tratados de forma igual o transformou em um Humani Therian, mesmo que ele não estivesse lá fora protestando no gramado da Casa Branca, e ele estava bem com isso. Mas isso não fazia dele um Liber Therian. Ele não era um anarquista, e considerando que ele trabalhava na aplicação da lei, nunca teve um problema com a autoridade, embora ele não a seguisse cegamente. Ele odiava quando alguém tentava colocálo em uma pequena caixa com um rótulo e com um tapa em sua bunda. Como se tudo fosse preto e branco. Se esforçando ao máximo para reunir sua paciência, apesar de seu reservatório estar quase esgotado, ele pegou a mão de Lou e puxou-o para a sua cama king-size. 

 

Lou se permitiu ser levado, mas recusou-se a sentar-se ou até mesmo olhá-lo nos olhos. ― Você se importa tanto com o que as pessoas pensam?

 

Sem resposta. Dex supôs que ele não podia culpá-lo. As coisas estavam tão ferradas, que ele não sabia de que lado estava mais. 

 

― Não é apenas o julgamento. 

 

Dex engoliu em seco, sem saber a nova surpresa que Lou tinha para ele. Claro, eles discutiram algumas vezes, mas não mais do que qualquer outro casal. Eles se divertiam juntos quando seus trabalhos permitiam isso, embora agora que ele pensava sobre isso, fazia muito tempo que eles não tinham um dia de folga juntos. Lou tinha estado tão ocupado nesses dias com a sua carreira como Dex tinha estado com a sua, mas nenhum deles nunca reclamou de não passar tempo suficiente juntos. Talvez fosse esse o problema. Ele poderia corrigir isso, no entanto. Ele pode ficar algum tempo fora do trabalho e levar Lou a um lugar agradável, com praias de areia branca e cocktails. Pelo menos é o que ele pensava, até que ele viu o rosto de Lou. 

 

Isso tinha acabado. 

 

― Sinto muito. Eu não posso mais fazer isso. Eu não posso continuar sendo deixado para trás; sentado aqui sozinho até o nascer do sol enquanto você se atira na linha de fogo sempre que pode. ― A dor nos olhos de Lou só contribuiu para a culpa de Dex. 

 

― É meu trabalho. ― Dex respondeu calmamente, exausto pelos eventos do dia, e, francamente, por toda a sua vida no momento. 

 

― Salvar o mundo não é o seu trabalho. É a sua obsessão. Uma obsessão doentia que vai te matar. Você me disse que se tornou um oficial HPF para que você possa fazer a diferença lá, como seu pai, mas se você continuar assim, você vai acabar como ele. O peito de Dex apertou. ― Não. 

 

― É por isso que eles são a Força Polícia Humana. Eles não querem ver as coisas à sua maneira. Ok, então alguns deles podem mudar as suas mentes, alguns provavelmente já fizeram o que você faz, mas não o suficiente para mudar a forma como as coisas são. Porque você acha que o governo criou os THIRDS? 

 

― O que você quer de mim, Lou? Você quer que eu mude? É isso? ― Dex se inclinou para ele, implorando. ― Eu posso fazer isso. 

 

Lou balançou a cabeça. ― Você é o trabalho, Dex. Eu não poderia pedir-lhe para mudar quem você é. O que eu quero é que você cuide de si mesmo, e, por favor, não me chame ou venha ao meu trabalho. ― Lou puxou sua mão e Dex relutantemente soltou. ― Eu vou enviar um carro para o resto das minhas coisas amanhã, enquanto você estiver no trabalho. 

 

― Não resta muito mais da casa. ― Dex murmurou, fazendo um balanço da sala quase vazia. Ele também tinha certeza de que Lou estava deixando algumas coisas para trás, para ele, como a roupa de cama. 

 

― Por que você acha isso, Dex? Você nunca estava aqui. Eu era a pessoa que fez desta uma casa. 

 

As palavras fizeram o coração de Dex doer e quando ele falou, sua voz era calma. ― Eu era tão ruim assim? 

