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História Thunder - Under the covers


Escrita por: Lostway7

Notas do Autor


Hey gente, quanto tempo, não? Como estão?
Peço inúmeras desculpa demora exagerada, esses últimos dias foram tensos pra caramba e além de falta de tempo e inspiração em escassez eu ainda estava sem cabeça para escrever.
Esse cap tem algumas respostas importantes e volto a lembrá-los de que se tiverem duvidas com as explicações podem vir perguntar que eu responderei, na medida do possível.
Obrigado a quem continua por aqui e boa leitura, nos vemos lá em baixo

Capítulo 31 - Under the covers


Thunder: Under the covers


 

Namjoon afrouxou a gravata ao redor de seu pescoço e respirou fundo, encarando com atenção as diversas páginas abertas na tela do notebook enquanto tentava organizá-las para acompanharem sua linha de explicações, tinha muitas coisas para dizer e mostrar e se não se organizasse sentia que ficaria louco. Estava ciente que Taeyeon acompanhava sua agilidade pelas imagens que eram reproduzidas pelo projetor na tela branca fixada na parede do escritório da Kim e tomou seu tempo, sua chefe parecia mais preocupada com seus pensamentos do que com sua demora.

Se jogou no encosto da cadeira ao se encontrar pronto para dar início a seu falatório e dirigiu sua atenção para a Kim sentada no braço do sofá escuro, a analisando de cima a baixo com certa preocupação em suas feições. A morena parecia exausta, como de costume, mas com traços de algo que ele não conseguia nomear perfeitamente. Apostava que ela estivesse perturbada com a quantidade de coisas que tinham descoberto nos últimos dias e principalmente com a estranha mensagem de Alex. Não a julgava, de qualquer forma. Reconhecia que ele mesmo estava perturbado com tal descoberta e ainda estava tentando a processar mas se preocupava com a mais velha e o quanto todas essas descargas a afetariam.

— Tudo certo? Pode começar se quiser. — Declarou com tom baixo, massageando o próprio ombro com lentidão.

— Por qual parte você quer que eu comece? Pra falar do Oh terei que falar sobre outros assuntos, inclusive sobre os registros que sumiram dos funcionários antigos do grupo Kim. — Desviou o olhar, se perguntando como arranjaria coragem para falar sobre os pais da Hwang.

— Me conte sobre ele primeiro. — Fechou os olhos com força, sentindo uma leve dor de cabeça dar sinais de vida. — Alex deu ênfase nele e eu quero descobrir o motivo.

— Ok. — Se virou para a tela e selecionou as pastas que desejava. — Bem, surpreendentemente, não existem muitas informações sobre ele em jornais, matérias e em nada do tipo. — Riu ironicamente com a mais baixa. — Precisei a recorrer a um dos investigadores e, por sorte, ele já sabia algumas coisas por causa das investigações dos registros e me arrumou alguns documentos. — Acompanhou o olhar alheio para a tela branca. — Oh Joonjae trabalhou para o grupo Kim por vários anos, tendo grande influência dentro e fora da empresa. Ele auxiliava nas negociações, conhecia inúmeros investidores e fazia parte do grupo selecionado por sua avó para ajudar na tomada de decisões cruciais para o grupo. — Mudou as páginas, vendo a morena cerrar os olhos. — Típico de alguém da elite, certamente. O que o diferencia é que apesar de ser uma peça importante, ele não agradava muitas pessoas dentro do grupo, isso pra não dizer ninguém.

Taeyeon franziu o cenho em divertimento.

— Quer dizer que ele não era bem vindo?

— Não, nem um pouco. Aparentemente ele era conhecido por não ser nada confiável e por ter um longo e problemático histórico com seus clientes, ser extremamente ganancioso e não medir esforços para conseguir o que quer. — Fez uma pausa. — Ele era uma clara ameaça, porém era muito inteligente e sabia fazer negócios como ninguém.

— Ao mesmo tempo que era uma ameaça poderia ser uma arma, por isso ele se manteve no grupo. — Concluiu, recebendo um aceno em concordância.

