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História This strange feeling - Halloween


Escrita por: laranjinhamec

Notas do Autor


Olá de novo,
Desculpem a demora, algumas pessoas deixaram de comentar aqui, vocês desistiram da fic?
esqueceram no churrasco? Faz isso não gente! kkkkk (Tô rindo mas é de nervoso).
Temos novidades! minha amiga fez uma capa nova pra fic, e ficou linda :) enfim, sem mais delongas, o capítulo.
Ps: Ainda assassinada com as fotos do Charlie Heaton pra revista QG. Já podem mandar nudes dele que eu aceito.

Capítulo 8 - Halloween


Hawkins – Indiana – 1982

(Jonathan)

Estacionei o carro no meio fio em frente a nossa casa. Will já estava esperando sentado no batente da porta. A fantasia desse ano era de cavaleiro. Ele insistiu em ir com nossa mãe à loja de fantasias na cidade vizinha, porém, nossa grana tava curta, como sempre e ela acabou customizando boa parte da fantasia. Mas comprou uma linda espada prateada e o escudo, que ele colocou todo orgulhoso em cima do criado-mudo.

Quando ele viu o carro, saiu correndo meio desengonçado parecendo um patinho. Avisou rapidamente nossa mãe que eu havia chegado e abriu a porta traseira.

- Ê finalmente hein maninho! - ao entrar, deu de cara com Steve e cortou o resto da conversa ao meio lançando-o um olhar meio desconfiado.

- Tudo bem Will, vou dar carona ao Steve pra festa na escola, tudo certo, está bem?

- Tudo bem, boa noite Steve – cumprimentou Will

- Boa noite, cara. Hey, bela fantasia! - disse Steve tentando parecer legal e definitivamente conseguindo.

- Obrigado. Hum, você tá fantasiado de alguma coisa? - disse Will tentando parecer interessado.

Steve deu uma risadinha – Só se for de acidentado, olha só! - mostrou o pé enfaixado.

- Nossa! Sinto muito.

- Tudo bem, estou resistindo bravamente!

 

Dei a volta no estacionamento e estacionei perto da saída – Chegamos!

 

Will desceu do carro e Steve o acompanhou – Divirta-se!

- Will, esteja aqui às 21h está bem? - recomendei

- O que? É muito ceeeedo! Deixa eu ficar um pouco mais, sim? - pediu

- Um pouco mais quanto?

- Ah, só mais algumas horinhas, até todo mundo ir embora, por favor!! - ele fez aquela cara que me derruba sempre.

- Ah, tudo bem então, seu monstrinho, se cuida heim? Não se mete em encrenca!

- Pode deixar! - ele tirou sua bicicleta da mala do carro, subiu e se mandou pro pátio da escola, um cavaleiro ciclista.

- Você o ama, não é?

- O quê? - tinha esquecido completamente quem estava do meu lado e me assustei sem querer com o som da voz dele, que riu.

- Relaxa cara! Te assustei?

- Ah, não! Haha esqueci que você tava aí, foi mal. - como eu pude esquecer Steve?

- Ele é um garoto muito legal, o Will, parece ser muito crescido pra idade dele.

- Sim, meu irmão é muito maduro, até mais do que eu às vezes. Ele é uma das coisas mais importantes no mundo pra mim..

Fez-se silêncio por alguns instantes. Algumas pessoas passavam animadamente rumo ao ginásio fantasiadas. Senti o olhar de Steve no meu rosto, não pude encará-lo porque eu sentia meu rosto queimar no frio da noite.

- Eu tenho que ir – ele anunciou por fim.

- Tudo bem, boa festa

- A gente se vê por aí

Ele se despediu e foi para o ginásio. Observei seu caminhar desengonçado ainda pelo pé enfaixado, ainda com meu coração batendo forte e com uma felicidade incrível de ter tido uma conversa normal com ele. Aqueles momentos só eu e ele tinham sido perfeitos, mesmo que só por um instante.

Steve tinha se transformado em outra pessoa, uma bem diferente daquela que todos conheciam, ele tinha se revelado pra mim e isso não tinha preço. E finalmente eu pude admitir de peito aberto meus sentimentos por ele. Aquele sentimento fazia minha vida valer a pena, me deixava feliz apenas por existir.