 

Lou se aproximou dele e deu um beijo suave na bochecha. ― Você é um grande cara, Dex. Nós nos divertimos, e você foi bom para mim, mas não somos feitos um para o outro. Se não tivesse acontecido agora, isso teria acontecido eventualmente. ― Ele passou os dedos pelo cabelo de Dex, o gesto terno trazendo um nó na garganta. Mudando para frente, Dex passou os braços ao redor da cintura de Lou e apertou, seu rosto pressionado contra o peito de Lou. 

 

― Por favor, não vá. 

 

― Eu sinto muito. ― Lou respondeu com a voz rouca, afastando-se. ― Vou deixar a chave na caixa de correio. 

 

Dex balançou a cabeça e caiu de costas na cama, seu corpo sentindo pesado e com dor, por dentro e por fora. Ele estava tão exausto que não conseguia encontrar a vontade de fazer qualquer coisa, apenas ficar lá e desejar que sua cama o engolisse. 

 

― Eu sinto muito, Dex. Eu realmente sinto. 

 

― Eu também. ― Dex murmurou baixinho. Poucos minutos depois, ele ouviu a porta da frente se fechar, fazendo-o estremecer. Esfregou os olhos ardendo por um momento antes de sua mão cair de volta na cama. Ele devia se levantar e tomar um banho. Em vez disso, ele ficou ali olhando para o teto branco. Em seu bolso, o celular dele tocou. Ele ignorou e fechou os olhos. O telefone fixo começou a tocar estridentemente e ele soltou um gemido baixo. Provavelmente era o seu pai. A secretária eletrônica buzinou e uma voz açucarada que definitivamente não era seu pai e gorjeou: ― Sr. Daley, este é um lembrete amigável de que o aluguel vence antes das seis horas. Não efetuar o pagamento até lá, irá resultar no comando de um dia adicional do que está sendo adicionado ao seu cartão de crédito. Agradecemos a você por usar o Aisa Rentals e espero que você tenha uma noite agradável. 

 

Dex olhou o relógio. 

 

17:59 Foda-se. Minha. Vida. 

 

 

 

 

 

 

DEX estava se preparando para ter mais uma espetacular semana clusterfuck, apesar de sentir bastante confiante de que as coisas não poderiam ficar piores do que tinha estado recentemente. Afinal, o último mês foi bastante épico no "dane-se" departamento. Tinha sido tão ruim que ele realmente estava ansioso pelo fim das férias pagas de suas duas semanas, a fim de voltar ao trabalho. Oh, Dex, você, seu garoto bobo.

 

As coisas só podem melhorar. 

 

Não é isso que tinha sido dito a Dex esta manhã? Bem, mais era só uma música no rádio que tocava no seu caminho para o trabalho. Essa é a última vez que ele se permitiria ser tranquilizado por uma canção dos anos oitenta. A estação de rádio retro ia ser excluída da sua lista de reprodução na primeira chance que ele tivesse. Isto é, se sua cabeça estivesse limpa o suficiente até o final do seu turno para deixá-lo encontrar sentido em todos os botões brilhantes piscando de seu carro. Nada como um velho “chutando a bunda” para começar sua manhã no primeiro dia de volta ao trabalho 

 

Era verdade que ele estava esperando um pouco de raiva e hostilidade a caminho, depois do que ele tinha feito. Os olhares de reprovação e empurrões em armários ou vários espaços ocupados de forma semelhante, sua papelada dobrada como papel higiênico no banheiro, suas gavetas cheias de tudo, desde brinquedos da mastigação para cachorrinho a ratos de borracha. Tudo isso que era esperado. Desagradável, mas esperado. Os espancamentos amigáveis? Nem tanto. 

 

― Lenço? 

 

Com um aceno de agradecimento, Dex tomou o pequeno lenço de papel oferecido pelo Capitão McGrier e limpou seu lábio cortado. Ele retomou a sua má postura, lambendo a ferida dentro de sua boca, onde ele tinha mordido a si mesmo após o primeiro soco. Seu corpo estava doendo e sua cabeça iria matá-lo, mas pelo menos ele tinha certeza de que não foi uma concussão. 

