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História Throne - E assim 1 ano se passa.


Escrita por: Nacchan_il

Capítulo 2 - E assim 1 ano se passa.


Fanfic / Fanfiction Throne - E assim 1 ano se passa.

Mais um dia se inicia no dormitório da escola UA. A turma 1-A acordava animada, em breve iriam ingressar em seu segundo ano no curso de heróis. Apesar do horário relativamente cedo, a sala de estar era tomada por conversas e risadas altas, relembravam o ano que se passou. Mesmo que tivessem enfrentado muitos problemas, também tiveram momentos muito divertidos, onde guardaram fotos e até vídeos valiosos.

Os futuros heróis estavam sentados no chão, em uma roda, ainda com seus pijamas. Mais afastado do grupo, Bakugou sentava no sofá com uma caneca de chocolate quente, o loiro tinha olheiras escuras, o que preocupou os colegas de classe quando encontraram com ele mais cedo. Alguns tentaram conversar com ele, mas só receberam gritos e ameaças de morte, o que não sumia com o sentimento de preocupação.

- Bakugou, senta aqui com a gente!

Kirishima exclamou, ele forçava um sorriso com a intenção de animar o loiro, mesmo que o ruivo estivesse extremamente preocupado com o estado do amigo.

- Não enche...

Katsuki parecia não ter forças nem mesmo para dar seus gritos, o rosto pálido e triste não era normal. Chegava a ser assustador.

- Não sabia que gostava de chocolate.

Kaminari tentou puxar assunto.

- Eu odeio.

Bakugou se levantou e foi em direção da cozinha, lavou a caneca vazia para em seguida sair do dormitório.

- Por que sempre tem uma época do mês em que ele fica nesse estado?

Momo perguntou baixo, não queria que o loiro escutasse, mas não conseguia segurar sua curiosidade e preocupação.

- Não sei, ele nunca me conta nada...

Kirishima ainda olhava por onde Bakugou tinha saído.

- Será que tem a ver com aquele garoto que se suicidou ano passado? Eles eram da mesma escola.

- Talvez não...

 

[...]

 

Bakugou caminhava devagar, as mãos nos bolsos e a postura curvada era normal, mas era perceptível uma leve mudança no seu humor. Cabeça baixa, olhava para o chão sem se importar em trombar com alguém, mente perturbada com os pesadelos que teve durante a madrugada o lembravam do que estava próximo. Afinal, estava prestes a completar 1 ano, esse que passou de forma lenta e dolorosa.

Ainda era estranho acordar e não encontrar com o garoto de sardas na sala de aula, era mais doloroso quando acordava em sua casa e ao passar em frente à casa vazia e abandonada que já chegou a frequentar tantas vezes. Nunca mais viu Inko desde o funeral, sabe que ela está bem, pois mantem contato com a sua mãe.

As vezes sentia vontade de voltar no tempo, queria acabar com esse sufoco que aumentava a cada dia que passava, muitos professores tentavam conversar com ele, o que não adiantava. All Might um dia lhe disse que seria bom contar o que ele sentia para uma pessoa confiável, e Bakugou já pensou falar sobre isso com Kirishima, mas o medo de não se tornar o herói que Midoriya desejava ser foi maior.

Talvez essa obsessão de se tornar o sonho de Izuku fosse a sua pior doença, esse objetivo era desgastante e parecia nunca fazer certo, se cobrava e se martirizava. Era preocupante.

Ouviu uma voz alta o chamar, logo reconhecendo o dono dela.

- Jovem Bakugou!

All Might se aproximou do adolescente com seu costumeiro sorriso, voz alta e o uniforme da era dourada colada no corpo musculoso.

- O que foi...

Katsuki parou de andar, continuou de cabeça baixa, nem se importando de olhar para o professor.

- Podemos conversar um instante?

 

[...]

 

Na sala dos professores vazia, os dois loiros estavam sentados um de frente para o outro. All Might serviu uma xícara de café para os dois, ele mantinha o sorriso, apesar de anteriormente o seu tom ter sido sério. Bakugou sabia que não ia gostar nem um pouco dessa conversa, afinal All Might não era o primeiro professor a tentar tirar alguma informação do passado dele. Dizendo eles, estavam preocupados com as mudanças de humor que Katsuki sempre tem no final do mês.

- Imagino que já saiba sobre o que quero conversar, não?

Bakugou não respondeu.