Eu podia esperar que Steve também os correspondesse? Ou eu era muito louco ao pensar que poderia?

Não Jonathan, não seja idiota. Steve tinha uma história com todas as garotas dessa escola, principalmente com Nancy. O garoto mais viril dessa escola nunca se apaixonaria por um garoto, ainda mais por você. Ele provavelmente me desprezaria ou educadamente manteria distância se descobrisse tudo.

Quem sabe um dia ele descobrisse tudo e as coisas pudessem ser diferentes, mas por enquanto não. As coisas deveriam ficar como estavam. Éramos só amigos.

Tirei um cigarro do bolso e acendi. Fiquei sentado no capô do carro que estava em baixo de uma árvore, mas tinha uma boa visão do terreno da escola, fora do estacionamento onde estávamos. A fumaça se misturava com a da minha respiração com o clima frio.

Não sei por quanto tempo fiquei hipnotizado olhando as estrelas e o céu escuro. Will só iria voltar muito mais tarde e eu me sentia meio tolo parado ali. Também não gostava de socializar muito nas festas da escola, mas valia a pena pelas bandas e pelo ponche. Saltei do carro e resolvi dar uma espiada lá.

A porta do ginásio estava apenas entreaberta com gente fantasiada entrando e saindo do lugar. Grandes enfeites com motivos de Halloween ornavam as paredes da arquibancada, e um palco havia sido erguido do lado das tabelas do basquete. Até que não foi tão difícil se misturar mesmo não estando fantasiado. A primeira banda havia começado a tocar, um grupo de garotos magricelos que eu acho que eram de outra escola, não eram tão ruins, só que pareciam ter dois pés esquerdos e pareciam meio ridículos com umas guitarras maiores do que eles.

Peguei um copo vermelho de papel e enchi de ponche. Como sempre a bebida das festas de Hawkins era super aguada e diluída. Queria uma cerveja, mas aquela imitação barata de gim de cereja iria ter que servir. Fiquei num canto observando a multidão de longe.

A primeira banda acabou e os integrantes já estavam arrumando os instrumentos para a próxima. Fiquei pensando com quantos meses trabalhando no Carl's eu arrumaria o suficiente pra comprar uma guitarra, pedaleira e um amplificador. Sonha Jonathan.

 

- Boa noite, nós somos a Sing Street.

A segunda banda definitivamente era mil vezes mais interessante do que a primeira. Eram uns garotos vestidos de maneira bem extravagante, mas bem legal. Na primeira nota da primeira música já gostei do som dos caras. O baterista fazia umas viradas legais, os arranjos de sync era muito bacanas. Eles começaram com um cover do Duran Duran (Rio) e depois algumas músicas de autoria própria.

Depois do show, eles desceram do palco e alguém colocou só umas músicas no som da escola mesmo e alguns casais foram pra pista dançar, hora de cair fora.

Quando eu já estava indo, o garoto vocalista esbarrou em mim, e os garotos da banda estavam arrumando as coisas pra ir embora.

- Opa! Desculpa cara! - Ele ajeitou a alça da guitarra no ombro.

- Tudo bem cara. Ei, som maneiro! De onde vocês são?

- Somos de Dublin! Haha!

- Sério? O que vocês vieram fazer aqui tão longe nesse fim de mundo?

- Na verdade estamos de férias, meus tios moram aqui em Hawkins e a galera quis fazer alguns shows aqui nos Estados Unidos, né galera?

- Se você chama de show.. a gente tá trabalhando feito um bando de escravos – um dos garotos se queixou enquanto carregava metade da bateria

- Não ligue pra ele, sempre está reclamando. Ei, já que você é daqui, onde é que a gente consegue umas cervejas?

- Conheço um cara que vende e não pede carteira no fim da rua, eu vou lá com vocês.

A gente foi lá, compramos as cervejas e a gente ficou conversando um pouco enquanto a van deles colocava as coisas do show dentro. Quando tudo ficou pronto, nos despedimos. Uma garota linda saiu de dentro da van e veio em nossa direção.

