1. Spirit Fanfics >
  2. This ain't a love song >
  3. Capítulo 8

História This ain't a love song - Capítulo 8


Escrita por: Tsuki_Luana

Notas do Autor


Boa leitura! ^^

Capítulo 9 - Capítulo 8


"Sensei... não quer que eu te leve até lá em cima? Pelo menos me deixe te colocar pra dentro de casa, você está pálido e..."

Eu ainda me lembrava do toque de sua mão em meus braços, mas estava enjoado demais para prestar a atenção que devia. Puxei meu braço com impaciência. Não queria vomitar em cima dele, seria humilhação demais.

Só que ele não me deixou ir.

"Sensei... Até quando você vai se apegar a essa memória que não te faz bem algum? Não acha que merece algo... alguém melhor? Diga, Rohan Kishibe-sensei... Não quer... me dar uma chance?"

O barulho do despertador invadiu minha mente e a última imagem que vi antes de acordar de vez foi a daqueles olhos azuis límpidos e preocupados me dizendo algo inusitado.

Só que havia algo estranho.

Ele não me dissera nada daquilo quando me deixou na porta de casa ontem.

Céus.

Eu sonhei que o primo do companheiro do meu melhor amigo estava dando em cima de mim.

O que eu estava fazendo com a minha vida?

XxX

A ressaca viera forte e minha cabeça latejava, mas nada insuportável.

- É isso o que você merece por ter enchido a cara sem forrar o estômago adequadamente, seu grande imbecil.

Eu sabia que estava sendo duro demais comigo mesmo, mas talvez fosse necessário.

Quanto tempo mais eu ficaria me consumindo daquele jeito? Tudo bem que foram três anos de relacionamento, Yuya e eu estávamos noivos e eu o amava... e...

Ah, droga.

Eu não queria e não iria chorar de novo. Talvez o melhor fosse tomar outro banho de sais aromáticos na banheira e sair dela pronto para voltar a ser a pessoa que eu era antes de toda essa merda.

O grande Rohan Kishibe.

XxX

Demorei um tempão no banho. Passei a esponja levemente áspera em cada canto do meu corpo e me senti renovado. Era bom voltar a cuidar de mim mesmo, para variar um pouco.

Saí da banheira e me enrolei na toalha, indo assim em direção ao closet, pensando no que seria ideal para usar. Eu sentia a inspiração voltando, como se o storyboard do próximo capítulo já estivesse praticamente pronto em minha mente, faltando apenas passar tudo para o papel.

Escolhi uma camiseta larga e um short de um pijama de seda de que eu gostava muito por ser confortável. Não havia nada melhor do que trabalhar se sentindo à vontade, então, não pensei duas vezes.

Passei as mãos em meu rosto e o achei um tanto seco, carente dos cremes com que eu o besuntava todos os dias. Bom, eu não pretendia continuar fazendo tal maldade com meu corpo, então passei uma quantidade generosa, sorrindo ao perceber que minha pele parecia aprovar tal cuidado.

Dei dois tapinhas no rosto e sequei o cabelo o suficiente para que ele não ficasse pingando. Apesar de gostar de me arrumar mesmo quando ia trabalhar em casa, resolvi retomar minha rotina aos poucos. Havia tempo suficiente para tal.

Me espreguicei, aproveitando para alongar um pouco os músculos. Mesmo sendo um mangaká, era importante cuidar do corpo, então, fiz alguns exercícios com as mãos e fiquei feliz ao constatar que eu já estava pronto para começar mais um dia.

Fui andando em direção ao ateliê, mas o interfone tocou antes que eu me sentasse na mesa.

- Hmm... Não me lembro de ter pedido nada... Será que é o Kak?

Puxei o aparelho e o escorei no ombro, me encostando na parede enquanto enrolava o fio com as mãos.

- Alô?

- Ah, sensei! Kakyoin-san está aqui fora, posso deixá-lo subir?

É claro que aquele ruivo enxerido não deixaria de vir dar uma olhada em mim, ainda mais depois do vexame de ontem. Mas essa era uma das características que eu mais gostava no meu amigo. Sua incapacidade de deixar as pessoas que amava na mão.

- Claro, estou esperando.

Coloquei o aparelho no gancho e não me preocupei em vestir algo diferente daquele short. Kakyoin já tinha me visto em situações piores, então decerto faria alguma piadinha com o tecido enfiado na minha bunda, já que eu estava sem cueca.

Brincadeiras idiotas feitas entre pessoas que se conhecem há séculos.

Mas, para alguém que ia e vinha do meu apartamento como se fosse o mercadinho da esquina, Kakyoin estava demorando demais para subir. Será que os elevadores estavam com algum problema?

Fui até o interfone na intenção de contatar o porteiro, mas a campainha tocou antes que eu o fizesse.

Destranquei a porta e a abri, sentindo um aroma diferente do perfume doce que emanava de meu amigo, mas não o encarei de imediato.