- Peço desculpas por sempre repetir esse assunto, Jovem Bakugou, mas preciso cuidar da sua segurança. Principalmente se o perigo estiver em sua própria mente.

Novamente sem respostas, teve apenas um revirar de olhos vindo do adolescente.

- Bom, eu acredito que a nossa conversa vai ser diferente hoje.

Recebeu um olhar confuso do loiro mais novo. Como resposta, Toshinori colocou uma foto em cima da mesinha. Na mesma hora que Bakugou viu a foto, seus olhos se arregalaram.

- C-Como.... De onde tirou isso!?

Na foto se encontrava Bakugou com 5 anos, ele segurava uma vasilha transparente com alguns insetos dentro e na outra mão segurava uma rede maior que si. Katsuki mostrava um sorriso grande e brilhante. Ao seu lado estava Midoriya, ele também tinha uma vasilha com insetos que segurava com as duas mãos. Diferente do loiro, Izuku esboçava um sorriso pequeno e envergonhado, seus olhos brilhavam levemente.

Bakugou tinha escondido essa foto em seu quarto, na casa dos pais.

- Sua mãe me entregou essa foto. Ela me pediu para ajuda-lo de todas as formas possíveis.

- Isso não interessa a nenhum de vocês! Devolve!

Bakugou tentou pegar a foto, mas Toshinori foi mais rápido, logo deixando a foto longe do alcance de Katsuki.

- Esse garoto na foto... É aquele que se suicidou ano passado.

Não foi uma pergunta e sim uma afirmativa.

- I-Isso... Droga!

- Jovem Bakugou.... Talvez se sinta culpado por não ter o ajudado, mas você não tem culpa pelo o que aconteceu.

- Não...

Bakugou não conseguia organizar seus pensamentos. Não queria ouvir aquelas palavras sendo que sabia que era mentira, ter que ver pessoas que demonstram confiar nele acharem que era apenas uma pessoa que perdeu um amigo muito precioso. Doía ver as pessoas sentirem pena ou compaixão por ele, nenhum sabe que foi sim o culpado de tirar a vida de uma pessoa boa demais.

All Might não sabia o que se passava na cabeça do aluno, temia que todo aquele peso pudesse ser demais para o garoto. Não conseguia imaginar a dor de ver uma pessoa próxima tirar a própria vida, observar o brilho dos olhos desaparecerem sem poder fazer nada.

- Não irei te forçar a falar nada.

O loiro mais velho entregou a foto nas mãos tremulas do aluno.

- Recomendo que converse com uma pessoa confiável sobre isso, e de qualquer forma, vou estar aqui para ouvi-lo quando precisar.

Toshinori se levantou, logo saindo da sala calmamente. Bakugou ficou na sala por mais uns minutos antes de sair.

Katsuki chegou no dormitório com uma expressão ainda mais abatida do que antes. Os poucos alunos da 1-A que estavam na sala perceberam o estado do loiro. Óbvio que todos ficaram em alerta, preocupados sobre o que poderia ter acontecido.

Kirishima percebeu que Bakugou segurava uma foto. Mesmo que uma das mãos estivesse fechada fortemente, a foto que estava na outra mão se encontrava nenhum pouco amaçada. Parecia que ele tomava o maior cuidado com aquele objeto, mesmo que inconscientemente.

O ruivo acabou seguindo o loiro até que ele entrasse em seu quarto do dormitório.

- Sai daqui...

- Bakugou. Fala comigo! Por favor!

O loiro não olhava para Kirishima. Não queria conversar com ninguém, no entanto, sabia que dessa vez o ruivo não iria deixa-lo sozinho. Por isso Katsuki entregou a foto para o amigo. Eijiro, meio confuso, analisou a foto. Estranhou aquela foto, nunca viu aquele garoto de cabelos verdes, mas ele era levemente familiar.

- É o garoto que se suicidou na minha antiga escola...

Kirishima arregalou os olhos. Desconfiava que Bakugou poderia conhecer aquele menino, mas não imaginou que eram amigos de infância.

Então é por isso... Kirishima pensou enquanto olhava para as costas do loiro.

- Baku-

- Kirishima.... O que você pensaria se eu dissesse que foi eu quem matou essa criança?

- C-Como assim? Ele não se jogou daquele barranco?

- Isso é verdade.... Mas sabe, para alguém chegar a esse ponto, seria necessário que seu psicológico estivesse bem fudido...

- Bem, sim...

- É meio difícil de explicar, nem vou tentar me defender ou dizer que eu tinha motivos para fazer isso. Não existe justificativa pelo o que eu fiz...

