Escrita por: Strehh
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Já haviam se passado várias horas, e nem sinal dos três amigos.
Os pais de Momo estavam em desespero. Haviam escutado de um dos empregados que os jovens haviam descido até a adega, e isso foi o suficiente para que o pânico viesse. Aizawa estava tenso, e puxava seu cantil - secretamente abastecido com café frio - a cada minuto que se passava.
- Por que a minha princesa? - Sr. Yaoyorozu esfregava a cabeça, inquieto, enquanto sua esposa tentava acalmá-lo.
A atenção dos adultos se desviou para a porta que dava para o quintal, quando a mesma foi aberta com rapidez, permitindo a entrada de, não três, e sim quatro jovens.
Kaminari e Jirou estavam caminhando com dificuldade, e pareciam zonzos. Momo ajudava a amiga a caminhar, enquanto Kaminari era auxiliado por um garoto de cabelos verdes. Todos estavam com suas roupas sujas, e com manchas que todos torciam para que fossem apenas vinho derramado.
A morena sinalizou para dois empregados, que rapidamente puxaram duas cadeiras, e colocou sua amiga delicadamente em uma delas. O esverdeado fez o mesmo, porém com uma certa brutalidade, um pequeno castigo por ter que ouvir as piadas idiotas do loiro por todo o caminho.
Assim que se viu com as mãos livres, Momo foi imediatamente atacada por seus pais, que avançaram com tudo e lhe deram um abraço apertado.
- Você nos assustou, Princesa! - Sua mãe disse, soluçando. - Achei que tínhamos trancado aquela porta!
- Nunca mais faça algo assim, Mocinha! - Seu pai a encarou com seriedade.
Enquanto todos demonstravam alívio, Aizawa encarava atentamente o “estranho”, que apenas olhava para toda a cena em família de forma neutra.
- Oh, é mesmo. - Sr. Yaoyorozu se virou para o esverdeado. - Me desculpe, Filhota, mas negócios são negócios.
A morena sorriu, indo para perto dos amigos, enquanto seu pai foi em direção ao esverdeado.
- Está seguro lá embaixo. - O rapaz afirmou.
- Que bom. Muito obrigado, Mestre Bruxo. - O homem suspirou, claramente aliviado. - O que era?
- Uma espécie de vampiro. - O menor respondeu, com a maior calma possível. - Não se preocupe, eu já o matei e queimei os restos.
- E os amigos de minha filha? - A Sra. Yaoyorozu se pronunciou.
- Eles estão bem, só desmaiaram com o susto. O loiro bateu a cabeça quando caiu, mas não há risco.
Aizawa observava a situação, incrédulo.
Como um herói underground, considerava que já havia visto de tudo, inclusive outros bruxos, mas o que surpreendia o mesmo era o quão jovem era aquele garoto.
- Espere um pouco…
No bolso de seu paletó, Sr. Yaoyorozu puxou seu smartphone e começou a mexer em algo. Em questão de segundos, o celular do jovem emitiu um pequeno beep.
- Seu pagamento. - O homem respondeu, enquanto o esverdeado conferia em seu aparelho. - Mais uma vez, obrigado.
- Só fiz meu trabalho. - O garoto respondeu com seriedade. - Agora, se me permitem…
O jovem acenou brevemente com a cabeça, e os dois adultos lhe deram passagem. O esverdeado seguiu em direção até a porta da frente, com as mãos no bolso da calça e andando com a postura ereta.
Na calçada, podia-se ver uma motocicleta Harley Davidson estacionada. O jovem seguia seu caminho até ela, quando ouviu alguém.
- Você não é novo demais para dirigir?
Ele olhou para trás, encontrando Aizawa, que bebia de seu cantil e exibia um sorriso tranquilo.
- Sou novo demais pra muitas coisas que faço, Eraser Head. - O esverdeado fingiu rir.
- Salvar os meus alunos não era seu trabalho. - O herói sonolento comentou. - Mas mesmo assim você os salvou. Muito heroico.
O esverdeado forçou mais uma risada, mas Aizawa falava com seriedade.
- Você salvou meus alunos. Eu tenho uma dívida com você.
- Não foi nada. - O garoto rebateu, enquanto ajeitava suas coisas nos compartimentos da moto.
- Eu faço questão. - O pro hero deu um sorriso discreto.
O esverdeado respirou fundo. Estava cansado, ferido e com sono.
- Ok, então… - Ele se virou para Aizawa. - Eu faço uso da mais antiga das tradições. Eu invoco a Lei da Surpresa.
Aizawa o encarou, curioso.
- O que isso significa?
- “Aquilo que tens, mas não imaginas”. - O esverdeado respondeu. - Em termos mais diretos, vamos deixar que o Destino escolha a minha recompensa. Aquilo que você conseguiu, mas não esperava.
- Justo. - Aizawa confirmou. - Que o Destino decida, então.
- Me encontre no Rosemary N’ Thyme, em dois dias, com a minha recompensa.