— Exato, segundo alguns relatos que li, sua avó e os outro integrantes da elite odiavam tê-lo trabalhando junto deles. Eles praticamente viviam uma guerra fria dentro e fora do empresa, sempre fazendo declarações para a mídia que soavam como indiretas e farpas disfarçadas. Confesso que ri com algumas das declarações. — Riu de lado ao se lembrar do quão incrédulo ficou com a situação. — O problema é que eles precisavam do Oh, ele era responsável por muitas das conquistas financeiras da empresa, e isso tirava sua avó do sério. Eles precisavam dele, mas ele nunca precisou do grupo Kim.

— Ela devia viver a ponto de ter um ataque por ser obrigada a depender de alguém e não estar no controle de tudo. — Comentou pensativa. — Ele chegou a fazer algo ou se comportou direito durante esse período?

— Pelo que eu li existiam fortes boatos que afirmavam que ele tinha planos de conseguir a liderança do grupo, que ele estava decidido a derrubar sua avó e conseguir todo o poder só pra ele. A elite sabia desses boatos e era muito cautelosa, filtrando bem o que chegava até ele ou não, todo cuidado era pouco. — Trocou as páginas na projeção. — Contudo, se ele tinha algum plano de tomar a liderança de sua avó, ele não teve tempo para colocá-lo em prática.

— O que aconteceu? — Cruzou os braços, se esforçando para focar em cada palavra que o mais novo proferia para não se perder.

— Joonjae sofreu um acidente de carro grave... — Encarou a Kim. — No mesmo dia do incêndio da casa principal, poucas horas depois. Na verdade, me atrevo afirmar que ele sofreu o acidente por estar fugindo de lá, só isso justifica a velocidade e a falta de cautela com que ele estava dirigindo.  

Taeyeon voltou a franzir o cenho  em confusão, absorvendo as palavras do moreno.

— Você acha que tem dedo da minha avó nesse acidente? Que ela queria impedir ele de cometer algum ato prejudicial a empresa? — Pendeu a cabeça para o lado.

— Tenho minhas dúvidas, ela não se arriscaria em ter seu nome no meio de uma acusação desse tipo, e além do mais, ela encontrou um ótimo jeito de monitorá-lo e tomar conta com as próprias mãos que ele não fizesse nada impulsivo. — Suspirou olhando para o teto.

— E como diabos ela faria isso?

— O que você faz quando não pode derrotar o inimigo?

— Se junta a ele.

Concordou com um aceno sutil. — Nesse caso não foi apenas no figurativo. — Mudou o conteúdo da projeção novamente. — Houve uma época em que o grupo Kim estava sob ameaça de várias pessoas, grupos e até mesmo alguns políticos. Não consegui descobrir o motivo mas sei que a coisa ficou muito, muito, muito tensa durante esse período pois as ameaças também caíram pra cima de qualquer um que tivesse algum cargo importante. — Observou as expressões da morena com cuidado. — A elite ficou pressionada e sua avó estava prestes a arrancar os cabelos de tanta preocupação, logo ela concluiu que precisaria manter seus olhos bem atentos em todos, decidindo assim hospedar um grupo de funcionários de peso na casa principal para poder mantê-los a salvo e ter uma noção bem ampla do que acontecia, além de convencer a todos que as ameaças vinham de uma única pessoa para não assustar os coitados desavisados.

— Pera, deixa eu ver se entendi direito. — Levantou as mãos em um pedido de espera. — Senhora Kim ficou tão paranóica que levou os funcionários pra própria casa pra vigiá-los?! — Questionou com incredulidade. — Por isso aquilo parece mais um aglomerado de pequenas casas do que com uma casa de verdade! — Passou uma mão pelos fios escuros, se recordando das vezes que se questionou o motivo da estrutura do lugar ser daquela forma.

— Interessante decisão, não? Oh Joonjae fazia parte desse grupo e passava grande parte do tempo trabalhando sob a supervisão da dona CEO. Ele teve seus registros apagados juntamente com os dos outros mas passou mais tempo morando naquele complexo que os outros, esses foram mandados para o Japão e o Estados Unidos meses antes do acidente para trabalhar em outras empresas e tiveram suas existências apagadas da história do grupo para que ninguém atentasse contra suas vidas e pudessem viver em paz. — Explicou com um tom sugestivo.