- Bakugou...

- Sabe, eu cresci com ele. Nossas casas eram próximas e nossas mães eram amigas, como era de se esperar, acabamos ficando amigos. Ele me seguia para todos os lugares, confesso que gostava de ver aquele garoto me seguindo...

Kirishima apenas observou o loiro se sentar na cama.

- Midoriya sempre foi muito fraco, sua saúde se mostrou frágil desde o seu nascimento. Ficava doente fácil, era desastrado e chorão. Era sorridente e gentil, o meu completo oposto e, acredito que isso que me fez ser tão apegado a ele. Eu me preocupava, não gostava e o chamava de inútil, mas nunca consegui deixa-lo sozinho.

O ruivo percebeu o rosto de Katsuki ficar pálido.

- Eu disso que iria protege-lo, mas então a minha individualidade despertou. Todos diziam o quanto ela era incrível, que eu poderia virar um herói, até mesmo Midoriya dizia isso. No momento que essa individualidade apareceu, eu pensei “Esse poder é perfeito”.

Kirishima se sentou ao lado do loiro.

- Na minha cabeça, assim eu poderia proteger aquele garoto tão fraco, e para dar certo, teria que esconder as minhas fraquezas, sempre deixar o meu lado perfeito e incrível visível. Precisava corresponder às expectativas da minha família e das outras pessoas, precisava mostrar para ele que era capaz.

Bakugou ficou em silêncio.

- Eu tive medo. Midoriya nasceu sem individualidade, ele era ainda mais fraco que o resto da população. Essa notícia me assustou, ao mesmo tempo que percebi que teria mais trabalho. Senti que precisaria me esforçar ainda mais.

Bakugou sorriu.

- Acabei me tornando muito orgulhoso. Não queria que Midoriya se tornasse herói, mesmo isso sendo o seu sonho, como um garoto fraco e sem individualidade poderia virar um herói? Ele morreria antes de tudo e foi aí que me tornei o seu pior inimigo.

Mais um momento de silêncio.

- O chamava de inútil, menosprezava e o machucava. Fiz de tudo para ele desistir, precisava que ele desistisse daquele sonho, não me importava se ele me odiasse, apenas desejava que ele vivesse. E como eu disse, era orgulhoso demais e nunca admitiria o que eu sentia. Ficava nervoso quando ele percebia que eu não estava bem, gritava e batia nele nesses momentos. No fundo eu queria que ele não descobrisse as minhas fraquezas, pensava que deixaria de ser admirado por ele.

- Mas isso não é muito extremo?

- Sim, mas naquela época eu era uma criança que ninguém se importava, nem meus pais ou meus supostos amigos, só o Midoriya que realmente se importava e eu nunca consegui enxergar isso...

- Bem...

- Eu era um babaca, não que eu tenha mudado, mas fui um verdadeiro merda com ele. Chegou um momento que ele parou de me seguir, parou de chamar pelo meu nome, seus olhos não brilhavam mais quando me viam. Ele começou a me temer, enxergava apenas o medo vindo dele. Midoriya deixou de me admirar, e com isso, me tornei ainda mais violento com ele. Não sabia mais o que estava fazendo, estava muito frustrado.

- Você...

- Eu mandei ele se matar, Kirishima! Você não imagina o quanto me arrependo de ter dito isso... Ele... Ele sempre foi uma pessoa boa demais.... Se nunca tivesse me conhecido.... Talvez...

Kirishima arregalou os olhos quando viu o loiro chorar, nunca esperou ver isso algum dia, nem gostava de ver isso.

- Ele tinha vários cadernos, anotava tudo sobre os heróis que admirava. Ele era quase um gênio, analisava tudo minuciosamente, desde seus pontos fortes até os fracos. Conseguia com uma facilidade incrível achar formas de resolver esses pontos fracos. Talvez Midoriya poderia ter se tornado um herói, mesmo sem individualidade, mas eu destruí essa possibilidade...

Kirishima abraçou o loiro.

- Antes de morrer... Ele me entregou seus cadernos junto com uma carta... Ele queria me ajudar a evoluir mesmo prestes a morrer...

- Bakugou, calma.

- Em um dos c-cadernos... T-Tinha anotações... A-Anotações s-sobre mim... T-Tinha t-tudo que m-me ajudaria a e-evoluir...