 

― Onde eles pegaram você desta vez? ― Espessas sobrancelhas brancas de McGrier se juntaram em uma expressão que poderia significar qualquer coisa, desde "Espero que Anne não esteja fazendo bolo de novo," para "Eu estou pensando seriamente em socar você eu mesmo." Para um homem que só tinha uma expressão facial, ele tinha certeza de era difícil de identificar. 

 

― Sala de evidências. ― Respondeu Dex. Sabendo o que McGrier ia perguntar em seguida, Dex não se incomodou em esperar. ― E não, eu não vi quem era. 

 

Peterson, Johnson, Malone, Rodriguez, e o cara de TI com o moicano e rosto cheio de estilhaços. Qual diabos era o nome dele? Nick? Ned? Ned. Dick Ned. 

 

Claro que Dex tinha visto quem era. Ambos sabiam que ele tinha visto quem era. Ou, mais especificamente, quais tinham sido, mas Dex não estava disposto a delatar seus próprios irmãos, mesmo que seus irmãos tenham felizmente trabalhado nele momentos atrás no isolado armário de evidências. Droga. Como ele se tornou o cara mais odiado na delegacia? Até mais que Bill - o cara que comia o almoço de outras pessoas da geladeira, era menos odiado do que ele. 

 

McGrier suspirou profundamente, sua cadeira soltando um protesto gritante quando ele se inclinou com sua massa pesada. ― Você é um inferno de um detetive, Daley, mas o fato permanece, isto não pode continuar.

 

― Não brinca. ― Dex resmungou. ― Minha conta na lavanderia a seco triplicou no último mês. 

 

― Você é o único detetive que eu conheço que vem para trabalhar parecendo que saiu de uma maldita revista de moda masculina. Que porra é isso no seu cabelo? 

 

Dex instintivamente tocou seus cabelos despenteados. ― Creme modelador. 

 

McGrier se inclinou para frente e cheirou. ― E o que é esse cheiro? 

 

― Hortelã cítrica. ― Dex murmurou, inclinando-se para longe dele. ― FYI, isso foi meio assustador. 

 

― FYI, você percebe que você é um detetive de homicídios, certo? 

 

― O que você está tentando dizer? ― Só porque ele se sentia um lixo não significava que ele tinha que parecer um. A julgar pelo estado do escritório de seu capitão, era uma aposta bastante segura que McGrier não concordava. Era como se o homem tivesse uma aversão à arrumação. Sempre que McGrier o chamava, Dex sempre conseguiu passar pela porta e não pisar dentro do covil da desordem. Era o pior pesadelo de um maníaco por limpeza. O pior pesadelo de Dex. 

 

As folhas da samambaia falsa na parte superior do gabinete de arquivamento, caindo aos pedaços, estavam inclinadas pelas grossas camadas de poeira. Havia pilhas de arquivos - arquivos tortos empilhados - com folhas saindo em todas as direções em cada superfície disponível. Haviam caixas de arquivo ao longo do lado da sala. Na mesa de McGrier haviam três canecas de café - uma das quais merecia nada menos do que a incineração embora os restos de alcatrão, que uma vez tinha sido uma fina camada de café poderia causar a sua explosão. Como é que o homem trabalhava nisso? O lugar inteiro estava precisando de uma equipe de materiais perigosos. 

 

― Você come Doodles Cheesy em sua mesa. ― McGrier informou. Como é que eles vão de gel de cabelo para lanches de queijo? 

 

― Ei, não ofenda o bom queijo crocante. Você está sempre comendo pistache - que, por sinal, são mais nojentos. E você não me ouviu reclamar sobre isso. ― Dex apontou para a zona de guerra de pequenas conchas na mesa na frente de McGrier. 

 

― As crianças comem Doodles Cheesy. Homens adultos comem nozes. 

 

Dex arqueou uma sobrancelha e abriu a boca só para ter McGrier levantando o dedo para ele. ― Nem pense sobre isso, espertinho. 