— Oh, agora faz sentido. Ela não ia querer estar ligada a morte de nenhum funcionário e muito menos iria permitir brechas para vazamento de informações. — Engoliu em seco, pouco impressionada. — Ele morreu no acidente?

— Aí é que está, ele não foi dado nem como vivo e nem como morto. As poucas matérias que encontrei abordavam justamente essa dúvida e o “desaparecimento” do corpo. — Deu de ombros, irritado com as limitações que encontrava no caminho.

— Então pode ser que ele esteja vivo.

— Ou morto, não tem como saber.

Caíram no silêncio, ambos sentindo suas cabeças doerem com tantas coisas para processar e entender. Taeyeon torceu os lábios, procurando por algum ponto nas explicações de Namjoon que se conectasse com a mensagem deixada por Alex. Sentia grande dificuldade em entender plenamente o que aquelas palavras realmente queriam dizer e o que explicaria a óbvia ênfase no nome do Oh.

— Sendo honesta eu ainda não entendi a mensagem que Alex deixou. — Murmurou frustrada. — Sabemos que ele era importante, que provavelmente pretendia encontrar um jeito de chegar ao poder e que é pai de Sehun, o que está definitivamente tirando minha paz de espírito. — Olhou para a tela com os olhos atentos. — Tem alguma informação sobre a vida pessoal dele? Sehun já me acusou de ser a culpada de ele não ter um pai mais de uma vez e parece ter certeza da minha culpa.

— Não cheguei nessa parte da investigação, preciso de mais tempo. — Mordeu o lábio inferior em agonia. Odiava ficar encurralado desse jeito. — Por que Sehun te acusaria disso…? — Sussurrou, estreitando os olhos para o ponto fixo que encarava.

Repassou declarações específicas que a morena dera ao longo dos dias e teve sua respiração a travar na garganta quando um pensamento empurrou suas perguntas para escanteio e se enraizou em sua mente com um click que soou alto demais em seu interior. O medo de estar certo com a suposição de que, de fato, Oh Joonjae era o personagem assustador das memórias que Taeyeon narrara era imenso, paralisante, e veio tão de repente que por alguns segundos nenhuma linha de raciocínio teve oportunidade de interromper sua influência no corpo arrepiado do moreno.    

— A-Acho que vamos demorar um pouco pra conseguir entender o que ela quis dizer. — Passou a mão pelos cabelos com incômodo, querendo mudar de assunto. Não verbalizaria suas suspeitas naquele momento, era perigoso demais para lidarem sem preparo naquele cenário.

Sem contar que aquela, com toda certeza, não seria a única conversa delicada da noite.    

— Taeyeon. — Chamou depois de se acalmar.

Levantou o olhar e achou estranha a seriedade com que o mais novo se dirigiu a si.

— Pode falar.

— Eu te avisei que até semana que vem você teria a pasta com as fichas, tanto que ela ainda está em processo. — Respirou fundo, se certificando de não demonstrar mais que o necessário. — Indo direto ao ponto, eu encontrei os registros de duas pessoas em especial e serei obrigado a te adiantar algumas coisas. —  Procurou a foto nos arquivos do notebook e mudou a projeção, observando a expressão confusa da mais velha se intensificar.

— As fotos já estão sendo restauradas, isso é bom. — Comentou satisfeita, curiosa com a tensão que se instalou subitamente no ambiente por causa da seriedade do Kim.

— Esses dois eram do grupo de funcionários de peso e foram transferidos para os Estados Unidos. — Deu zoom no casal. — Seus nome são Hwang Bonhwa e Hwang Hwayoung.

Desviu o olhar para a mulher e riu baixinho, mesmo estando tenso, da expressão dispersa em sua face, sabendo que ela provavelmente se distraiu tentando reconhecer as pessoas da foto. Esperou pacientemente a morena se dar conta do que estava acontecendo e ligar os pontos por conta própria, desejando internamente que ele não precisasse dar muitas explicações para não se comprometer.

O silêncio se estendeu por longos minutos e homem passou uma mão pelo rosto em puro nervosismo ao observar as expressões da morena se alterarem gradativamente ao passo que analisava a foto na tela, com seus olhos se tornando perdidos e agitados em uma fração de segundos.