Bakugou se separou, levantando em seguida e pegando um caderno queimado dentro de uma gaveta. O loiro folheou as páginas, passando por várias anotações sobre heróis, inclusive um autografo do All Might. Parou nas duas últimas folhas, elas estavam recheadas de palavras, além de um desenho de Katsuki. Existiam diversos conselhos tantos para melhorar sua individualidade quanto sua personalidade.

- Ele conseguiu ver meus defeitos, minhas fraquezas. Escreveu tudo nesse último caderno, além de muitos conselhos e maneiras de superar os meus traumas. Ele ainda me admirava, ainda me considerava importante, ele sempre teve certeza que eu me tornaria um herói e em algum momento ele realmente desistiu de ser um herói...

Kirishima escutava tudo com um apeto no coração.

- Eu queria dar um fim para esse monstro que virei, mas não posso fazer isso. Não tenho o direito de sentir saudade ou de tirar a minha vida. Eu preciso me tornar o número 1, mesmo se não alcançar o All Might, preciso me tornar o maior. Só assim o sonho dele se realizara, fora isso nada mais importa. Vou me tornar o herói número 1, mas não por mim e sim por ele.

- Espera, Bakugou! Eu entendo o seu ponto, mas acha que o Midoriya vai ficar feliz em te ver desse jeito? Ele queria que você fosse feliz, realizasse o seu sonho, mas não desse jeito!

- Isso não importa! Eu tirei o seu sonho.... Roubei sua felicidade e menosprezei a sua bondade. Fui o vilão que derrotou o único herói que poderia superar All Might!

 

[...]

 

Aizawa estava na sala dos professores, corrigia alguns trabalhos da turma 1-A. O homem parecia mais cansado que o normal, suspirava hora ou outra. Já havia anoitecido e mesmo assim ele persistia trabalhando.

Uma pessoa entrou de forma apressada na sala, parecia nervosa com alguma coisa e procurava alguém.

- Aizawa-san!

- Hum? O que houve?

- O diretor deseja falar com o senhor, parece ser urgente!

Aizawa não falou mais nada, apenas se levantou e andou apressado até a diretoria.

Ao entrar na sala, encontrou outros professores junto de Hawks Ryukyu lá. Todos tinham expressões sérias.

- Como já temos todos que chamei aqui- Nezu começou- Sei que a princípio esse assunto não envolvia alguns aqui, mas com a descoberta de uma bala que tira individualidades e o desaparecimento de Overhaul, decidimos ajudar no que for preciso- Nezu respirou fundo- Hawks, continue.

- Eu não planejava entrar nesse caso, mas com todos os acontecimentos recentes, principalmente com o paradeiro desconhecido da criança que foi usada como cobaia, decidi que precisava investigar por conta própria- Hawks deu um sorriso- Foi realmente difícil, entretanto, consegui descobrir que uma criança com a mesma descrição prescrita, brinca algumas vezes por semana em um parque em Kamino.

- Kamino...

All Might sussurrou, sua expressão estava tensa.

- Fui tirar as minhas dúvidas pessoalmente e garanto, é a criança que estávamos atrás- Hawks sorriu quando viu as caras surpresas dos heróis- Porém, tenho uma notícia nada satisfatória.

- Como assim?- Aizawa.

- A garota está com a Liga.

- O que!?- os professores falaram ao mesmo tempo.

Hawks jogou uma foto em cima da mesa. Nela tinha Eri segurando a mão de um homem encapuzado que não podia ser identificado. Junto deles estavam Toga e um homem com uma sacola na cabeça. E o que surpreendia mesmo era que a criança parecia bem, suas roupas eram novas e o mais assustador, a garota tinha um enorme sorriso enquanto comia uma maçã caramelizada. Ela parecia falar alguma coisa com o homem que segurava a sua mão, como se não tivesse sido usada torturada por anos.

- Acredito que esse homem com a sacola seja Twice, consegui reconhecer a voz- Hawks.

- E essa pessoa de preto?- Present Mic.

- Não pude ouvir o que ele falava, sem contar que por causa dele não segui os quatro. Ele sabia que eu estava lá, confesso que senti um frio na espinha- Hawks.

Por quê? All Might pensava. Tem alguma coisa estranha. Essa jovem não parece infeliz, pelo contrário, é como se estivesse totalmente confortável com aquela pessoa. Mas como? Como que uma criança que não sabia o que era ser feliz, poderia sorrir dessa forma para esse homem?

All Might se sentia desconfortável, alguma coisa estava acontecendo.



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