 

― Eu só ia dizer que os homens crescidos comem Doodles Cheesy, também. É por isso que eles colocaram “extremo” na embalagem. E explosões. O que há de mais varonil em explosões? ― Os lábios de McGrier pressionaram juntos no que Dex traduziu ser alguma forma de desaprovação, então Dex decidiu ser sério por um momento. ― Tudo bem, o senhor não me trouxe ao seu escritório para falar sobre o meu guarda-roupa, Cheesy Doodles, ou o meu amor por nozes. ― Bem, ele tentou. A julgar pela carranca de McGrier, ele falhou. ― Tudo bem, eu sinto muito. Diga-me do que se trata. 

 

― Eu acho que você sabe do que se trata. 

 

Dex não poderia mesmo chegar a uma observação espertinha. ― Sim, eu sei. O que eu deveria ter feito? ―De jeito nenhum McGrier iria responder a isso, mas Dex gostava de jogar o “e se" de vez em quando. 

 

― Você fez o que acreditava ser certo. Você precisa parar se culpar sobre isso. Ele teria pensado que McGrier estava tentando ser engraçado se suspeitasse por um momento, que o homem tinha senso de humor. ― Por que eu iria me culpar quando eu tenho muitas outras pessoas para fazer isso por mim? ― McGrier não ficou impressionado com sua resposta. 

 

― Eu sei que você se sente como merda agora, e eu temo que o que tenho a dizer não vai tornar as coisas melhores. 

 

Isso chamou a atenção de Dex e ele sentou-se, obtendo um sentimento torcendo dolorosamente em seu intestino. No fundo de sua mente, ele estava esperando por isso, mas agora que estava acontecendo, ele não estava tão preparado quanto ele pensou que estaria. ― O quê? 

 

― O comissário não está feliz em encontrar o HPF no meio desta tempestade de merda, especialmente com aqueles assassinatos não resolvidos do Humani Therian. Fui informado para aconselhá-lo de que é hora de você seguir em frente. 

 

― Ir em frente? Ir em frente com o quê? ― Os fatos foram empurrando-o para fora? Dex foi impelido para fora de sua cadeira tão rápido que caiu para trás. ― Isso é o que se trata, não é? Votos? Por dez anos eu estive ralando aqui, dando-lhe sangue, suor e lágrimas, e eles vão me empurrar para fora por fazer o meu maldito trabalho? ― Ele bateu as mãos sobre a mesa, transformando as pequenas conchas de pistache em projéteis lançados. ― Isso é besteira, Cap! 

 

― Daley. ― Disse McGrier com ênfase tranquila, suas sobrancelhas definidas em uma linha reta, como se ele não conseguisse entender o motivo da revolta de Dex. Dex não dava a mínima para o que o seu capitão achava que isso era. Eles estavam falando sobre sua carreira, uma carreira que estava sendo destruída sem sequer mover um cílio, tudo para que um bando de idiotas burocráticos pudesse ganhar outra eleição. 

 

― Não há nenhuma maneira de eu vá aceitar isso pacificamente. Você está me ouvindo? Eu já vi muita fodida merda na minha vida, mas isso... 

 

― Você não está sendo empurrado para fora. Você está sendo promovido. Mais ou menos. 

 

― Eu... O quê? ― Dex piscou algumas vezes enquanto tentava decifrar as palavras que saíram vacilantes da boca de McGrier. ― O que você quer dizer com o “eu vou ser promovido”? Mais ou menos. ― Agora ele estava realmente confuso.

 

― O que eu disse. Então, por que você não se senta e relaxa antes de você ter um derrame ou algo assim. 

 

Depois de colocar a cadeira para trás sobre as patas, Dex retomou ao seu lugar. Não porque lhe tinha sido dito para fazer, mas porque ele estava com medo de que se não o fizesse, ele poderia simplesmente ter esse derrame. ― Estou sendo promovido para... 

 

Preencha o espaço em branco. 

 

― É mais como se tivesse sido recrutado. ― McGrier estudou-o atentamente. Que tipo de resposta seu capitão esperava dele que não fosse ‘Huh’? 

 

― Huh? 

 

― A partir de hoje à tarde, você é um Agente de Defesa dos THIRDS. ― O homem ficou em silêncio e Dex não podia deixar de esperar que ele jogasse os braços para fora e gritasse “Ta-da!” Com um show de jazz das mãos. 

