História This is real - 1 capitulo

A verdade é que eu sempre achei a vida uma coisa super sem graça; nunca acontece nada de diferente... sempre acontece as mesmas coisas todos os dias, é como se eu estivesse presa no mesmo dia por um longo e eterno tempo.

Eu já acordo desanimada, pois sei exatamente o que vai acontecer... E o chato é que eu realmente não posso fazer nada para mudar a minha realidade; os sonhos não são reais, os contos de fada não existem! Nem os vampiros e os lobisomens! O que existe no meu mundo são apenas seres humanos.

A última vez que eu expus meus pensamentos e minhas revoltas sobre esse assunto para alguém; eu me arrependi no momento exato em que fiz isso, pois ver a pessoa me encarando como se eu precisasse ser internada, não foi uma sensação muito agradável, resumindo, me senti uma louca.

E como sempre, hoje estou aqui, acordada as seis e meia da manhã, em frente ao espelho arrumando meu cabelo para mais um ano de muito estudo e dedicação.

Na verdade, tem uma pequena diferença...

Os meus pais se separaram quando eu ainda era uma criança, quer dizer, meu pai nos abandonou...minha mãe diz que não sabe muito bem o motivo, porém eu acredito que ele tinha outra mulher...

Eu estava morando com a minha tia por um tempo, até minha mãe se organizar e ter uma estabilidade para nos sustentar... e então, durante as férias, eu decidi que estava na hora de voltar para casa. Apesar de não morarmos juntas, eu e minha mãe sempre tivemos uma ótima relação e eu sou muito feliz por isso. Minha mãe mora em uma pequena cidade em Dakota do Sul, chamada Deadwood, com um pouco mais de 1.288 habitantes. Ela é enfermeira e trabalha no Lead Deadwood Regional Hospital, um dos principais hospitais da cidade.

Como eu havia me mudado a pouco tempo para essa pequena cidade, eu ainda estava à procura de um emprego para ajudar nas despesas de casa.

-Isabel! Você já está pronta?! – Pude ouvir minha mãe gritar da escada.

Nos outros dias eu sabia que teria que ir sozinha para a escola, porém minha mãe insistiu em me levar hoje, com certeza estava com medo de eu não conseguir achar o local.

-Estou descendo mãe! – Respondi.

Peguei minha mochila em cima da cama e desci rapidamente.

-Se importa em tomar café na escola? – Perguntou minha mãe, sem graça.

-Não mãe! Está tudo bem.

Saímos porta a fora. Dava para perceber que minha mãe estava bem mais ansiosa e nervosa do que eu...na verdade, eu estava bem calma.

-Está vendo o caminho? Não é difícil... tem um ônibus que passa lá na nossa rua e para em frente à escola.

-Entendi.

-Se você não quiser comer dentro da escola, tem uma pequena lanchonete ao lado da escola.

-Tudo bem mãe. – Sorri.

-Se você precisar de qualquer coisa, pode me ligar, algumas vezes eu talvez não atenda por que estarei em cirurgia ou algo assim... mais assim que eu ver sua ligação, eu te retornarei.

-Tudo bem mãe, vai dar tudo certo. – Sorri tentando acalma-la.

Ela apenas retribuiu meu sorriso e logo voltou a falar novamente.

-Olha só, eu só quero te pedir para não ficar andando por entre a mata... aqui em Deadwood temos alguns casos de ataques de animais e eu não gostaria que você estivesse entre esses casos. – Encarou-me com preocupação.

-Não vou andar na mata. Pode ficar tranquila mãe.

Ela apenas assentiu com a cabeça.

Logo avistei uma grande placa de madeira, onde estava escrito “LEAD DEADWOOD ELEMENTARY SCHOOL”

A escola estava bem movimentada e o clima estava nublado.

-Qualquer coisa me liga. Está aqui o dinheiro. Você pega o ônibus para voltar para casa, naquela parada do outro lado da rua.

-Tudo bem mãe.... Obrigada.

-Eu te amo filha. – Disse minha mãe, enquanto se despedia com um beijo em minha testa.

-Também te amo mãe. – Sorri.

A escola era bem grande e as pessoas estavam bem agasalhadas, realmente o frio estava insuportável.

Andei pela escola e logo avistei duas pequenas lanchonetes. Eu não estava com muita fome, então comprei apenas um suco de laranja e me dirigi até a sala.

A minha sala já estava bem cheia quando entrei, e ver todos olhando para mim, me deixou um pouco nervosa. Olhei ao redor e assim que meus olhos localizaram uma carteira vazia, meu corpo moveu-se imediatamente.

Tudo estava indo conforme o planejado, até o meu “eu” estabanada resolver agir, fazendo com que eu esbarrasse no caderno de um menino, derrubando-o no chão. Agachei rapidamente para pega-lo, porém antes que eu pudesse fazer isso, vi um lindo desenho em uma das folhas... uma enorme lua cheia com uma árvore seca em sua frente.

Então a mão do menino tocou o caderno e eu o encarei assustada.

-Acho que isso é meu... – Encarou-me profundamente.

Apenas continuei encarando-o pois me encantei com sua beleza... seus lindos e perfeitos olhos azuis... seus cabelos escuros...sua pele branca e pálida...seus lábios rosas...

-Bom dia pessoal!