- Oeoeoe, Kak, o que foi agora...

- Err... Bom dia, Rohan-sensei... Kakyoin-san me mandou aqui e... Aqui, eu trouxe wagashi...

Aquilo só podia ser brincadeira.

Os cabelos de meu visitante não eram ruivos e tampouco, seus olhos violetas. A pessoa que estava diante de mim trazia os cabelos preto-azulados arrumados naquele pompadour fora de moda e me encarava apreensivo com seus olhos azuis, que tanto mexeram comigo ontem.

Josuke Higashikata estava em minha porta e eu não sabia se deveria enxotá-lo e deixar meu amigo puto comigo... Ou comer aqueles doces em sua companhia.

XxX

Higashikata parecia apreensivo enquanto estendia a caixa em minha direção e acabei sentindo um pouco de pena.

Resolvi deixar meu lado educado falar mais alto, especialmente porque Kakyoin ficaria furioso se eu destratasse o rapaz.

- Sei... Entre. Eu fiz café.

Ele arregalou os olhos e em seguida franziu a sobrancelha, parecendo confuso.

- O... O quê? Não vai me expulsar?

Aquilo seria difícil.

- Se é o que quer, então... Obrigado pelos doces.

Segurei a maçaneta para fechar a porta novamente, mas Higashikata a prendeu com o pé, impedindo que eu entrasse.

- Não! Eu quero entrar!

Revirei os olhos, cansado de toda aquela indecisão. Mas... eu não podia culpá-lo, uma vez que a culpa por ele estar agindo daquele jeito era inteiramente minha.

Olhei de relance para sua camiseta e acabei deixando escapar um sorriso, embora ele não o tivesse visto.

- Tire os sapatos. E... bela camiseta, Higashikata.

Sua expressão surpresa se converteu num sorriso e eu podia jurar que vi suas bochechas ficando rosadas, mas talvez tenha sido impressão. Ele tirou os sapatos de forma meio desajeitada e entrou, espalhando sua colônia de aroma amadeirado por todo o ambiente.

E senti algo estranho se remexer em meu peito quando me dei conta... de que eu havia gostado daquele perfume.

Mais do que eu deveria.

XxX

Coloquei os doces em cima da mesa e enchi uma caneca de café, estendendo-a para ele em seguida, mas Higashikata a recusou.

- D-desculpe, sensei... Eu não sou muito fã de café...

Oh, céus, outro Kakyoin. Quem consegue viver sem café?

- Bom, eu não tinha como saber... Mas não tenho nada além de café pra te oferecer, já que Kakyoin levou embora aquele chá doce horroroso...

Ele sorriu meio envergonhado e, mais uma vez, senti algo se remexendo dentro de mim.

O que estava acontecendo?

- Então, eu só vim aqui para entregar os doces e dar uma olhada em você... É que... desculpe, eu fiquei preocupado ontem... - Sua expressão mudou de repente e agora ele parecia desesperado, como se não soubesse o que estava dizendo - Ah! Mas foi o Kakyoin-san que me mandou vir aqui, ele também estava preocupado... Quer dizer... ELE estava preocupado, eu só... Ah, droga...

Ouvi um som esquisito saindo de meus lábios e me surpreendi ao me dar conta de que era uma gargalhada.

- HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ! - Ele me olhou intrigado, como se não entendesse o porquê das minhas risadas - Já entendi, Higashikata... Não se preocupe, diga àquele ruivo alcoviteiro que eu estou ótimo.

- Hein? Do que você está falando, sensei?

- Ora, não é óbvio? Está na cara que Kakyoin quer juntar nós dois, mas isso não vai acontecer.

- Não vai? - Ele pareceu se atrapalhar um pouco, mas logo recuperou a firmeza na voz e me encarou com aqueles odiosos olhos azuis - Digo... não sei se estou entendendo direito, só vim aqui pra dar uma olhada em você e te trazer os doces. Tirei a manhã pra procurar um lugar pra ficar, tenho atendimentos na parte da tarde...

Eu não queria admitir, mas me senti um pouco incomodado ao ouvir que ele já pretendia ir embora.

- Entendo... - Peguei um dos doces e me dei conta de que todos eles eram da cor verde. Será que ele tinha algo com essa cor? - Não vai querer nem um doce?

- Não, eu... só vim ver mesmo se você estava bem, não quero atrapalhar.

Eu não sabia como devia me sentir ao ouvir aquelas palavras. Ele realmente só viera porque Kakyoin pediu, ou...

De repente, ouvi um barulho familiar e Higashikata sorriu, se desculpando.

- Ah, é o meu celular. Tenho que atender...

Acenei com certa indiferença e vi quando ele se levantou, indo para mais perto da porta.

- Alô? Oi, querida... Não, não, me desculpe, ontem o dia foi cheio... Eu ia te ligar hoje à noite.