 

O que estava acontecendo aqui? Se tivessem lhe dito que estava sendo transferido, ele teria compreendido. Se tivessem lhe dito que ele estava sendo rebaixado, ele teria compreendido. Inferno, ele teria entendido ser despedido, mas sendo recrutado pelos THIRDS? Não... Ele não podia dizer que entendia. Especialmente desde que ele nunca pediu uma posição, em primeiro lugar, como recentemente encontrou-se afirmando repetidamente. 

 

― Mas... como? Por quê? Talvez você pudesse, eu não sei, explicar? Estou me sentindo um pouco lento hoje. Muitos chutes na cabeça.

 

McGrier levantou-se e começou a andar. ― Daley, apesar do que você possa pensar, eu gosto de você. Você é um rapaz honesto com uma boa cabeça em seus ombros. Você era um maldito bom policial e tornou-se um detetive ainda melhor. Essa situação toda poderia se resolver com o tempo por aqui, talvez não, mas acho que suas habilidades seriam mais adequadas para uma organização com uma maneira diferente de fazer as coisas. Nós dois sabemos que se eles tentarem empurrá-lo para fora ou rebaixar você, eles perderiam o voto Therian, mas se você for promovido para uma organização com a reputação de apoiar tanto os seres humanos como os Therians, seria uma situação ganha / ganha para todos. 

 

― Sim, se eu tivesse tentado entrar, o que eu não fiz. Agora é vitória / que inferno de situação. 

 

McGrier continuou como se Dex não tivesse falado. ― Eu tive uma reunião com a Tenente Sparks enquanto você estava de férias, e ela tem uma posição aberta em sua equipe para você. O fato de que você tenha ficado em primeiro lugar na classe durante o treinamento e tendo o Sargento Maddock para dar uma boa referência sobre você, fez de você um candidato chave. Você sabe que Maddock sempre quis você lá com ele e seu irmão. Os THIRDS são a única organização que eu conheço que permite que os membros da família trabalhem juntos, então por que não aproveitar? 

 

A boca de Dex moveu-se, mas nada saiu, então ele decidiu que seria melhor fechá-la. Talvez ele tenha tido uma concussão. Talvez ele estivesse em um hospital em algum lugar sob o efeito de remédios e sonhando sobre a obtenção do recrutamento pela “Therian Human Intelligence Recon Defense Squadron”. Jesus Cristo, o governo adorava suas siglas. Em algum lugar, algum agente de terno do governo havia gozado com aquilo. O Sexto Departamento tinha sido a casa de Dex nos últimos dez anos. Eles eram como uma família. Então, novamente, a sua “família” o tinha praticamente deserdado nos últimos meses. Ele deveria lutar para ficar por aqui, onde não era desejado? Ele já havia sido espancado duas vezes. Se isso não fosse o seu modo de expulsá-lo, ele não sabia o que era. 

 

McGrier estava certo, as coisas poderiam se acalmar com o tempo, ou poderiam piorar. Como estava, sua presença só colocava todos no limite, e esses mesmos idiotas que o tinha expulsado estavam forçando todos os outros a escolher os lados. Ele poderia poupar um monte de gente boa de um monte de dor, se ele tomasse esta posição, não que estivesse lhe sendo dada muita escolha. 

 

Tudo se resumia em saber se ele sairia em silêncio. Ele deveria ser grato pela oportunidade. Havia policiais por aí que limpariam banheiros se isso significasse colocar o pé pela porta dos THIRDS. Além disso, Dex iria começar a trabalhar com a sua verdadeira família. Aquilo não tornava mais fácil a tarefa de deixar seu trabalho para trás. Era a única coisa familiar que lhe restava. Ele foi - tinha sido - um dos principais detetives de homicídios do Sexto Departamento, e ele trabalhou muito duro para chegar lá. Claro que, sentado no escritório de McGrier com um lenço no lábio sangrando, deixava bem óbvio que ele não tinha muito de uma carreira para voltar. Com um suspiro resignado, ele assentiu. 

 

― Ok. Quando eu começo? Com um aceno de cabeça severa, o capitão voltou a sentar. 