A voz de uma mulher, que com certeza era a professora, me assustou....  Apenas olhei para o menino novamente, me desculpei e sentei na carteira vaga ao seu lado.

-Vou ser a professora de história de vocês! E sim, ensino médio ainda tem história! (Sorriu) me chamo Lurdes...

Como sempre na primeira semana de aula, os professores sempre faziam as mesmas coisas... se apresentavam ou melhor falavam tudo sobre as suas vidas e o quanto batalharam para estarem onde estão hoje.

Eu não me importei muito em ficar ali ouvindo tantas coisas que não fariam diferença nenhuma para o meu futuro... O menino ao meu lado também parecia não estar muito interessado nas histórias da professora. Ele olhava para frente, mais sua mente parecia estar vagando por outro lugar...

Ele era incrivelmente lindo... sua testa franzida o deixava ainda mais atraente.

Eu estava totalmente distraída observando o menino do qual me tirou um grande suspiro.

Nem percebi quando os olhos dele, já estavam fixos nos meus. Ele me encarava curioso; como se estivesse tentando descobrir ou entender algo que nem eu sabia. Então ele desviou os olhos dos meus, fixando em alguém que estava ao meu lado; olhei na mesma direção e vi um menino louro, dos olhos claros, que retribuiu seu olhar fuzilante do mesmo modo. Não demorou muito até que o louro desviasse seus olhos para mim. Encarou-me profundamente e sorriu pelo canto da boca. Fiquei totalmente sem graça...

-Vou liberá-los para o intervalo um pouco mais cedo hoje. – Disse a Lurdes.

Antes mesmo que ela completasse a frase, todos começaram a se levantar e saírem da sala.

Olhei ao redor e os dois meninos lindos já haviam sumido também.

Levantei e segui o grupo de alunos, rapidamente avistei a lanchonete, estava bem cheia, pelo jeito todos os professores haviam liberado mais cedo hoje.

Eu não estava com fome, então resolvi dar uma volta para conhecer melhor a escola. Passei por diversos corredores e em todos eles havia um banheiro masculino e outro feminino. A escola tinha as paredes brancas, porém ainda assim era escura, talvez pelo clima e o acinzentado do céu. Em um dos corredores, pude ver uma grande porta de vidro, e olhando através dela, observei uma grande piscina. Educação física nunca foi o meu forte. Continuei caminhando até encontrar uma grande porta de metal; tirei as travas e consegui abri-la. Não havia nada demais, além de outra saída da escola, era a “porta dos fundos”. Só havia uma enorme mata, na verdade parecia mais, uma floresta. Estremeci ao sentir a forte brisa do vento, assoprar meus cabelos. Entrei rapidamente e tive um pouco de dificuldade em puxar a porta, não havia percebido o quanto ela era pesada.

-Quer uma ajudinha ai?

Ao olhar na direção da voz masculina, vi o lourinho sorrindo para mim. Fiquei totalmente sem jeito novamente, apenas sorri. Ele aproximou-se de mim, e por trás de mim, colocou sua mão sobre a minha e logo depois puxou a porta em uma velocidade incrível, fechando-a imediatamente.

Olhei para ele surpresa...

-Sou Alex. E você é?

-Isabel...

Alex era um cara bem atraente, seus cabelos eram espetados e seus olhos eram azuis. Sua pele era pálida e fria.... Resumindo, ele tinha cara de quem pegava geral.

-Isabel... você é nova por aqui, não é? Não lembro de ter visto você outras vezes.

-Eu me mudei a pouco tempo...

-Entendi...

Olhei ao redor e percebi que os corredores estavam bem vazios... não havia nenhum barulho ou vozes...

Então do nada o menino dos cabelos preto, apareceu no corredor, vindo na minha direção...

-Alex, o que está fazendo por aqui? – Perguntou ele, aproximando-se rapidamente.

-Nada que seja da sua conta... mais você sabe...não gosto de lugares muito cheios... –Sorriu Alex, encostando sua mão fria em meu ombro.

-Alex?! Você deveria ir dar uma volta... ver se está tudo certo com sua amiga... acho que ela caiu em uma armadilha de lobo.

Olhei para o Alex e percebi sua feição totalmente irritada. Logo me soltou e saiu rapidamente pelo corredor.

-Você não deveria ficar sozinha por ai... – Comentou o menino.

-Eu não estava sozinha...

-O Alex não é a melhor opção de amigos que você poderia ter...

-Por que?

-É que... ele faz algumas coisas ruins.... Só não confia nele...

-Entendi... será que a amiga dele está bem? Acho que devemos ir ajuda-la.

-Não precisa... ela está ótima. Só usei uma metáfora.

-Como se chama?

-Isso importa? – Perguntou o menino, encarando-me profundamente.

-Na verdade...sim... eu gostaria de saber o seu nome... – Afirmei.

-Me chamo Dylan.

-Me chamo Isabel...mas pode me chamar de Isa... – Falei, oferecendo minha mão.

Dylan encarou-me mais uma vez e logo tocou minha mão... Diferente do Alex, sua mão era quente e sua respiração estava ofegante. Ele era ainda mais bonito de perto.

Dylan parecia olhar para dentro de mim, de tão profundo que eu sentia seus olhos me encarando... eu sentia como se ele estivesse tentando saber de algo que não conseguia decifrar.