Eraser assentiu, e ali o Destino foi incumbido a decidir.
O esverdeado colocou seu capacete, dando partida e desaparecendo na madrugada.
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Meio-dia. Era sempre o horário onde o famoso Rosemary N’ Thyme ficava mais lotado. Não era para menos: o lugar atendia a todos os tipos de gostos, com pratos de diferentes lugares do mundo.
Em uma mesa ao lado da janela, um jovem de cabelos verde-escuro observava o movimento nas calçadas, enquanto apreciava seu Katsudon. Usava trajes casuais, uma calça jeans preta, um casaco de moletom verde e All-Star vermelho.
Tirou os olhos da rua brevemente, quando percebeu uma xícara de café sendo colocada na sua frente, em cima da mesa. O jovem estranhou, justamente por não ter pedido a bebida, e virou seus olhos para a garçonete.
- Por conta da casa. - A garota sorriu timidamente, logo se virando.
O garoto sorriu de canto, e logo provou um pouco da bebida.
- Bom. - E sorriu discretamente.
- Então você sabe sorrir. - Disse uma voz próxima.
Alguém havia se sentado em frente ao esverdeado. Um dos seus braços estava imobilizado, e todo o resto do seu corpo estava repleto de ataduras. O único traço reconhecível daquele indivíduo eram seus cabelos escuros, bem como um leve brilho vermelho em seus olhos.
- A gente fica sem se ver por dois dias, e você quase morre. - O esverdeado comentou.
- São ossos do ofício. - Aizawa respondeu. - Ficou sabendo?
- Eu vi nos noticiários. - O jovem deu mais um gole em seu café. - Como eles se denominam mesmo? Liga dos Vilões, né?
- Não foi um simples ataque. Eles tiveram ajuda, e de um dos nossos.
- Então vocês têm um traidor?
- Tínhamos. - Aizawa respondeu, colocando uma ficha na mesa.
O bruxo a analisou rapidamente, enquanto murmurava baixinho.
- Minoru Mineta… Foi aprovado no curso de heróis por meios desconhecidos, apresentava comportamento depravado…
- Ele forneceu o cronograma das aulas para os vilões. - Aizawa explicou. - Quando o interrogaram, ele simplesmente disse que fez isso… pelo bem do seu futuro “harém”.
- Isso veio a público? - Aizawa negou. - Então por que me mostrar isto?
- “Aquilo que tens, e não imaginas”. Esse foi o acordo. - Aizawa parecia sorrir por baixo das ataduras. - E eu sinceramente não imaginava ter um traidor na minha turma.
- Nem vem, que não tem. - O esverdeado rebateu, devolvendo a ficha. - Não vou ficar com um anãozinho pervertido.
- E você não vai precisar. - O herói apagador respondeu. - Mineta foi preso. Sua quirk foi removida, e ele foi mandado para a Tartarus. Mas…
O esverdeado arqueou uma sobrancelha.
- Agora eu tenho uma vaga aberta na minha turma.
- E essa vaga é a minha surpresa.
Os dois se encararam seriamente.
- Eu sei que bruxos vivem viajando, mas… a verdade é que você tem potencial, e…
- Eu aceito. - O esverdeado o cortou. - Não tenho nada melhor pra fazer.
- Tem certeza?
O garoto suspirou pesadamente, apoiando seus cotovelos na mesa.
- Eu sou um bruxo há dois anos, e já perdi as contas de quantas vezes eu precisei renovar o meu passaporte. Não existe um lugar no mundo que eu já não tenha visitado.
- E por que veio para cá?
- Acho que sempre é assim. Aquele velho clichê: o bom filho à casa torna.
- Então, beleza. Você é oficialmente meu aluno. - E estendeu sua mão, que logo foi cumprimentada pelo esverdeado. - Posso saber qual é o seu nome? Te chamar de Bruxo não é muito adequado.
- Me chame de Izuku.
- Izuku…?
- Apenas Izuku.
- Ok, então… Izuku. - Aizawa disse, já se levantando. - Pegue suas coisas e vá até a U.A hoje à noite. Depois do ataque, decidimos implementar o sistema de dormitórios para manter os alunos mais seguros. Falando nisso, tenho que ir. Preciso convencer alguns pais a aceitarem o novo sistema.
- Ah, espera um pouco…
Aizawa parou, enquanto Izuku vasculhava sua mochila.
- Aqui. - O esverdeado disse, colocando um pequeno frasco em cima da mesa. - Bebe um pouco, assim que puder.
- O que é? - Aizawa questionou, enquanto analisava o frasco.
- Andorinha. - Izuku respondeu. - Uma versão modificada, segura para humanos. Vai acelerar a sua cura.
- Obrigado. - O herói sorriu, guardando o frasco no bolso. - Que heróico da sua parte.
- Nem todos os que parecem monstros são maus, e nem todos os que parecem anjos são bons.
- Uma bela frase.
- Aprendi aos cinco anos de idade.
E então Aizawa se retirou, deixando o esverdeado encarar a rua novamente.
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