 

― Dia vinte e três de setembro. Eles estão lhe dando uma semana para recuperar o atraso em todas as novas políticas e códigos antes de sua implantação. 

 

Bateram na porta e Dex inclinou a cabeça para trás para dar uma olhada melhor no detetive de cabelos louros pairando pela porta. Ah, Pearce, o seu cavaleiro de armadura manchada. Um dos poucos seletos que não sentia a necessidade de compartilhar suas opiniões sobre a chamada “traição” de Dex. Quando Pearce percebeu-o sentado lá, ele sorriu largamente. 

 

― Ei, Daley. 

 

― Pearce. ― Dex devolveu o sorriso. É uma pena que ele estava saindo. Podia verse saindo com Pearce, atirando na brisa mais algumas fatias de pizza, compartilhando algumas cervejas em uma tarde preguiçosa de domingo. 

 

― Você queria me ver, senhor? 

 

― Sim. Daley vai nos deixar. Ele foi recrutado para o THIRDS. 

 

O ar estava fora da sala sugado pelo vácuo, e Dex olhou de Pearce para o capitão e para trás, esperando que alguém pudesse lançar um pouco de luz sobre a perda de marcação da atmosfera. 

 

― Qual equipe? ― Perguntou Pearce calmamente. 

 

McGrier realmente se retorceu em seu assento antes de limpar a garganta. ― Destructive Delta. 

 

Pearce ficou tenso por toda parte, sua mandíbula apertada tão forte que ele parecia como se pudesse quebrar alguma coisa. Dex de repente lembrou-se do irmão de Pearce e orou que a sua sorte não fosse tão ruim. Os THIRDS era uma organização enorme. Quais eram as chances dele acabar na mesma equipe que o agente Gabe Pearce tinha estado? Merda. Ele era o substituto de Gabe, não era? 

 

Dex olhou para Pearce. ― A mesma equipe? 

 

Pearce apenas balançou a cabeça, seus lábios apertados em uma linha fina. 

 

Isso não era estranho em tudo. Simplesmente ótimo. Ninguém queria ser o cara que vinha depois de um parceiro morto. Dex odiava essa bagagem, e agora ele estava prestes a entrar em uma equipe com o suficiente para encher um terminal de aeroporto. Seu novo parceiro, provavelmente, tinha todos os tipos de expectativas e eles ainda nem tinham se encontrado. 

 

Howard Jones havia mentido para ele. As coisas não estavam melhorando. Elas estavam ficando piores a cada minuto. 

 

― Parabéns. ―A palavra quase conseguiu espremer os lábios de Pearce ao passar. 

 

― Obrigado. ― Murmurou Dex. 

 

― Você sabe quem é o seu parceiro? ― Pearce soava muito mais casual do que ele provavelmente estava sentindo. Dex não conseguiu condenar o cara por tentar. 

 

― Não, uh, isto tudo me pegou um pouco de surpresa. 

 

Pearce balançou a cabeça e voltou sua atenção para o capitão. 

 

― Pearce, você vai tomar o lugar de Dex até conseguirmos remanejar o pessoal por aqui. Por que você não o leva para o seu carro? Dex, vamos enviar o seu material para a sede THIRDS, junto com toda a papelada. 

 

Em outras palavras, os caras lá de cima não queriam Dex sendo espancado, agora que ele fazia parte de uma nova força de elite brilhante, e se Pearce estava com ele, Dex iria sair do prédio inteiro. Bons tempos. 

 

Dex levantou-se, tirou a arma do coldre e colocou-a na mesa de McGrier, juntamente com o seu distintivo. Ele evitou o “foi um prazer trabalhar com você” de policial para capitão, sabendo que nenhum dos dois tinha mais nada a dizer. Eles não se preocuparam com o “mantenha contato ou qualquer coisa assim”, porque ambos sabiam que não ia acontecer a menos que fosse a uma missão oficial.

 

Pearce caminhou em silêncio ao seu lado através da antiga delegacia, ombro a ombro, perdido em seus próprios pensamentos. Dex não poderia dizer se a expressão em seu rosto era devido à dor ou antipatia, mas ele se compadeceu do cara. 