— Namjoon, o que eu estou pensando que você quer dizer está errado, não é?! — A frase saiu tremida, deixando clara a tentativa de controle por parte da Kim que se levantou inconscientemente. — Eles não podem ser os pais da Tiffany, isso é impossível. — Negou com incredulidade.

— Acredite, chefe, é tão possível que é real. — Murmurou, atento a qualquer sinal da morena.

Taeyeon soltou a respiração com força, quase dolorosamente, e se apoiou no sofá para não perder o equilíbrio, vulnerável a onda de pensamentos frenéticos somados a dor que aumentava aos poucos.

— Tem noção… T-Tem noção do que isso implica, Namjoon? — Perguntou com dificuldade. — Eles moraram sozinhos lá?

Bastava uma resposta negativa para a Kim se tranquilizar e continuar levando as investigações como estava fazendo antes, mas essa resposta não veio e o baque que a confirmação hesitante do mais novo teve em si fez seu corpo ceder no sofá.

 

(...)

 

— Como assim, Hwang?! — A voz chocada da castanha ressoou pela sala, fazendo a morena concordar silenciosamente com a cabeça.

— Eu sei, fiquei muito surpresa depois que parei pra assimilar e lembrar do que eles me contaram. — Se jogou no sofá.

— Então seguindo o que você acabou de me dizer seus pais trabalharam pra família da Taeyeon? E que vocês moraram junto com o diabo?! — Encarou a mais alta com os olhos arregalados. — E além de toda essa loucura ainda existe a possibilidade de vocês terem se conhecido antes mesmo de nós duas nos conhecermos?! Isso é insano, Tiffany! — Jogou as mãos pro ar, soltando um riso nervoso.

Tiffany massageou as têmporas com lentidão, se deixando rir da expressão exageradamente surpresa da Jung. Tinha refletido bastante antes de decidir contar para  a mais baixa, não tinha certeza de que estava autorizada a falar sobre o assunto por completo para terceiros, contudo, apostava que em algum momento Taeyeon acabaria falando e tudo que a morena mais queria era evitar novas confusões por culpa de desencontros.

— Insano é pouco, estou até me perguntando se não estou vivendo algum dorama ou coisa assim. São muitas coincidências pra pouco sentido, minha cabeça vai explodir. — Resmungou com um bico choroso.

— Como descobriu sobre os seus pais e sobre as investigações? — Se sentou ao lado da mais alta, mais calma dessa vez.

— Namjoon. — Deu de ombros, se movendo para deitar a cabeça na curva do pescoço alheio. — Ele veio me consultar antes de falar com a Tae pra ter certeza do que iria dizer a ela. Ele está tomando todo o cuidado possível.

— Então ela não sabe que você sabe? — Recebeu um murmúrio em concordância.

— E não sabe que agora você sabe também.

— Esse baixinha vai se ver comigo! Como pode ela ficar nos privando esse tipo de coisa? Somos amigas dela. — Franziu o cenho em irritação. — Quer dizer, eu sou amiga dela, você já é outros quinhentos…

— Ela quer nos manter fora de perigo, Sica. Te contei porque é provável que em algum momento ela te chame pra conversar, quem sabe perguntar algo, e eu não quero novos mal entendidos entre nós três. — Explicou, notando a mais velha relaxar. — Precisamos considerar que ela está se enfiando em buraco que não conhece e está tentando o desbravar aos poucos, ela não nos contar não significa que ela não confia na gente e eu vou ignorar essa sua provocação descarada. — Revirou os olhos com divertimento.

— Ela tem o total de nenhuma aprovação da minha parte quanto a essa doidera, nem parece que ela sabe que está mexendo não apenas com fogo, mas com um incêndio inteiro. — Torceu os lábios, assumindo uma postura séria. — Haneul sabe disso? Cadê ela pra dar uns puxões de orelha nessa mulher?

A Jung estava a caminho de começar a dissertar e utilizar seus argumentos contra as decisões atuais da amiga quando teve seu monólogo interior interrompido pelo tremular suave do celular ao seu lado. Abriu o aplicativo de mensagem e riu ao ler o recado deixado justamente pela Kim, confirmando as suspeitas da morena deitada em seu ombro.