- Connor, querido, já estamos de saída. - Ela me olhou brevemente e sorriu – Olá, boa noite!

- Boa noite! - respondi e sorri de volta

- Temos que ir,cara, foi muito bom tocar aqui, obrigado pelas cervejas é.. esqueci seu nome, desculpa.

- Jonathan Byers – apertamos as mãos.

- A gente se vê por aí Jonathan, até mais.

- Até, se cuida.

Eles foram embora e eu fiquei pensando o quão maravilhoso seria sair por aí – principalmente de Hawkins – excursionando com sua banda de rock. Já estava dobrando a esquina em direção à escola quando o grupinho que eu mais odiava vinha em minha direção. Estavam fantasiados de esqueleto, em uma roupa preta ridiculamente pintada de branco, tentei subir a calçada, mas já era tarde demais, já tinha me visto.

- Olha só que surpresa agradável! Pirado Byers! - um deles gritou fazendo aquela vozinha de merda que eu tanto detestava.

Não respondi e continuei andando, não queria encrenca, não hoje..

Alguém roubou sua fantasia de bicha, Byers?

“Se controla, Jonathan..”

O grupo de garotos acabou me trancando quando eu dobrei a calçada, não tinha como sair. Vou ter que enfrentar esses panacas de novo.

- Me deixa em paz, cara.

- Alguém não te disse que pra participar da festa, tem que usar fantasia?

- Que vocês estão fantasiados de idiotas, isso eu já sei, agora precisava vir imitando a cena do Karatê Kid? Acho que isso merecia o prêmio do mico do ano.

- Isso não foi muito educado, “Fonathan”

Ele imitou o jeito como Will falava quando era garotinho, ele tinha um pequeno defeito na fala antigamente e os outros garotos o zoavam por isso. Foi o suficiente pra eu querer socar cada centímetro daquele puto.

- Ah, foda-se! - Dei um murro na barriga dele e os outros me agarraram acabando com nossa trégua provisória. Nem pude ver quem tava me batendo enquanto eu me sacudia todo como um epilético tentando alcançar. Já nem sentia mais os machucados que eles me causavam. Depois de um tempo apanhando você meio que se acostuma com a dor feito um boxeador, no meu caso um peso pena de pombo.

Eu podia não sentir os machucados, mas não queria ficar todo arrebentado e ter que explicar tudo de novo com mentiras pra minha mãe e principalmente Will, então juntei o pouco da energia que eu ainda tinha, misturada com a adrenalina e corri como pude até uma porta que dava pra alguns armários do colégio. Fiquei lá por um tempo e eles não me seguiram, tinham conseguido o que queriam aqueles desgraçados, agora eles iriam desaparecer.

Fui até o banheiro conferir o estado do meu corpo e lavar o rosto. Dei sorte porque eles não haviam conseguido alcançar muita parte dele, só me chutaram nas costelas e nos ombros. A única parte que eles haviam batido era a minha bochecha esquerda que estava um pouco vermelha, dá pra disfarçar.

Joguei uma água no rosto e enxuguei com papel toalha. Dei uma boa olhada nos corredores e estava limpo, então eu saí, já tava quase na hora de pegar o Will quando eu vejo uma estranha sombra no banco do jardim deserto da escola.

Steve estava lá sozinho, com as duas garrafas de vinho, e uma já estava vazia. Ele parecia dormir com o copo molenga caindo da mão direita.

Minha cabeça trabalhava rápido demais para eu tomar consciência de alguma coisa, porém eu precisava fazer alguma coisa antes que ele fizesse alguma besteira.

- Steve! Ei! Acorda! O que você tá fazendo, cara?

Ao notar que eu estava ali, Steve abriu um sorriso torpe gigante que se transformou numa gargalhada incontrolável.

- Jonathan! Olha só, você aqui, eu guardei uma garrafa pra você também, vem aqui, cara, vem beber comigo – me entregou a garrafa colocando mais vinho no copo que já tava cheio

- Para com isso, cara, você precisa ir embora, deixa eu te ajudar.

- Não... eu não vou embora, que droga! Todo mundo me diz o que fazer.. esstou cansaado das pessoas me dizerem o que fazer.. eu não.. me deixa, vai..