 

Ele queria se desculpar com Pearce pela sua perda, pela promoção que o lembrou de sua perda, pelas ações que levaram à sua promoção, que por sua vez, o lembrariam de sua perda. Dex teria pedido desculpas por toda a sua maldita existência se ele achasse que iria fazer a diferença, mas não faria diferença, então ele não disse nada. 

 

Dex tinha optado por estacionar seu bebê no parque de estacionamento privado em frente, em vez de no lote da delegacia, apenas para prevenir. A quantidade de dinheiro pago para o estacionamento seria muito menor do que o que ele teria que desembolsar para um novo para-brisa ou pintura nova.

 

Quando chegaram ao carro, Pearce virou-se para Dex, percebendo que esta era provavelmente a última vez que o veria. Sem chance de que Pearce fosse querer compartilhar esse café com ele agora. 

 

― Carro bacana. 

 

― Obrigado. ― Dex deu um tapinha no capô de seu bebê com um sorriso tonto. Às vezes ele gostava de fingir que era John McClane no filme Die Hard21, exceto com mais limites de velocidade, menos explosões e, geralmente, muito menos ação acontecendo. Ele realmente precisava começar a sonhar um pouco mais. Como suspeitava, Pearce deu-lhe um breve aceno de cabeça e se virou para ir embora, mas para surpresa de Dex, parou. 

 

― Cuidado com as costas lá, Daley, e não espere uma recepção calorosa. 

 

Bem, isso não transmitia nada de bom. ― Por que você diz isso? 

 

Pearce parecia meditar sobre isso antes de se virar para trás, as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta. 

 

― Destructive Delta está na Unidade Alpha, e essas posições são as mais altas, as mais perigosas, as mais procuradas nos THIRDS, mas a posição de Gabe ainda está em aberto, tem sido ligada e desligada por mais de um ano. O que isso quer dizer? 

 

― Eu não sei, mas posso imaginar que perder Gabe foi provavelmente difícil para a equipe. 

 

Pearce balançou a cabeça, os lábios franzidos. ― Tenho certeza de que foi, mas os THIRDS não choram, eles continuam se movendo. Eles não são como o resto de nós. O rumor é de que o líder da equipe, o agente Brodie, botou para correr mais de meia dúzia de agentes. Eu o conheci, e acredite em mim quando eu digo que ele é o maior idiota a andar nesta terra. Segundo ele, ninguém é bom o suficiente para substituir Gabe. Eu teria encontrado sua lealdade admirável, se não tivesse sido o único a enviar Gabe para atender a esse Therian informante em sua própria noite em que foi morto. 

 

― Você acha que foi culpa do agente Brodie por Gabe ter sido morto? ― Dex estava preocupado por Pearce. Talvez este líder da equipe fosse um idiota, mas se os THIRDS eram tão bons como todos afirmavam que eram, certamente não teriam enviado seu próprio companheiro de equipe sabendo que não poderia lidar com isso sozinho. ― Você não deve ir por esse caminho. ― Dex colocou a mão no ombro de Pearce. ― Isso não leva a um lugar algum bom. Eu não conheci Gabe, mas tenho a sensação de que ele não gostaria que você pensasse assim também. ― Dex entendia qual era a sensação de perder a família nas mãos de criminosos. Ele também entendia, em primeira mão, o quão perigoso pode ser cair em desespero. Sorte para ele, ele tinha o seu pai adotivo, Anthony Maddock - na hora para resgatá-lo antes que ele se perdesse. 

 

― Você está certo. ― A carranca de Pearce deu lugar a um sorriso triste. ― Gabe não iria querer isso. Pelo menos ele morreu defendendo o que ele amava. Cuide de si mesmo, Daley. Eu ligo para você sobre o café. 

 

Com isso, Pearce se afastou, seus passos ressoando pela garagem vazia cavernosa até que ele desapareceu nas sombras, deixando Dex de pé em seu solitário enfrentamento de um futuro indiscernível. 

 

Maldito seja, Howard Jones!


Notas Finais


Obrigado por ler até aqui vocês motivam sempre!!❤️❤️❤️


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...