— Falando nela. — Mostrou o aparelho para a morena que deixou um suspiro contido escapar. — A bonita quer falar comigo amanhã, certeza que é pra falar sobre toda essa confusão. Taeyeon nunca se oferece para comprar comida pra mim sem ter um motivo por trás, ainda mais em um sábado, um dia que ela sabe que eu uso pra dormir até as tantas.

— Esse é o jeito dela de tentar te conter?

— É, e dá meio certo normalmente. — Subiu uma sobrancelha, pensativa por alguns segundos. — Porque eu estou mais ocupada comendo no começo mas depois que termino ela sempre se arrepende de não ter comprado mais pra calar a minha boca.

— Você é impossível, Jung. — Afundou o rosto na pele quente, adorando sentir o cheiro leve da castanha. — Vai precisar usar e abusar de suas habilidades de atriz nesse encontro.

— Não prometo êxito em minhas tentativas. — Resmungou em protesto ao receber um beliscão na barriga. — Vou dar o meu melhor, satisfeita?

— Posso tentar acreditar nas suas palavras.

Deslizou um de seus braços pelo corpo da mais alta e a abraçou apertado, traduzindo os sinais de que Tiffany precisava de uma companhia e de algum tipo de conforto. A morena parecia ter muitas palavras presas em sua garganta e a preocupação gritante em seu olhar denunciava alguns dos pensamentos que ela insistia em esconder.

— Vocês realmente só me dão dor de cabeça.

Sussurrou para o nada, acariciando os fios escuros da Hwang e torcendo para que qualquer que fosse o caos em que duas das pessoas mais importantes de sua vida estivessem não fosse destrutivo o suficiente para não deixá-las sair inteiras dele no fim das contas.


 

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Jessica admirou a entrada discreta do café e soprou superficialmente para ver a nuvem de fumaça branca se formar, apreciando o frio moderado que fazia naquela manhã. Avançou porta adentro e passou uma das mãos pelos fios acastanhados, inalando o cheiro delicioso de café e pães frescos enquanto procurava localizar sua acompanhante entre os presentes no local, a encontrando sentada confortavelmente em uma mesa ao lado de uma das divisas do lugar.

Se aproximou com passos lentos e não conteve o sorriso feliz ao ser recebida em um abraço apertado e quentinho, prolongado por segundos o suficiente para a Jung desejar dormir ali mesmo.

— Realmente duvidei que você viria. — A morena comentou com tom de riso, recebendo um revirar de olhos descontraído da outra.

— Eu não recusaria um encontro com a dona Kim, especialmente quando essa tem estado tão ocupada que quase não conversa mais com as amigas. — Acusou discretamente, amolecendo ao notar o olhar tristonho pedindo desculpas silenciosamente. — Me abandonou. — Declarou com um tom forçadamente triste, em um drama que arrancou uma risada baixa da morena.

— Desculpe, ok? O motivo de eu estar tão ausente é a razão pelo qual eu te chamei, vou te explicar, dona drama queen. — Cerrou os olhos e apontou o dedo discretamente para a castanha que subiu uma sobrancelha.

— Sou toda ouvidos, mas antes de começar, você já fez nossos pedidos? Estou morrendo de fome. — Fez uma careta infantil e relaxou na cadeira ao receber um aceno sutil, aguardando pelo iniciar da Kim e ciente que a conversa seria longa.

— A começar pelo que você provavelmente deve estar se mordendo pra descobrir, o motivo que está me deixando tão ausente é que eu comecei uma investigação. — Pressionou os lábios em uma linha reta, se preparando para a bronca que receberia. — Sobre o passado do grupo Kim e o acidente. O que me levou a decidir isso eu ainda não posso contar.

— Taeyeon… — Murmurou em repreensão, não precisando fingir sua falta de gosto pela decisão alheia. — Tem noção do que está fazendo? Preciso te lembrar que fazer isso é uma ameaça para todos vocês?!