- Vamos, me deixa eu te levar..

- Eu sou um merda, Jonathan.. ninguém gosta de mim, me deixa aqui sozinho.

- Eu não acho que você seja um merda, me deixa eu te ajudar.

Ele me olhou por um instante. Os olhos meio injetados pela bebida, mas mesmo assim aqueles olhos castanhos lindos com o cabelo meio colado na testa. Droga! Até assim ele não conseguia parar de ser tão perfeito.

- Eu te machuquei, Jonathan! Eu transformei sua vida num inferno, para de ser tão legal comigo. - as lágrimas caíam silenciosas dos seus olhos.

- Mas você mudou, eu aposto que mudou. - eu tentava apoiá-lo no banco pra que não caísse.

- Você merece uma pessoa muito melhor do que eu sou. Alguém legal, eu não sou legal.

- Vou saber se você for legal comigo, e pra começar, encher a cara não vai te fazer alguém decente, Steve.

De repente eu notei um embrulho preto escondido nas costas dele, alguma coisa muito parecida com..

- O que é isso? - desembrulhei o papel amassado, dele milagrosamente saiu meu caderno, com todas as folhas juntas, com todos os poemas, tudo como era antes.

- Seu caderno, ele sorriu simplesmente e deu de ombros.

- Mas como? - eu parecia tão chocado com a descoberta do meu mais precioso tesouro que quase perdi a fala.

- Eu troquei! - ele continuava com aquele sorriso bobo de bêbado, porém lindo – os babacas nem perceberam que jogaram o caderno errado. Ele ficou comigo esse tempo todo.

Meu coração martelava o peito em uma velocidade tão absurda que eu me perguntava como era possível que ele não saísse pela boca ou coisa assim.

- Mas por que? Como assim?

- Porque eu quis, oras! Na verdade eu queria te dizer...

- O que?

- Ah, esquece. Eu não sei o que eu..

- Me conta

- Eu estou bêbado, haha

- Muito engraçado – Dei de ombros e me levantei do banco, mas antes que eu pudesse, ele segurou minha mão pra que eu não saísse. Um arrepio tomou conta do meu corpo imediatamente.

- Fica.. eu não quero ficar aqui sozinho.

- Eu não devia, mas ok.

Ele tomou mais um gole do vinho e limpou a boca na manga da jaqueta.

- Quer ouvir a verdade, Jonathan? - Ele falou tão de repente que eu tive um sobressalto e quase pulei do banco .

-A verdade é que eu mantenho esse caderno comigo porque eu não consigo parar de pensar em você por um segundo depois que eu li cada página dele, e eu me acho um merda porque você fodeu minha vida de uma hora pra outra, não consigo mais ser a mesma pessoa que eu era, e isso é um inferno, e eu não sei mais de nada.

Estávamos com os ombros apoiados um no outro pra ele não cair de novo. O segurei pela frente da jaqueta.

- É mesmo? E o que vai fazer a respeito? - perguntei sentindo sua respiração perfumada com vinho no meu rosto.

- Eu não sei.. – Ele segurou meu rosto. Eu estava imóvel e não ousei me mexer.

Sem eu esperar, sem eu imaginar por um milhão de anos que era possível, Steve Harrington me beijou. Eu pude sentir seu cheiro, sua pele e tudo nele me agradava. Tudo me dava prazer no contato com sua boca, sua língua quente com gosto de vinho, suas mãos no meu corpo me acariciando e deixando um rastro quente onde tocavam, e eu retribuía a cada toque ao mesmo tempo que sentia que poderia morrer sem fôlego, porém feliz de uma morte deliciosa.

Eu não me importava se tinha levado uma surra daqueles panacas, se tinha trabalhado o dia todo, tudo de ruim que eu estava sentindo simplesmente tinha sido evaporado pela sensação maravilhosa de estar beijando Steve, e daí que ele estava bêbado? Deixei meu lado egoísta e selvagem tomar conta do meu corpo pela primeira vez e era tão bom estar se sentindo no controle e o perdendo ao mesmo tempo.


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!


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