Bom, então ele tinha alguém na cidadezinha onde morava, não? Já era de se esperar, uma vez que ele parecia tão... acessível.

Que bobagem a minha achar que ele demonstrou algum interesse por mim ao me trazer em casa e ao vir aqui com essa caixa de doces... Ele só estava sendo gentil.

- Pode deixar, eu pego um autógrafo dos dois para você e te levo aí assim que puder. Seja boazinha, Shii-chan! Sim, eu também te amo, pequena. Até mais tarde.

Ele se virou todo sem graça e eu cruzei os braços, pensando no que deveria dizer.

- Ah, desculpe por isso, eu...

- Não precisa me pedir desculpas, mas... acho que você deveria cuidar melhor da pessoa que ama, Higashikata. Onde já se viu, deixar a garota sem notícias... Se continuar assim, ela vai se esquecer de você logo... se relacionamentos podem ser difíceis quando tudo aponta a favor do casal, imagine um à distância...

Ele franziu a testa e começou a me analisar de novo com aqueles olhos azuis brilhantes e perfeitos, enquanto eu me amaldiçoava por estar lhes dando mais atenção do que mereciam.

- Hein? Do que está falando, sensei? Relacionamento?

- E do que mais seria? Mas você tem sorte por ter alguém que te ame tanto...

Josuke pegou o celular e começou a procurar algo, estendendo-o a mim quando encontrou.

A tela mostrava a foto de uma garotinha de uns 10 anos, cabelos castanhos e pele branquinha, como se quase nunca tomasse sol. Ela usava óculos escuros de brinquedo com os aros em formato de coração e sorria largamente, segurando um copo com água e um canudinho, as bolhas de sabão enfeitando a imagem como se fossem um filtro de rede social, porém, bem realista.

- Essa é Shizuka Zeppeli Joestar, minha irmãzinha caçula. Meu pai e meu padrinho a adotaram quando eu tinha 13 anos e ela é bem apegada a mim. Faço o possível para passarmos as férias juntos e ela ama os mangás do Kakyoin-san, mas quando descobriu por Jotaro-san que ele conhecia outro mangaká além dele, ficou ainda mais empolgada e me mandou várias mensagens, mas só consegui parar pra olhar direito o celular agora... Eu não tenho muito costume de mexer nisto e ontem eu estava sem internet, então...

- I... Irmãzinha?

- Sim, ela é uma princesa, né?

Josuke fechou os olhos e sorriu, parecendo orgulhoso. Voltei-me para o celular para ver a foto mais uma vez e era impossível não concordar com ele. Ela era realmente adorável e acabei me lembrando da irmãzinha de Yuya, que sempre me recebera com alegria e dizia que amava meus desenhos.

Será que ela já tinha se esquecido de mim?

- Sim... Ela é... muito linda.

Devolvi o celular a Josuke, que não entendeu o motivo de minha oscilação de humor. Quando ele o pegou, sua mão resvalou de leve na minha e senti como se uma leve corrente elétrica tivesse passado por mim, algo que também parecia ter ocorrido a Josuke.

- O... O que foi, sensei?

- Não, não é nada... É... É melhor você ir embora.

- Tem certeza? Você parece meio pá...

- Vá embora, Higashikata. Você tem coisas para fazer e eu também.

Ele assentiu, guardando o celular no bolso e se encaminhando até a porta. Displicente, sentou-se no degrau da entrada e calçou os sapatos sem pressa alguma, como se não quisesse ir embora.

Assim que terminou, se levantou e bateu a poeira inexistente da calça, se preparando para ir até o elevador.

E, quando dei por mim, minha mão segurava a manga de sua camiseta, como se eu também não quisesse deixá-lo partir.

- E... espere!

- O que foi? Precisa de mais alguma coisa, sensei?

Respirei fundo.

- Por... Por que todos os doces que você trouxe eram verdes...?

Ele se virou e esticou sua mão até o meu rosto, me pegando desprevenido. O toque de seus dedos ásperos me arrepiou e o azul daqueles olhos tão expressivos me tragou para dentro deles.

- Porque... eu não parava de pensar nos seus olhos, sensei... Esses doces não fazem jus a eles, mas... Não acho que algo no mundo faria.

Dizendo isso, Josuke se virou de costas e foi em direção ao elevador que, providencialmente, havia acabado de chegar. Antes de sumir dentro dele, Josuke olhou uma última vez para mim e no instante seguinte só o que ouvi foi o barulho das portas se fechando.

Sentei ali na entrada do meu apartamento e respirei fundo.

O cheiro amadeirado da colônia ainda pairava de leve pelo ambiente.

E era a primeira vez desde que a minha vida virou de ponta-cabeça que eu não me importava de sentir outro perfume por perto que não fosse o meu.




Notas Finais


Rohan está caidinho pelo Josuke sim ou claro?

Espero que tenham curtido!

Até a próxima atualização! ^^


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...