— Não se preocupe que todos eles, aparentemente, sabem disso e Haneul junto com Rion estão me guiando para que nada saia do controle. — Batucou com os dedos na mesa em um gesto ansioso, controlar certos impulsos estava sendo difícil. — Não sou tão inconsequente quanto pareço, Sunny sabe de tudo e eu tenho ligado e conversado com ela constantemente, não estou negligenciando minha saúde se é o que te preocupa mais.

— Se a dupla e Sunny estão de acordo então darei um voto de confiança… — Parou, repensando brevemente. — Talvez meio voto, só pra garantir. — Manteve os olhos sérios, não dando brechas para escapadas. — Prossiga.

— Bom, durante minhas pesquisas com Namjoon nós dois descobrimos muita coisa encoberta e muitos segredos que eu garanto que se minha avó descobrir que eu sei ela vai me expulsar da empresa dela. — Engoliu em seco, desenhando formas desconexas na mesa antes de fixar o olhar no da Jung. — Uma dessas coisas é que os pais da Tiffany trabalharam pra ela.

O silêncio se estendeu e Jessica fez o possível para se mostrar impressionada o suficiente para não conseguir falar, fazendo questão de colocar uma expressão bem surpresa no rosto.

— Tanto que eles chegaram a morar por um período na casa principal e essa constatação me trouxe muitas perguntas além de algumas suposições. — Comentou com um riso nasal, voltando a engolir em seco. — De novo, eu não posso falar dessas suposições sem confirmar algo antes e é você quem pode me dar algumas dessas confirmações.

 — Ok, muita informação pra minha cabeça, me deixa processar primeiro. — Fechou os olhos, fingindo tentar organizar seus pensamentos. — Tio e tia Hwang trabalharam naquela cova de leões? E ainda moraram com o diabo? Eles foram muito corajosos. — Murmurou baixinho, olhando ao redor. — O que precisa de mim?

— Eu… Gostaria de saber se você não teria uma foto de quando Tiffany era criança para me mostrar. — Mordeu o lábio inferior ao ser olhada com desconfiança. — Não contei a ela sobre nada dessa conversa e não faço ideia de como pedir por uma sem  levantar suspeitas ou ser obrigada a explicar.

— Hm… — Ponderou, repassando em sua mente os arquivos que podia confirmar ter no celular. — Acredito que eu tenha algumas perdidas no meu celular, espere um pouco. — Pediu, pegando o aparelho e se pondo a procurar pelas fotos que supunha ter.

Se ocupou com a busca por alguns minutos e sorriu de lado ao achar a pequena pasta escondida em meio a tantas. A abriu e entregou o celular para a morena, indicando para que ela passasse para o lado.

— São fotos de quando morávamos em San Francisco, meu pai adorava nos fotografar. — Observou com atenção as feições da mais velha e os olhos agitados passando por cada pedaço da tela com afinco.

Uma voz distante chamando por seu nome e o de Taeyeon interrompeu sua observação, a lembrando de que precisava buscar os pedidos. Avisou a Kim de que voltaria rapidamente e em sua afobação para provar de um bom café da manhã, Jessica não percebeu o corpo da morena enrijecer violentamente de uma hora para outra e seus olhos serem tomados por uma sombra vazia enquanto estavam grudados em uma figura conhecida.

Inalando o perfume do líquido dentro do copo decorado com um design simples e imaginando como seria o gosto dos acompanhamentos chamativos escolhidos pela morena, Jung voltou distraidamente para a mesa, depositando os copos e pequenos pratos na mesa com animação.

— Eu amo esse café com todo o meu coração. — Sorriu de olhos fechados e franziu o cenho ao estranhar a falta de resposta alheia.

Levantou seu tronco alarmada e arregalou os olhos em preocupação ao ver Taeyeon com a cabeça apoiada nos braços, em completo silêncio. Engoliu em seco audivelmente e notou um tremor sutil movimentar o casaco escuro da Kim e atingir sua mão que a balançava de um lado para o outro em uma tentativa de acordá-la, dando o sinal que a castanha precisava para confirmar o que viria em seguida.

Esperou com paciência e cruzou os braços ao ouvir alguns resmungos mal humorados, recheados de reclamações e um bagunçar de cabelo desajeitado acompanhado do ajeitar de postura sonolento.

— Oh, olá Jessica noona. — Olhos verdes em sua tonalidade clara entraram no campo de visão da Jung que soltou uma risada descrente. — Eu só queria dormir mais, terei que conversar com Haneul sobre esses episódios. — Bocejou e olhou com interesse para a comida disposta na mesa antes de olhar ao redor com receio.

— Bom dia, Rion, eu também só queria dormir por, sei lá, o resto da minha vida. — Riram juntos, compartilhando o mesmo sentimento. — Não se preocupe, é seguro e garanto que ninguém percebeu. — O tranquilizou, vendo ele avançar no copo de café quando se habituou o suficiente ao ambiente.  

— Que bom que ao menos eu vou ter comida pra compensar minhas horas de sono perdidas. — Cantarolou ao provar cada um dos bolinhos e pães pedidos pela mais velha. — Como está, noona?

— Estou bem, acordei de bom humor hoje. — Sorriu para o mais novo que lhe acompanhou. — E você como tem andado?

— Ótimo. — Deu de ombros. — Pensei que demoraria mais para voltar.

— Algum motivo especial? — Perguntou se referindo ao que acabara de acontecer, falhando ao esconder seu interesse.

Rion sorriu de lado, se divertindo com a curiosidade mal disfarçada da mais velha.

— Acho que não. — Aumentou o sorriso, se focando em analisar o espaço em que se encontrava. — Adorei aqui, virei sempre que puder.

Começaram um diálogo sobre o espaço aconchegante, logo caindo em uma conversa tranquila e aleatória, aproveitando para se conhecerem melhor e encontrarem pontos em comum um com o outro. Em certo momento, o celular da Jung vibrou na mesa e a castanha franziu o cenho ao ler a mensagem da Jung mais nova.

— Algum problema? — Ouviu o mais novo chamar sua atenção.

— Não, é só que Krystal está pelas proximidades e mandou mensagem me chamando pra tomar café com ela nesse café sendo que já estou aqui. — O de olhos claros concordou entendendo a ironia da situação. — Se importa se elas se juntarem a nós?

— Por mim tudo bem. — Deu de ombros antes de parar e olhar para a castanha. — Elas?

—É, Wendy, a irmã de Tiffany, está junto com ela. — Respondeu, desviando o olhar para a porta do estabelecimento ao ouvi-la se abrir. — Olha elas ali. — Apontou e Rion tomou uns segundos para apreciar o último gole do café antes de se virar na cadeira.

Notou com um sorriso em divertimento a expressão de confusão se formar na face de Krystal ao encontrar a cor clara colorindo suas íris ao invés do castanho intenso e acenou em cumprimento para a mais alta que deu um sorriso surpreso para si, se apressando para ir até Jessica abraçá-la.

O moreno estava prestes a se levantar para falar diretamente com a Jung quando seus olhos se prenderam na garota que entrava calmamente no lugar. Seus olhos se arregalaram ao assimilar quem era a dona daqueles traços e o mundo inteiro, juntamente de sua respiração, parou por alguns segundos que pareceram horas em sua visão. Seu coração acelerou tão rápido quanto se colocou de pé e nada ao seu redor teve a chance de existir além da garota de cabelos escuros e sorriso encantador.

Krystal e Jessica se viraram com o cenho franzido para o garoto congelado ao lado da mesa e trocaram um olhar preocupado ao perceberem o foco do olhar fixo do mesmo.

— Rion? — Krystal chamou, não obtendo sucesso em chamá-lo de volta para a Terra.

— Eu não acredito, isso só pode ser um sonho. — Murmurou em transe.

— O que está acontecendo? — Jessica se colocou ao lado do mais novo e da mais nova.

— Ela. — Apontou para a garota apoiada no balcão conversando com a atendente, tentando controlar a animação que invadia seu corpo. — É a garota da boate. Eu sou sortudo demais, Jessica noona!

As irmãs voltaram a trocar um olhar, dessa vez alarmado no mesmo nível e com traços explícitos de descrença.

Só podia ser zoação do destino.


 


Notas Finais


Como estamos? Uma parte crucial da história está se aproximando, espero que estejam sentindo também
Se cuidem e até a próxima att


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